27.2.08

PPS trabalha para construir um partido sério

Revista Capital:

PPS trabalha para construir um partido sério

Enquanto a companheirada de PMDB, PT, PCdoB e quejandos se engolfam na briga por cargos, viagens e cartões corporativos, o PPS trabalha na construção de um partido sério. Um plano de governo detalhado e executável e a participação em cursos de formação política são duas das exigências que o PPS estabeleceu para a escolha de candidatos a prefeito nas eleições deste ano.

Mas não fica por aí. Depois de eleitos, eles terão de cumprir um programa mínimo de governo, sob pena de não poder disputar a reeleição. Além disso, todos os pré-candidatos do partido são obrigados a renunciar aos sigilos fiscal e bancário e se comprometem a não nomear parentes em até terceiro grau para cargos comissionados. Beleza. Pode até faltar candidato. Mas que é um caminho, isso é.

25.2.08

Crime no Parapan

O Globo, Opinião, 25/02/2008:

Crime no Parapan

ANDREI BASTOS

O ano de 2008 finalmente começou e é preciso também recomeçar a luta pelo respeito aos direitos das pessoas com deficiência e pela aplicação da justiça aos responsáveis pelas irregularidades ocorridas nos Jogos Parapan-Americanos Rio 2007, que culminaram com a morte do atleta com deficiência argentino Carlos Maslup.

O primeiro crime do Parapan, de discriminação, ficou provado no dia 31 de outubro com o testemunho dos representantes do Corpo de Bombeiros, na audiência da CPI instalada na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro para investigar as irregularidades referidas acima.

Depois de uma manhã inteira em que o representante do CO-Rio e gestor dos dois eventos insistiu em afirmar que o atendimento médico dispensado aos atletas com deficiência do Parapan tinha sido o mesmo que fora dispensado aos atletas sem deficiência do Pan, além do fato já conhecido de que a Golden Cross se recusara a prestar tal serviço no Parapan “para não associar sua marca à imagem dos deficientes”, as respostas dos bombeiros às perguntas feitas por um integrante da CPI destruíram a argumentação desse alto dirigente executivo do esporte olímpico.

Vejam só:

Pergunta: “Qual era o hospital referência do Pan, para onde deveriam ser levados os atletas que precisassem de socorro médico, e por ordem de quem?”

Resposta: “O hospital referência do Pan, para onde deveriam ser levados os atletas que precisassem de socorro médico, era o Hospital Barra D’Or, por ordem do CO-Rio.”

Pergunta: “Qual era o hospital referência do Parapan, para onde deveriam ser levados os atletas que precisassem de socorro médico, e por ordem de quem?”

Resposta: “O hospital referência do Parapan, para onde deveriam ser levados os atletas que precisassem de socorro médico, era o Hospital Miguel Couto, por ordem do CO-Rio.”

Como a CPI não encerrou seus trabalhos com este crime, é fundamental que a sociedade se mobilize para garantir a investigação.

ANDREI BASTOS é jornalista.

23.2.08

Leitura acessível já!

Movimento luta por livro para as pessoas com deficiência

PAULO VITOR FERREIRA

Machado de Assis, Fiódor Dostoiévski, Mário de Andrade, Fernando Pessoa, Nelson Rodrigues, James Joyce, Sthendal, Eça de Queirós. Esses e outros escritores são imprescindíveis na formação de qualquer mortal. Com esse pensamento, o movimento Molla-Brasil, criado pela Associação de ex-alunos do Instituto Benjamin Constant, luta pelo livro acessível no país para as pessoas com deficiência. A Câmara Setorial do Livro e da Leitura vai se reunir nos dias 6 e 7 de março, na Biblioteca Nacional. A meta é regulamentar a lei do livro no Brasil, a de número 10.753, de 30 de outubro de 2003.

O movimento reivindica a existência desses livros acessíveis nos mesmos locais de venda de toda e qualquer obra convencional.

Acessibilidade

O que é um livro acessível? É aquele que pode ser acessado por pessoas com ou sem deficiência de maneira autônoma. Ele deve apresentar-se no formato áudio e digital, permitindo a impressão de seu conteúdo em letras ampliadas ou em braille.

Desta forma, seu alcance junto a um público seria muito maior, dando possibilidades para que pessoas com diferentes tipos de deficiência como cegueira, surdo-cegueira, baixa visão, tetraplegia, paralisia cerebral, deficiência intelectual, dislexia, mobilidade reduzida, membros superiores amputados, entre outras, possam usá-los sem problemas de acessibilidade.

Segundo o Molla-Brasil, uma pessoa sem nenhuma dessas deficiências também poderia desfrutar da audição de um bom livro no cd-player de seu carro nos momentos de grandes deslocamentos ou congestionamentos pela cidade.

Fonte: www.ibdd.org.br

22.2.08

Varig! Varig! Varig!

Muito bem aproveitada pela agência de propaganda da Varig a oportunidade criada por uma nota publicada na coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo de ontem.

O anúncio, que está na Folha de S. Paulo e na página 5 de O Globo de hoje, tem o título "VARIG. É MAIS QUE VOAR." e, logo abaixo, reproduz na forma de recorte de jornal a nota do Ancelmo:

Viva Álvaro Neto!

Georgette Vidor, nossa treinadora de ginástica olímpica, que é cadeirante, voltava de Brasília para o Rio no vôo 2205 da Varig quando o comandante, ao saber da falta de finger para o desembarque, decretou:- Carregada, ela não desce!

No que...

Álvaro Neto, o comandante, foi irredutível e, depois do desembarque geral, ficou uma hora num embate com a Infraero, até conseguir o finger para Georgette, agradecida, descer:
- Nunca um comandante havia tomado esta postura.

21.2.08

Cacá

ANDREI BASTOS

Quem conhece a minha história sabe que sou uma pessoa de sorte, com muitos privilégios. Além dos privilégios que me abençoaram, também me foram oferecidas inúmeras oportunidades de vivências, muito diversas, que me apresentaram a pessoas extraordinárias e às suas experiências de vida, aos seus ensinamentos. Mais do que qualquer estudo formal, com ou sem doutorado, foi a vida que forjou a pessoa que consigo ser, com tudo o que aprendi e trago comigo com respeito e humildade.

Um dos maiores privilégios que tive foi conhecer e trabalhar com Cassiano Fernandez, o Cacá, um jovem talentoso na escrita. Sua alegria contagiante, sua sensibilidade e sua garra para viver reforçaram minha crença de que a própria deficiência pode ser estímulo para a superação de todos os obstáculos, sejam eles colocados pelo mundo ou pela ignorância das pessoas, mesmo a das que se consideram sábias, como eu já tive a pretensão de me considerar um dia. Seres humanos como Cassiano têm a obrigação de serem e de se sentirem superiores, para o bem dos seus pares em primeiro lugar, pois é essa condição que pode levar à conquista e afirmação dos direitos de todos os deficientes.

Mas, longe de querer defender o autodidatismo, minhas palavras querem dizer justamente o contrário. Acredito que minha baixa freqüência escolar foi compensada pela sorte, e como não devemos contar com ela, além do fato de que nem todos a têm tão facilmente, o que vale mesmo neste mundo, e cada vez mais, é o estudo formal.

Estou dizendo tudo isso para explicar a mim mesmo porque devo me privar da parceria de Cassiano Fernandez, da sua inteligência e da sensibilidade do seu texto. Cacá, para quem não sabe, tem apenas 21 anos, toda a vida pela frente e não tenho o direito de criar obstáculos à sua evolução, particularmente nos estudos.

Está certo. Está na hora de Cassiano encarar a preparação para um vestibular e para vôos mais altos. Vou ficar torcendo.

Boa sorte, Cassiano Fernandez!

20.2.08

Apartheid contra a pessoa com deficiência

Leia artigo de Ana Paula Crosara de Resende no site Em Dia Com a Cidadania.

Causa real e efeito prático

Jackson Vasconcelos

A revista Veja, edição desta semana - 18 de fevereiro - traz uma entrevista do deputado federal por São Paulo, José Eduardo Cardoso, Secretário-Geral PT de São Paulo, ao jornalista Otávio Cabral. A entrevista é matéria nas folhas amarelas e recebeu o título de “O mensalão existiu”.

A revista traz também, a partir da página 66, o trabalho do jornalista Thomaz Favaro, da Sucursal de Helsinque, sobre a educação finlandesa, com o título “A melhor escola do mundo”.

As duas matérias, de certo modo, se completam.

O deputado José Eduardo Cardoso é um político de qualidade, pouco conhecido no quadro nacional. Um Dom Quixote, sem Sancho Pancho para importuná-lo com a realidade, na luta que move contra a corrupção.

Na entrevista, o deputado José Eduardo Cardoso repete um comportamento que percebi nele no tempo da CPMI dos Correios. Eu, por conta de um contrato de trabalho com a Denise Frossard, participei intensamente dos bastidores e estive bem perto das cenas da Comissão Parlamentar de Inquérito de mais significado, a CPMI dos Correios. O deputado José Eduardo Cardoso bateu duro nos companheiros do PT e nos aliados do governo, mas, com maturidade e equilíbrio suficientes a não permitir que a sua imparcialidade fosse instrumento de ação política do pessoal do PSDB e do DEM.

O deputado terminou a entrevista a Otávio Cabral com uma declaração interessante, que demonstrou seu desalento com o modo como se pratica a política no Brasil. Otávio Cabral perguntou: “… ser político hoje é motivo de orgulho?” José Eduardo Cardoso respondeu: “As pessoas entram na política por idealismo, por vaidade, por carreirismo e alguns até pela perspectiva do enriquecimento. Enquanto esse sistema prevalecer, aqueles que entram buscando agir de forma séria sofrem um ônus pessoal tão grande que vão deixando a política (…). (…) cada vez mais vejo pessoas honestas saindo da política. E cada vez mais tende a aumentar a participação de pessoas desonestas, do crime organizado, de setores sem nenhum compromisso com o interesse público. Sem a reforma política, os éticos correm o risco de serem derrotados definitivamente pelos desonestos”.

Discordo. Não será a reforma política o instrumento essencial para melhorar a qualidade dos políticos. Pode, quando muito, melhorar um pouco a qualidade da representação, mas nunca o conceito de ética e honestidade como condições essenciais para o exercício de mandatos e poder. A resposta correta está embutida na outra matéria da VEJA, a que comenta a educação finlandesa e a compara, em resultados, à educação brasileira.

A matéria de Thomaz Favaro demonstra dados. Na Finlândia, os alunos permanecem mais tempo nas escolas; 995 horas por ano, contra 800 horas por ano. 100% dos professores finlandeses do ensino fundamental possuem curso de mestrado. No Brasil somente 2% dos professores do mesmo nível possuem o mesmo grau de qualificação. A Finlândia queima 6,1% do seu PIB nos gastos com a educação de qualidade; o Brasil queima 3,9% com uma péssima estrutura de educação.

Thomaz Favaro faz uma relação de causa e efeito, entre a qualificação dos professores e a qualidade da educação e como argumento, ele apresenta na matéria os resultados das avaliações feitas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2006, sobre a qualidade do ensino em 57 países. A Finlândia encabeça o ranking e o Brasil disputa as últimas posições.

“A melhor escola do mundo”, de Thomaz Favaro, sinaliza ao entrevistado por Otávio Cabral em “O mensalão existiu”, que tem bem mais da necessidade de uma reforma educacional do que de uma reforma política nessa nossa estrutura onde a ética é pura retórica e o roubo uma prática compensada pelo fazer qualquer coisa que nos agrade.

O sinal inserido na matéria “A melhor escola do mundo” se confirma como dado real nos dados oferecidos ao mundo inteiro pela Organização Transparência Internacional, que avalia periodicamente 145 países do mundo sob a ótica da percepção de existência de corrupção em suas estruturas administrativas. Lá, a Finlândia ocupa o primeiro lugar, como ocupa no ranking de 56 países avaliados no quesito “qualidade de ensino”. O Brasil ocupa o 59º lugar no ranking da corrupção e 53º, entre 57, em qualidade no ensino.

É, ou não é isso?

*Jackson Vasconcelos é economista e editor do site www.estrategiaeconsultoria.com.br

13.2.08

"Heroísmo sem Limites" na TV Brasil

Livro publicado pelo IBDD é destaque neste ano de Paraolimpíadas.

(Clique aqui e veja a reportagem do Programa Especial de 05/02/2008 no site do IBDD)

Transcrição:

Juliana Coutinho – “Heroísmo sem Limites” é um livro produzido pelo IBDD, Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, uma justa homenagem do instituto aos seus atletas.

Andrei Bastos – Meu nome é Andrei Bastos, eu sou jornalista e responsável pela comunicação do IBDD. Para falar sobre esse livro, eu preciso contar rapidamente o que é o IBDD. É o Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que já nasceu como uma instituição diferente, como o próprio nome diz, com foco nos direitos da pessoa com deficiência.

Desde o seu primeiro momento essa instituição encarou a questão da pessoa com deficiência como uma questão de direito. O IBDD, que tem entre as suas áreas de atuação a prática esportiva, dedica desde o inicio uma atenção especial aos seus paratletas. O instituto resolveu homenagear esse conjunto de atletas com este livro, chamado “Heroísmo Sem Limites”, que é um belo projeto visual do Victor Burton, com os perfis dos atletas como o do Caco, que é um campeão olímpico da natação, um grande atleta, e outros, como os corredores, o pessoal do futebol de sete. Enfim, é um livro que pretende conquistar as pessoas pela qualidade do seu texto, que não precisa de maiores apresentações, basta o nome do nosso querido João Máximo.

É um time de primeira, porque a intenção do IBDD foi exatamente essa, contribuir para o fim da invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade brasileira, trazendo para um primeiro plano, para um pódio que é representado por esse livro e por essa idéia gráfica, que representa uma medalha de ouro em última análise, trazer para esse primeiro plano esses atletas com deficiência e, junto com eles, toda a questão da pessoa com deficiência.

João Máximo – Meu nome é João Máximo e eu sou jornalista, apenas um jornalista. Fui convidado para participar deste livro que o IBDD está lançando intitulado “Heroísmo sem Limites”, e eu não vou falar muito do livro não, porque eu acho que os livros falam por si mesmos, quer dizer, o conteúdo desse livro nada, nem ninguém, vai explicar melhor do que o próprio livro.

Eu vou falar da minha experiência pessoal, que, aliás, eu pensei que fosse ser só minha e não é só minha. Ela é a experiência das quatro pessoas envolvidas na feitura desse livro. O designer Victor Burton, que é talvez o maior designer de livros do Brasil. O fotógrafo Rogério Reis, excelente fotógrafo, e o repórter Rogério Daflon, talvez de nós quatro fosse o único que tivesse alguma experiência com o chamado paradesporto. O que mais me impressionou foi o envolvimento emocional destas quatro pessoas na feitura deste livro. Eu por exemplo, sou obrigado a confessar que a minha experiência com o paradesporto era nenhuma, absolutamente nenhuma, embora eu seja um jornalista experiente na área de esporte, eu tenho quase quarenta anos de jornalismo esportivo. E na verdade não conhecia nada, absolutamente nada do paradesporto. E eu fui aprender no meu curto contato com o IBDD que esse é um universo extremamente rico. Uma nova... Uma nova não, mas uma diferente modalidade de esporte, que tem suas características, suas propriedades e seu próprio espírito.

Luiz Cláudio Pereira – Meu nome é Luiz Cláudio Pereira, sou assessor da superintendência do IBDD e eu tenho um prazer muito grande com o lançamento desse livro, contar a minha história de forma escrita aquilo que a gente vem realizando ao longo da nossa vida. Porque para a pessoa portadora de deficiência é uma história belíssima, a construção no seu dia-a-dia, a construção política do seu segmento

Luiz – Então, o esporte para nós foi uma vitrine que o segmento, as pessoas com deficiência, encontrou para traduzir em poucas palavras a potencialidade da pessoa com deficiência. É um ser comum como todos os outros, mas que vive à margem e a gente precisa reclamar, porque cidadão a gente é desde sempre, mas a gente fica o tempo todo, a sociedade nos negando esse espaço. E esse livro vem para garantir a visibilidade, vai mover muitas outras pessoas

Luiz – Eu era lutador de judô, sofri um acidente e tinha como diagnóstico uma tetraplegia e prognóstico uma vida vegetativa. E eu transformei esse não, que seria a impossibilidade, em possibilidade. E a partir de 1982, já recém-saído do centro de reabilitação fiquei internado por dois anos, fui fazer atletismo. E conheci 27 países, ganhei nove medalhas paraolímpicas, sendo seis medalhas de ouro. Fui à Paraolimpíada de Barcelona, fui a Seul, fui aos Estados Unidos, é uma história de conquistas, de muitas dificuldades, mas também uma história de vitória. E por isso que eu acho que esse livro, ele é um grande presente porque a gente traz pessoas formadoras de opinião, que não conheciam esse segmento da sociedade, para se engajar, ser sujeito participante e transformar tudo isso numa caminhada - uma caminhada única onde não tem vencedores, nem perdedores, mas tem pessoas que querem construir. Então, isso é o espírito do livro. É a nossa história que a gente veio realizando, construindo todos os dias, mas que ninguém contava. E agora o início dela começa a ser contado pelo IBDD.

Luiz – A informação acho que é o maior elemento para que possa diminuir ou eliminar definitivamente o preconceito. O livro, ele veio para dizer qual é o potencial. O portador de deficiência não é nenhum “Super-Homem”, ele não é mais, ele não é menos. Ele tem uma dosagem, ele tem uma medida, que é a medida de todo ser humano. Então o livro veio para ajudar as pessoas a perceber que existem pessoas que, como no mundo ninguém é igual, ele também não é igual, mas tem os seus valores e esses valores que a gente está querendo colocar para a sociedade

Andrei – Quem quiser saber mais sobre o livro “Heroísmo Sem Limites” pode ligar para 0xx21 3235-9290, mandar um e-mail para ibdd@ibdd.org.br ou, se quiser nos dar o prazer de uma visita virtual, pode ir até o nosso site www.ibdd.org.br

Juliana – O Programa Especial de hoje termina aqui. Nós voltamos na semana que vem com mais reportagens para você. Eu te espero

8.2.08

Mestre-sala e porta-bandeira

Fotos: Olivia Bastos e Paulo Vitor Ferreira
Andrei Bastos e Ana Cláudia Monteiro, respectivamente mestre-sala e porta-bandeira do bloco Senta Que Eu Empurro
Cassiano Fernandez preparado para desfilar no bloco

Samara da Matta em pleno desfile

Sofia, Olivia e Bárbara, um trio de folionas

Roni e Andrei no bloco

Viviane Macedo no Sambódromo

Carnaval 2008
Este ano não foi igual àquele que passou!
Deficientes mostraram que têm muito samba no pé, quer dizer, nas rodas, muletas etc.

