31.10.08

Acessibilidade ao trabalho (Parte 1)

RedCafé Comunicação, REDCAST, 31/10/2008:

ACESSIBILIDADE AO TRABALHO (PARTE 1)
PARA QUE SERVE A TECNOLOGIA?
31/10/08

Por Andrei Bastos

Século XXI, era da informação, avanço tecnológico. Como as maravilhas do gênio humano influenciam a acessibilidade da pessoa com deficiência ao mundo do trabalho? Embora esta pergunta pareça não fazer sentido diante da conquista por um amputado das duas pernas, que usa próteses de fibra de carbono e obteve o direito de competir em igualdade de condições com velocistas sem deficiência, a verdade é que a exceção representada por ele, Oscar Pistorius, nas competições esportivas, está muito longe de refletir as condições encontradas pelos profissionais com deficiência no trabalho, particularmente no Brasil.

Quando pensamos que o verdadeiro conceito de mundo acessível não diz respeito apenas à eliminação das barreiras físicas, nas vias públicas, nas construções e no mobiliário, mas também, e principalmente, à eliminação das barreiras existentes nas relações entre as pessoas, cujas atitudes podem originar e manifestar preconceito e discriminação, concluímos que tal mundo ainda está muito distante de nós.

Portanto, ao abordarmos a questão da “acessibilidade ao trabalho” para a pessoa com deficiência, já começamos estabelecendo um foco específico para a atividade laboral com essa expressão e consolidando a idéia de que o trabalho é um valor humano em si mesmo e representa um parâmetro que está muito além de um simples instrumento de inclusão social. Da mesma forma, essa maneira de se referir à questão lhe atribui uma amplitude maior do que as definidas por “acessibilidade no trabalho” e “acessibilidade e trabalho”.

As insuficiências dessas duas expressões, que devemos evitar aqui, são, no primeiro caso, a consideração apenas dos aspectos arquitetônicos e de mobiliário que favoreçam a circulação no ambiente do profissional com deficiência, e, no segundo caso, a apresentação de acessibilidade e trabalho como elementos distintos, o que até pode servir para análises geralmente críticas.

A partir desse entendimento no campo do trabalho, fica evidente que as mesmas condições de anterioridade e abrangência permeiam a acessibilidade na educação, na saúde, no lazer e em todos os aspectos da vida de uma pessoa com deficiência. Indo mais longe, a idéia de mundo acessível deixa de ser restrita a um grupo de pessoas e ganha a mesma importância que têm as questões do meio ambiente, da distribuição da riqueza e da liberdade. Acessibilidade passa a ser sinônimo de equilíbrio entre homem e natureza, de padrões superiores de vida, com mais acesso à tecnologia e aos bens de consumo, e de pleno exercício da democracia e dos direitos humanos, a partir da livre circulação da informação e sua adequação às necessidades específicas das diferentes deficiências.

Fechando o foco no dia-a-dia das empresas, que têm suas instalações e rotinas de trabalho de modo geral estabelecidas muito antes de sequer se pensar na pessoa com deficiência fora de casa, onde vivia aprisionada pela baixa auto-estima, pelo preconceito e pela discriminação, em primeiro lugar é preciso acabar com o mito de que o profissional com deficiência requer atenção especial, pessoal e psicologicamente falando, quando é unicamente necessário que seja atendida sua necessidade específica, como software para cegos ou banheiro adaptado, por exemplo, e para isso serve o extraordinário avanço da tecnologia que vivemos.

Em segundo lugar, mais que acabar, é preciso combater sem tréguas a idéia de que as falhas do profissional com deficiência devem ser toleradas além dos limites estabelecidos para todos os outros, em razão da sua deficiência. Tal atitude, em vez de ajudar, como podem supor colegas bem intencionados, reforça a segregação e certamente levará a pessoa falsamente beneficiada à depressão e à baixa auto-estima.

Terra dos Homens festeja o Dia da Criança em Mangueirinha

Ao fundo, dupla de profissionais da Terra dos Homens animando a festa das crianças

A Terra dos Homens comemorou o Dia da Criança com cerca de 150 crianças e adolescentes da comunidade de Mangueirinha, em Duque de Caxias/RJ, onde desenvolve o Projeto Raízes Locais. A festa aconteceu no dia 16 e a diversão foi garantida por roda de capoeira, dança e muita recreação. Para animar ainda mais, o projeto social Circo Baixada, de Queimados e parceiro da Terra dos Homens, apresentou um número com malabares feito por crianças do seu projeto.

O evento reuniu representantes da comunidade, crianças que participam de outros projetos sociais da região e famílias atendidas. “A festa foi um sucesso. Meus filhos adoraram! A Terra dos Homens está de parabéns e é ótimo saber que eles podem trazer mais opções de lazer pra comunidade, além da oficina de bijuterias que o projeto já oferece”, disse Maria da Penha Rodrigues, mãe de quatro filhos.

A boa presença do público fortalece e respalda ainda mais o projeto executado pela Terra dos Homens, que busca a reintegração familiar de 73 crianças e adolescentes e 12 famílias da comunidade.

Ainda como parte das atividades do Projeto Raízes Locais, no dia 28, em uma ação em parceria com o SESC de Caxias, foi oferecida uma oficina de higiene bucal com aplicação de flúor e uma palestra sobre prevenção do câncer de mama.

