"Trazer ao Rio o que deu certo"
O Dia, 09/03/2008:
Entrevista com Gabeira:
"Trazer ao Rio o que deu certo"
O mais novo pré-candidato a prefeito quer adaptar soluções que funcionaram em outras cidades do mundo e diz que a oposição entre direita e esquerda é coisa do século passado, que não corresponde mais à realidade
Paulo Celso Pereira
Segunda-feira o quadro eleitoral do Rio sofreu uma reviravolta com o anúncio da pré-candidatura de Fernando Gabeira (PV) à prefeitura. Deputado federal mais votado no estado em 2006, com 293 mil votos, ele saiu como o nome de consenso da Frente do Rio, que reúne PV, PPS e PSDB. Ex-militante do PT, de onde saiu em 2003 por discordar da atuação do partido no governo, Gabeira quer fazer uma campanha propositiva, sem ser necessariamente de oposição à gestão de Cesar Maia.
—Já é possível falar dos pontos da sua campanha?
—Claro. Um deles é o crescimento econômico, em parceria com a iniciativa privada, como fazem cidades como Nova Iorque. Todo esse complexo que abrange o porto do Rio e o Centro tem que chegar ao fim do governo recuperado. Outro tema é a segurança. Mesmo a prefeitura não sendo a responsável imediata pela segurança, pretendo estabelecer um comando tripartite com os governos federal e estadual, no qual a nossa participação seria muito mais de produzir informações e inteligência.
—A Guarda Municipal não é armada. O senhor pensa em mudar isso?
—Não tem projeto definido ainda, estamos discutindo. Houve experiências em cidades como Vitória, mas só depois de um preparo psicotécnico muito severo. Minha preocupação principal é adotar instrumentos de comunicação rápida. Mas o tema está aberto para discussão.
—O que significa ‘produzir informações’?
—A cidade tem muitas câmeras que controlam o trânsito e vai ter outras. A prefeitura é uma máquina de informação. Mas há um setor a investir para processar essa informação e escolher o que é importante para a segurança. Outro trabalho é em áreas de risco. Pode-se atuar pedagogicamente, preparando as pessoas para não serem tão vulneráveis. Nova Iorque tinha uma incidência muito grande de assaltos no metrô e criou uma equipe que preparou os passageiros.
—Os três partidos da frente — PV, PPS e PSDB — participaram, em algum momento, dos 12 anos da gestão Cesar Maia. Será oposição ou continuidade?
—É uma candidatura com perspectiva de recuperar a cidade e tentar aprender com os erros da administração atual. E que vai, sobretudo, buscar o maior espaço possível para a sociedade. A principal característica é a perspectiva do diálogo.
—Mas vai haver uma candidata do governo. Sua candidatura seria de oposição?
—Vivemos uma crise profunda no Rio, ser oposição ou governo é secundário. O importante é criar uma base de salvação. Eu posso até fazer oposição, se precisar. Mas num barco à deriva, se ficar todo mundo brigando... Então vou contribuir com todos os candidatos, para que qualquer eleito tenha condições de resolver a parada.
—Como serão as relações com o estado e a União?
—As mais harmônicas possíveis. Se você conjuga o esforço federal, o estadual e o municipal, tem possibilidade de andar muito mais rápido. Não é possível se recusar a andar mais rápido só porque existe alguma discrepância, política ou temperamental. Tentarei desenvolver o mesmo modelo que hoje é desenvolvido em Minas Gerais entre o PT e o PSDB.
—O PSDB tem dois nomes fortes para a Presidência, em 2010. Vai apoiá-los?
—Acho que 2010 está muito longe. O que eu gostaria para 2010 é avançar de onde o PT não conseguiu: estabeler relações políticas maduras entre o Parlamento e o Executivo. Temos boa política econômica e boa política social, mas o processo político está deteriorado.
—Os candidatos do PSDB encarnam essa estratégia?
