11.1.09

O Brasil segue financiando a gastança olímpica

Jornal do Brasil, Sete Dias, 11/01/2009:

O Brasil segue financiando a gastança olímpica

Augusto Nunes

O Tribunal de Contas da União constatou que os organizadores dos Jogos Pan-Americanos do Rio estabeleceram um recorde de espantar qualquer especialista em desvio de verbas: o superfaturamento das obras passou de 1.000%. A proeza comandada pelo Ministério do Esporte e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, com a ajuda da prefeitura carioca, ofuscou outras façanhas de bom tamanho. Entre 2004 e 2008, por exemplo, o Comitê Olímpico Brasileiro embolsou R$ 1,2 bilhão em recursos públicos. Em outros países, os recordistas tratariam de afastar-se do noticiário por algum tempo. Como isto é o Brasil, os craques não descansaram sequer nos feriadões do fim de ano, informou o Diário Oficial em edições sucessivas.

Entre o Natal e o Réveillon, o ministro Orlando Silva e o presidente do COB, Carlos Nuzman, trataram de provar que, por aqui, a crise é mesmo uma marolinha. Fazer do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é coisa que não tem preço. Qualquer bolada parece troco se investida na candidatura que vai materializar o sonho de todos os cariocas. Em busca de votos, é preciso investir, “no evento Sportaccord 2009, a ser realizado em Denver/Colorado”, a módica quantia de R$ 492.116,23, engolidos por “trabalhos de ação e preparação”. É pouco diante dos R$ 7.380.106,54 exigidos pela “organização da Visita de Avaliação Técnica do Comitê Olímpico Internacional”, prevista para abril de 2009. O dinheiro já está com o COB.

Parece muito diante dos R$ 276.247,04 aplicados na “ação de relações públicas internacional, por ocasião de entrega do Dossiê de candidatura em Lausanne”. Não é: a campanha em favor do Rio não pode perder palanque nenhum. Nem dispensar o apoio de assessorias e consultorias especializadas em mostrar o maior dos azarões com jeitão de favorito. É por isso que a primeira verba do ano contemplou a “contratação de serviço de Consultoria Internacional especializada em Relacionamento e Marketing Institucional, visando à coordenação e o desenvolvimento da estratégia de Marketing Institucional”. Tamanho da conta: R$ 2.312.359,83. O Congresso continua achando que nada disso vale uma CPI. É o Brasil.

***

“Ei! Al Capone
Vê se te emenda
Já sabem do teu furo, nego
No imposto de renda
Ei! Al Capone
Vê se te orienta
Assim desta maneira, nego
Chicago não aguenta…”

(Raul Seixas e Paulo Coelho)

***

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