PAULO VITOR FERREIRA

“Essa celebração anima a alma”. Com esta frase, Rafael Coimbra, atleta da equipe de bocha do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) e paralisado cerebral (comprometimento físico), deixa claro que o bloco carnavalesco de sugestivo nome ‘Senta que eu empurro’ foi peça fundamental para mostrar a alegria de viver dos deficientes, que fizeram a festa nas ruas Artur Bernardes (de onde saiu o bloco idealizado pelos funcionários do IBDD), Bento Lisboa e Dois de Dezembro, na sexta-feira, dia 1º de fevereiro.

O ‘Senta que eu empurro’ deu uma alegria a mais na vida de Rafael. Perguntado pela manhã, após o treino da equipe, como era sua vida antes de conhecer as atividades do Instituto, o inteligente Rafael, estudante de jornalismo e autor de algumas poesias ainda não-publicadas, foi taxativo. “Não conseguia me olhar no espelho”, disse Rafael, que é cadeirante.

Durante a apresentação do bloco pelo bairro do Catete, Rafael Coimbra era de uma vivacidade impressionante. Cantava o samba descontraído e, ao mesmo tempo, politizado do ‘Senta que eu empurro’, brincava com todos os integrantes, flertava com as mulheres presentes e até exibia sem pudor um preservativo. “Carnaval sem sexo não existe”, afirmou, às gargalhadas.

Além de Rafael, outros demonstravam a sua vontade de viver intensamente. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Andrei Bastos e Ana Cláudia, sambou para valer. Wellington, assistente de serviços gerais do IBDD, botou ordem na casa ao controlar o tráfego de carros nas ruas. Outros integrantes da ONG mostraram que sabem tudo de carnaval, como Samara da Matta, paralisada cerebral e outra integrante da equipe de bocha, sempre animada, ao lado de sua mãe Sônia.

João Carlos Farias (que mexia sua cadeira de rodas de maneira frenética de um lado para o outro), Luiz Cláudio Pereira, Márcia Fernandes e até o fã de óperas Cassiano Fernandez se renderam à maior festa & arte popular do país.

A bateria deu o ritmo certo e não ‘atravessou’. Já o autor do samba e intérprete Murilo Di Vangô não escondeu a satisfação de ter participado do primeiro desfile do ‘Senta que eu empurro’. “Achei maravilhoso. É muito bom participar dessa idéia pioneira e estar com amigos”, afirmou Di Vangô, que teve paralisia infantil.

Vários moradores do bairro se encantaram com o bloco. Entre eles, Eduardo Gonçalves falou da importância da iniciativa. “É mais uma mostra da superação do deficiente, que tem de brincar o Carnaval mesmo!”, verbalizou.

A ex-deputada estadual e ex-técnica da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica Georgette Vidor também deu o ar de sua graça: “As pessoas com deficiência têm de estar em todos os lugares, mas um bloco desse tipo é de grande importância.”

SAPUCAÍ ACESSÍVEL

A festa continuou no domingo e na segunda-feira, dias 3 e 4, no Sambódromo. Ana Cláudia, a estrela maior do IBDD no Carnaval, não se contentou em ser a porta-bandeira do ‘Senta que eu empurro’ e desfilou na Portela e na Grande Rio, as escolas do Grupo Especial com alas de cadeirantes.

LUGAR RESERVADO PARA A FOLIA

O Setor 13, na frisa, foi destinado a pessoas com deficiência e seus acompanhantes e palco de muita descontração. Os atletas Wânderson (Futebol de Sete), Roberto Paixão (Judô) e Viviane Macedo (Dança Esportiva em Cadeira de Rodas) compareceram com grande brilho.

Casais pra lá de felizes foram dar demonstrações públicas de seu amor na ‘Passarela do Samba’, como o cadeirante Rosemberg e a andante Kátia Oliveira.

“Estamos casados há cinco anos. Nós nos conhecemos numa festa”, resumiu Rosemberg, paraplégico. Já Kátia, que não é deficiente, preferiu dar o segredo da união entre os dois. “Temos muito companheirismo. Ele possui muitas qualidades”, disse.

