Chávez, o insepulto
Em meio a lágrimas incontroláveis e gritos de sofrimento de mulheres e
homens que prestam continência ao cadáver em decomposição do caudilho, seu
herdeiro Maduro, vestido com a bandeira nacional e desesperado, leva o caixão
para lá e para cá, cruzando o país em descontrolada tentativa de fazer o povo
venezuelano aclamá-lo como seu novo comandante bolivariano diante do seu patrono
morto, que, a despeito da sua incredulidade, já fechou os olhos para ele e para
esse mundo.
Insensível aos apelos de uns poucos para que o sepultamento seja feito
logo, já que os cientistas do Instituto de Pesquisa de Estruturas Biológicas de
Moscou foram convocados tarde demais, o herdeiro Nicolás a toda hora abraça o
féretro e chora, alheio aos vermes que já começam a sair pela fresta deixada
pela tampa mal colocada e, num rasgo de apaixonada idolatria a seu chefe eterno,
decide realizar um desfile militar na avenida principal da capital.
Com o apoio das Forças Armadas e do povo, todos debulhando-se em pranto, a
parada militar acontece com a solenidade desestabilizada apenas pelos gritos e
pelas convulsões do choro coletivo. À frente dos soldados e dos carros de
combate, Nicolás Maduro transporta seu amado líder em seu derradeiro desfile, ao
volante de um ônibus pintado com as cores da bandeira nacional.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial