29.10.10

O primeiro ano do futuro

Blog Soluções Sustentáveis, 29/10/2010:

Em julho deste ano, equipe da Soluções Sustentáveis, na foto, fez análise de acessibilidade e de postos de trabalho no Terminal da Ilha de Guaíba (TIG), da Vale, em Mangaratiba/RJ.

O primeiro ano do futuro

Poucos comemoram o primeiro ano de vida como nós.

Embora formalmente já existíssemos, nosso verdadeiro começo foi quando conquistamos, no final de 2009, a oportunidade de enfrentar o desafio gigantesco de sermos parceiros da Vale na tarefa de incluir profissionais com deficiência em seus quadros. Tão gigantesco quanto os guindastes mais altos dos portos de exportação de minérios ou os maiores caminhões em operação nas minas, este desafio trouxe responsabilidade de tamanho igual.

Esta responsabilidade nos desperta para o fato de que as estruturas e máquinas imensas, assim como o alcance nacional da empresa, pouco representam diante das barreiras do preconceito e da discriminação, incompreensíveis e inaceitáveis para nosso entendimento. A Vale pensa igual, com grandeza maior do que as riquezas que produz.

Nós formamos uma equipe que trabalha numa empresa diferente. Soluções Sustentáveis é, antes de tudo, a idéia de se construir um mundo melhor para se viver, trabalhar e concretizar a igualdade de oportunidades para todos, independente de suas diferenças, equacionando com pragmatismo as questões referentes a direitos humanos, inclusão social e sustentabilidade.

No mundo em que vivemos, e ainda mais no de nossos filhos e netos, sustentabilidade não diz e não dirá respeito apenas aos recursos naturais, alcançando também o campo dos recursos humanos e impondo a inclusão social como fator determinante para o avanço civilizatório. Da mesma forma, e com algum atraso, não podemos mais separar economia e meio ambiente na compreensão dos nossos dias e do que precisamos fazer para o futuro.

É com esta visão que nos lançamos ao enfrentamento dos desafios que se apresentam, para nós e para a sociedade, buscando soluções inovadoras e de longo prazo, com a garantia que nossas experiências profissionais somadas nos dá e com o aval de parceiros de grande relevância. Por tudo que conquistamos em tão pouco tempo, comemoramos nosso primeiro ano de vida com a alegria que se completa agora, quando a compartilhamos com nossos clientes e amigos.

Obrigado e feliz futuro para todos!

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27.10.10

Carta à candidata Dilma

O Globo Online, Blog do Noblat, 27/10/2010:

Carta à candidata Dilma

Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha… “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.

Acho que todos sabem do que estou falando.

O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem…”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!

Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.

Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.

É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.

O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.

E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.

Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.

1) desprezo ao culto à personalidade;

2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então…

3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.

Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.

SP, 25/10/2010

Ruth Rocha, escritora

25.10.10

Não "fas" sentido

Garoto esperto

22.10.10

Sucessos do cinema

Se a Dillma ganhar, algum grande nome do cinema brasileiro poderá faturar alto produzindo o filme “Lula, o Tiririca do Brasil”.

20.10.10

Nau Catarineta inclusiva

Cia. Livre Acesso apresenta Nau Catarineta

Grupo inclusivo de dança e teatro promove integração de pessoas com deficiência

Apresentações nos dias 23, 24, 30 e 31 no Parque das Ruínas em Santa Teresa

A Cia. Livre Acesso, grupo inclusivo de teatro e dança que reúne adultos e jovens com e sem deficiência, apresenta o espetáculo “Nau Catarineta” no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, nos dias 23, 24, 30 e 31 de outubro, as 16h. O espetáculo conta com 22 atores em cena - dos quais 19 com deficiências mentais e/ou físicas. A direção geral do espetáculo é de Helena Tojal. O ingresso é um quilo de alimento não perecível que serão doados para duas instituições assistenciais: Mundo Novo da Cultura Viva, para meninas em Mesquita, e e Lar Cristão Mathilde de Oliveira, para senhoras em Campinho.

A “Nau Catarineta” é uma xácara (narrativa popular em versos), que conta as peripécias de uma longa travessia marítima, a calmaria que esgotou os mantimentos, a sorte para sacrificar um dos tripulantes, a presença da tentação diabólica e a intervenção divina, levando a embarcação a bom porto. A lenda é apresentada entremeada por ritmos folclóricos brasileiros, como a ciranda, o frevo, a capoeira e outras canções populares.

A Cia. Livre Acesso tem como objetivo promover a integração de jovens e adultos com qualquer tipo de deficiência ao mundo social, em todos os âmbitos, a partir da apresentação de espetáculos de teatro e dança, o que desenvolve a auto-estima dos participantes e também amplia seus aspectos sociais, comportamentais e intelectuais. Todos participam igualmente das atividades propostas com as mesmas responsabilidades como atores e/ou bailarinos.

“Queremos promover a cultura e desenvolver as potencialidades artísticas dos participantes, por meio do aprimoramento de suas capacidades de expressão, relacionamento, espontaneidade, imaginação e percepção”, explica a arte-educadora Helena Tojal.

A Cia. Livre Acesso tem sede e ensaia na Escola Livre de Artes no Circo Voador, na Lapa, às 4ªf, das 15h às 17h, e às 5ªf, das 16h às 18h.

Ficha técnica:
Helena Tojal (direção geral)
Stefânio Vieira (assistente de direção e maquiador)
Leila Abrahão (preparação corporal)
Graça Coelho (administração e psicopedagogia)
Marta e Miriam -Ateliê Baú de Panos (figurinos)
Cia Livre Acesso (cenário)

SERVIÇO

Nau Catarineta
Censura livre
Dias: 23, 24, 30 e 31 de outubro
Horário: 16 horas
Local: Parque das Ruínas - rua Murtinho Nobre , 169 - Santa Teresa
Lotação: 80 lugares
Duração: 40 minutos
Ingressos: 1 quilo de alimento não perecível.

O que for arrecadado será doado para duas instituições assistenciais:
Mundo Novo da Cultura Viva - Rua Adolfo de Albuquerque, 298 - Chatuba - Mesquita (meninas carentes) e Lar Cristão Mathide de Oliveira (senhoras idosas) - Rua teles, 69 - Campinho RJ .

Informações: 8855-7273 / 2222-1266 (Helena Tojal)

19.10.10

O PT é Contra ou a Favor do Real?

17.10.10

Hélio Bicudo declara voto em José Serra

Fora Serra! Já?

Blog ESTE MUNDO POSSÍVEL, 16/10/2010:

FORA SERRA! JÁ?

ALTAMIR TOJAL

Notas sobre o segundo turno:

“Fora Serra!”

Um sintoma do desconforto de correligionários de Dilma Rousseff com o resultado do primeiro turno é que já se começa a ouvir e ler o slogan “Fora Serra!”, embora ainda faltem duas semanas para a votação do segundo turno.

A sustentação do slogan é a acusação de golpismo da mídia a favor de José Serra. A mídia foi boa quando ajudou o PT a chegar ao poder. Passou a ser golpista quando noticiou o mensalão e outros abusos do governo. A democracia também foi boa quando levou o PT ao poder. Mas se os eleitores escolherem a oposição, será golpe. Aí, fora Serra! Isso é que é cair do salto alto.

Militância na UTI

Há nos jornais um apelo dos líderes da campanha de Dilma para que a “militância” vá para as ruas conquistar votos. O problema é que o PT profissionalizou a militância. Agora a militância está doente, contaminada pela lógica do poder e do capital. Este foi um dos incontáveis erros políticos do PT no poder.

Tente imaginar como teria sido a história do Brasil se os militantes precisassem de ônibus, lanche, pro-labore, emprego público, bolsas e contratos com o governo para irem para a rua protestar contra a Ditadura ou lutar pelas Diretas. Até hoje teríamos um general no Planalto.

Manifesto dos professores de filosofia

Recebi um manifesto de professores de filosofia a favor de Dilma. O texto se socorre pateticamente de Kant e propõe aos intelectuais o exame “racionalmente responsável” (sic) de projetos e ações. Repete a técnica goebbeliana de acusar a oposição de desprezo aos programas sociais. E omite os erros políticos do PT, a começar pela desmoralização da militância. Quem quiser pense em outros. Não são esses professores de filosofia que vão se dar ao trabalho de pensar.

(Saiba mais)

15.10.10

Carta aberta da ABGLT

Carta aberta da ABGLT às candidaturas de Dilma Rousseff e José Serra

Prezada Dilma e prezado Serra,

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, é uma entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil. Tem como missão a promoção da cidadania e defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.

Assim sendo, nos dirigimos a ambas as candidaturas à Presidência da República para pedir respeito: respeito à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa.

Respeito aos direitos humanos e, principalmente, respeito à laicidade do Estado, à separação entre religião e esfera pública, e à garantia da divisão dos Poderes, de tal modo que o Executivo não interfira no Legislativo ou Judiciário, e vice-versa, conforme estabelece o artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Nos últimos dias, temos assistido, perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral.

Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial.

O Estado brasileiro é laico. O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia. Também tem nos permitido realizar a promoção da autonomia das mulheres e combater o machismo, entre os demais avanços alcançados. O progresso não pode parar.

Por isso, causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais que vivenciamos. Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos. Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo.

O que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica.

Cara Dilma e Caro Serra,

Por favor, voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos.

Nós da ABGLT sabemos que o núcleo das diferenças entre vocês (e entre PT e PSDB) não está na defesa dos direitos da população LGBT ou na visão de que o aborto é um problema de saúde pública.

Candidato Serra: o senhor, como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS. Aquele governo federal que o senhor integrou também elaborou os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, o senhor criou as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT.

Candidata Dilma: a senhora ajudou a coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações. A senhora assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo. A senhora já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia.

Portanto, candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.

A ABGLT acredita na democracia, e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. Vivemos num país da diversidade e da pluralidade.

É hora de retomar o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas!

Eleições 2010, segundo turno, em 15 de outubro de 2010.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

12.10.10

Revivendo Vinicius

Soneto de fidelidade

Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Estoril - Portugal, 10.1939

(Saiba mais)

11.10.10

Ciro Gomes, cabra macho

O ovo da serpente

Carta Maior, 11/10/2010:

O ovo da serpente

MARCOS DANTAS

“Se Hitler invadisse o inferno, eu me aliaria ao demônio” – assim falou Churchill, o grande líder britânico da Segunda Guerra Mundial, quando lhe questionaram a aliança firmada com Stálin, o grande líder soviético na mesma Guerra, aliança esta decisiva para a derrota da barbárie nazista.

Bem que Hitler desejava muito aliar-se aos britânicos. Lamentou explicitamente até o fim da Guerra e da própria vida que os seus “primos” raciais não o tivessem “compreendido”. Não que Hitler e Stálin não tenham, em um dado momento, firmado um pacto de aliança. Mas ambos sabiam que era um pacto de ocasião, a ser rompido na primeira oportunidade, quando um lado, ou outro se julgassem preparados para fazê-lo. Foi rompido por Hitler mas, por efeito, entre tantos outros fatores, também desse pacto, a Guerra acabou vencida por Stálin e seus aliados capitalistas democráticos, Churchill e Roosevelt.

Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos eram potências capitalistas. A União Soviética, potência comunista emergente. Capitalismo e comunismo eram inimigos viscerais. Mas o comunismo e o capitalismo democrático souberam se unir contra a besta nazista. O historiador Eric Hobsbawm, em seu A Era dos Extremos: o Breve Século XX, nos dá a explicação:

“as linhas divisórias cruciais nesta guerra civil não foram traçadas entre o capitalismo como tal e a revolução social comunista, mas entre famílias ideológicas: de um lado, os descendentes do Iluminismo do século XVIII e das grandes revoluções, incluindo, claro, a russa; do outro, seus adversários […] A Alemanha de Hitler era ao mesmo tempo mais implacável e comprometida com a destruição dos valores e instituições da ‘civilização ocidental’ da Era das Revoluções, e mais capaz de levar a efeito o seu bárbaro projeto […] o antifascismo, por mais heterogêneo e transitório que fosse sua mobilização, conseguiu unir uma extraordinária gama de forças. E o que é mais, essa unidade não foi negativa, mas positiva, e em certos aspectos duradoura. Ideologicamente, baseava-se nos valores e aspirações partilhados do Iluminismo e da Era das Revoluções: progresso pela aplicação da razão e da ciência; educação e governo popular; nenhuma desigualdade baseada em nascimento ou origem; sociedades voltadas mais para o futuro que para o passado” (Companhia das Letras, 2ª Ed., pgs. 146,147, 174).

Em suma, por mais antagônicos que fossem – e eram –, o liberalismo ocidental e o comunismo soviético tinham origem numa mesma matriz ideológica, política, ontológica, eram ramos divergentes de um mesmo frondoso tronco: o Esclarecimento racional, laico, republicano, universalista, igualitarista e progressista que veio transformando o mundo desde os tempos de Cromwell, Jefferson e Robespierre. O nazismo era a negação das grandes promessas do projeto Iluminista, a negação da igualdade entre os povos e entre as classes, a recusa do Estado de Direito, o escárnio dos direitos individuais e sociais dos homens e das mulheres.

Não se trata neste artigo, de discutir se aquelas promessas se cumpriam ou não. Liberais e comunistas se acusavam mutuamente de traí-las. Mas nisto, também, reafirmavam seus compromissos com um programa de liberação ou desalienação da humanidade. O nazismo representava o retorno, ainda que num estágio superior, ao obscurantismo e à barbárie. A interrupção das Luzes. Uma nova escuridão. Contra isso, apesar de suas profundas diferenças e mútuas desconfianças, uniram-se Churchill, Roosevelt e Stálin.

E venceram.

Nas últimas décadas, sob novas formas e por um amplo conjunto de motivos que não vem ao caso discutir aqui, o obscurantismo renasceu das trevas. Atende agora pelo nome “fundamentalismo religioso”. Ele pode ser muçulmano, pode ser católico, pode ser cristão sob outras denominações – em hipótese alguma significando dizer que já conquistou ou venha a conquistar a maior parte dos seguidores dessas religiões. De fato, recruta o grosso dos seus adeptos, como o nazismo recrutava, na grande massa popular pobre, posta nas fímbrias do progresso, por isto ressentida, sobretudo ignorante. No caso dos muçulmanos, tem sido capaz de levar centenas de jovens à auto-imolação espetacular, fornecendo bons pretextos para reforçar os aparatos de guerra, segurança, espionagem e repressão das potências capitalistas, sobretudo dos Estados Unidos. No caso dos cristãos, ainda não chegou a tanto, mas já se mostra capaz de agir ordenada e fortemente na recuperação de parte do terreno perdido para dois séculos de avanços seculares, no mundo e também no Brasil.

Estamos assistindo no Brasil, neste momento, a um debate inimaginável neste século XXI – em que pese este século estar sendo capaz de se revelar cada vez mais surpreendentemente inimaginável. O nosso Estado Democrático de Direito está correndo o risco de proporcionar-nos uma eleição decidida pelo obscurantismo e irracionalidade. Sabemos que a ainda então minoria nazista chegou ao poder, na Alemanha, também através dos mecanismos democráticos. Por isso, não está sendo possível entender que democratas, republicanos, lídimos herdeiros e formuladores do melhor das Luzes, queiram agora, no Brasil, chegar ao poder com a ajuda das Trevas.

Está acontecendo nas grandes periferias urbanas e rurais brasileiras, uma insidiosa, granular, sussurrante campanha fundamentalista contra a candidata do PT, Dilma Rousseff. Multiplicam-se relatos assustadores de conversas de “pastores” com seus crédulos, dizendo coisas como “a Dilma vai fechar a Igreja”. Isso dito a alguém, por exemplo, que, nos últimos oito anos, graças a programas do Governo Lula, comprou e mobiliou casa, tem emprego, melhorou de vida material. Mas não melhorou cultural e educacionalmente (e isso também é culpa do governo Lula!). Acredita piamente no “pastor”. E vai votar numa mentira porque o debate eleitoral reduziu-se à agenda obscurantista, quando teríamos muito o que debater sobre educação, infra-estrutura, política externa etc.

Em resposta, circulam na internet panfletos acusando Serra de já ter fechado templos evangélicos em São Paulo. Isto porque a cidade de São Paulo faz cumprir suas leis que protegem o cidadão da agressão sonora desses templos que teimam em desrespeitar o espaço público e o direito dos outros à paz e tranqüilidade no resguardo do lar. Se Serra, porventura, tem algo a ver com isso, merece elogios, não críticas.

Que evangélicos, carismáticos e quejandos façam o que estão fazendo, é de lamentar mas não admira. O que admira e muito preocupa é o oportunismo eleitoral de uma parte da política laica e republicana que parece não se lembrar da lição de Churchill. O Brasil civilizado tem muito ainda a construir, inclusive para deter esse avanço de volta à barbárie, o que só logrará se incorporar à modernidade educacional e cultural, além da material, aquela massa popular que permanece vulnerável às prédicas medievais. Uma eleição é sempre o momento de a sociedade discutir os melhores caminhos para seguir avançando, avaliar e criticar o que já foi feito, debater suas alternativas. É natural, numa sociedade de classes, a diferença programática. Mas essa diferença se manifesta num mesmo campo histórico. Os fundamentalistas não podem ser aceitos nesse debate, porque, por definição e por suas práticas, agem pela ignorância, para a ignorância, com a ignorância.