—Somos todos uma geração que lutou pela democratização e conseguiu grandes avanços. Tanto Aécio quanto Serra podem encarnar. A tese de pessoas que não conseguiram é de que isso não é possível, de que tem de comprar deputado, tem de ser fisiológico para governar.
—O senhor trata de grandes temas nacionais. Como convencer o eleitor de que também é preparado para questões locais?
—Desde 2004 eu tenho um site chamado Cidade Sustentável e presto assessoria para prefeitos e vereadores. A idéia é procurar experiências que deram certo nas cidades do mundo, estudando e adaptando cada situação. Então há muito tempo eu reflito sobre soluções urbanas.
—Quais são os pontos positivos e negativos da gestão do grupo de Cesar Maia?
—Houve momentos positivos. Ele prometeu e reconstruiu o Circo Voador, sempre foi muito solícito. Mas parece que abandonou um pouco a cidade e reagiu mal à reclamação da população, pareceu um desrespeito.
—Serão quatro candidatos ligados à esquerda. Disputam o mesmo eleitorado?
—Não se pode entender o século XXI com as categorias do século passado. Essa oposição entre esquerda e direita não corresponde mais à verdade. Não vejo dificuldades de me relacionar com a chamada direita para resolver problemas. Muitas soluções não dependem de ser de esquerda ou de direita. Saúde, por exemplo.
—Seu eleitorado é mais concentrado em áreas elitizadas. O senhor conseguirá entrar em áreas populares?
—Perfeitamente. As pessoas hoje têm um conhecimento maior da política. Não existe mais isso de estar condenado a ter votos só na Zona Sul ou só na Zona Norte.—Sua defesa de temas polêmicos, como a legalização da maconha, pode interferir na campanha?—Evidentemente meus adversários vão usar isso. Mas eu não posso me preocupar muito com o que meus adversários vão fazer, porque eu tenho muito o que fazer para o Rio. A situação da cidade é grave, a população não quer que os candidatos fiquem perdendo tempo condenando uns aos outros. Existe uma necessidade de mudança. As pessoas sentem que é preciso mudar.
Entrevista com Gabeira:
"Trazer ao Rio o que deu certo"
O mais novo pré-candidato a prefeito quer adaptar soluções que funcionaram em outras cidades do mundo e diz que a oposição entre direita e esquerda é coisa do século passado, que não corresponde mais à realidade
Paulo Celso Pereira
Segunda-feira o quadro eleitoral do Rio sofreu uma reviravolta com o anúncio da pré-candidatura de Fernando Gabeira (PV) à prefeitura. Deputado federal mais votado no estado em 2006, com 293 mil votos, ele saiu como o nome de consenso da Frente do Rio, que reúne PV, PPS e PSDB. Ex-militante do PT, de onde saiu em 2003 por discordar da atuação do partido no governo, Gabeira quer fazer uma campanha propositiva, sem ser necessariamente de oposição à gestão de Cesar Maia.
—Já é possível falar dos pontos da sua campanha?
—Claro. Um deles é o crescimento econômico, em parceria com a iniciativa privada, como fazem cidades como Nova Iorque. Todo esse complexo que abrange o porto do Rio e o Centro tem que chegar ao fim do governo recuperado. Outro tema é a segurança. Mesmo a prefeitura não sendo a responsável imediata pela segurança, pretendo estabelecer um comando tripartite com os governos federal e estadual, no qual a nossa participação seria muito mais de produzir informações e inteligência.
—A Guarda Municipal não é armada. O senhor pensa em mudar isso?
—Não tem projeto definido ainda, estamos discutindo. Houve experiências em cidades como Vitória, mas só depois de um preparo psicotécnico muito severo. Minha preocupação principal é adotar instrumentos de comunicação rápida. Mas o tema está aberto para discussão.
—O que significa ‘produzir informações’?