Outro casal que encantou a Sapucaí foi Luiz Cláudio, andante sem deficiência, e Amanda Santos, cadeirante. “Estamos noivos e curtindo muito o Carnaval”, afirmou Luiz, torcedor da Vila Isabel, que mostrava ter muito carinho com a salgueirense Amanda, uma mulata realmente linda.

Mas não foram só os casais que brilharam na Sapucaí. Ademir Cruz de Almeida, amputado da perna direita, capitão da Seleção de Futebol e presidente da Associação Brasileira de Desportos para Amputados, pulou como uma criança: “É a primeira vez que vejo o desfile na Sapucaí. Estou muito feliz. É uma oportunidade única.”

Os portadores de Síndrome de Down mostraram também muito samba no pé. Renato Rosário, de 38 anos, vibrou com o bicampeonato da Beija-Flor, agora são cinco títulos em seis anos. Leonardo Costa, 37, e Stela Caroline, 17, deram inveja a muitos passistas. “É o primeiro ano que venho ao Sambódromo. O desfile é muito bonito”, encantou-se Caroline, que desfilou na Estrelinha de Padre Miguel e estava acompanhada da mãe, Vilma Morais.

NÃO DÁ PRA VER NADA

Os cadeirantes tiveram uma visão privilegiada (ficaram do lado da pista da Sapucaí). Integrante da ala dos artistas da Mangueira, a atriz Luana Piovani aproveitou a proximidade do espaço reservado a eles e distribuiu beijinhos em todos. Mas só os cadeirantes tiveram grande sorte, pois o único contratempo no Sambódromo foi a distância entre o setor destinado aos andantes (setor13-frisa), deficientes ou não, e a passarela. Muitos foliões pediram uma solução para o ano que vem.

Apesar desse problema, o ‘Carnaval da Inclusão’ continuou brilhando intensamente e as pessoas com deficiência provaram que têm o direito de celebrar a vida e o dever de se divertir.

7.2.08

A chef Maria Callas

CASSIANO FERNANDEZ

Maria Callas, a maior cantora de ópera de todos os tempos, foi uma mulher cercada de mistérios. Um deles era sua paixão por culinária, paixão essa que fora potencializada após seu casamento com o industrial Giovanni Battista Meneghini. Seus primeiros livros sobre o assunto foram-lhe dados pela sogra Giuseppina Meneghini. Na verdade, o prazer de cozinhar nasceu quando Titta começou a lhe pedir que preparasse quitutes.

Os testemunhos de seus leais empregados ilustram bem a relação de Maria com a cozinha. Segundo eles, ela comprava todo tipo de utensílios, tais como: batedeiras, escumadeiras etc. e, segundo os mesmos, Maria se submetia a dietas muito rígidas, que consistiam basicamente em filés grelhados e salada verde praticamente sem tempero. Apesar disso, possuía uma verdadeira biblioteca culinária formada por livros em várias línguas. Outra coisa muito interessante é que Maria, durante a juventude, fora obesa. Porém, no período de um ano, entre 1947 e 1948, emagreceu espantosos 60 quilos e, o que é mais impressionante: até hoje ninguém sabe como! Seu grande sonho, se os compromissos profissionais permitissem, era exercer a função de dona de casa. Isso prova que Maria, apesar de ter sido uma mulher de vida sofisticada e freqüentadora das altas rodas internacionais, dava tudo para ficar na cozinha preparando um bolo para Titta, por exemplo. Dá pra imaginar a grande Callas de avental diante de uma batedeira?

