2.5.09

Desempregados, aposentados, devedores e poupadores, uni-vos!

MILTON COELHO DA GRAÇA

Quando a caderneta de poupança foi criada, em 1861, pela Caixa Econômica, a idéia do imperador Pedro II era “receber, a juro de 6%, as pequenas economias das classes menos abastadas e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar.” A correção monetária pelo índice da inflação foi instituída em 1964 para preservar o valor real da poupança. E os recursos totais das cadernetas da são destinados ao financiamento da habitação e ao crédito agrícola.

Em outubro de 2002 – logo depois da vitória de Lula -, o governo Fernando Henrique, que ficara com medo de fazer isso durante a campanha eleitoral, determinou que a poupança não mais seria reajustada pela inflação IPC-A – índice de preços ao consumidor – Amplo) e sim pela TR – Taxa de Referência – criada pelo governo Collor para outras finalidades.

Em janeiro de 2003, primeiro mês da era Lula, o reajuste da poupança pela TR foi de 0,9902% + juros mensais de 0,5%.

Desde o dia 3 de abril, a Taxa Referencial, que já era insignificante, passou a ser ZERO. O rendimento da caderneta de poupança é T.R. mais 6 por cento ano (0,5% ao mês). Os poupadores terão um ganho real anual provável de APENAS 1,7%. Dividindo por 12, mais ou menos 0,14% – QUATORZE CENTÉSIMOS DE UM POR CENTO ao mês.

Pois, leitores, as cúpulas do Ministério da Fazenda e do Banco Central não pensam hoje em outra coisa: só em como reduzir esse rendimento, considerado perigosíssimo para o futuro do país. A justificativa oficial é impedir que os ricos abandonem os fundos de investimentos – que também passariam a render menos com a queda da SELIC - e ponham o dinheiro na poupança.

Como isso é meio absurdo, outra razão seria a de demonstrar que poupar não vale a pena e empurrar os poupadores para o consumo. Exatamente o contrario do que pensava o bom e sábio Pedro II.

Assim, mais alguns milhões de brasileiros (existem mais de 100 milhões de cadernetas, algumas pessoas devem ter mais de uma caderneta) se juntarão ao grupo dos maiores sofredores com a crise, agravada pela política econômico-monetária - errática e confusa - de Henrique Meirelles-Guido Mantega-Luciano Coutinho, com o apoio da Oposição (o primeiro apoio à idéia da mexida na poupança partiu do presidente do DEM, Rodrigo Maia; PSDB e partidos de esquerda também estão caladinhos).

Se juntarmos aos poupadores os desempregados (que, nas regiões metropolitanas já chegam a 15% da força de trabalho e 21% entre os jovens), devedores e aposentados, chegaremos a um número bem próximo da maioria do povo brasileiro. E nem estou botando nessa conta os 30 milhões que só sobrevivem graças às bolsas assistenciais criadas pelo governo Lula, esses já nasceram em crise.

Com o mais recente reforço de linhas de crédito do Banco Central aos agiotas do consignado, para empréstimos sem nenhum risco, milhões de chefes de família sofrem a angústia de ter pela frente dois a cinco anos de descontos nos salários.

Todos os aposentados sabem que estão condenados a ganhar, mais cedo ou mais tarde, apenas um salário mínimo. A grande maioria já começa ganhando o mínimo. Anualmente, quem ganha mais perde um pouco, porque os governos (não só o de Lula, todos desde Collor) decidiram que a melhor maneira de acabar o déficit da Previdência é meter a mão no bolso desses aposentados.

O engraçado é que todos os devedores estão pagando juros reais 14 A 65 VEZES MAIORES DO QUE O RENDIMENTO PROVÁVEL DA POUPANÇA ESTE MÊS. Meirelles, Mantega e Luciano acham isso bem bacana!

Até quando vocês estão esperando para dizer “não fomos nós que inventamos a crise”. CHEGA!

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