Sem saber o que fazer, o jeito é esperar para ver
MILTON COELHO DA GRAÇA
Foi essa a verdadeira moral da decisão de manter a maior taxa real de juros do mundo, tomada nesta quarta-feira, por unanimidade, pelo Conselho Monetário Nacional. Aplausos gerais de todos os executivos de bancos, que continuarão a tirar o maior proveito de uma taxa nominal de 13,75% sobre os títulos de dívida do país e os depósitos compulsórios no Banco Central. O objetivo central é máxima prioridade para a estabilização da moeda, mesmo que isso beneficie quem vive de renda e não de empreendorismo e trabalho.
Um dia antes, o Federal Reserve Bank, BC americano, havia baixado a taxa nominal de 1,5% para 1% ao ano com uma inflação superior a isso e, portanto, taxa real negativa. Ou seja, a idéia principal para enfrentar a crise global é colocar a política monetária a serviço do estímulo à economia real, incentivando as empresas a contratar gente, botando cabeças e máquinas para funcionar, reativando a busca do crescimento.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve abriu ao nosso BC uma linha de acesso rápido a 30 bilhões de dólares em troca de crédito semelhante em reais. A idéia é reforçar a liquidez (disponibilidade de dinheiro) e a política cambial.
Mas, mesmo com essas medidas, a grande maioria dos economistas e analistas começa a rever rapidamente as estimativas anteriores de crescimento econômico do Brasil para o próximo ano, colocando-as entre 2,8% e 2,2%. Como nossa população aumenta anualmente cerca de 1,4%, a renda per capita aumentaria entre 0,8 e 1,4%. Como a desigualdade tem se acentuado e a crise aguça essa tendência, o velho conselho de Moreira da Silva é mais atual do que nunca para o pessoal que ganha de 1 a 5 salários mínimos: “se segura, malandro”.
***
LULA TEM PLANO A E PLANO B. QUE TAL PLANO L?
A crise internacional e o resultado das eleições municipais começam a coçar uma parte do PT a novamente levantar a tese do terceiro mandato, sob o argumento de que Lula é o melhor nome para guiar o país através da séria tormenta econômica (e, muito possivelmente, também política) que viveremos nesse próximo futuro.
Vai ser difícil colar, mas em quem mais – o argumento seria ótimo em um plebiscito – a maioria do povo poderia confiar para um grande esforço nacional, especialmente se começarem a espoucar por esse mundo afora focos violentos de insatisfação (uma hipótese temida por respeitados nomes da política e da economia)?
Dilma Roussef, após seu primeiro banho de campanha eleitoral, continua disponível para o plano B. Mas ela tem alguns problemas de biografia para ser aceita por todo esse amplíssimo arco-iris, dos grandes bancos às centrais sindicais e milhões de beneficiários dos programas sociais federais.
Não esquecer que nosso Presidente, além do prodigioso cérebro político, é “fisicamente” um retrato do povo brasileiro, a quem os ternos Armani, gravatas francesas e barba bem feita até realçaram a facilidade e o jeito especial de se comunicar, tanto com o pessoal lá das bandas de Garanhuns, como dos pátios de fábricas e tchurmas de periferias urbanas.
Mais uma coisinha: com toda a certeza ele e d. Marisa adoram o Planalto e, em 2014, ele estará inteiraço com apenas 68 anos e pronto a fazer o sacrifício de nos comandar os oito seguintes. Tudo isso é para explicar que,seja qual for o nome apoiado em 2010, Lula precisará ter certeza ABSOLUTA de que essa pessoa não pensará em reeleição. Sob juramento de sangue, desde o primeiro dia de mandato, deverá dedicar-se ao retorno triunfal do companheiro.
Não há nomes confiáveis para isso fora do PT. E Dilma veio de outro time, não das fábricas, nem do núcleo original do partido, não viveu os desafios dramáticos de não votar em Tancredo, de não assinar a Constituição, de três derrotas eleitorais. Quem? Pallocci, Mercadante, Chinaglia, Tarso. Pallocci depende de absolvição pelo Supremo, que tem votado sistematicamente em defesa dos direitos da cidadania e dificilmente perdoará a violação do sigilo bancário de um caseiro?
Imagino (Duda Mendonça, o que é que você acha?) que o presidente esteja pensando em outros planos porque a estratégia, a popularidade, a confiança no juramento e a bênção eleitoral fluiriam melhor do metalúrgico Lula para um Plano L, tendo como personagem outro metalúrgico Lula: Luiz Marinho, presidente de Sindicato e da CUT, agora prefeito e guardião da pia batismal do PT em São Bernardo.
