16.3.13

Chávez, o insepulto

Em meio a lágrimas incontroláveis e gritos de sofrimento de mulheres e homens que prestam continência ao cadáver em decomposição do caudilho, seu herdeiro Maduro, vestido com a bandeira nacional e desesperado, leva o caixão para lá e para cá, cruzando o país em descontrolada tentativa de fazer o povo venezuelano aclamá-lo como seu novo comandante bolivariano diante do seu patrono morto, que, a despeito da sua incredulidade, já fechou os olhos para ele e para esse mundo.

Insensível aos apelos de uns poucos para que o sepultamento seja feito logo, já que os cientistas do Instituto de Pesquisa de Estruturas Biológicas de Moscou foram convocados tarde demais, o herdeiro Nicolás a toda hora abraça o féretro e chora, alheio aos vermes que já começam a sair pela fresta deixada pela tampa mal colocada e, num rasgo de apaixonada idolatria a seu chefe eterno, decide realizar um desfile militar na avenida principal da capital.

Com o apoio das Forças Armadas e do povo, todos debulhando-se em pranto, a parada militar acontece com a solenidade desestabilizada apenas pelos gritos e pelas convulsões do choro coletivo. À frente dos soldados e dos carros de combate, Nicolás Maduro transporta seu amado líder em seu derradeiro desfile, ao volante de um ônibus pintado com as cores da bandeira nacional.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial