9.10.07

Beverly Sills

Muito mais que um grande soprano, um exemplo de luta sem igual

CASSIANO FERNANDEZ

Atualmente o universo lírico vem sofrendo baixas irreparáveis, dentre as quais se destaca a morte de Beverly Sills, uma das grandes vozes do século XX, exemplo de carreira bem-sucedida, tendo alcançado e permanecido na diretoria do Met (Metropolitan Opera de Nova Iorque) por vários anos. Por outro lado, em sua vida pessoal, Berverly enfrentou verdadeiras guerras para conciliar a vida profissional e a séria questão pessoal que envolvia seus dois filhos, um rapaz e uma moça, pois ambos são deficientes, sendo o rapaz surdo e a moça com deficiência intelectual. Com isso, ela começou a freqüentar ONGs ligadas aos problemas dos filhos.

Sabemos que quando se tem em casa pessoas com necessidades especiais, elas exigem tempo e dedicação integrais e que o mesmo ocorre quando se opta pela carreira lírica, sendo praticamente impossível conciliar as duas coisas. Mas Beverly o fez, e com extraordinária sabedoria. Para termos uma idéia do que foi essa dupla jornada, imagine a seguinte situação através de uma pergunta: Como é possível, na posição de diretora do Met, tendo que cumprir com as várias obrigações desse cargo, e ainda interpretar papéis como “Lucia di Lammermoor” ou “La Traviata”, que exigem muita técnica e concentração, se preocupar com o que possa estar acontecendo em casa com seus filhos nesse meio tempo? Sim, porque por mais que ela os deixasse sob a supervisão de babás, sempre haveria motivo de preocupação, por mais qualificadas que elas fossem.

Sills também foi grande promotora das artes e de outras causas, tendo reunido US$ 70 milhões para a ajuda às crianças deficientes.

Por esses e outros motivos, no mundo lírico esta soprano é tomada como exemplo de perseverança. Perseverança essa, aliás, que não era aplicada só na luta relativa à questão dos filhos, mas também à sua própria luta, pois, desde 1977, Beverly combatia ferozmente um câncer, que a matou aos 78 anos por erro médico durante operação para remoção do tumor no dia 2 de julho de 2007. Mas o que é mais impressionante é que apesar de todos os infortúnios, ela foi uma pessoa extremamente alto-astral, sempre rindo e brincando com todos à sua volta.

Fonte: www.ibdd.org.br (artigos)

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