18.1.09

Stuart Angel, lembrança necessária

Comunique-se, Extra! Extra!:

Stuart Angel, lembrança necessária

Milton Coelho da Graça (*)

Manter a memória nacional é dever de todos os cidadãos – especialmente dos profissionais de imprensa - e, por isso, considero própria da natureza de meu trabalho em Comunique-se a divulgação deste e-mail, enviado pelo grupo Tortura Nunca Mais e recordando o que seria o 64° aniversário de Stuart Angel (neste domingo, 11/01), não tivesse sido assassinado por militares na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro:

“Stuart Edgar Angel Jones também aniversaria. Faria 64 anos e certamente estaria convidando os camaradas para irem ao “limão sul” ali no posto 6, comemorar seu aniversário. O lugar é uma referência à única vez que o vi. Ali ele estava com seu porte de atleta, sorriso nos lábios e os olhos brilhantes que possuem as pessoas que sonham, têm projetos, esperança e ousam.

“Infelizmente, no dia 14/05/1971 (NB: aos 26 anos!), seus torturadores o assassinaram na Base Aérea do Galeão, depois de arrastá-lo com a boca presa ao cano de descarga (NR: de um jipe), por todo o pátio. Sua mãe (NB: Zuzu Angel, também já falecida) foi incansável na denúncia de seu assassinato e apontava como responsáveis os brigadeiros Burnier e Carlos Afonso Dellamora - chefe da base aérea e comandante do CISA, respectivamente, além do tenente-coronel Abilio Alcântara, o tenente-coronel Muiz, o capitão Lucio Barroso e o major Pena, todos da Aeronáutica. Além desses, Mario Borges e Jair Gonçalves da Mota, agentes do DOPS. (…) Nenhum deles foi sequer punido nas suas corporações…

“Em memória do Stuart, levantemos um brinde!

“Stuart vive!”

Para esclarecimento dos mais jovens, o brigadeiro Burnier também planejou a explosão do gasômetro do Rio, que seria atribuída a um atentado comunista. O plano só foi abortado pela corajosa recusa do capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, conhecido como “Sérgio Macaco”, comandante do Para-Sar. O Para-Sar era uma equipe de paraquedistas da FAB, dedicada a operações de salvamento.

O capitão Sérgio foi imediatamente colocado na reserva e só promovido a brigadeiro poucos dias depois de morrer em 1994, dez anos depois da reabertura democrática. O engraçado, se não fosse trágico, é que a Aeronáutica já lhe pagava o soldo de brigadeiro, mas os presidentes Sarney, Collor e Itamar não assinavam o decreto - um mínimo de justiça a seu ato de bravura e verdadeira honra militar – por puro medo.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.

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