Hércules 56: É isso aí, companheiro!
ANDREI BASTOS
No dia 2 de maio de 2007, das 18h às 21h50m, o Cineclube da Fundação Getúlio Vargas promoveu um evento digno de entrar para a História, do Brasil e do cinema brasileiro. Na forma de um documentário de 94 minutos, com debate em seguida, foi raptado o inconsciente coletivo lesado dos brasileiros e, em troca da sua vida, o filme exigiu e obteve a libertação de uma verdade histórica, em toda a sua consistência e dignidade.
Ao resgatar esta verdade histórica, Hércules 56 dá maturidade e equilíbrio ao debate necessário para que se entenda o período da luta armada contra a ditadura militar brasileira, sem apresentar respostas ou tomar partido, sabiamente instigando o embate entre as diferentes concepções revolucionárias da época. Além disso, sendo na realidade mais do que simplesmente um documentário, Hércules apresenta a face humana de um episódio mitificado ou caricaturado nas pessoas que o viveram, fazendo closes radicais, mostrando seus balbucios e olhares perdidos, alternando seus rostos e pensamentos jovens e envelhecidos, contrapondo o passado e o presente do país e desses personagens de carne e osso.
Este "segundo seqüestro do embaixador americano", tão original e criativo quanto o primeiro, raptou não um homem com credenciais diplomáticas, mas um conjunto de idéias perversas que foram incutidas subliminarmente na sociedade brasileira pelas mesmas credenciais hegemônicas do imperialismo ianque de antes. Como nesses tempos de ilusão em que vivemos a dominação se dá de maneira tão sutil quanto a própria ilusão, Silvio Da-Rin utilizou arma igual à do inimigo, o cinematógrafo, para avançar na conquista da liberdade de expressão, quando apresenta as diferentes visões dos protagonistas do seu filme sobre o que viveram juntos, sem fechar raciocínios ou apresentar respostas, e para desmascarar as idéias falsas dominantes sobre o episódio histórico retratado, habilmente construídas para sua desmoralização.
A comparação com o filme "Que é isso, companheiro?" é inevitável, o que aumenta a importância de Hércules e nos dá a certeza de ele era necessário. Sem deixar de reconhecer a alta qualidade técnica do filme de Bruno Barreto, que nasceu em berço cinematográfico esplêndido e aprendeu todas as lições do cinema americano, e sem desmerecer o valor profissional dos seus atores, como disse Cláudio Torres no debate, o "companheiro" de Bruno é uma piada. Na melhor das hipóteses esse "companheiro" cometeu um ato falho ao caricaturar o episódio e colocar dois humoristas nos papéis principais. Na pior das hipóteses, que nem é bom imaginar, teria sido de caso pensado, o que tornaria Hércules mais necessário ainda.
Por tudo isso e pelo brilhantismo do trabalho, que não deixou ninguém sentir o tempo passar, boa bilheteria e vida longa para o filme Hércules 56!
No dia 2 de maio de 2007, das 18h às 21h50m, o Cineclube da Fundação Getúlio Vargas promoveu um evento digno de entrar para a História, do Brasil e do cinema brasileiro. Na forma de um documentário de 94 minutos, com debate em seguida, foi raptado o inconsciente coletivo lesado dos brasileiros e, em troca da sua vida, o filme exigiu e obteve a libertação de uma verdade histórica, em toda a sua consistência e dignidade.
Ao resgatar esta verdade histórica, Hércules 56 dá maturidade e equilíbrio ao debate necessário para que se entenda o período da luta armada contra a ditadura militar brasileira, sem apresentar respostas ou tomar partido, sabiamente instigando o embate entre as diferentes concepções revolucionárias da época. Além disso, sendo na realidade mais do que simplesmente um documentário, Hércules apresenta a face humana de um episódio mitificado ou caricaturado nas pessoas que o viveram, fazendo closes radicais, mostrando seus balbucios e olhares perdidos, alternando seus rostos e pensamentos jovens e envelhecidos, contrapondo o passado e o presente do país e desses personagens de carne e osso.
Este "segundo seqüestro do embaixador americano", tão original e criativo quanto o primeiro, raptou não um homem com credenciais diplomáticas, mas um conjunto de idéias perversas que foram incutidas subliminarmente na sociedade brasileira pelas mesmas credenciais hegemônicas do imperialismo ianque de antes. Como nesses tempos de ilusão em que vivemos a dominação se dá de maneira tão sutil quanto a própria ilusão, Silvio Da-Rin utilizou arma igual à do inimigo, o cinematógrafo, para avançar na conquista da liberdade de expressão, quando apresenta as diferentes visões dos protagonistas do seu filme sobre o que viveram juntos, sem fechar raciocínios ou apresentar respostas, e para desmascarar as idéias falsas dominantes sobre o episódio histórico retratado, habilmente construídas para sua desmoralização.
A comparação com o filme "Que é isso, companheiro?" é inevitável, o que aumenta a importância de Hércules e nos dá a certeza de ele era necessário. Sem deixar de reconhecer a alta qualidade técnica do filme de Bruno Barreto, que nasceu em berço cinematográfico esplêndido e aprendeu todas as lições do cinema americano, e sem desmerecer o valor profissional dos seus atores, como disse Cláudio Torres no debate, o "companheiro" de Bruno é uma piada. Na melhor das hipóteses esse "companheiro" cometeu um ato falho ao caricaturar o episódio e colocar dois humoristas nos papéis principais. Na pior das hipóteses, que nem é bom imaginar, teria sido de caso pensado, o que tornaria Hércules mais necessário ainda.
Por tudo isso e pelo brilhantismo do trabalho, que não deixou ninguém sentir o tempo passar, boa bilheteria e vida longa para o filme Hércules 56!
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