19.5.08

Adeus às ilusões

ANDREI BASTOS

Sem prejuízo nenhum da minha disposição de luta pelos direitos das pessoas com deficiência, eu acredito que é muito difícil um candidato com deficiência se eleger nestas eleições, ou em qualquer outra, exclusivamente com a bandeira da deficiência. Os motivos que identifico para isso têm origem na discriminação e no preconceito históricos, construtores da “invisibilidade” dessas pessoas junto com a baixa auto-estima de grande parte delas, passam pelas divisões do seu movimento, também históricas e que empanam mesmo os interesses claramente comuns, e terminam com sua pouca experiência em política partidária e eleitoral, que é o resultado mais direto e imediato da marginalização operada pelas barreiras arquitetônicas, atitudinais e de comunicação colocadas pela sociedade.

Como decorrência, entendo que, neste momento, nossa ação estratégica mais conseqüente deve ser estimular o maior número possível de pessoas com deficiência a se candidatarem à vereança, para que fique definitivamente marcada nossa presença nos processos sociais, tornando-a natural particularmente nas disputas eleitorais e, quem sabe, na vida parlamentar.

Esta “banalização” me parece necessária para o amadurecimento político do segmento que, numa segunda ação estratégica, terá melhores condições práticas e teóricas para equacionar suas divergências e definir firmemente seus objetivos comuns, podendo então trabalhar com maior efetividade para conquistá-los.

É por pensar assim que, no caso de eu vir a me candidatar, acredito na enorme dificuldade de me eleger, e isso não me incomoda pois esta é apenas uma possibilidade remota e não um objetivo necessariamente, ainda mais porque não tenho dinheiro ou ligações poderosas, o que de fato pesa na balança atual das disputas eleitorais. Portanto, convoco as pessoas com deficiência a se candidatarem nestas eleições e nas seguintes, não importando os partidos e resultados dos pleitos, para que ocupemos o maior espaço possível no processo eleitoral, o que inevitavelmente nos dará mais visibilidade e criará as condições para um maior amadurecimento político do nosso segmento. Por enquanto, o que interessa é o processo.

Pessoas com deficiência do mundo, uni-vos!

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