Foi essa a verdadeira moral da decisão de manter a maior taxa real de juros do mundo, tomada nesta quarta-feira, por unanimidade, pelo Conselho Monetário Nacional. Aplausos gerais de todos os executivos de bancos, que continuarão a tirar o maior proveito de uma taxa nominal de 13,75% sobre os títulos de dívida do país e os depósitos compulsórios no Banco Central. O objetivo central é máxima prioridade para a estabilização da moeda, mesmo que isso beneficie quem vive de renda e não de empreendorismo e trabalho.
Um dia antes, o Federal Reserve Bank, BC americano, havia baixado a taxa nominal de 1,5% para 1% ao ano com uma inflação superior a isso e, portanto, taxa real negativa. Ou seja, a idéia principal para enfrentar a crise global é colocar a política monetária a serviço do estímulo à economia real, incentivando as empresas a contratar gente, botando cabeças e máquinas para funcionar, reativando a busca do crescimento.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve abriu ao nosso BC uma linha de acesso rápido a 30 bilhões de dólares em troca de crédito semelhante em reais. A idéia é reforçar a liquidez (disponibilidade de dinheiro) e a política cambial.
Mas, mesmo com essas medidas, a grande maioria dos economistas e analistas começa a rever rapidamente as estimativas anteriores de crescimento econômico do Brasil para o próximo ano, colocando-as entre 2,8% e 2,2%. Como nossa população aumenta anualmente cerca de 1,4%, a renda per capita aumentaria entre 0,8 e 1,4%. Como a desigualdade tem se acentuado e a crise aguça essa tendência, o velho conselho de Moreira da Silva é mais atual do que nunca para o pessoal que ganha de 1 a 5 salários mínimos: “se segura, malandro”.
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LULA TEM PLANO A E PLANO B. QUE TAL PLANO L?
A crise internacional e o resultado das eleições municipais começam a coçar uma parte do PT a novamente levantar a tese do terceiro mandato, sob o argumento de que Lula é o melhor nome para guiar o país através da séria tormenta econômica (e, muito possivelmente, também política) que viveremos nesse próximo futuro.
Vai ser difícil colar, mas em quem mais – o argumento seria ótimo em um plebiscito – a maioria do povo poderia confiar para um grande esforço nacional, especialmente se começarem a espoucar por esse mundo afora focos violentos de insatisfação (uma hipótese temida por respeitados nomes da política e da economia)?
Dilma Roussef, após seu primeiro banho de campanha eleitoral, continua disponível para o plano B. Mas ela tem alguns problemas de biografia para ser aceita por todo esse amplíssimo arco-iris, dos grandes bancos às centrais sindicais e milhões de beneficiários dos programas sociais federais.
Não esquecer que nosso Presidente, além do prodigioso cérebro político, é “fisicamente” um retrato do povo brasileiro, a quem os ternos Armani, gravatas francesas e barba bem feita até realçaram a facilidade e o jeito especial de se comunicar, tanto com o pessoal lá das bandas de Garanhuns, como dos pátios de fábricas e tchurmas de periferias urbanas.
Mais uma coisinha: com toda a certeza ele e d. Marisa adoram o Planalto e, em 2014, ele estará inteiraço com apenas 68 anos e pronto a fazer o sacrifício de nos comandar os oito seguintes. Tudo isso é para explicar que,seja qual for o nome apoiado em 2010, Lula precisará ter certeza ABSOLUTA de que essa pessoa não pensará em reeleição. Sob juramento de sangue, desde o primeiro dia de mandato, deverá dedicar-se ao retorno triunfal do companheiro.
Não há nomes confiáveis para isso fora do PT. E Dilma veio de outro time, não das fábricas, nem do núcleo original do partido, não viveu os desafios dramáticos de não votar em Tancredo, de não assinar a Constituição, de três derrotas eleitorais. Quem? Pallocci, Mercadante, Chinaglia, Tarso. Pallocci depende de absolvição pelo Supremo, que tem votado sistematicamente em defesa dos direitos da cidadania e dificilmente perdoará a violação do sigilo bancário de um caseiro?
Imagino (Duda Mendonça, o que é que você acha?) que o presidente esteja pensando em outros planos porque a estratégia, a popularidade, a confiança no juramento e a bênção eleitoral fluiriam melhor do metalúrgico Lula para um Plano L, tendo como personagem outro metalúrgico Lula: Luiz Marinho, presidente de Sindicato e da CUT, agora prefeito e guardião da pia batismal do PT em São Bernardo.
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