Ora, Serra e Dilma, por formação, histórias de vida, lutas políticas, não têm posições assim tão distintas em relação a temas como “aborto”, “homossexualidade” e similares. Ninguém pode ser “a favor” do aborto, salvo talvez, algumas feministas radicais e egoístas; ninguém apóia a discriminação por opção sexual, salvo energúmenos. O que se pede – e, com certeza, ambos os candidatos não discordam, exceto talvez em detalhes – são políticas públicas e regras jurídicas que acolham a realidade já vivida em nossa sociedade. Estes são debates seculares e racionais, e nestes termos precisam e podem ser tratados por ambos os candidatos.

Faz-se necessário, neste momento, que cabeças sensatas de ambos os lados abram canal de comunicação visando recolocar o debate eleitoral nos trilhos da razão. Seria bom que ambos os candidatos manifestassem mútua solidariedade diante de ataques falsos e estúpidos, demarcando com clareza a agenda de discussão que interessa, de fato, ao Brasil moderno.

Eles têm muito o que divergir aí, na política educacional, na política de saúde, no papel do Estado, nas relações internacionais, nas prioridades de infra-estrutura, no tratamento ao meio-ambiente, nas reformas política e tributária etc. E devem dizer à sociedade que são as definições sobre esses pontos que conduzirão o Brasil para o futuro, cabendo à maioria político-eleitoral decidir o caminho que prefere, para os próximos quatro anos, sempre rumo ao esclarecimento e ao progresso.

Se o debate prosseguir agendado pelo atraso, ganhe quem ganhar, estará chocando o ovo da serpente.

8.10.10

Maré discute trabalho social em favelas

Redes da Maré discute trabalho social em favelas e espaços populares

No dia 19 de outubro, a Redes de Desenvolvimento da Maré (Redes) em parceria com várias instituições atuantes na Maré promovem o “I Seminário da Maré de Trabalho Social em Espaços Populares e Favelas” para discutir o trabalho social realizado em favelas e espaços populares da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo do evento é reunir profissionais das áreas de saúde, assistência social e educação para repensar as políticas públicas e a intervenção do poder público nesses territórios. “Queremos discutir os desafios desse trabalho e iniciar a construção de estratégias coletivas de atuação na Maré e em outros espaços populares da cidade”, explica Eblin Farage, diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré.

De acordo com Eblin, a organização do Seminário teve início durante um processo interno da Redes para discutir as perspectivas, objetivos e os incômodos presentes na atuação das instituições da Maré, relacionados às políticas públicas da área da assistência social, educação e saúde, assim como das organizações não governamentais, que trabalham com a garantia de direitos dos moradores.

Desde 2007, a REDES da Maré promove diferentes iniciativas que contribuem para repensar a favela a partir da participação dos diferentes atores sociais locais, através da mobilização dos moradores. Em 2009 foi realizada a I Conferência Livre de Segurança Pública e o I Seminário de Educação da Maré, ambos com o objetivo de repensar a política pública local e propor melhorias para o atendimento e a garantia de diretos dos moradores.

Serviço:

Data: 19 de outubro – terça-feira
Horário: 9h às 17h30
Local: Lona Cultural Municipal Herbert Vianna
Rua Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré 21.3105-6815
Inscrições: Podem ser realizadas na sede da REDES, nas instituições articuladoras ou através do e-mail seminariosocialfavela@gmail.com

Programação:
9h - Mesa de abertura: Redes de Desenvolvimento da Maré, CRAS- Nelson Mandela, Proinape-Maré e Representante dos Postos de saúde da Maré
9h30 - Mesa 1: O território de atuação: espaços populares e favelas construindo caminhos para a garantia de direitos.
12h30 – almoço
13h30 – Mesa 2: As perspectivas e os desafios da atuação profissional nas políticas públicas dos Espaços Populares e Favelas do Rio de Janeiro.
17h30 – Encerramento com atividade cultural e roda de samba.

