9.11.08

Opus Dei ganhou, Paes agradece

Diário da Manhã, 06/11/2008:

Opus Dei ganhou, Paes agradece

MILTON COELHO DA GRAÇA

O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes, visitou anteontem o cardeal-arcebispo do Rio, D. Eugênio Scheid. É um ato tradicional mais ou menos comum dos prefeitos cariocas antes da posse. Mas esta visita teve nítido caráter político. Paes foi agradecer o apoio da Igreja Católica a sua candidatura, para cuja vitória uma peça decisiva foi a Opus Dei – uma organização cujo traço fundamental é a total obediência à autoridade papal, tanto no papel de defensora da ortodoxia religiosa como de chefe de Estado do Vaticano e seu relacionamento com os poderes políticos de todo o planeta.

A Opus Dei foi criada pouco antes da Guerra Civil espanhola, num momento em que a República laica enfrentava uma rebelião militar, finalmente vitoriosa e restauradora dos fortes laços da monarquia com a Igreja. Na década de 80, o papa João Paulo II, empenhado em conter a “abertura” que fora promovida por João XXIII – tanto na liturgia como no trabalho social da Igreja – colocou a Opus Dei sob seu direto comando. Nos últimos 30 anos ela foi eficiente instrumento para enquadramento de bispos e padres reformistas, especialmente na América Latina, e também assumiu a missão de conter a expansão das novas seitas de inspiração protestante mas promovendo cultos na televisão, praticando táticas modernas de marketing, incorporando práticas de umbanda e conquistando posições no Legislativo em todos os níveis.

No Rio, a Universal se propôs a dar um passo mais audacioso e ganhar o Executivo estadual com o seu “bispo” Marcelo Crivella; A Opus Dei lançou-se à tarefa de impedir isso. Eduardo Paes foi candidato ao governo estadual há dois anos, mas a Opus Dei preferiu juntar-se ao prefeito Cesar Maia e apoiar a candidata Denise Frossard, que superou Crivella no primeiro turno, depois de uma bem articulada mobilização das centenas de paróquias do Estado.

Para a eleição de Prefeito, a Opus Dei apoiou Paes (que tinha tido um resultado pífio no pleito para Governador). Havia dois outros católicos candidatos - Chico Alencar e Alessandro Molon – mas nenhum dos dois tem o perfil ideológico da Opus Dei: Alencar é militante da esquerda católica e Molon é também de esquerda (deputado do PT) e carismático. Paes é de família católica tradicional e nunca se envolveu com atividades sociais ou políticas ligadas à CNBB ou outras entidades de inspiração religiosa. Os outros candidatos também tinham o total repúdio da Igreja, por suas posições em relação a aborto, homossexualidade, educação religiosa e uso de drogas. E isso tornou automático o apoio a Paes também no segundo turno. O único mistério pendente em toda a articulação feita pela Opus Dei foram os termos do apoio dado pelo governador Sergio Cabral Filho a um candidato de tão pequena votação em 2006 e sem nenhuma relação prévia – partidária ou pessoal. E ainda a estranha demora na exoneração de Paes da Secretaria de Esportes, só consumada em Atenas (já depois do prazo fatal e exigindo uma nova edição do Diário Oficial).

Eduardo Paes e d. Eusébio, no encontro, confirmaram o apoio eleitoral da Igreja, aliás já explicitado ainda no primeiro turno, com a entrega, na sacristia da Catedral do Rio de Janeiro, da bênção pontifícia à família Paes. Paes reafirmou o combate ao aborto e à droga, bem como garantiu que cumprirá o compromisso assumido de implantar o ensino religioso na rede pública, curiosamente decretado pela governadora protestante Rosinha Garotinho, mas que Cesar Maia preferiu guardar na gaveta.

- Cesar Maia é muito amigo meu – disse o Cardeal. Mas, nesse ponto, do ensino religioso, realmente ele foi omisso.

***

TRADUÇÃO UNIVERSAL
DE OBAMA: ESPERANÇA

Obama, após a espetacular vitória do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, torna-se uma palavra comum a todos os idiomas do mundo e com o mesmo significado: MUDANÇA E ESPERANÇA.

George W. Bush acumulou tantas mentiras e tantos erros em seu repertório que será sempre lembrado como igual a Alicia Heads, aquela espanhola que inventou ter escapado do 78º andar de uma das torres do World Trade Center e ainda mostrava uma aliança que lhe teria sido dada por um moribundo com um apelo: “Por favor, entregue a Dorothy, assim ela saberá que eu a amei até morrer.”

Alicia estava em Barcelona. Espanha, naquele 11 de setembro trágico, mas saiu pelo mundo, com o nome “Tania” e repetindo essa história dramática. De forma igualzinha à de quando Bush nos contou – e ainda repete – que o Iraque possuía “armas de destruição em massa” para justificar uma guerra de cinco anos e justificar as mortes de centenas de milhares de iraqueanos e pelo menos quatro mil soldados americanos.

Barack Obama restaura a confiança do mundo em que o presidente dos Estados Unidos fale apenas a verdade a seu povo e ao mundo. Só isto já será uma enorme mudança e, com a verdade, a esperança de paz e progresso também voltará.

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