14.8.08

Tropical Thunder e o movimento de boicote

Caríssimos,

Muitos de vocês talvez não tenham acompanhado o noticiário a respeito do filme Tropical Thunder (ainda não tem nome em português, a tradução seria Tempestade Tropical), uma comédia sobre atores que são obrigados a se passar como soldados reais.

Em uma das subtramas, Ben Stiller faz um personagem quem tem um atraso intelectual e o termo “R****” é usado várias vezes, da forma mais pejorativa possível. Por isso, uma série de entidades americanas (incluindo a entidade nacional de SD (Síndrome de Down) e o Comitê Paraolímpico Americano) estão realizando um forte movimento de boicote ao filme.

A produtora, Dreamworks, está fingindo que não é com ela (pediu desculpas timidamente) e disse que o filme é classificado para maiores (como se isso lhe desse o direito de ser ofensiva).

Claro que o assunto é a pauta do grupo americano de SD. Abaixo eu traduzo a mensagem do Rick Dill (não o conheço, mas desde que participo do grupo, há quase 10 anos, ele é o cara que me serve de modelo):

“Em 1995, como ginasta nas Olimpíadas Especiais, minha filha Janet foi entrevistada por uma repórter da ESPN. Nós nunca tínhamos conversado com ela sobre falar em público, nem nunca sugerimos o que dizer. A entrevista foi curta, mas o que ela disse foi : “Ninguém gosta de ter SD, ninguém gosta de ser retardado, ninguém gosta de ser chamado de retardado”.

Poderia dizer algo melhor? Eu acredito que não. Ela conquistou medalha de ouro no conjunto de aparelhos.

Atualmente ela trabalha como voluntária, num programa diurno dirigido a pessoas com deficiência intelectual, 3 vezes por semana. Ela trabalha com pessoas cujas deficiências são mais sérias que a dela e o seu dom é que ela os trata como pessoas. Normalmente passam para ela aqueles que são mais difíceis de cuidar, porque ela consegue dar atenção individual a cada um, coisa que o staff do programa não se deixa fazer. Ela ganhou dois prêmios como melhor voluntária no seu primeiro ano de trabalho.

Ela sabe quais são os desafios de viver com uma deficiência, mas também trabalha para ser o mais independente possível. É duro, mas a sua vida tem mais sentido do que a de muitos que preferem fazer comédia de pessoas como ela.

Será que isso é uma cena para se fazer piada?

Rick Dill, pai de Janet de 35 anos.”

Espero que nós tenhamos a coragem e a mobilização para confrontar esse assunto da mesma forma quando o filme chegar por aqui, e não fiquemos somente lamentando o “preconceito”.

Disability rights groups call for boycott of Stiller comedy:
http://www.guardian.co.uk/film/2008/aug/13/comedy.benstiller

Um abraço,

Fábio Adiron
Inclusão: ampla, geral e irrestrita

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial