29.9.11

Clube de Comunicação faz 20 anos

PQN, Coluna Calçadão (Bette Romero), 28/09/2011:

20 ANOS

Muito antes de ser criada a expressão Redes Sociais, o Clube de Comunicação, um clube informal, que reúne jornalistas e profissionais da área, já agregava pessoas e valores. No início, em 1991, não havia Internet, e-mail, muito menos MSN ou Facebook. Assim, os convites para as reuniões eram enviados por correio, mais tarde por fax, e sempre confirmados por telefone. Tarefa árdua, mas uma forma de agregar, de tecer a rede social que hoje está aí, com cerca de 1.000 associados. A data, emblemática, será comemorada no próximo dia 11/10, a partir das 18h, no Hotel O.K. (Rua Senador Dantas, 24, Cinelândia, Rio) em um jantar de adesão (R$ 30,00 por pessoa). Confirmações pelos e-mails: tsantos@tfscomunicacao.com.br ou better@background.com.br. Sua presença será um grande presente para todos nós!

Itamar Franco, homem público democrata e republicano

Nesta sexta-feira, dia 30, numa das salas especiais da Academia Brasileira de Letras (Av. Presidente Wilson, 203 – Castelo), no centro do Rio, das 17h30 às 20h, haverá lançamento de Itamar Franco, homem público democrata e republicano, livro organizado pelo jornalista Francisco Inácio de Almeida e pelo historiador Ivan Alves Filho. O mais novo imortal da ABL, jornalista Merval Pereira, assim como a economista Míriam Leitão (ambos de O Globo), o ex-deputado Fernando Gabeira, a comentarista Lúcia Hipólito (da CBN e da GloboNews), o jornalista Mauricio Azedo (presidente da ABI), o cientista político Carlos Peçanha e o sociólogo Paulo Baía (ambos da UFRJ), o jornalista Mauro Santayana, o professor Raimundo Santos (da UFRRJ), o jornalista Fernando Molica (de O Dia), o comentarista Flávio Freire (de O Globo), o jornalista Jânio de Freitas (da Folha de S. Paulo), autores de artigos ou declarações inseridos na obra, são convidados especiais deste evento da Fundação Astrojildo Pereira.

Esta publicação é uma síntese do mundo de declarações, de discursos, de artigos, de notas e de outros tipos de manifestações públicas, feitas por autoridades dos vários Poderes da República, em suas várias instâncias, por governos e instituições estrangeiras, por personalidades políticas de partidos os mais diversos e de concepções ideológicas as mais variadas, por organizações e líderes da sociedade civil, por intelectuais e acadêmicos, por periódicos e jornalistas.

O livro retrata Itamar Franco desde a Prefeitura de Juiz de Fora, passando pelo Governo de Minas Gerais e pela Presidência da República, sem falar nos seus mandatos como senador, em cerca de 40 anos de vida pública, cujo ápice foi quando se impôs com uma prática de gestão que assegurou a governabilidade do país, após uma crise institucional extraordinária (a do o impeachment do presidente Collor). Em toda sua trajetória, ele foi decididamente um singular defensor dos interesses públicos, sempre ao lado das forças democráticas e reformistas,

Trata-se não apenas de uma homenagem a uma pessoa que fará falta ao Brasil, reconhecido que é como um exemplo de cidadão simples e sem afetação (daí a sua marca da impessoalidade do poder), de democrata de palavra e ação, de republicano sem rabo preso, de um comportamento ético irrepreensível (nunca admitiu qualquer tipo de beneficiamento pessoal político para si ou para seus familiares, nem para qualquer pessoa, e muito menos a corrupção), mas também se trata de um pequeno contributo à história nacional ao reunir opiniões expressas nos mais diversos veículos de comunicação e de uma forma dispersa e fácil de perder-se nas brumas do tempo.

28.9.11

A festa dos bodes

Observador Político, 25/09/2011:

A FESTA DOS BODES

Por Gracias Ferraz

A VEJA desta semana traz uma reportagem impressionante de Daniel Pereira e Rodrigo Rangel intitulada “A festa dos bodes”, sobre a impunidade no Brasil, suas origens e suas causas.

Uma festa de arromba ocorrida em Minas foi mesmo um espanto.

Reproduzo um trecho.

(…)
Relator do caso que resultou no arquivamento do processo que investigou a família Sarney, o ministro Sebastião Reis Júnior foi empossado em junho passado no STJ.

Um de seus amigos diletos é o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro. Kakay, como o advogado é conhecido em Brasília, também é amigo de Sarney e defensor do clã maranhense há tempos. (…)

“O Sebastião é meu amigo há muito tempo, mas não atuei nesse caso, não conheço os detalhes do processo nem sabia que ele era o relator”, diz Kakay.

Em fevereiro, o advogado organizou uma feijoada na mansão em que mora, em Brasília, que reuniu ministros, senadores e advogados famosos.

Sebastião Reis era um dos convidados. Na ocasião, apesar de ainda ser aspirante à vaga no STJ, já era paparicado como “ministro” por alguns convivas. O ministro do Supremo Tribunal Federal José Dias Toffoli também participou da feijoada, que varou a madrugada.

Ah, as festas e os quartos de hotel em Brasília…

No dia 17 passado, um sábado, Toffoli, Kakay e representantes de famosas bancas de advogados de Brasília voltaram a se encontrar em uma festa, em Araxá, Minas Gerais, no casamento de um dos filhos do ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence.

O aeroporto da cidade não via um movimento assim tão intenso fazia muito tempo. Os convidados mais famosos chegaram a bordo de aviões particulares, inclusive o ministro Dias Toffoli. Em nota, ele explicou que o avião lhe fora cedido pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, onde dá aulas.

Naquele dia, por coincidência, o ministro, que estava junto de sua companheira, informou que tinha um compromisso de trabalho no campus que a instituição mantém em Araxá.

Sepúlveda Pertence é o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência – uma espécie de vigilante e fiscal do comportamento das autoridades do Executivo.

Além de Kakay e Toffoli, ele recebeu como convidados o ex-senador Luiz Estevão (condenado a 31 anos de prisão e que deposita suas últimas esperanças em se safar da cadeia nos recursos que serão julgados no STJ e no Supremo) e o empresário Mauro Dutra (processado por desvio de dinheiro público) – e advogados que defendem ou já defenderam ambos.

Toffoli é relator de um dos processos de Luiz Estevão no Supremo.

Os quartos do hotel mais luxuoso da cidade foram ocupados, portanto, por juízes, réus e advogados que atuam em processos comuns.

A feijoada de Brasília terminou na madrugada do dia seguinte, com um inofensivo karaokê. A festa de Araxá também avançou a madrugada, embalada por música eletrônica. Havia, porém, uma surpresa guardada para o final.”

Era a farta distribuição de lança-perfume, o que é crime, segundo as leis vigentes no país, pelas quais boa parte daqueles convivas — exceção feita aos criminosos, claro! — deveria zelar.

26.9.11

Plano para Inclusão das Pessoas com Deficiência

Secretaria de Direitos Humanos, 05/09/2011:

No Conade, ministro da Educação reforça compromisso com ensino inclusivo

O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou nesta segunda-feira (5), em Brasília, da reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade). Acompanhado da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, Haddad afirmou que é a educação inclusiva é uma prioridade do governo federal. O secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio José Ferreira, também participou da atividade.

Haddad adiantou que na proposta de Plano para Inclusão das Pessoas com Deficiência, que o governo deve anunciar nos próximos dias, será considerada a dupla matrícula de crianças com deficiência, com investimentos do governo tanto nas escolas regulares como nas especiais que, segundo o ministro, são consideradas instituições públicas. Ele reforçou que o objetivo principal é garantir o acesso e promover a convivência entre crianças com e sem deficiência. “Esse convívio enriquece o ambiente escolar. Todos ganham”, disse.

Segundo o ministro, o Ministério da Educação trabalha para acelerar o processo de inclusão escolar de toda a população, em especial das crianças que estão fora da escola. “E não é fora da educação especial, mas crianças que não estão em escola nenhuma. Nosso caminho é o do acolhimento dessas crianças”, afirmou.

A ministra Maria do Rosário ressaltou a importância do Conade discutir políticas públicas com os ministros do governo federal. “A educação é um direito humano essencial e a questão das crianças e adolescentes com deficiência é um a preocupação central para nós”, enfatizou. Ela ressaltou ainda que é a segunda visita ministerial que o conselho recebe em menos de um mês, já que a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, participou da última reunião do Conade.

Fonte: Secretaria de Direitos Humanos.

24.9.11

Debate do dia 21/09

Aí está o vídeo do programa do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência (21/09) de que participei:

http://vimeo.com/29490813

23.9.11

200 mil jovens deficientes fora da escola

Cerca de 200 mil jovens com deficiência estão fora da escola, diz MEC

Governo aponta problemas culturais e falta de iniciativa do poder público pela exclusão

Gilberto Costa
Agência Brasil

Brasília – Quase metade das crianças e adolescentes (48%) com algum tipo de deficiência e que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) está fora da escola. A proporção equivale a cerca de 200 mil jovens que deveriam estar estudando, mas não conseguiram vaga nas escolas ou as famílias não efetuaram a matrícula.

Os números são do Ministério da Educação (MEC) que nesta quarta-feira (21) lançou em Brasília a 2ª edição do Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas. De acordo o ministro Fernando Haddad, o grande contingente é fruto de problemas culturais (as famílias não têm a compreensão da necessidade e do direito de as pessoas com deficiência estudarem) e também da “falta de iniciativa” do Poder Público local.

Haddad espera que as secretarias de Educação dos estados e dos municípios busquem as crianças e os adolescentes que não estão na escola. “Eu tenho o cadastro de todas as crianças que recebem por lei um salário mínimo em virtude de uma deficiência [o BPC]. Eu tenho esse cadastro [da Previdência Social] e cruzo com o do MEC. Se eu não encontro a criança matriculada, eu tenho que visitar essa criança”, recomendou o ministro ao salientar que a busca ativa está sendo feita desde 2008. “Cem mil crianças já foram resgatadas com esse processo, nós temos que buscar essas 200 mil.”

De acordo com a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Cláudia Pereira Dutra, muitas famílias têm medo de perder o benefício ao matricular os filhos porque, na visão dessas pessoas, a frequência escolar seria a comprovação de que não existe invalidez. Cláudia afirma que não há essa possibilidade e esclarece que a Constituição Federal (Artigo nº 205) determina que a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família”.

“Esse recurso [do BPC] é para promover a qualidade de vida das pessoas, entre eles, o exercício do direito à educação”, salientou.

Segundo Cláudia, desde 2007, mais de 24 mil salas de recursos multifuncionais (com equipamentos, mobiliários, material para atendimento especializado) foram instaladas nas escolas públicas (investimento de R$ 150 milhões). Anualmente, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) oferece R$ 100 milhões para a adequação física de escolas (construção de rampas, instalação de corrimão, adaptação de banheiros).

Na opinião da secretária, além da adequação física e da formação dos professores, é fundamental a compreensão dos profissionais que atuam nas escolas de que muitas pessoas com deficiência necessitam do apoio de um acompanhante permanentemente – como parentes que possam ficar na escola para ajudar em atividades em sala, na locomoção, na alimentação e no uso dos banheiros.

No ano passado, escolas públicas de 420 municípios de todo o país inscreveram 713 iniciativas para concorrer ao Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas. Uma escola em cada região foi premiada. Este ano, o prêmio terá três categorias: escolas públicas (para experiências pedagógicas exitosas); secretarias de Educação (para gestão do sistema de ensino que gere inclusão); e estudantes de escolas públicas (para texto narrativo sobre o tema A Escola Aprendendo Com as Diferenças, que deve ser elaborado por estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio). O primeiro colocado recebe um notebook.

As inscrições devem ser feitas até 31 de dezembro, o regulamento está no link: http://peei.mec.gov.br/interna.php?page=1. Além das três categorias, a premiação fará menção honrosa à experiência pedagógica de educação infantil. “O estímulo nesta fase é fundamental para que o aluno não tenha dificuldade de adaptação no futuro”, aponta a secretária Cláudia Pereira Dutra.

Fonte: Espaço Escolar/Agência Brasil

21.9.11

Debate sobre deficiência

Acabo de chegar de um debate, em razão do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, realizado pelo programa Cabeça pra Cima, da TV Boas Novas, uma emissora evangélica. Gostei do debate e, para quem quiser assistir, o programa vai ao ar às 22h, também pela internet (http://boasnovas.tv/cabecapracima/).

Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência foi instituído pelo movimento social em Encontro Nacional, em 1982, com todas as entidades nacionais. Foi escolhido o dia 21 de setembro pela proximidade com a primavera e o dia da árvore numa representação do nascimento de nossas reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições.

Esta data é comemorada e lembrada todos os anos desde então em todos os estados; serve de momento para refletir e buscar novos caminhos em nossas lutas, e também como forma de divulgar nossas lutas por inclusão social.

(Cedipod)

19.9.11

Carlos Lamarca – 40 anos de sua execução

Data de Nascimento: 27 de outubro de 1937.
Data de Falecimento: 17 de setembro de 1971.

Tudo que já se escreveu sobre Carlos Lamarca permite a reflexão de um momento da História do Brasil. Não há dúvidas de que sua atitude, decisão e sacrifício foram refletidos em gerações que ainda, pouco ou nada sabem sobre este brasileiro.

Em 11 de setembro de 2011 um canal brasileiro de televisão mostrará ao Brasil, ao povo brasileiro, 10 anos do acontecimento em New York, quando as torres do World Trade Center foram atingidas por duas aeronaves de grande porte, que resultou na morte de inúmeras pessoas.

Em 17 de setembro de 2011, farão 40 anos da execução sumária de Carlos Lamarca, nenhuma reportagem será levada ao conhecimento do povo brasileiro.

É de conhecimento geral que foi executado por forças federais brasileiras, por muito tempo fora forjada a “idéia” de que, apesar de sua condição física, esta constatada após a execução, que ele teria oferecido resistência impar as forças federais brasileiras, a verdade dos fatos, não lhe foi possível oferecer nenhum tipo de reação dada a sua condição física a aquele momento.

Seu corpo fora violado após a morte, sobre seu cadáver ocorreram atos abomináveis ao ser humano e a conduta de honra entre militares, seu transporte foi da mesma forma quando uma caça é abatida, até sua chegada ao IML de Salvador – Estado da Bahia – BA.

Foi exposto ao olhar de curiosos, de personalidades políticas e militares como um troféu e somente, após a chegada de alguns parentes vindo do Rio de Janeiro, e, a pedido de um deles, que foi cessada aquela peregrinação. Seu corpo foi reconhecido por parentes, enterrado em cova comum no cemitério da cidade de Salvador, e somente em 1973 foi possível o traslado para a cidade do Rio de Janeiro por seus parentes e sepultado no cemitério do Caju.

Tudo isto ocorreu longe de sua companheira e seus filhos, pois residiam em Havana – Cuba e somente regressariam após a “abertura política” no Brasil em 1979. Cumpriram exílio durante 10 anos seguidos.

São 40 anos de sua execução. A família Lamarca resgatou de forma silenciosa a cidadania brasileira, pois se encontrava em terra estrangeira, se mantém sob orientação de Maria Pavan Lamarca, hoje com 74 anos de idade e sua convicção é de que, ainda há muito a ser feito em memória de seu companheiro.

Contrariando orientações e seguindo a sua determinação pessoal foi a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, e com muito afinco e determinação prova que, a farsa forjada na Operação Pajussara era frágil demais para ser mantida, com ajuda do Deputado Federal Nilmário Miranda, do Partido dos Trabalhadores exumou os restos mortais de seu companheiro e no IML de Brasília o Legista Médico, Nelson Massini prova a execução de seu companheiro.

A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a imprensa recebem de um repórter do Jornal O Globo, um material comprometedor as forças federais brasileiras, material este “escondido” dentro de um cofre, em uma “sala esquecida” na Polícia Federal em São Paulo, onde lá foram encontradas sete pastas que mostram um dossiê completo e fotografias de Carlos Lamarca e que serviram de base para contribuir com a suspeita de execução em contribuição com as observações profissionais do médico legista.

Não houve dúvidas para a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Carlos Lamarca fora executado sumariamente, lhe fora interrompida a vida, lhe fora privado o direito a rendição, a prisão, ao julgamento, a pena e possivelmente a anistia política e restituição dos direitos, inclusive a promoção militar, pois lhe interromperam a vida, assim como ocorreu com muitos outros.

A Carlos Lamarca lhe foi alienado o direito a vida. A sua companheira vai a Comissão de Anistia requerer o que também, o Poder Judiciário atual não reconhece em benefício de seu companheiro, em benefício do resgate do direito constituído, o direito a anistia política.

Seus representantes judiciais lutam até a presente data, de tribunal em tribunal, de recurso em recurso, de agravos em agravos para derrubar uma liminar sustentada pelo Clube Militar do Rio de Janeiro, como um troféu contra a anistia de Carlos Lamarca. Os representantes judiciais de Maria Pavan Lamarca lutam a 24 anos seguidos pelos reparos devidos a família Lamarca.

São 40 anos da execução de um homem que entregou sua vida pela luta democrática, optou pela luta armada, pois quem se impôs no poder pela violência deveria ser removido da mesma forma, pelas armas.

Nós da família Lamarca lamentamos que, após 40 anos da execução de Carlos Lamarca sua condição seja a mesma, não se deseja medalhas e honrarias e sim o que a lei permite dentro do estado de direito.

Carlos Lamarca, ainda, e possivelmente seja o único brasileiro não anistiado pela própria Lei de Anistia, pelo Poder Judiciário e pela própria União, independente de governos e suas políticas.

Nós da família Lamarca olhamos para o nosso querido marido e pai, em uniforme militar com uma brilhante carreira pela frente e o recebemos e suas últimas fotografias quase como um mendigo, isso não passa de uma vergonha para este País, principalmente para aqueles que se pautam como soberanos da esquerda brasileira.

Não resta dúvidas que esquecer, ignorar, fugir as responsabilidades tem sido uma constante, pois não há mais ideais a serem alcançados, não resta mais nada que, simplesmente aceitar o tempo como bandagem a uma sangria desenfreada de ignorância aos fatos da História do Brasil, nós não somos parte desta hipocrisia e que, de pouco ou nada servirão estas palavras escritas, mas não restam dúvidas de que, a consciência de cada um é seu próprio juiz no final da jornada, e esse julgamento que o tempo prega é como aquela tormenta que chega de vez para que, talvez, possamos refletir dos atos do passado e presente.

A família Lamarca nunca se rendeu, nunca sucumbiu, mas sem nenhum tipo de fobia sabe que são “os novos perseguidos políticos do Brasil”, pois é a partir da transferência de ódios do passado e pendências que, personagens da política brasileira que abominam a democracia, mas se servem dela, se aproveitam de suas condições como parlamentares para atacar aqueles que restaram do sacrifício pela Nação. Quando três clubes militares se unem contra uma brasileira, de 74 anos de idade para lhe suprimir um direito inalienável, o direito de anistia de seu próprio companheiro, é porque chegamos ao caos silencioso e a ignorância de fatos amparados na alienação do poder judiciário de alguns magistrados, onde permitem o dolo a uma família, em particular a uma senhora de 74 anos de idade e compactuar com o passado de desrespeito aos direitos constituídos.

Sua companheira recebeu a missão de seu companheiro de educar seus filhos, cuidar deles, ela está até hoje entrincheirada, sem armas, mas consciente de um dever eterno a ser cumprido, preservar seus filhos e agora seus netos.

Não nascemos para mendigar direitos, nascemos para vencer, somos uma família unida e temos preservado o nome de Carlos Lamarca como compromisso aos ideais e respeito a sua memória.

Um homem morre, suas idéias são eternas.
Ousar Lutar, Ousar Vencer.

Maria Pavan Lamarca.
Cesar Pavan Lamarca.
Claudia Pavan Lamarca.

Rio de Janeiro, RJ, 19 de agosto de 2011.

***
Fonte – Rede Inclusiva / GNTM/RJ www.gtnm-rj.org.br

16.9.11

Prevenção e Combate à Tortura

Seminário:
Panorama Internacional de Prevenção e Combate à Tortura

Local: Auditório Nelson Carneiro – 6º andar, prédio anexo da ALERJ
Data: 26 de setembro de 2011
Horário: 15h30

Abertura: Deputado Paulo Melo

Mesa 1 - Panorama Internacional de Prevenção e Combate à Tortura
Conor Foley (Autor e Especialista em Combate à Tortura)
Sylvia Dias (Associação para Prevenção da Tortura, Escritório América Latina)
Representante do Subcomitê para Prevenção à Tortura da ONU
Margarida Pressburger (Representante do Brasil no Subcomitê para Prevenção à Tortura da ONU)
Representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República
Deputado Marcelo Freixo (Presidente do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro e da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania da ALERJ)

Mesa 2 - Atuação do Estado brasileiro na Prevenção e Combate a Tortura
Autoridades convidadas:
Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH)
Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH)
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP)
Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC)
Secretaria de Estado de Segurança (SESEG)
Secretaria de Estado de Saúde (SES)
Chefe da Polícia Civil
Direção Geral do DEGASE
Tribunal de Justiça
Ministério Público
Defensoria Pública

11.9.11

11th September - 09/11/2001 (11'09''01)

10.9.11

Infoglobo emprega deficientes


A Infoglobo Comunicação e Participações SA, empresa que edita e publica os jornais O Globo, Extra e Expresso seleciona profissionais para área de Venda de Assinaturas.

Oferece: salário fixo + remuneração variável, participação nos lucros, plano de saúde e odontológico, refeição no local de trabalho, vale transporte, auxílio creche, apólice de seguro, descontos em farmácia e auxílio funeral.

Ótimo ambiente de trabalho e possibilidades de encarreiramento.

Cadastre seu currículo em:
http://www.solucoessustentaveis.com/

Ou ligue para: (21) 3553-8045

8.9.11

I Fórum de Direitos Humanos na UERJ


I FÓRUM DE DIREITOS HUMANOS
14/09/2011

PROGRAMAÇÃO:

15:00h – Reunião com representantes de movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos.

17:30h – Mesa 1: Políticas publicas de educação na perspectiva dos direitos humanos e diversidade.

19:00h – Mesa 2: Passando o Brasil a limpo: Comissão da Memória e Verdade.

Coordenação: Claudia Grabois e Oswaldo Munteal.

Palestrantes: Marcelo Chalreo (Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB-RJ), Erika Pisaneschi (Diretora de Políticas de Educação de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério da Educação), Renato Simões (ex-Deputado Federal/Coordenador Nacional de Movimentos Populares e de Setoriais do PT e MNDH), Adair Rocha (Professor da UERJ), Victória Grabois (Vice-Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ), Theofilo Rodrigues (Cientista Social/UJS/Fundação Mauricio Grabois), Aurélio Fernandes (Professor da Rede Estadual do RJ), Andrei Bastos (Jornalista e integrante da CDHAJ/OAB-RJ).

INSCRIÇÕES:
forumdireitoshumanos@gmail.com

INFORMAÇÕES:
forumdireitoshumanos@gmail.com
nibrahc.blogspot.com

LOCAL:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
Rua São Francisco Xavier Nº 524 – Maracanã
Auditório 111 – 11º and. – Bloco F

7.9.11

Madeireiros do Peru no Acre


Missão Ashaninka confirma invasão de madeireiros do Peru em terra indígena no Acre
Quinze indígenas ashaninka ganharam a mata na semana passada e constataram que a exploração ilegal da madeira no Peru continua a todo vapor, e ultrapassando para o território brasileiro.

Por Maria Emília Coelho

Após a denúncia de invasão de madeireiros na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Acre, quinze índios ashaninka realizaram, entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro, uma missão de fiscalização na fronteira Brasil-Peru, região que concentra grande densidade de mogno e cedro.

O grupo, formado por dez indígenas da aldeia Apiwtxa, no Acre, e cinco da comunidade Soweto do Alto Rio Tamaya, no Peru, identificou diversos vestígios que comprovam mais uma vez a ação dos madeireiros peruanos em território brasileiro.

A missão Ashaninka encontrou um acampamento a aproximadamente 200 metros da linha de fronteira com Brasil, e próximo a uma estrada. “Essa é uma estratégia conhecida. Eles montam acampamento próximo ao limite fronteiriço para retirar a madeira do território brasileiro”, explica Isaac Piyãko, liderança da aldeia Apiwtxa.

Segundo os índios da comunidade Soweto, existe um outro acampamento, entre os marcos 42 e 43, onde estão trabalhando com guincho motorizado, um sistema de exploração que causa muito mais impacto ambiental.

Durante a missão, os Ashaninka do Peru também encontraram na mata um grupo de oito jovens peruanos e brasileiros, sendo a maioria menor de idade. “O patrão do grupo não estava, apenas o seu filho. Eles se sentaram e escutaram como crianças o nosso apelo para não irem mais para o lado brasileiro”, explicou um dos índios que estava na expedição.

Dentro da TI Kampa do Rio Amônea, no lado Brasil, e entre os marcos 43 e 44, “foram encontradas madeiras picadas e várias árvores de cedro, mogno, copaíba e cumaru marcadas para derrubada e retirada”, contou Issac Piyãko.

Denúncia e ação

A Associação Ashaninka do Rio Amônia divulgou a notícia da invasão em seu blog, no dia 29 de agosto, e endereçou a denúncia à Fundação Nacional do Índio (Funai), à Polícia Federal, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e ao Exército brasileiro.

O Exército não se manifestou até agora, a Funai entrou em contato com a associação indígena pedindo mais informações, e os agentes da Polícia Federal e do Ibama de Cruzeiro do Sul procuraram as lideranças Ashaninka brasileiras com o objetivo de organizarem um planejamento em conjunto de fiscalização na área invadida.

Todas as referências geográficas e informações detalhadas levantadas durante a missão foram apresentadas em uma reunião, no dia 2 de setembro, em Cruzeiro do Sul. Estavam presentes as lideranças Ashaninka Benki Piyãko e Isaac Piyãko, Gleyson Teixeira, assessor técnico da Apiwtxa, Malu Ochoa, coordenadora da Comissão Pró-Indio (CPI-Acre), e agentes da Polícia Federal e do Ibama local.

Na reunião, ficou definido que nos próximos dias será realizada uma nova missão de fiscalização, para realizar sobrevoos nos locais marcados e verificar outras possíveis clareiras que não foram vistas por terra. Também serão feitos registros fotográficos e filmagens.

A médio e longo prazo, foi discutido a importância de se realizar um trabalho de monitoramento interinstitucional da região, com participação das lideranças indígenas, para fortalecer as trocas de informações.

“Se tivéssemos apoio logístico da Funai e do Ibama, a gente mesmo teria condições de fazer a fiscalização dessas áreas. Um vez por mês realizaríamos uma expedição terrestre até a fronteira. Essa ação seria reforçada com um sobrevoo na região realizado pela Funai ou Ibama a cada dois, três meses”, sugeriu Issac Piyãko.

O problema é antigo

O descontrole da atividade madeireira no lado do Peru não é um fato recente. Em 2002, o governo concedeu imensas áreas de floresta a grandes empresas madeireiras. Sem a devida fiscalização, a política facilita a atuação de ilegais, que invadem as áreas das comunidades nativas.

“No Peru, o povo ashaninka não tem o título de terra, estão na luta pela demarcação há 10 anos. Os nossos parentes são ameaçados constantemente, e alguns já foram assassinados. Eles ficam na mira dos invasores e por isso vem pedir ajuda para a gente”, contou Issac Piyãko.

“O que mais preocupa a gente é que as autoridades até agora não assumiram as suas responsabilidades. Se não solucionarem o problema nosso território continuará sendo invadido, e nós continuaremos sofrendo ameaças de morte”, explica a liderança ashaninka peruana, que teve seu nome preservado para evitar qualquer tipo de retaliação.

O índio da comunidade Soweto também explica que já foram realizadas várias reuniões na cidade de Pucallpa, principal pólo madeireiro da Amazônia peruana, mas sem sucesso. “A desculpa é que não há orçamento para missões de fiscalização. Eu lembro que uma vez eu disse para um fiscal: Por que criam instituições ambientais sem orçamento?”

A última apreensão do Ibama e da Polícia Federal brasileira na região do Rio Amônia aconteceu em 2008. “A Funai ficou de colocar um posto de fiscalização nessa linha de fronteira, mas isso não foi feito até hoje”, reclamou Issac.

A liderança da aldeia Apiwtxa também acredita que é importante articular com o governo peruano a retirada dessas pessoas. “É urgente uma política de preservação dessa fronteira, para marcar a presença dos Estados nessa região, impedindo que novas invasões aconteçam”.

1.9.11

Uma vida que vale a pena viver

Inclusive, 01/09/2011:

Uma vida que vale a pena viver

Tradução: Patricia Almeida para a Inclusive

Palestra apresentada por Robert Martin no Congresso Mundial – México novembro de 2006.

Ele fala da dor que ele e seus amigos tiveram que sofrer e suportar nas instituições e do apoio de que necessitam quando eles saem delas.

Nós não estamos mais discutindo se as instituições devem ser fechadas, estamos discutindo quando elas vão fechar. Por que digo isso? Deixe-me citar o artigo 19 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, sobre vida independente e inclusão na comunidade.

Os Estados-Partes desta Convenção reconhecem o direito igual de todas as pessoas com deficiência a viver em comunidade, com escolhas iguais às outras pessoas, e tomarão medidas efetivas e apropriadas para facilitar o pleno gozo das pessoas com deficiência desse direito e sua plena inclusão e participação na comunidade.

Isso significa dizer que devemos ser capazes de escolher onde e com quem vivemos. Temos de ser capazes de obter o apoio que precisamos para viver e participar na comunidade. Devemos ter o mesmo direito de utilizar os serviços em nossa comunidade que os outros. Pessoas com deficiência intelectual têm lutado por esses direitos durante anos. Agora é nossa hora de obtê-los.

O artigo 12 da Convenção é sobre o nosso reconhecimento como pessoas perante a lei. Quer dizer que nós poderemos desfrutar o mesmo direito que os outros à nossa capacidade legal. Nossa capacidade legal diz respeito ao nosso direito de tomar nossas próprias decisões e agir com base nelas. Haverá salvaguardas para evitar abusos para aqueles que precisam dessa proteção.

