1.11.08

Apartheid à brasileira

Fundação Astrojildo Pereira, 01/11/2008:

Apartheid à brasileira

ANDREI BASTOS

Na Wikipédia, apropriadamente auto-intitulada enciclopédia livre, “Apartheid (“vida separada”) é uma palavra de origem africana, adotada legalmente em 1948 na África do Sul para designar um regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separadamente, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Este regime foi abolido por Frederik de Klerk em 1990 e, finalmente em 1994 eleições livres foram realizadas.

O primeiro registro do uso desta palavra encontra-se num discurso de Jan Smuts em 1917. Este político tornou-se Primeiro-ministro da África do Sul em 1919. Tornou-se de uso quase comum em muitas outras línguas. As traduções mais adequadas para português são segregação racial ou política de segregação racial”.

Pois é, a enciclopédia livre informa que esta política de segregação racial foi abolida, que o diga Nelson Mandela, que penou 28 anos de prisão por ser seu opositor.

Mas no Brasil é diferente, é ao contrário. Aqui são os próprios negros, ou pelo menos boa parte deles, que defendem e trabalham com afinco para viver separadamente, em regime de segregação racial. A última invenção desse grupo, depois de muitas presepadas, inclusive com um famigerado Estatuto da Igualdade Racial, do não menos presepeiro senador Paulo Paim, é a “delegacia do negro”, do agora mais novo presepeiro, o ministro da Igualdade Racial Edson Santos.

Entre outras bobagens, diz o ministro que os negros têm dificuldade para denunciar ofensas racistas e pedir abertura de boletins de ocorrência devido à falta de preparo e má vontade dos policiais civis das delegacias convencionais.

Ora, ministro Pieter Botha, quer dizer, presidente Edson Santos, se o senhor se dispõe a gastar nosso dinheiro público com essa ululantemente óbvia iniqüidade, por que não promover o preparo desses mesmos policiais, e da sociedade em geral, o que sempre é necessário e em vários outros aspectos, não só para o atendimento correto aos cidadãos negros como também para se distanciarem cada vez mais rapidamente dessa “eugenia às avessas”, contribuindo para vivermos em paz com a diversidade humana?

Ora, ministro Pieter Botha, quer dizer, presidente Edson Santos, por que o senhor, em vez de ficar iventando bobagens como a “delegacia do negro” não propõe a extinção do próprio Ministério da Igualdade Racial que ocupa? Esta sim, seria uma bela iniciativa de combate ao racismo, que tem na existência dessa pasta, ou seria melhor dizer “boquinha”, ou seria ainda melhor dizer “bocão”, um dos mais poderosos fatores de afirmação.

Faça logo isso, ministro Pieter Botha, quer dizer, presidente Edson Santos, antes que o senhor e seu Ministério de araque virem enredo de escola de samba de negros e brancos, azuis, amarelos e verdes esclarecidos e democráticos.

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