1.5.07

Acessibilidade nos bairros do Rio (5)

Site do IBDD (www.ibdd.org.br), Notícias, 27/04/2007:

Copacabana: o melhor bairro em acessibilidade também apresenta problemas

Dos cinco bairros visitados até este momento por nossa equipe de reportagem, Copacabana é o que apresenta melhores condições de acessibilidade. Um leitor mais apressado poderia pensar: “Que bom! Finalmente um bairro nota dez em acessibilidade no Rio de Janeiro!” Sem querer estragar a empolgação de ninguém, vale dizer que infelizmente a coisa não é bem assim. Na verdade, o fato de Copacabana ser melhor do que os outros bairros já visitados em termos de acessibilidade não quer dizer que a princesinha do mar seja um paraíso para as pessoas com deficiência. Há vários problemas também por lá, porém menos do que no Catete, Glória, Lapa e Botafogo. É interessante observar o relativo grau de homogeneidade existente entre suas ruas no tocante à conservação e acessibilidade. Em boa parte das vias do bairro, é possível encontrar árvores sem gradil e ruas sem rampas de acesso. A intensidade desses problemas varia, mas não a ponto de criar um contraste capaz de chamar a atenção.

Apesar do relativo equilíbrio no que se refere ao estado de conservação das vias do bairro, é necessário destacar as ruas Siqueira Campos e Figueiredo Magalhães como merecedoras de uma maior atenção por parte do poder público. É possível observar em ambas a existência de calçadas bastante esburacadas em alguns trechos. Há um pedaço da Siqueira Campos em que as calçadas são também razoavelmente estreitas, dificultando o trânsito de cadeirantes. Nossos governantes devem estar atentos a esses problemas, atuando no sentido de solucioná-los o mais breve possível.

É interessante destacar, por outro lado, as excelentes condições de acessibilidade e conservação em duas das vias do bairro: Avenida Nossa Senhora de Copacabana e Avenida Princesa Isabel. Por lá, o que se vê são árvores com gradil, calçadas adequadas ao trânsito de cadeiras de rodas e rampas em todas as esquinas. Tamanho grau de adequação não se deve ao mero acaso: as duas vias fizeram parte do roteiro do programa RioCidade. Mais uma vez, percebemos que a atenção das autoridades no tocante à conservação das ruas da cidade é bastante seletiva. Isso explica porque programas como o RioCidade em geral só são implementados nas principais vias de circulação da cidade.

A Avenida Atlântica também seria digna de destaque positivo em termos de acessibilidade não fosse pela recente inauguração de um conjunto de quiosques no calçadão da praia. As novas estruturas, que abrigam restaurantes e lanchonetes como Bar Luiz, Vivendas do Camarão e Bob´s, não contam, em sua maioria, com a infra-estrutura necessária para atender a pessoa com deficiência. O acesso aos banheiros dos quiosques se dá por meio de longas escadarias, não havendo rampas ou quaisquer soluções alternativas capazes de contemplar a pessoa com deficiência. Como se não bastasse, apenas uma das duplas de quiosques recém-inaugurados conta com banheiros adaptados. Mesmo aí, por irônico que pareça, há problema de acessibilidade, já que o dispositivo que permite o acesso de cadeirantes não está funcionando. Segundo um funcionário que trabalha no local, está sendo providenciada a construção de um elevador através do qual as pessoas com deficiência poderão ter acesso a este único banheiro adaptado. Quando este elevador estará funcionando? Nas palavras do funcionário em questão, “daqui a um, dois ou três meses”. A imprecisão é no mínimo preocupante, sugerindo que não há um prazo concreto para a instalação do elevador. Vale dizer que as obras dos quiosques estão sendo feitas pela empresa Orla Rio, que obteve concessão da Prefeitura da cidade para tal.

A maioria dos estabelecimentos comerciais de Copacabana ainda não está preparada para atender às necessidades da pessoa com deficiência. Apesar disso, torna-se necessário registrar a presença de uma quantidade razoável de lojas e restaurantes equipados com rampas de acesso, principalmente na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Isso pode ser um sinal de que o nível de consciência da sociedade em relação à inclusão da pessoa com deficiência está melhorando. No metrô da Siqueira Campos, a presença de um elevador resolve de maneira simples a questão da acessibilidade, facilitando a vida dos cadeirantes que por lá circulam. Infelizmente, não é possível dizer o mesmo da estação Arcoverde. Apesar de haver um elevador específico para o transporte de cadeiras de rodas, este é tão lento que dá até preguiça o simples ato de cogitar utilizá-lo. Só para se ter uma idéia, o equipamento leva cerca de oito minutos para subir e descer com o cadeirante. Se chegarem três usuários de cadeiras de rodas ao mesmo tempo na estação, imagina o transtorno... Haja paciência! No campo da arte e da cultura, temos uma boa notícia: a Sala Baden Powell possui rampas de acesso e banheiros adaptados, estando, portanto, preparada para receber a pessoa com deficiência.

Apesar de Copacabana ter sido o bairro que apresentou as melhores condições de acessibilidade dentre os visitados pela nossa equipe de reportagem, também por lá ainda há muito a ser feito. Prova disso são os aberrantes novos quiosques inaugurados junto à orla, cuja infra-estrutura não é capaz de atender à pessoa com deficiência. Desse modo, é importante que estejamos sempre atentos, cobrando do poder público a concretização efetiva de um direito que é de todos: o de ir e vir.

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