No entanto qualquer tipo de apoio deve respeitar os nossos direitos, nossa vontade e nossa preferência e deve ser livre de conflitos de interesse ou influência indevida. Haverá também apoio com relação à decisão apoiada para aqueles que precisam deste suporte.

Nunca devemos esquecer que a institucionalização daqueles de nós com uma deficiência intelectual tem sido uma das peças mais destrutivas da engenharia social na história da humanidade. Levou à nossa segregação da sociedade porque fomos marcados como diferentes. Eu sei disso porque eu era uma dessas pessoas.

Nossa institucionalização, levou à nossa desumanização como crianças, adolescentes e adultos.

Os funcionários que trabalhavam nas instituições também se institucionalizaram em seu pensamento e na forma como agiam. De que outra forma podemos explicar o abuso e a degradação do que foi e ainda é tanto uma parte da vida daqueles de nós que foram forçados a viver em uma instituição?

Quando nós fomos institucionalizados, nos juntamos aos mais pobres dos pobres, não só em termos de dinheiro e status social, mas também no que diz respeito aos sentimentos de auto-estima, o nosso próprio valor e como os outros nos viam. À medida que retiramos pessoas das instituições os outros precisam entender como a instituição rouba a essência de quem você é.

O argumento econômico ainda é usado por muitos para justificar as instituições. Aqueles que ainda argumentam que as instituições oferecem cuidados de alta qualidade a um preço acessível precisam pensar novamente. Eles não fizeram suas contas para encontrar o verdadeiro custo de manter alguém em uma instituição por 50, 60 anos. Se eles tivessem feito, iriam preferir abrir os portões e esperar que a pessoa nunca mais voltasse.

Cidades inteiras ainda dependem de sua instituição local para emprego e seu sucesso econômico. No entanto, estão esquecendo a vida das pessoas.

Nunca foi nossa decisão viver em uma instituição. Nós nunca assinamos papéis ou batemos na porta das instituições. Outros tomaram essas decisões por nós, porque eles tinham o direito ou o poder de fazê-lo. Nunca fizemos nada de errado, quebramos nenhuma lei, mas por causa da nossa deficiência fomos retirados da sociedade.

Eu tenho muitos amigos que conseguiram deixar as instituições e não sei de nenhum que tenha voltado de bom grado.

Alguns vão dizer também que a instituição em que trabalham ou conhecem é muito boa. Que o pessoal é muito atencioso e há muitas coisas boas acontecendo para os nossos. As palavras-chave em sua declaração são “os nossos“. Eles não percebem que estão tentando ser donos da vida de outra pessoa.

Nunca devemos esquecer que a institucionalização é um mecanismo para controlar a vida de uma pessoa. Diz respeito à tomada de decisões importantes para estas pessoas e esperar que elas se encaixem em um estilo de vida que alguém acredita que é bom para eles. Se viver em uma instituição é tão bom para nós porque é que a maioria das pessoas cresceram em uma família? Por que as famílias são tão valorizadas em todas as sociedades?

O tempo das instituições acabou. Não devemos esquecer as lições do passado, mas é hora de seguir em frente.

O título do meu discurso de hoje é uma vida que vale a pena, por que nossas vidas são tão valiosas quanto as dos outros. Eu quero falar de minha própria experiência e o que eu aprendi ao longo do caminho.

Primeiro temos que nos certificar de que crianças são sejam mais colocadas em instituições. Devemos impedir que nossos adolescentes e adultos sejam colocados lá. Você pode fazer isso quando for para casa hoje – dizer “não às instituições“.

Devemos começar a construir o apoio que tanto as famílias como aqueles de nós com deficiência necessitam para viver e participar da nossa comunidade. Eu tenho visto muitos dos meus amigos numa luta tão difícil quando eles deixaram a instituição porque não havia o apoio adequado. Ainda me lembro como foi difícil para mim.

Eu estava tão assustado e com medo. Também foi assim para a minha família porque não havia ninguém para apoiá-la. Este mesmo apoio deve ser disponibilizado às famílias que ainda têm seus filhos com deficiência que vivem com eles.

Nossas famílias precisam de apoio para compreender as nossas necessidades quando estamos crescendo. Elas muitas vezes precisam de ajuda quando somos adolescentes. Elas começam a perceber que as nossas oportunidades para viver e trabalhar na comunidade podem ser muito limitadas. No passado, muitas vezes foi nesta fase que fomos colocados em instituições ou lares de idosos.

No entanto, há uma outra situação que muitas vezes pode fazer com que acabemos encurralados. É quando nós ficamos morando com os nossos pais por muito tempo, até que eles se tornem demasiado velhos para nos ajudar na transição. Nestes casos podemos ser colocados em uma instituição ou em lares. Isso pode acarretar na perda de contato com nossos próprios pais e familiares.

Nós podemos ser colocados em lares de idosos com nossos pais, apesar de estarmos apenas com 40, 50 anos de idade. Conheço várias pessoas com quem isso aconteceu. Podemos nos tornar o cuidadores de nossos próprios pais. Passamos de ter apoio à prestação de apoio, o que pode ou não funcionar para nós. Finalmente, mas menos provável, podemos mudar para uma casa nossa ou viver com as pessoas com que desejamos viver.

À medida que retiramos as pessoas das instituições é preciso lembrar que eles podem não ter ideia do que viver na comunidade realmente significa. Meus amigos que vieram de instituições no Japão ainda visitam as pessoas que ficaram nas instituições. Eles contam a eles sobre sua própria vida na comunidade. O que é difícil, o que você tem que procurar. Eles oferecem amizade e uma mão amiga.

Este apoio dos pares é vital, pois apenas aqueles de nós que fizeram essa transição podem realmente entendê-la. No entanto, os financiadores e os funcionários não reconhecem essa necessidade. Supostamente eles sabem de tudo quando, infelizmente, não sabem de nada.

Este apoio dos pares é vital para que as pessoas possam ter uma escolha real quanto ao local onde vão viver e com quem morar, como prometido na Convenção. Viver em comunidade significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Para mim, é quer dizer ter o direito de viver do jeito que eu quero viver.

