22.9.12

Dados consistentes

O Globo, Opinião, 22/09/2012:

Dados consistentes

ANDREA BORGES

O IBGE divulgou, em junho último, os resultados do Censo Demográfico 2010 sobre pessoas com deficiência. De acordo com esses resultados, 23,9% da população brasileira declararam ter alguma das deficiências investigadas pelo IBGE, para todos os graus de severidade, correspondendo a 45.606.048 pessoas.

É importante lembrar que o censo demográfico é respondido por autodeclaração, ou seja, o entrevistado escolhe a resposta que considera melhor em relação às perguntas do questionário. Da mesma forma, em relação ao tema pessoas com deficiência, o entrevistado respondeu às perguntas sobre deficiência visual, auditiva, motora e mental ou intelectual de acordo com sua própria percepção da limitação que essas deficiências provocavam , classificadas de acordo com o grau de severidade com o qual essa limitação foi percebida.

Outro ponto importante é que a redação das perguntas obedeceu a um conjunto de perguntas propostas pelo Grupo de Washington sobre Estatísticas das Pessoas com Deficiência, criado pela ONU, cujo objetivo principal é padronizar o levantamento das estatísticas de pessoas com deficiência, tanto em censos de população quanto em outras pesquisas domiciliares. A consistência e o entendimento dessas perguntas pelo entrevistado foram avaliadas pelo IBGE através de testes, estudos e discussões, em nível nacional e internacional, com instituições como a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) e a Organização Mundial de Saúde, o que reafirma o compromisso do IBGE com a qualidade da informação produzida.

Quando se afirma que 23,9% da população brasileira têm alguma das deficiências investigadas, esse percentual representa todas as deficiências investigadas, em todos os seus graus de severidade. Quando se considera apenas a deficiência severa, o percentual correspondente foi de 6,7%. Somente 0,7% da população respondeu não conseguir de modo algum enxergar, ouvir ou se locomover e 1,4% respondeu ter deficiência mental ou intelectual. Os dados referentes à frequência escolar, alfabetização e trabalho das pessoas com deficiência englobaram tanto as pessoas com deficiências leves quanto aquelas com deficiências severas. Para fins de políticas públicas, embora a população com deficiências severas seja o principal alvo, não se pode negligenciar aquela parcela da população com deficiência leve, que pode ser corrigida com medidas mais imediatas, como assistência oftalmológica ou acesso a aparelhos auditivos e próteses.

Por fim, o IBGE celebra os questionamentos feitos pela sociedade, entendendo-os como uma oportunidade de sanar possíveis dúvidas que possam surgir quando da divulgação de qualquer uma de nossas pesquisas.

No caso específico dos dados sobre pessoas com deficiência no Censo Demográfico, esse sentimento é reforçado tanto pela importância da pesquisa como, principalmente, do próprio tema, que vem sendo pesquisado desde o primeiro levantamento censitário, acompanhando as inovações metodológicas em sua abordagem.

Andrea Borges é pesquisadora do IBGE

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