14.10.09

Coluna do Milton

CIRO PERDEU OUTRA BOA CHANCE DE FICAR CALADO

Milton Coelho da Graça

Ciro Gomes tem se mostrado sério e progressista, um parlamentar ativo e dos mais inteligentes, um governante executivo operoso e aparentemente honesto. Mas é daquelas pessoas que merecem ser chamadas de “boca grande”, não por comerem demais ou roubarem demais, mas por falarem bobagem quase compulsivamente.

Em sua coluna de ontem, o jornalista Elio Gaspari – seguramente um dos dois ou três mais competentes e respeitados do país – demoliu a credibilidade de Ciro por conta de uma frase boba mas venenosa em relação a José Serra, em entrevista a outro jornalista de primeiro time, Raymundo Costa, do jornal VALOR:

“O que o Serra fez quando o câmbio estava apreciado”.

Quem pode acreditar em um candidato a Presidente da República ou Governador de São Paulo, que transforma disputa política em ódio pessoal e cego, a ponto de acusar o adversário por pecados que ele não cometeu mas que o próprio acusador carrega em sua biografia?

Ciro era Ministro da Fazenda e aceitou calado – para preservar o cargo, parece óbvio – que a turma do Plano Real, encastelada no Banco Central, no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, até aplaudisse a apreciação cambial causadora de enormes prejuízos à nossa indústria e ao país. O engraçado é que José Serra, também ministro de FHC, demonstrou publicamente sua desaprovação, como Elio Gáspari implacavelmente recordou em sua coluna de ontem, publicada por vários jornais do país.

O povo brasileiro – eu inclusive –, que ainda considera Ciro um bom sujeito, fica em dúvida sobre as razões de sua candidatura (ninguém ainda sabe a quê): Ele é favor do câmbio livre ou do controle cambial? Ele é neoliberal ou desenvolvimentista? Ele é a favor da entrada da Venezuela no Mercosul como Lula ou é contra, como o senador Tasso Jereissati, seu maior aliado político?

Ele quer derrotar ou ajudar Dilma Roussef? Em matéria de meio ambiente, ele está mais para Marina Silva ou Carlos Minc?

Ciro já se estrepou em outra eleição majoritária – para Presidente, em 2002 – também por dizer bobagem e na hora errada. Eu admito, como ele também achou importante afirmar, que José Serra é feio; Mas não é por beleza que o povo vai decidir em 2010.

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