Não se trata de viver em lares com padrão 5 estrelas. É a minha vida, na minha própria casa, com aqueles que desejam viver comigo. Neste momento é com minha esposa e nossa gata Lynda Pippa. Claro que precisamos de apoio para viver de um modo que seja saudável.

Não deveríamos ter de viver na sujeira e na miséria. No entanto, nós também não devemos ter de viver em lares onde não podemos ser nós mesmos por causa dos funcionários. Onde temos medo de colocar o nosso copo na mesa porque pode marcar a madeira. Tenho visto algumas casas assim e é realmente triste.

Quando você vive na instituição seus únicos amigos são aqueles à sua volta que compartilham de sua deficiência. Raramente há qualquer oportunidade de conhecer qualquer outra pessoa.

Ao retirar as pessoas das instituições suas amizades devem ser protegidas. Tenho visto muitas pessoas perder seus amigos quando eles saem da instituição. Eles são enviados para diferentes bairros e cidades. Eles se mudam para lares diferentes e outros lugares para viver. Devemos lembrar que essas pessoas não dirigem, não sabem como pegar um ônibus ou um trem. Elas geralmente não escrevem e e-mail é uma palavra que só outras pessoas usam.

Devemos lembrar também que algumas dessas amizades foram feitas ao longo dos muitos anos que estávamos trancados. Elas são muito importantes para nós. O que precisamos é uma consciência e um bom apoio para garantir que essas amizades continuem. Infelizmente isso raramente é uma prioridade para os outros quando deixamos a instituição.

Nós não temos que viver na mesma casa, na mesma rua ou até mesmo na mesma cidade para mantermos a nossa amizade. O que precisamos é do apoio certo.

Logo que eu deixei a instituição eu era totalmente dependente dos outros se eu queria ir a qualquer lugar. Outras pessoas decidiam se eu poderia ir e como eu iria chegar até lá. Agora eu sou capaz de tomar essas decisões por mim e eu posso viajar pelo mundo. Não é assim para a maioria dos meus amigos.

Agora eu quero falar sobre nossas famílias. Eu sempre soube que tinha uma família, mãe, pai e minha irmã. No entanto, como eu estava crescendo como uma criança na instituição, eu realmente não os conhecia. Eu tenho outros amigos que nunca mais viram seus pais. Muitas vezes eles tinham irmãos e irmãs que eles não sabiam que existiam. Seus irmãos e irmãs também não sabia que eles existiam.

Eu pessoalmente conheço pessoas que por terem sido colocadas em uma instituição, perderam toda a família. Eles têm um nome, mas ninguém tem certeza se é o seu nome correto, pois seu arquivo foi perdido.

Muitas das peças importantes de nossas vidas nunca foram documentadas. Quando passamos de instituição para instituição nossa história foi-se perdendo. Nossas amizades e relacionamentos não eram conhecidos. Às vezes, quando deixamos uma instituição querem que a gente deixe nossa vida anterior para trás. Eles querem que a gente só viva uma nova vida. Eles esquecem que ter vivido na instituição é parte da nossa história, parte de nossa vida.

Minha família tornou-se uma família deficiente. Porque eu tinha uma deficiência meus pais foram rejeitados pelo resto da nossa família e seus amigos. Muitos pais aqui hoje vão saber exatamente do que eu estou falando. Nós e nossas famílias precisamos de apoio e ajuda quando deixamos as instituições. Nossos pais muitas vezes carregam muita culpa.

Nossos irmãos e irmãs não podem saber quem somos. Nossa família mais ampla nunca pôde nos conhecer e pode ainda não querer fazê-lo. Nossos vizinhos, muitas vezes, acham que somos perigosos e não devemos estar vivendo perto deles.

Geralmente é um momento muito difícil para nós quando estamos tentando aprender a nos adaptar. No entanto, na minha experiência há pouca ajuda disponível para nós ou nossas famílias. O que é esperado de nós é que simplesmente retomemos nossas vidas.

Quero agora voltar-me para algo que você não vai encontrar nos livros de texto sobre a vida. É o que acontece dentro de você como pessoa quando você está institucionalizado. Esta é provavelmente a parte mais importante do meu discurso de hoje, pois é uma área que simplesmente não é entendida.

Eu tenho falado muitas vezes sobre minha própria vida e as vidas de meus amigos. Eu compartilhei com vocês o que senti ao perder minha família, meu direito de ser criança e a dor que tantos de nós sofreu nas instituições. O que eu nunca compartilhei são alguns de nossos sentimentos interiores e eu acho que é o momento certo para fazer isso agora.

Muitos se perguntam por que eu defendo tão apaixonadamente não só fechar até a última instituição, mas também demolí-las para sempre. Por que eu já me pronunciei tantas vezes nas Nações Unidas para defender o fim das instituições.

Quando somos forçados a viver em uma instituição algo morre dentro de você. Você se sente inútil e apenas um fardo para sua família. Você luta para ir embora a cada dia. Você chora por sua família, mas as lágrimas secam quando você percebe que eles não virão.

Você vê o abuso em torno de você, as coisas cruéis que são feitas com seus amigos e se você for azarado que eles são feitas com você. Você vê a injustiça, mas é impotente para detê-la.

Provavelmente você vai aprender a intimidar os outros, pois é dessa forma que você vai conseguir sobreviver. Você aprende a não confiar em ninguém, que os médicos, os enfermeiros e os funcionários não são seus amigos.

Eu vivi em um buraco do inferno, uma instituição chamada Lake Alice por 6 meses. Foi os seis meses mais desesperadores da minha vida. Hoje as pessoas que estavam na direção naquela época estão enfrentando investigações criminais e o governo está sendo forçado a pagar milhões de dólares em compensação.

Lembro-me bem com a idade de quatorze anos que eu não queria ir em frente. Eu queria que tudo parasse. Eu não via nenhuma razão para viver. Eu queria acabar com a minha própria vida. Eu não tinha uma vida digna de viver. É assim para muitos dos meus amigos, mas pouco ou nada é feito para eles quando finalmente deixam a instituição.

