Sem lenço e sem documento não dá mais
—– Original Message —–
From: Andrei Bastos
To: Grupo Clube de Comunicação
Sent: Thursday, June 18, 2009 5:07 PM
Subject: [Clube_Comunicacao] Sem lenço e sem documento não dá mais
Amig@s,
O pai do meu pai, poeta, era jornalista. O pai da minha mãe, advogado, era jornalista. Meu pai, economista, era jornalista. Eu, estudante de desenho industrial e comunicação visual, me tornei jornalista. Como?
Em 1970 eu estudava na Esdi e Zuenir Ventura era meu professor. Eu e Maria, uma amiga da faculdade, precisávamos de emprego e o Zuenir mandou a gente procurar o Reynaldo Jardim, na época editor chefe do Correio da Manhã, para ver se ele nos aproveitava como repórteres - a gente escrevia direitinho, essas coisas.
Só que nós tínhamos muitas outras atividades além da escola, particularmente a militância contra a ditadura, e não poderíamos trabalhar como repórteres, que tinham hora para entrar no trabalho mas não para sair. Como também estudávamos comunicação visual, com Renina Katz e outros mestres, e o Reynaldo valorizava muito isso, resolvemos tentar trabalho como diagramadores.
Tentamos várias vezes falar com Reynaldo, mas éramos sempre barrados pelo Ilcar Leite, chefe da redação. Descobrimos que todo dia nosso alvo tomava uma média com pão e manteiga no bar em frente ao jornal, de manhã bem cedo. Cercamos a vítima, nos apresentamos e fomos convidados para subir à sua sala.
Durante quase toda a manhã conversamos sobre sexo, drogas, rock`n roll e revolução, menos sobre o que faríamos na redação. Chegada a hora do almoço, Reynaldo chamou Ilcar Leite que, com uma expressão de espanto inesquecível para mim, ouviu seu chefe dizer que começaríamos a trabalhar no dia seguinte.
Não acontecem mais coisas assim, há muito tempo, e todos os anos o Globo recebe milhares de inscrições para seu programa de estágio. Anos mais tarde, quando resolvi entrar para outra faculdade, fui atrás do meu sonho adolescente da Arquitetura. Convencido pelos meus professores de então a não trocar meu excelente salário pela insegurança dos arquitetos, estudei por diletantismo e continuei na redação.
A despeito da minha história, desde o primeiro momento fui a favor do diploma pois entendo que os tempos são outros, de milhares de candidatos a estágio, e não temos mais a poesia de Reynaldo Jardim ou a utopia de Che Guevara como inspirações para nossas vidas. O romantismo acabou e o que existe hoje é uma grande massa de candidatos a trabalhadores, tanto para as redações como para as construções. Só os melhores vencerão e, para isso, o preparo proporcionado por uma faculdade é imprescindível, ainda mais nos tempos de convergência tecnológica que vivemos na Comunicação.
A propósito, preciso de alguém que tenha bom texto e saiba operar CorelDRAW para fazer estágio de jornalismo na ONG em que trabalho (currículos para meu e-mail andreibastos@terradoshomens.org.br). Ah, também é necessário que a pessoa saiba fotografar, of course.
Abraços,
ANDREI BASTOS
(21) 2205-0022 / 9977-4276
Skype: andreibastos
http://blog.andrei.bastos.nom.br
From: Andrei Bastos
To: Grupo Clube de Comunicação
Sent: Thursday, June 18, 2009 5:07 PM
Subject: [Clube_Comunicacao] Sem lenço e sem documento não dá mais
Amig@s,
O pai do meu pai, poeta, era jornalista. O pai da minha mãe, advogado, era jornalista. Meu pai, economista, era jornalista. Eu, estudante de desenho industrial e comunicação visual, me tornei jornalista. Como?
Em 1970 eu estudava na Esdi e Zuenir Ventura era meu professor. Eu e Maria, uma amiga da faculdade, precisávamos de emprego e o Zuenir mandou a gente procurar o Reynaldo Jardim, na época editor chefe do Correio da Manhã, para ver se ele nos aproveitava como repórteres - a gente escrevia direitinho, essas coisas.
Só que nós tínhamos muitas outras atividades além da escola, particularmente a militância contra a ditadura, e não poderíamos trabalhar como repórteres, que tinham hora para entrar no trabalho mas não para sair. Como também estudávamos comunicação visual, com Renina Katz e outros mestres, e o Reynaldo valorizava muito isso, resolvemos tentar trabalho como diagramadores.
Tentamos várias vezes falar com Reynaldo, mas éramos sempre barrados pelo Ilcar Leite, chefe da redação. Descobrimos que todo dia nosso alvo tomava uma média com pão e manteiga no bar em frente ao jornal, de manhã bem cedo. Cercamos a vítima, nos apresentamos e fomos convidados para subir à sua sala.
Durante quase toda a manhã conversamos sobre sexo, drogas, rock`n roll e revolução, menos sobre o que faríamos na redação. Chegada a hora do almoço, Reynaldo chamou Ilcar Leite que, com uma expressão de espanto inesquecível para mim, ouviu seu chefe dizer que começaríamos a trabalhar no dia seguinte.
Não acontecem mais coisas assim, há muito tempo, e todos os anos o Globo recebe milhares de inscrições para seu programa de estágio. Anos mais tarde, quando resolvi entrar para outra faculdade, fui atrás do meu sonho adolescente da Arquitetura. Convencido pelos meus professores de então a não trocar meu excelente salário pela insegurança dos arquitetos, estudei por diletantismo e continuei na redação.
A despeito da minha história, desde o primeiro momento fui a favor do diploma pois entendo que os tempos são outros, de milhares de candidatos a estágio, e não temos mais a poesia de Reynaldo Jardim ou a utopia de Che Guevara como inspirações para nossas vidas. O romantismo acabou e o que existe hoje é uma grande massa de candidatos a trabalhadores, tanto para as redações como para as construções. Só os melhores vencerão e, para isso, o preparo proporcionado por uma faculdade é imprescindível, ainda mais nos tempos de convergência tecnológica que vivemos na Comunicação.
A propósito, preciso de alguém que tenha bom texto e saiba operar CorelDRAW para fazer estágio de jornalismo na ONG em que trabalho (currículos para meu e-mail andreibastos@terradoshomens.org.br). Ah, também é necessário que a pessoa saiba fotografar, of course.
Abraços,
ANDREI BASTOS
(21) 2205-0022 / 9977-4276
Skype: andreibastos
http://blog.andrei.bastos.nom.br
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