16.9.15

JUSTIÇA IMPOSSÍVEL

Mausy Schomaker e Andrei Bastos

Não conhecemos palavras que realmente descrevam o que hoje, dia de julgamento do caso do assassinato de nosso filho Alex Schomaker Bastos, sentimos. A pena mais rigorosa, as piores condições de vida na prisão, nada é suficiente para que tenhamos o sentimento de que a justiça foi feita.

Nós pensamos e sentimos assim não apenas porque Alex é, e sempre foi, um ser humano generoso com os outros, compartilhando suas coisas, seu conhecimento, seu amor pela vida.

Nós pensamos e sentimos assim não apenas porque Alex é, e sempre foi, um ser humano com sua inteligência a serviço do ensino, da ciência e do bem comum, querendo se dedicar à pesquisa de doenças raras.

A morte de Alex não afeta apenas a nós – seus pais, irmãos e demais familiares e amigos. Sua ausência deixa também um vazio imenso na vida de seus alunos, professores e companheiros de pesquisas científicas. Sua ausência deixa um vazio imenso na vida inteligente do país.

A morte de Alex também deixa um vazio imenso no que identificamos como civilização. Ele é vítima da barbárie, que está muito além da simples banalização do mal, e seus assassinos são a mais verdadeira expressão de instintos primitivos maus.

A brutalidade de sete tiros disparados de cima para baixo, mesmo com Alex já batido, revela a linguagem dos assassinos, sua maneira de ser, falar e dialogar. Tal violência também revela a falência do Estado em promover avanços civilizatórios, com educação, saúde e oportunidades de trabalho.

Ficar cara a cara com esta brutalidade, tendo consciência de que ela é feita por seres que não consideramos humanos, é duplamente doloroso. Dói pelo sofrimento que nos causa e dói pela sombra que projeta sobre o futuro dos nossos filhos, netos e de toda a sociedade.

Acreditamos que só nós mesmos, cidadãos vizinhos da barbárie, somos capazes de reverter a progressão do mal, estabelecendo com clareza o que nos diferencia, combatendo-a com todos os meios lícitos possíveis para excluir seus executores do convívio social. Em outras palavras, precisamos nos distinguir dos bandidos para que não sejamos confundidos com eles e soframos arbitrariedades de uma guerra cega.

Afinal, esta guerra, que já está há muito declarada, é o último capítulo da questão da segurança, que tem como capítulos anteriores a falta de saneamento básico, de saúde, de oportunidades de qualificação e trabalho e de educação.

A justiça é impossível para nosso filho, pois não há justiça em sua morte. Nós não perdoamos, mas dedicamos a aplicação exemplar da lei a todos os pais que, esperamos, não sejam obrigados a sentar frente à frente com assassinos de seus filhos.

Mausy e Andrei,
pais orgulhosos e entristecidos
#eusoualex

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