Uma nova Carmen
CASSIANO FERNANDEZ
Na noite de 27 de novembro tive a honra de comparecer ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, acompanhado por Maria Ângela Champion Barreto, competentíssima fonoaudióloga, para assistir à ópera “Carmen”, que desta vez fora produzida de forma inovadora, com os personagens despidos de seu figurinos e a peça de seu universo. Durante o espetáculo, verifiquei a ocorrência de alguns fatos jocosos como, por exemplo, a presença na platéia de um espectador mais empolgado que os demais, pois toda vez que Carmen entoava uma ária mais animada, ele não se continha e começava a dançar em sua poltrona.
Outro fato engraçado, sobre o qual fui alertado por minha parceira de ópera, foi assim: No inicio da peça, Maria Ângela percebeu a presença de uma mulher de aparência humilde, que estava num dos cantos da platéia. Na hora do intervalo, houve o habitual entra e sai e quando se apagaram as luzes ela notou que a senhora havia desaparecido misteriosamente. Num dado momento, estava eu observando com meu binóculo o que acontecia no palco e, de repente, ao virar o rosto para perguntar ou comentar alguma coisa, surpreendo Maria Ângela com os olhos voltados para as frisas e camarotes procurando por algo, e por isso indaguei-a: - Está acontecendo alguma coisa, querida? Ela me respondeu com um gesto, pedindo que lhe entregasse o binóculo e, uma vez de posse do mesmo, tornou a olhar para o mesmo lugar. Após vislumbrar seu alvo por alguns segundos, vira-se para mim com um misto de espanto e riso na face e declara: - Mas que figura! Olha onde ela foi parar! Quando olhei, lá estava a mulher ocupando lugar na frisa alheia. Terá ela sido convidada a ocupar aquele lugar ou será uma típica carioca “furona”? Essa é a pergunta que fica para reflexão.
Do ponto de vista musical, o espetáculo estava maravilhoso! O coro estava impecável, assim como os solistas, e principalmente o meio-soprano Liora Grodnikate, que interpretou a protagonista e dispensa comentários. Sua Carmen foi ousada e guerreira, ou seja, exatamente como deve ser. Falando do conjunto do espetáculo, a única crítica que tenho a fazer é sobre a forma como a peça foi montada, pois se pensarmos bem, após esta montagem todos os personagens dessa ópera poderão passar a sofrer de dupla personalidade. Mas por quê? Bem, sabe-se que a peça em questão se passa na cidade espanhola de Sevilha. Porém, onde estava Sevilha? E, além disso, eles tiveram suas vestes habituais trocadas por vestes de gala. Mas, por outro lado, essa montagem fez com que o universo de “Carmen” fosse imaginado por cada espectador.
Fonte: www.ibdd.org.br
Na noite de 27 de novembro tive a honra de comparecer ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, acompanhado por Maria Ângela Champion Barreto, competentíssima fonoaudióloga, para assistir à ópera “Carmen”, que desta vez fora produzida de forma inovadora, com os personagens despidos de seu figurinos e a peça de seu universo. Durante o espetáculo, verifiquei a ocorrência de alguns fatos jocosos como, por exemplo, a presença na platéia de um espectador mais empolgado que os demais, pois toda vez que Carmen entoava uma ária mais animada, ele não se continha e começava a dançar em sua poltrona.
Outro fato engraçado, sobre o qual fui alertado por minha parceira de ópera, foi assim: No inicio da peça, Maria Ângela percebeu a presença de uma mulher de aparência humilde, que estava num dos cantos da platéia. Na hora do intervalo, houve o habitual entra e sai e quando se apagaram as luzes ela notou que a senhora havia desaparecido misteriosamente. Num dado momento, estava eu observando com meu binóculo o que acontecia no palco e, de repente, ao virar o rosto para perguntar ou comentar alguma coisa, surpreendo Maria Ângela com os olhos voltados para as frisas e camarotes procurando por algo, e por isso indaguei-a: - Está acontecendo alguma coisa, querida? Ela me respondeu com um gesto, pedindo que lhe entregasse o binóculo e, uma vez de posse do mesmo, tornou a olhar para o mesmo lugar. Após vislumbrar seu alvo por alguns segundos, vira-se para mim com um misto de espanto e riso na face e declara: - Mas que figura! Olha onde ela foi parar! Quando olhei, lá estava a mulher ocupando lugar na frisa alheia. Terá ela sido convidada a ocupar aquele lugar ou será uma típica carioca “furona”? Essa é a pergunta que fica para reflexão.
Do ponto de vista musical, o espetáculo estava maravilhoso! O coro estava impecável, assim como os solistas, e principalmente o meio-soprano Liora Grodnikate, que interpretou a protagonista e dispensa comentários. Sua Carmen foi ousada e guerreira, ou seja, exatamente como deve ser. Falando do conjunto do espetáculo, a única crítica que tenho a fazer é sobre a forma como a peça foi montada, pois se pensarmos bem, após esta montagem todos os personagens dessa ópera poderão passar a sofrer de dupla personalidade. Mas por quê? Bem, sabe-se que a peça em questão se passa na cidade espanhola de Sevilha. Porém, onde estava Sevilha? E, além disso, eles tiveram suas vestes habituais trocadas por vestes de gala. Mas, por outro lado, essa montagem fez com que o universo de “Carmen” fosse imaginado por cada espectador.
Fonte: www.ibdd.org.br
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