14.7.13

Empreendedores e responsabilidade social

ANDREI BASTOS

Eu tenho claro que não será o entendimento raso, a politicagem, o preconceito e a falta de ética, incondizentes com o bom jornalismo, que nos capacitarão para o resgate do papel social do jornalista na atualidade. Da mesma forma, entendo que não será o aparelhamento, a anarquia, a mesquinharia ou o personalismo que devolverão ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro a importância histórica que já teve.

Também entendo que as novas tecnologias criaram uma situação semelhante à da ditadura, mas constato que suas transformações surpreenderam tanto a patrões como a empregados nos veículos de comunicação, deixando ambos “correndo atrás do prejuízo”. E tenho consciência de que precisamos discutir e construir nosso contraponto atual aos veículos tradicionais.

Na época em que a ditadura impunha as mais severas restrições à profissão de jornalista, inclusive condenando muitas empresas de comunicação à morte, os profissionais de então, conscientes e mobilizados em torno da responsabilidade social que tinham, construíram inúmeros caminhos de expressão e exercício profissional livre.

Foi assim que a imprensa encontrou sua alternativa de trabalho e liberdade, constituindo um contraponto aos veículos tradicionais que, justiça seja feita, também reagiram com receitas de bolo ou espaços vazios onde deveriam estar as notícias censuradas.

Coojornal, Movimento, Opinião, Repórter e Pasquim são algumas das publicações que nasceram para dar trabalho e voz aos jornalistas que eram impedidos de se expressar livremente nos jornais e revistas em que trabalhavam ou de onde foram demitidos por suas manifestações contra o regime ditatorial.

A despeito de sua natureza alternativa, essas publicações se estruturaram de acordo com as regras da sociedade, com CNPJ etc., com empregados e patrões, mesmo sendo estes últimos velhos companheiros de redações, e do sindicato de jornalistas, o que não criou nenhum constrangimento entre as partes. No caso de integrantes da Chapa 1 nas eleições do sindicato dos jornalistas do Rio, na qual concorro a vice-presidente, por exemplo, que têm CNPJ mas não têm empregados, nem podemos estabelecer paralelo.

Finalmente, se na época da ditadura a única possiblidade tecnológica era a mídia impressa, hoje, na eterna ditadura do capital sobre o trabalho, temos também a internet que, embora na sua gênese seja anárquica e plural, é um instrumento do capitalismo e submete os que dela se utilizam a regras bem claras de organização e concorrência, como se evidencia nas redes sociais que se transformaram em grandes empresas. Enquanto não destruirmos o capitalismo, e certamente isso não se dará em sindicatos de jornalistas, teremos que utilizar seus instrumentos conforme suas regras.

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