A hora decisiva
O Dia, 24/05/2007:
A hora decisiva
Amanhã, especialistas debaterão o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que vem sendo considerado ameaça para portadores de algum tipo de problema físico. Eles temem exclusão social e perda dos direitos conquistados com sacrifício e superação por pessoas como o cobrador Wescley.
POR ANA CARLA GOMES E JANIR JÚNIOR
A paixão pelo futebol continua viva, mas foi no vôlei paraolímpico que Wescley Conceição de Oliveira reencontrou seu caminho depois de ter sido vítima de um acidente parecido com a tragédia desta semana, em Anchieta, em que duas crianças e sua tia morreram ao serem atropeladas na calçada por um ônibus. No caso de Wescley, ele teve a perna esquerda amputada após ser atropelado por uma Kombi, em 2000, na calçada de um bar, em Alcântara.
É a vida de pessoas como Wescley que estará em debate amanhã, no fórum que será realizado na sede da OAB-RJ, no Centro, para análise do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que tramita em Brasília e é tido como ameaça pelo risco de exclusão social. A pouco mais de dois meses do Parapan, políticos, atletas e autoridades ligadas à causa discutirão uma forma de barrar a legislação.
“Já temos nossos direitos assegurados e nos sentimos inclusos na sociedade. É preciso lutar para que as leis atuais sejam cumpridas; não existe necessidade do Estatuto, porque não somos coitados”, afirma Bruno Matzke, 29 anos, que pratica basquete em cadeira de rodas háquase10 anos.
Wescley, por sua vez, passou a fazer parte do quadro de atletas paraolímpicos depois do acidente, em 2000. Na época, ele tinha 16 anos, era goleiro de uma escolinha do Vasco e vivia a expectativa de fazer um teste para o time cruzmaltino. “Uma semana antes do teste, sofri o acidente. Sou rubro-negro e estava assistindo a um jogo entre Vasco e Flamengo, num bar. Como estava cheio, fiquei do lado de fora. Para desviar de um carro, a Kombi invadiu a calçada e pegou o pessoal”, recorda.
VAGA NO PARAPAN
Levado para o hospital, ele recebeu da mãe a notícia de que teria a perna esquerda amputada: “O médico a chamou para conversar. Minha mãe ficou com medo da minha reação. Quando ela me disse o que iria acontecer, pedi a Bíblia, li o Salmo 91 e pensei: ‘Seja o que Deus quiser’. E assim foi feito”.
Na reabilitação, ele conheceu a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e reencontrou o esporte. Primeiro, praticou futebol, mas depois foi encaminhado ao vôlei sentado.
A experiência deu tão certo que Wescley foi convocado para a seleção brasileira paraolímpica de vôlei que disputou o Parapan de Mar del Plata, em 2003, na Argentina; o Mundial Sub-23, em 2005, na Eslovênia; e o Mundial adulto, em 2006, na Holanda. “Quando comecei, não esperava chegar tüo longe assim”, admite ele.
Para o Parapan do Rio, Wescley já está pré-convocado. “Esse Parapan promete. Temos chance de ir à final e até de ganhar o ouro. Além disso, jogar no Rio, com a torcida a nosso favor, serve de inspiração”, comenta ele, que reduziu os treinos por conta do trabalho como cobrador numa empresa de ônibus e ainda compete no futebol. “O futebol é uma paixão”, completa.
A hora decisiva
Amanhã, especialistas debaterão o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que vem sendo considerado ameaça para portadores de algum tipo de problema físico. Eles temem exclusão social e perda dos direitos conquistados com sacrifício e superação por pessoas como o cobrador Wescley.
POR ANA CARLA GOMES E JANIR JÚNIOR
A paixão pelo futebol continua viva, mas foi no vôlei paraolímpico que Wescley Conceição de Oliveira reencontrou seu caminho depois de ter sido vítima de um acidente parecido com a tragédia desta semana, em Anchieta, em que duas crianças e sua tia morreram ao serem atropeladas na calçada por um ônibus. No caso de Wescley, ele teve a perna esquerda amputada após ser atropelado por uma Kombi, em 2000, na calçada de um bar, em Alcântara.
É a vida de pessoas como Wescley que estará em debate amanhã, no fórum que será realizado na sede da OAB-RJ, no Centro, para análise do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que tramita em Brasília e é tido como ameaça pelo risco de exclusão social. A pouco mais de dois meses do Parapan, políticos, atletas e autoridades ligadas à causa discutirão uma forma de barrar a legislação.
“Já temos nossos direitos assegurados e nos sentimos inclusos na sociedade. É preciso lutar para que as leis atuais sejam cumpridas; não existe necessidade do Estatuto, porque não somos coitados”, afirma Bruno Matzke, 29 anos, que pratica basquete em cadeira de rodas háquase10 anos.
Wescley, por sua vez, passou a fazer parte do quadro de atletas paraolímpicos depois do acidente, em 2000. Na época, ele tinha 16 anos, era goleiro de uma escolinha do Vasco e vivia a expectativa de fazer um teste para o time cruzmaltino. “Uma semana antes do teste, sofri o acidente. Sou rubro-negro e estava assistindo a um jogo entre Vasco e Flamengo, num bar. Como estava cheio, fiquei do lado de fora. Para desviar de um carro, a Kombi invadiu a calçada e pegou o pessoal”, recorda.
VAGA NO PARAPAN
Levado para o hospital, ele recebeu da mãe a notícia de que teria a perna esquerda amputada: “O médico a chamou para conversar. Minha mãe ficou com medo da minha reação. Quando ela me disse o que iria acontecer, pedi a Bíblia, li o Salmo 91 e pensei: ‘Seja o que Deus quiser’. E assim foi feito”.
Na reabilitação, ele conheceu a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e reencontrou o esporte. Primeiro, praticou futebol, mas depois foi encaminhado ao vôlei sentado.
A experiência deu tão certo que Wescley foi convocado para a seleção brasileira paraolímpica de vôlei que disputou o Parapan de Mar del Plata, em 2003, na Argentina; o Mundial Sub-23, em 2005, na Eslovênia; e o Mundial adulto, em 2006, na Holanda. “Quando comecei, não esperava chegar tüo longe assim”, admite ele.
Para o Parapan do Rio, Wescley já está pré-convocado. “Esse Parapan promete. Temos chance de ir à final e até de ganhar o ouro. Além disso, jogar no Rio, com a torcida a nosso favor, serve de inspiração”, comenta ele, que reduziu os treinos por conta do trabalho como cobrador numa empresa de ônibus e ainda compete no futebol. “O futebol é uma paixão”, completa.
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