Contato: Rosilene Miliotti, 8234-5871

6.10.10

Lulismo no poder

O Globo, Ancelmo Gois, 06/10/2010:

Lulismo no poder

O lulismo perdeu um pouco do encanto junto à classe média carioca, nicho onde, no passado, já bebeu muitos votos. Veja o caso de Copacabana e Leme. Dilma teve 28% nos dois bairros (Serra ficou com 35%, e Marina, 33%).

Em 2002, também no primeiro turno, Lula faturou ali 49% dos votos (Serra conseguiu 20%; Ciro Gomes, 17%; e Garotinho, 12%).

Segue…
Pior ainda foi a perda do petista em Ipanema e Lagoa. Em 2002, Lula abocanhou 39%. Dilma, agora, 19%.
Já na cidade pernambucana de Manari…

Amo o Steve Jobs

Crônicas da Surdez, 21/09/2010:

Amo o Steve Jobs

por Raul Sinedino*

“Conversar pelo Facetime - uma novidade do Iphone 4 – pode ser banal para as pessoas acostumadas a falar ao telefone, mas é uma verdadeira revolução na vida dos surdos oralizados. A primeira ligação entre dois deles foi de uma emoção especial. Os dois falam e fazem leitura labial, mas sempre dependeram de alguém para resolver coisas rotineiras que complicam bastante a vida de quem não tem o recurso quebra galho do telefone. Por exemplo, desbloquear cartão de crédito. Os atendentes do outro lado exigem falar com o titular. Outra via crucis é cancelar um plano de telefonia. Só o titular pode fazer isso. Só na hora de solicitar o serviço, a exigência cai, liberam na hora, sem qualquer preocupação se falam com o dono da linha, ou não. Quem ouve também pode telefonar para alguém e contar qualquer bobagem, o que é muito bom. Nós, surdos, nunca pudemos.

Num passe de mágica, a invenção de Steve Jobs acabou com a dependência e o aprisionamento emocional dos surdos. Ou quase. O preço do Iphone cobrado aqui no Brasil é muito alto, devido aos impostos. Nos Estados Unidos, a operadora AT & T cobra U$ 199 dólares ( R$ 340). Aqui, o preço ainda gira em torno de R$ 1.200, o que impede que parentes e amigos próximos de pessoas surdas se comuniquem com elas. Outro entrave é o fato de ser necessário a rede wi-fi para falar através do facetime. Não funciona em 3G. Mas, Steve Jobs já é idolatrado pelas pessoas com deficiência auditiva até pelo que já promete: a videoconferência em 3G.

Eu intuía a pequena revolução que o Iphone 4 iria me proporcionar. Por isso, nem me importei com o custo de fazer um plano Iphone, no qual está incluído pagar por 400 minutos de conversa que nunca vou ter, R$ 1.149 pelo aparelho e R$ 250 de mensalidade. Não me enganei. Moro em Porto Alegre e, hoje, recebi minha primeira ligação na vida. Era uma amiga surda, residente de São Paulo, querendo compartilhar o seu estado de graça pela compra do Iphone. O marido ouvinte sentia a falta de falar com ela ao telefone, por isso foram os dois resolver o problema, comprando o aparelho.

Confesso que fiquei sem reação durante a minha primeira videoconferência. Não sabia se chorava ou se continuava a conversa. Não sabia nem como reagir, o que fazer ou responder, porque jamais falei desse jeito com ninguém ao telefone. Muita coisa passava minha cabeça a briga cotidiana, desde criança, por autonomia, principal motivo de estresse entre os surdos. Pelo menos, dos que falam, fazem leitura labial e estão inseridos na sociedade ouvinte, mas se deparam com muitas barreiras, na maioria das vezes apenas criadas pela falta de bom senso de algumas empresas e órgãos governamentais ou de uma política voltada às necessidades específicas de uma nova geração de surdos - oralizados e implantados.

O Steve Jobs deve achar apenas que, mais uma vez, foi responsável por um avanço na tecnologia. Com certeza, jamais irá saber da pequena revolução pessoal que provocou na vida de dois surdos brasileiros no dia 20 de setembro de 2010. Sem qualquer exagero.

*Engenheiro químico e surdo desde o nascimento

3.10.10

2º TURNO!!!

O PSDB ganhou em São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país. Com isso, balas de prata e café com leite neles!

2.10.10

Vote 23456 Georgette Vidor - Dep. Estadual

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