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Na ABI de Azêdo, a primeira vítima da crise é a verdade

Tribuna da Imprensa, 12/04/2013:

Na ABI de Azêdo, a primeira vítima da crise é a verdade

Carlos Newton

Nos últimos dias, Maurício Azêdo mentiu a todos os jornais que o procuraram para falar sobre a crise política e financeira que abala a ABI, a mais longeva guardiã das liberdades. Mentiu ao O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo sem nenhum constrangimento.

Mentiu à repórter Laura Antunes, de O Globo, ao negar a existência de uma crise financeira, informando que a ABI estava, inclusive, realizando reformas no prédio com recursos próprios. A repórter ignorava que o andaime cenográfico montado na sexta-feira de carnaval, em volta do edifício-sede, foi instalado apenas para enganar a imprensa e o corpo social. Não se viu até hoje nenhum operário trabalhando na fachada do prédio. Quem tiver alguma dúvida, basta consultar os inquilinos das lojas do andar térreo, os principais prejudicados com o emaranhado de ferragens que dificulta a circulação de pedestres e a entrada e saída de clientes.

Se não existisse crise financeira, não teria sentido Azêdo participar pessoalmente das audiências na Justiça do Trabalho, ao lado do advogado da ABI, para pedir que as indenizações devidas aos empregados, todos demitidos pela mulher dele, fossem parceladas em seis e até doze meses. A alegação para o pagamento parcelado é de que a ABI ”não se encontra em boa situação financeira”.

MENTIRAS

Azêdo mentiu ao Estadão ao afirmar que a entidade tem três mil associados. Fornadas de jornalistas abandonam a cada ano a ABI, descontentes com os rumos da atual administração. No seu corpo social existem apenas 600 associados em dia. Nas eleições realizadas anualmente, para a renovação do terço do Conselho Deliberativo, pouco mais de 100 associados aparecem para votar.

Azêdo foi grosseiro com os integrantes da Chapa Vladimir Herzog ao qualificá-la como um “bando de oportunistas”. Uma chapa que tem entre seus integrantes Alberto Dines, Ziraldo, Carlos Chagas, Zuenir Ventura, Flávio Tavares, Joseti Marques e Domingos Meirelles, além de outros companheiros com uma trajetória profissional respeitável merece ser tratada com mais respeito.

Azêdo mentiu aos três jornais ao negar a existência de uma crise política. Os desentendimentos com a diretoria não começaram agora, mas em 2005, oito meses depois de ser eleito pela primeira vez (atualmente encontra-se no terceiro mandato e é candidato pela quarta vez). Naquele ano, metade da diretoria demitiu-se oito meses depois da posse por não concordar com métodos autoritários do atual presidente da ABI.

A segunda crise ocorreria dois anos depois, em 2007. Um funcionário nomeado por Azêdo com superpoderes, à revelia da Diretoria, agrediu fisicamente a Diretora-Administrativa. O caso terminou na polícia e o agressor foi condenado na Justiça. Apesar de não ter assistido a cena, Azêdo assumiu a defesa do funcionário. Sustentou que a diretora é que o havia esbofeteado.

AUDÁLIO BARRADO

As comemorações do Centenário da ABI, no Teatro Municipal, em 2008, provocaram a terceira grande crise. Os membros da Diretoria foram encaminhados pela mulher de Azêdo para um camarote distante. Do outro lado do salão, Azêdo recebia convidados especiais numa festinha privê, em meio a salgadinhos, canapés, champanhe, uísque e vinho importado.

Audálio Dantas, então vice-presidente da ABI, chegou atrasado e, sem saber, dirigiu-se ao salão onde o presidente festejava os 100 anos da instituição ao lado de amigos particulares. Ao tentar entrar, acreditando que a Diretoria estava também reunida naquele local, foi barrado pelas recepcionistas porque seu nome não constava da lista de convidados. Audálio demitiu-se da ABI meses depois.

A quarta crise ocorreu em 2010. Durante uma assembléia-geral tumultuada, onde foi alvejado com graves ofensas pessoais, o presidente da ABI conseguiu remover o artigo 44 do Estatuto que limitava a reeleição a dois mandatos. Sem o artigo 44, ele poderá se reeleger ad eternum.

A crise de 2013, que levou à formação da chapa Vladimir Herzog, foi provocada pela grave situação em que se encontra a entidade com quase todos os seus andares sob penhora como garantia de dívidas previdenciárias e tributárias que chegam a cerca de R$ 8 milhões.

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