Para comprovar a competência culinária de Maria, veja abaixo uma receita extraída do livro “A paixão secreta de Maria Callas - Histórias, receitas e sabores”, da Editora Mercuryo, organizado por Bruno Tosi e traduzido por Roberta Barni:

SUFLÊ DE CHOCOLATE

Ingredientes: 20 g de manteiga, 25 g de chocolate, 2 colheres de açúcar, 2 colheres de farinha, 500 ml de leite e 6 ovos.
Bater bem as gemas, o açúcar, a manteiga e o chocolate. Acrescentar o leite e a farinha, misturando tudo com se fosse um creme bechamel. Bater as claras em neve até que fiquem bem firmes. Juntar tudo. Colocar no forno a 180º durante 2 horas. Depois de pronto, servir rapidamente.

Obs: No livro, seu mordomo-motorista Ferruccio Mezzadri comenta que a receita sempre ficava perfeita e sua adorável patroa, brincando com ele, dizia que misturaria ao suflê de chocolate ingredientes que não condiziam com a sofisticada receita, tais como queijo, presunto ou até mesmo pêssego.

Sérgio Teixeira no Jornal Hoje

O gerente de Mercado de Trabalho do IBDD é entrevistado em reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, em 26/01/2008, sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Transcrição:

Mariana Godoy: A lei brasileira obriga as empresas a empregar pessoas com necessidades especiais. No ano passado o Ministério do Trabalho registrou um recorde na contratação desse tipo de funcionários.

Beatriz Thielmann: Nada fácil conseguir marcar uma massagem com Eusébio. Ele era prestador de serviços dessa clínica, mas a procura foi tanta que virou empregado no ano passado. Aos 14 anos perdeu a visão, mas nunca deixou que a deficiência o impedisse de superar as dificuldades.

Eusébio Souza: O que gera o preconceito é a ignorância. Então, o que muitos clientes que entram aqui, tempos depois é que vão descobrir que eu não enxergo.

Beatriz: No ano passado o número de portadores de deficiência física empregados com carteira assinada cresceu 12%. Chegaram ao mercado mais de 22 mil profissionais. A região Sudeste foi a que mais empregou. Depois, a Nordeste, seguida pela região Sul.

Beatriz: Hoje essas contratações são prioridade para muitas empresas.

Beatriz: Aqui funciona o setor de atendimento ao cliente. O trabalho é feito por 30 operadores de telemarketing, 27 deles são portadores de necessidades especiais.

Giovane Rodrigues: É extremamente importante essa inserção. Eu diria que é uma responsabilidade social.

Beatriz: Mesmo assim essa empresa ainda não conseguiu cumprir a cota determinada pela lei.

Lairton Correa: Porque nós não temos deficientes capacitados suficiente para atender a cota.

Beatriz: É só uma questão de tempo, garante o gerente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, basta que os empresários cooperem mais.

Sérgio Teixeira: A falta de qualificação profissional é estrutural. Então, talvez as empresas pudessem pensar mais nos seus processos de treinamento e qualificação profissional dentro das próprias empresas, né?

Ivana Cordier: Eles são pessoas muito legais de trabalhar, eles têm disposição para trabalhar, têm vontade de trabalhar porque é uma oportunidade que surgiu e que eles aproveitam, abraçam mesmo, com bastante força.

2.2.08

Samba do SENTA QUE EU EMPURRO!!!

Para ouvir o primeiro samba do bloco SENTA QUE EU EMPURRO!!!, no Carnaval 2008, clique aqui.

Letra do samba:

NADA DE ESTATUTO!
(Murilo Di Vangô)

Senta que eu empurro
Senta que eu empurro } Refrão
Nessa corrente
Só não entra quem é burro

Explode bateria
Bonito pra nossa geral
Entra nessa energia
Nesses dias de Carnaval

Oi!

Tire os pés do chão
Dê um pulo para frente VAI! } Refrão
Nossa nação
Não é BURRA, é chapa quente

Nada de ESTATUTO
Só queremos a CONSTITUIÇÃO
Não me mude de ASSUNTO
Nessa onda eu não vou NÃO

Senta que eu empurro
Senta que eu empurro } Refrão
Nessa corrente
Só não entra quem é BURRO