8.5.15

Quatro meses sem Alex


“Quero me tornar um professor melhor, uma pessoa melhor. Gosto de ver o aluno entrar de um jeito e sair de outro” (Alex Schomaker Bastos)

“O Homem não sabe o valor do saber, nem pode encontrá-lo na terra dos vivos… pois o preço da
sabedoria está acima dos rubis” (Alex Schomaker Bastos)

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Alex era “o cara”. Era impossível não amá-lo depois de conhecê-lo. É difícil escrever sobre uma pessoa perdida de forma tão brutal, principalmente sendo ela uma que se tornou tanto pra mim. Mais que perder um grande potencial a professor, perdemos um grande amigo, pois era isso que o Alex se tornava de todos em tão pouco tempo. Seu carisma, sua alegria, sua nerdice contagiava a todos. Fico feliz por poder tê-lo conhecido e vivido momentos de plena alegria, é assim que quero lembrar dele – bobo, cheio de vida, sonhos e expectativas. Era assim que ele me inspirava – a mim e a tantos – a ser uma pessoa melhor, a me dedicar e ter um futuro brilhante… Que nem ele teria. O sentimento de perder alguém tão bom pode ser aliviado com o tempo, mas nunca esquecido. Meu coração vai ter sempre um lugar reservado pra um carinha que amava cultura nórdica, qualquer tipo de game, Senhor dos Anéis, Star Wars, e muita coisa que eu ainda estava pra descobrir. Que a força esteja para sempre ao seu lado, ó querido Alex!

Elisa Melo (aluna da turma 22B do CAp)

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Quando se estuda no CAp, há sempre certa ansiedade a respeito dos novos licenciandos. Todo ano que começa é a mesma coisa: se pergunta quem serão, se serão legais, se serão inteligentes, se serão simpáticos… Mal podia eu imaginar que, no ano de 2014, conheceria um licenciando que não seria só isso, mas muito mais. Conhecemos Alex em uma das primeiras aulas de biologia, junto de seus amigos que também decidiram fazer licenciatura. Ele parecia, em todos os aspectos, um cara legal. Conforme as aulas foram passando, descobri que aquele cara legal era mais do que isso, era altruísta, prestativo, engraçado, carinhoso, dedicado, ambicioso, divertido. Alguém cheio de sonhos e vida, sempre disposto a tirar uma dúvida, a fazer uma piada, a bater um papo sobre qualquer coisa. Foram-se dias, aulas e excursões, e fomos nos conhecendo melhor. Descobri suas paixões e seus gostos, muito parecidos com os meus próprios: dividíamos um grande interesse pelas culturas nórdicas e um grande gosto por videogames e sagas de livros, por exemplo. Ele também mostrou a mim e a alguns amigos coisas novas, como Magic, um jogo de cartas que passamos a jogar praticamente em qualquer tempo livre que tivéssemos. Conversamos muito, rimos muito, brincamos muito. Reclamamos da vida juntos, debatemos os males do mundo, falamos sobre o futuro e sobre o presente, sobre o que fazíamos e o que esperávamos fazer um dia. Alex havia se tornado, em todos os sentidos da palavra, um grande amigo. E quando digo grande, quero dizer aquele tipo de amigo que conversa com você até duas da manhã, te ajuda a entender a matéria dez minutos antes das provas, sabe seus sonhos e medos. Uma grande pessoa foi perdida na noite dessa quinta-feira. Uma grande pessoa, um grande ex-licenciando, um grande futuro professor, um grande nerd e um grande amigo. Ele pode ter partido, mas sua memória ficará para sempre. Te vejo em Valhalla, meu querido Alex.

Camila Miranda (aluna da turma 22B do CAp)

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Alex,

Eu disse no Facebook que seus assassinos foram os governantes que pouco ou nada fazem pela Educação no Brasil e que os assaltantes que atiraram em você são vermes que nasceram na podridão em que vivemos.

Quase todo mundo entende o que escrevi como um desabafo. Não é. E você sabe disso.

Você, que sempre prestou atenção em mim com seus olhos doces, desde a criança que imitava meus gestos ao comer, achando que eram a maneira correta de se comportar à mesa, ao homem que sentou comigo para uma refeição pela última vez no dia 28 de dezembro, no restaurante de que tanto gostava, e deve ter percebido meus olhos brilhantes de admiração pelo ser humano muito maior do que eu em que se tornou, sabe que é isso mesmo o que penso.

E não poderia ser diferente, né? Afinal, além da suavidade da sua voz ao dizer “pai” para mim, abrindo qualquer fala dos nossos diálogos econômicos de tímidos, você construiu o homem em que se tornou, ainda tão jovem, se dedicando ao aprendizado científico da vida para levar sua bondade a todas as pessoas.

Eu, você e sua mãe sempre tivemos a compreensão de que nossas consciências e ações é que realizam o amor ao próximo. De nós três, você sempre foi o melhor.

Mesmo antes de um diploma, você já tinha realizado muito do seu amor ao próximo, ensinando aos mais jovens, desenvolvendo software de leitura de genomas, trabalhando em pesquisas científicas. Todos admiram seu trabalho.

Mas na podridão em que vivemos, entre corruptos e políticos bandidos, não existe terreno fértil para flores como você, pois tudo é lixo e só vermes como os que atiraram em você proliferam.

Você se construiu com bases sólidas na educação, com muito estudo e dedicação, e pode ser exemplo e ensinamento para as pessoas de bem varrerem os bandidos e assaltantes da política e das ruas, tanto os que assaltam em pontos de ônibus como os que assaltam os cofres públicos e, com isso, matam muito mais pessoas.

Com amor e admiração,

Seu pai

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Lembrança boa: como muitos bons futuros nerds, por volta dos 10 anos Alex era um menino gordinho de óculos. Apesar disso, e de ninguém dar nada por ele em atividades esportivas, Alex surpreendia nas competições de natação, com total desenvoltura. Mas o que é bom mesmo lembrar é do desespero da professora de natação ao vê-lo parar no meio da piscina, estando muito à frente dos outros competidores, e ficar olhando para trás e dando adeusinho pra gente. "Eu parei para esperar meus amigos" - foi como Alex se explicou depois.

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