Só 35 anos após deixar as instituições recebi tratamento para o abuso que sofri neles. Muitos de nós fomos super medicados ou nos deram medicamentos errados. Eu quase morri por conta disso. Anos mais tarde, muitos de nós que deixaram as instituições ainda usamos drogas antigas ou dosagens altas demais porque as nossas necessidades não são vistas como importante pelos outros.

O que aconteceu conosco como pessoas nunca foi compreendido. Eu vejo a frustração e raiva com o que aconteceu com os meus amigos. Eu os vejo ser oprimido e vejo o seu sentimento de desamparo. Não foi apenas na Nova Zelândia que isso aconteceu. Eu me lembro de estar em uma reunião de Auto Defensores em Londres, com pessoas de todo o mundo. Lembro-me de todos nós, explodindo em lágrimas quando começamos a falar sobre o que havia acontecido com cada um de nós nas instituições.

Foi o meu amigo Ake da Suécia que ensinou a todos nós que viver em uma instituição não é um modo de vida humano. Eu nunca esqueci a sua mensagem.

Meu apelo é para uma maior compreensão e ajuda nesta área. Não é suficiente viver e participar na comunidade. Devemos também ter o direito de ser uma pessoa completa e ter uma vida digna de ser vivida.

Isto significa que em vez de nos colocar em um programa para aprendermos a nos comportar por causa do que fizeram conosco no passado, precisamos de ajuda para sarar feridas muito profundas. Os terapeutas devem parar de nos rotular como muito difícil, pois eles precisam aprender a trabalhar com a gente e satisfazer as nossas necessidades. Isso também significa que, independentemente de quando deixamos as instituições a necessidade de elaborar nosso enclausuramento deve ser reconhecida. Que a nossa necessidade de entender o que aconteceu com a gente seja tratada.

Finalmente, para a transformação da instituição para a vida na comunidade ser bem sucedida devemos começar a mudar a percepção da comunidade de quem nós, como pessoas com deficiência intelectual somos.

Não se trata de nos transformarmos para que possamos viver na comunidade. Trata-se de transformar a comunidade para que haja um lugar respeitado por todos. Não deve haver exceções.

Devemos ser incluídos, incluídas em nossas famílias, incluídas em nossas escolas, incluídas na força de trabalho, incluídos na habitação na comunidade e incluídos em nossa comunidade. É através dessa inclusão que nos tornaremos pessoas reais, vamos tomar o nosso lugar na sociedade. Vamos finalmente ter uma vida digna de viver.

É muitas vezes o preconceito, o mal-entendido e, infelizmente, por vezes, o ódio que enfrentamos que torna a nossa vida tão difícil.

Meu sonho é simplesmente isso.

Como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência diz, vamos todos viver em comunidade e respeitar os direitos de todas as pessoas. Todos nós seremos capazes de escolher viver onde e com quem queremos.

Todos nós seremos capazes de ter o apoio que precisamos para viver uma vida plena, independentemente das nossas necessidades. Todos nós seremos capazes de nos comunicar uns com os outros de uma forma significativa, independentemente de como isso é feito. Todos teremos a mesma oportunidade de fazer amigos, construir relacionamentos e pertencem à nossa família.

Acredito que todos quer dizer TODOS mesmo – não deve haver exceções. Nós vamos realizar este sonho quando a última instituição se fechar e, finalmente estaremos livres. Não haverá mais segregação e separação. Todas as pessoas receberão apoio para viver a vida que escolherem para si mesmas, não importa o que essa escolha possa ser.

Vamos realmente ter uma vida digna de viver.

Robert Martin

Robert Martin nasceu com uma deficiência intelectual em Wanganui, Nova Zelândia, e passou a infância em instituições, experimentando a dor da separação de sua família. Aos quinze anos ele começou a deixar a instituição onde vivia, para participar de um serviço para aprender a morar em uma casa. Robert finalmente mudou-se para uma residência com apoio e passou a viver de forma independente na comunidade. Foi empregado como trabalhador de Suporte em um albergue que oferece assistência residencial para 40 pessoas com deficiência intelectual.

Durante o tempo que viveu em instituições Robert viveu em primeira mão o tratamento terrível que muitos de seus companheiros tiveram que suportar. Dentro do ambiente anormal da instituição, Robert desenvolveu comportamentos desafiadores como uma resposta às condições ambientais e sociais e restrições. Nas palavras de Robert, ” estava agindo normalmente em um ambiente muito anormal”. Mesmo depois de deixar as instituições e utilizar os serviços para pessoas com deficiência, Robert continuou a observar o comportamento da equipe que foi abusiva e humilhante com os que recebiam o tratamento.

Robert passou a viver e trabalhar na comunidade, mas se manteve em contato com seus amigos. Ele foi convidado a integrar o Comitê do Poder local e doou o seu tempo ao trabalho do Grupo local Pessoas Primeiro. Seu trabalho foi reconhecido e ele se tornou um líder dentro do movimento de auto-defensores na Nova Zelândia.

Seu próximo passo foi o movimento de Auto-Defensores Internacional promovido pela da Inclusion International.

Robert logo se tornou presidente do Comitê Internacional Auto-Defesa e membro do Conselho da Inclusion International. Neste papel Robert viajou por todo o mundo e sua liderança é reconhecida tanto dentro do movimento de auto-defensores como na Inclusion International.

Robert é também membro de dois outros comitês internacionais, a Aliança Internacional de Deficiência (IDA)e do Painel de Peritos para a Normas das Nações Unidas para Pessoas com Deficiência.

Robert visitou as Nações Unidas em Nova York duas vezes por ano durante cinco anos para ajudar a desenvolver a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Ele acredita que a Convenção está ajudando a superar algumas das discriminações que muitos de seus amigos com deficiência intelectual enfrentam em suas vidas diárias.

Robert é um forte defensor dos direitos das pessoas com deficiência e seu trabalho foi reconhecido em 2008 pelo Governo da Nova Zelândia, quando ele foi premiado com um membro da Ordem do Mérito da Nova Zelândia. Ele também foi premiado com uma bolsa por Paul Harris do Rotary.

Robert é um orador muito hábil e tem falado em várias conferências internacionais e eventos.

No link abaixo, reportagem em inglês sobre Robert Martin

http://www.youtube.com/watch?v=POpdKQ6tv_E