2.6.08

Nossa arma é o voto

ANDREI BASTOS

O caso Garotinho & Álvaro Lins e a tortura dos jornalistas de O Dia por milicianos, que dominaram o noticiário, demonstram, definitivamente, o apodrecimento total, ou quase, das nossas instituições, disso não resta mais dúvida. O que fazer?

Em primeiro lugar, é preciso que fique bem claro para a população que a política é o denominador comum destas duas tragédias cariocas, assim como de muitas outras. Esta constatação pode parecer óbvia, mas só para os bem-nascidos e bem-estudados. Para o povão, que vive o cotidiano da miséria e do medo, o poder político é algo muito distante, inatingível. Mas é este poder “superior” que o atinge, com barbárie ou com assistencialismo, tratando-o sempre como sub-raça. Como conscientizar essas pessoas do poder que elas têm?

Talvez um bom começo seja encarar o problema e passar a dizer com todas as letras que não votamos em bandidos. Eu penso que o povão, que vive submetido ao terror das milícias ou do tráfico, ganhará coragem para não votar em seus carrascos se os privilegiados, que somos nós, ganharem coragem para chamar os bandidos de bandidos, quem sabe fazendo um movimento à semelhança de tantos que já foram feitos para tranqüilizar nossas consciências.

Mas não basta apenas votar certo, pois o tecido social está de tal forma comprometido pela metástase desses tumores malignos, que sem vigilância e punição as pessoas de bem que passarem a ocupar os postos políticos se verão presas de armadilhas imobilizadoras e reféns do mesmo poder bandido que se pretende extirpar. É imprescindível que a sociedade reveja seus processos de gestão pública para que sejam fechadas as brechas que permitem desvios de verbas e corrupção de funcionários, a começar pela abertura das contas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que precisam ser colocadas em total transparência na internet.

A despeito de toda crítica que a democracia representativa possa merecer, e enquanto outro sistema não a substitui, para lutar contra quadrilhas armadas comandadas por governadores e chefes de Polícia nossa única arma é o voto, esta “coisa” que desprezamos por conta da nossa arrogância e falsa superioridade.

* Leia também: Faroeste

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