—A cidade tem muitas câmeras que controlam o trânsito e vai ter outras. A prefeitura é uma máquina de informação. Mas há um setor a investir para processar essa informação e escolher o que é importante para a segurança. Outro trabalho é em áreas de risco. Pode-se atuar pedagogicamente, preparando as pessoas para não serem tão vulneráveis. Nova Iorque tinha uma incidência muito grande de assaltos no metrô e criou uma equipe que preparou os passageiros.
—Os três partidos da frente — PV, PPS e PSDB — participaram, em algum momento, dos 12 anos da gestão Cesar Maia. Será oposição ou continuidade?
—É uma candidatura com perspectiva de recuperar a cidade e tentar aprender com os erros da administração atual. E que vai, sobretudo, buscar o maior espaço possível para a sociedade. A principal característica é a perspectiva do diálogo.
—Mas vai haver uma candidata do governo. Sua candidatura seria de oposição?
—Vivemos uma crise profunda no Rio, ser oposição ou governo é secundário. O importante é criar uma base de salvação. Eu posso até fazer oposição, se precisar. Mas num barco à deriva, se ficar todo mundo brigando... Então vou contribuir com todos os candidatos, para que qualquer eleito tenha condições de resolver a parada.
—Como serão as relações com o estado e a União?
—As mais harmônicas possíveis. Se você conjuga o esforço federal, o estadual e o municipal, tem possibilidade de andar muito mais rápido. Não é possível se recusar a andar mais rápido só porque existe alguma discrepância, política ou temperamental. Tentarei desenvolver o mesmo modelo que hoje é desenvolvido em Minas Gerais entre o PT e o PSDB.
—O PSDB tem dois nomes fortes para a Presidência, em 2010. Vai apoiá-los?
—Acho que 2010 está muito longe. O que eu gostaria para 2010 é avançar de onde o PT não conseguiu: estabeler relações políticas maduras entre o Parlamento e o Executivo. Temos boa política econômica e boa política social, mas o processo político está deteriorado.
—Os candidatos do PSDB encarnam essa estratégia?
—Somos todos uma geração que lutou pela democratização e conseguiu grandes avanços. Tanto Aécio quanto Serra podem encarnar. A tese de pessoas que não conseguiram é de que isso não é possível, de que tem de comprar deputado, tem de ser fisiológico para governar.
—O senhor trata de grandes temas nacionais. Como convencer o eleitor de que também é preparado para questões locais?
—Desde 2004 eu tenho um site chamado Cidade Sustentável e presto assessoria para prefeitos e vereadores. A idéia é procurar experiências que deram certo nas cidades do mundo, estudando e adaptando cada situação. Então há muito tempo eu reflito sobre soluções urbanas.
—Quais são os pontos positivos e negativos da gestão do grupo de Cesar Maia?
—Houve momentos positivos. Ele prometeu e reconstruiu o Circo Voador, sempre foi muito solícito. Mas parece que abandonou um pouco a cidade e reagiu mal à reclamação da população, pareceu um desrespeito.
—Serão quatro candidatos ligados à esquerda. Disputam o mesmo eleitorado?
—Não se pode entender o século XXI com as categorias do século passado. Essa oposição entre esquerda e direita não corresponde mais à verdade. Não vejo dificuldades de me relacionar com a chamada direita para resolver problemas. Muitas soluções não dependem de ser de esquerda ou de direita. Saúde, por exemplo.
—Seu eleitorado é mais concentrado em áreas elitizadas. O senhor conseguirá entrar em áreas populares?
—Perfeitamente. As pessoas hoje têm um conhecimento maior da política. Não existe mais isso de estar condenado a ter votos só na Zona Sul ou só na Zona Norte.—Sua defesa de temas polêmicos, como a legalização da maconha, pode interferir na campanha?—Evidentemente meus adversários vão usar isso. Mas eu não posso me preocupar muito com o que meus adversários vão fazer, porque eu tenho muito o que fazer para o Rio. A situação da cidade é grave, a população não quer que os candidatos fiquem perdendo tempo condenando uns aos outros. Existe uma necessidade de mudança. As pessoas sentem que é preciso mudar.
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