Sangue novo, sangue bom
ANDREI
BASTOS
Embora eu esteja afastado do dia a dia das redações desde 2003, quando
me aposentei por causa de um câncer, mantenho nelas os fortes laços de amizades
construídas desde 1970, quando comecei minha carreira no Correio da Manhã, e sempre
acompanhei as alegrias e tristezas profissionais dos meus companheiros de pescoção.
Esse acompanhamento me fez ver que a atual realidade tecnológica da
comunicação, com novos meios e múltiplas plataformas de operação, impôs aos
jornalistas condições de trabalho que necessitam de um upgrade em reconhecimento e remuneração, com equivalência e atribuição
de um justo valor à profissão na sociedade, sob o risco de uma perda de
qualidade dos veículos comprometedora.
Infelizmente, os jornalistas e suas entidades de classe não
compreenderam adequadamente as mudanças trazidas pelas novas mídias e pelas redes
sociais e não defenderam seus interesses corretamente junto aos empregadores,
que só precisaram aplicar os preceitos da mais-valia aos novos tempos. Agora,
se quisermos ocupar nosso legítimo lugar ao sol, é preciso buscar o tempo
perdido.
Além disso, pelo que ouço de amigos, em nosso cotidiano o sindicato
deixou de atender às demandas mais simples dos filiados, especialmente dos
aposentados como eu, que parece terem deixado de existir por não pagarem mais
mensalidades, e efetivamente abandonou o papel de representação da categoria, o
que faz com que hoje seja preciso buscar também uma reaproximação com os
profissionais, aposentados ou não, que lhe dão nome e razão de existir.
Finalmente, diante do que me parece uma redução à pequenez nos debates
dentro da nossa entidade, como se o sindicato não fosse mais do que um espaço
de disputa de grupos por um poder bisonho, acho que é preciso urgentemente
abrir esse espaço à participação ampla, geral e irrestrita de todos os
jornalistas cariocas, com total transparência.
Então, diante de tudo o que considero preciso fazer, e acreditando que
as realizações e conquistas necessárias só ocorrerão com a conscientização e a
integração de toda a categoria nos debates e negociações, por todos os meios,
particularmente pelas redes sociais, fiquei feliz como pinto no lixo (reciclado)
e resolvi voltar à militância, que um dia lutou contra a ditadura militar e
hoje precisa lutar contra a ditadura tecnológica, quando fui convidado para
integrar a chapa encabeçada por Bruno Cruz, de quem apreciei a “inteligência
emocional” que me falta, mas que ele tem de sobra e o credencia para a tarefa
de presidir nosso sindicato com sangue novo e bom.
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