12.1.15

Memorial Descritivo para o Mestrado de Alex

Alex Schomaker Bastos
Memorial Descritivo para o programa de Mestrado em Química Médica, IBqM/UFRJ
Nasci em 04/10/1990, apresentando interesse por ciência e tecnologia desde pequeno. Desde a infância, com meu quarto decorado com estrelas e planetas, me interessei pelos mistérios do Universo, lendo sobre fenômenos físicos como o Big Bang, buracos negros e o nascimento de estrelas, além de me interessar profundamente pela origem e história da vida na Terra, estudando sobre evolução, fósseis e bioquímica. Um evento marcante foi um aniversário em que ganhei um kit de química experimental, o qual eu não conseguia parar de brincar. A partir desse instante, eu sabia que queria fazer algo relacionado a ciência.
Além do interesse pelas ciências de cunho mais natural, fui apresentado desde cedo ao mundo dos computadores, especialmente graças a meu pai, que possuía uma empresa ligada à informática. Quase que diariamente eu visitava o trabalho de meu pai e ficava em um computador, inicialmente jogando, mas com o tempo fui aprendendo a mexer em certas partes do código dos jogos, na rede e no hardware, desenvolvendo um grande interesse por programação.
Felizmente, tive o privilégio de estudar em um bom colégio durante o ensino fundamental, o Instituto Metodista Bennett, que possuía estrutura de laboratório de ciências, uma boa biblioteca e um laboratório de informática, o que foi importante para que eu continuasse a desenvolver meu interesse científico e em tecnologia. Além da estrutura, tive duas professoras que me inspiraram bastante em termos de estudo científico e que me despertaram também o interesse em ensinar, ao me indicar como monitor para um sistema de monitoria para alunos que estavam indo mal ao longo do ano.
Já no ensino médio, devido a uma demissão em massa dos bons professores do colégio, fui estudar em um curso e colégio, o Colégio Qi. Durante o ensino médio, especialmente durante a 2a e 3a série, estava fortemente dividido entre fazer Ciências da Computação, ou Ciências Biológicas. Acabei decidindo fazer Biologia devido a um assunto que se destacava acima dos outros em termos de interesse, a evolução.
Desde que li “A origem das espécies” pela primeira vez aos doze anos, me tornei obcecado por tentar entender mais a história da vida na Terra e, ao passar para Biologia na UFRJ no vestibular de 2008, esperava conseguir expandir essa parte de meu conhecimento. Outro aspecto importante para que eu tomasse a decisão de estudar Biologia foi meu interesse crescente em ensinar.
Já no começo do segundo ano de faculdade me candidatei a uma vaga de monitoria no colégio em que fiz o ensino médio, buscando ampliar meu contato com o ensino, acabando por participar intensivamente do cotidiano escolar do curso. Do aspecto da pesquisa, comecei a fazer iniciação em um laboratório de genética de populações, o que me ajudou a entender melhor uma das vertentes dos estudos evolutivos atuais. Entretanto, achei a tarefa de bancada realizada no laboratório, seguindo protocolos pré-determinados, um pouco insatisfatória e desestimulante.
O fim do segundo ano e o começo do terceiro ano de faculdade foram períodos bem conturbados para mim. Um momento em que comecei a pensar se queria mesmo continuar fazendo Biologia, um pouco desestimulado por matérias que não despertaram tanto o meu interesse, voltando a pensar na possibilidade de fazer algo relacionado à informática, ou que talvez eu devesse ter feito Biofísica, por exemplo. Esse desinteresse acabou se refletindo em minhas notas, que infelizmente sofreram com esse quase abandono.
Felizmente, mais para a metade do terceiro ano, comecei a participar de um projeto de educação ambiental que estava iniciando no Colégio Qi (Qi Ambiental), auxiliando o professor principal a organizar as atividades e ajudando nas aulas propriamente ditas. Nesse mesmo período me tornei monitor bolsista de Ecologia para a Engenharia Ambiental e para o curso de Biologia. Essas experiências me fizeram perceber o quanto eu gostava de ensinar, o que serviu para revitalizar meu interesse no curso de Biologia e me fez optar pelo curso de Licenciatura, que também me permitia de certa forma estudar a Biologia de forma mais ampla.
Durante o primeiro ano de Licenciatura me dediquei muito ao projeto do Qi Ambiental, ajudando na coordenação do projeto e ministrando aulas para o subprojeto de Microbiologia. Entretanto, sentia falta de participar mais ativamente do meio científico, o que me fez começar a pesquisar possíveis áreas de interesse. Aliado a essa busca por um tópico de pesquisa, estava fazendo duas matérias da faculdade que, coincidentemente, me apresentaram ao tema da bioinformática e da informática aplicada à biologia.
Graças a matéria de Etologia, comecei a me interessar pelo tema da evolução do comportamento e, ao estudar, vi que era um tema em que boa parte dos estudos se baseava em simulações computacionais, o que me fez desenvolver uma simulação em Python como um trabalho auto-proposto, que desde então, mesmo ainda cursando a graduação, me rende uma aula como professor convidado todo ano. Além desse tema, a Ecologia, a Genética de Populações e a Evolução se mostravam bem pautadas em simulações, ou em técnicas computacionais, o que abriu meus olhos para a Bioinformática. Ao pesquisar sobre possíveis matérias sobre o tema para que eu o conhecesse mais, esbarrei no site do professor Francisco Prosdocimi.
Depois de pouco tempo comecei a fazer iniciação científica no laboratório do professor Francisco, onde fui apresentado a diversas ferramentas, terminologias e métodos de estudo em bioinformática, especialmente na parte de montagem e análise de genomas. Tive também a oportunidade de criar minhas próprias ferramentas para serem utilizadas no laboratório e além.
Dentre tais ferramentas, uma que merece destaque é o programa mitoMaker. Trata-se de um projeto em Python que estou desenvolvendo há quase um ano que busca facilitar a montagem e anotação de trechos alvo de genoma, inicialmente focado em mitocôndrias. Tal projeto ganhou um prêmio de melhor trabalho de iniciação científica e vem sendo utilizado regularmente no laboratório e fora dele em outros institutos. Além disso, estamos finalizando um artigo sobre o programa visando uma publicação em breve e já apresentei uma aula sobre montagem de mitocôndrias pautada em sua utilização à convite do professor Francisco.
Fora finalmente ter me encontrado na área da pesquisa e estar muito feliz com o trabalho desenvolvido no laboratório, continuo participando do projeto de educação ambiental, trabalhando com o tema de energia solar, tendo aplicado uma aula no Colégio Pedro II além do Qi. Tive também a oportunidade de participar do estágio em Prática de Ensino no CAP-UFRJ durante o ano de 2014, que foi uma experiência didática, que aprimorou minha auto-reflexão como educador e como pesquisador, reforçando minha idéia de que, preferencialmente, um não deve existir isolado do outro, visto que a Ciência, sem o compartilhamento e ampliação da mesma, me parece perder seu propósito.
Espero através da participação no programa de mestrado poder continuar fazendo boa ciência, na área em que me descobri como pesquisador, desenvolvendo ferramentas que aprimorem o desenvolvimento científico na bioinformática, além de me aprimorar como educador e divulgador das ciências, com meus colegas que me ajudaram a chegar até aqui.

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