Um café da manhã com reflexão e participação

Conselheiros, associados e integrantes da equipe da Terra dos Homens reuniram-se dia 29 num café da manhã, na sede da organização, para a apresentação do projeto Raízes Locais, de Duque de Caxias, e de informações financeiras e administrativas. No encontro, foi exibida uma versão reduzida do documentário Ônibus 174, editada segundo uma visão da instituição. O vídeo proporcionou uma rica discussão, pois narra a história de um ex-menino de rua que seqüestrou um ônibus, na zona sul do Rio de Janeiro, e acabou sendo morto no desfecho do episódio. O documentário é utilizado pela Terra dos Homens para ressaltar a importância do trabalho de prevenção de situações de risco que muitas crianças e adolescentes vivenciam.

Fonte: Blog da Terra dos Homens

Enfrentando a violência sexual contra crianças e adolescentes

O I Congresso Brasileiro de Enfrentamento às Violências Sexuais contra Crianças e Adolescentes será realizado no Rio de Janeiro, de 25 a 28 de novembro, simultaneamente ao III Congresso Mundial de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O Riocentro abrigará os dois eventos e as inscrições para o Congresso Mundial terminam hoje, dia 31.

A Terra dos Homens participará dos dois congressos e convida a sociedade carioca a também participar, se inscrevendo ou acompanhando as discussões e resoluções dos congressistas. Da mesma forma, a instituição convoca a mídia para fazer uma cobertura condizente com a alta relevância do tema na realidade brasileira dos dias atuais.

Fonte: Blog da Terra dos Homens

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UNICEF lançou dia 23/10 ação de mobilização contra a exploração sexual de crianças e adolescentes
(Clique aqui para saber mais)

Sem saber o que fazer, o jeito é esperar para ver

MILTON COELHO DA GRAÇA

Foi essa a verdadeira moral da decisão de manter a maior taxa real de juros do mundo, tomada nesta quarta-feira, por unanimidade, pelo Conselho Monetário Nacional. Aplausos gerais de todos os executivos de bancos, que continuarão a tirar o maior proveito de uma taxa nominal de 13,75% sobre os títulos de dívida do país e os depósitos compulsórios no Banco Central. O objetivo central é máxima prioridade para a estabilização da moeda, mesmo que isso beneficie quem vive de renda e não de empreendorismo e trabalho.

Um dia antes, o Federal Reserve Bank, BC americano, havia baixado a taxa nominal de 1,5% para 1% ao ano com uma inflação superior a isso e, portanto, taxa real negativa. Ou seja, a idéia principal para enfrentar a crise global é colocar a política monetária a serviço do estímulo à economia real, incentivando as empresas a contratar gente, botando cabeças e máquinas para funcionar, reativando a busca do crescimento.

Ao mesmo tempo, o Federal Reserve abriu ao nosso BC uma linha de acesso rápido a 30 bilhões de dólares em troca de crédito semelhante em reais. A idéia é reforçar a liquidez (disponibilidade de dinheiro) e a política cambial.

Mas, mesmo com essas medidas, a grande maioria dos economistas e analistas começa a rever rapidamente as estimativas anteriores de crescimento econômico do Brasil para o próximo ano, colocando-as entre 2,8% e 2,2%. Como nossa população aumenta anualmente cerca de 1,4%, a renda per capita aumentaria entre 0,8 e 1,4%. Como a desigualdade tem se acentuado e a crise aguça essa tendência, o velho conselho de Moreira da Silva é mais atual do que nunca para o pessoal que ganha de 1 a 5 salários mínimos: “se segura, malandro”.

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LULA TEM PLANO A E PLANO B. QUE TAL PLANO L?

A crise internacional e o resultado das eleições municipais começam a coçar uma parte do PT a novamente levantar a tese do terceiro mandato, sob o argumento de que Lula é o melhor nome para guiar o país através da séria tormenta econômica (e, muito possivelmente, também política) que viveremos nesse próximo futuro.

Vai ser difícil colar, mas em quem mais – o argumento seria ótimo em um plebiscito – a maioria do povo poderia confiar para um grande esforço nacional, especialmente se começarem a espoucar por esse mundo afora focos violentos de insatisfação (uma hipótese temida por respeitados nomes da política e da economia)?

Dilma Roussef, após seu primeiro banho de campanha eleitoral, continua disponível para o plano B. Mas ela tem alguns problemas de biografia para ser aceita por todo esse amplíssimo arco-iris, dos grandes bancos às centrais sindicais e milhões de beneficiários dos programas sociais federais.

Não esquecer que nosso Presidente, além do prodigioso cérebro político, é “fisicamente” um retrato do povo brasileiro, a quem os ternos Armani, gravatas francesas e barba bem feita até realçaram a facilidade e o jeito especial de se comunicar, tanto com o pessoal lá das bandas de Garanhuns, como dos pátios de fábricas e tchurmas de periferias urbanas.

Mais uma coisinha: com toda a certeza ele e d. Marisa adoram o Planalto e, em 2014, ele estará inteiraço com apenas 68 anos e pronto a fazer o sacrifício de nos comandar os oito seguintes. Tudo isso é para explicar que,seja qual for o nome apoiado em 2010, Lula precisará ter certeza ABSOLUTA de que essa pessoa não pensará em reeleição. Sob juramento de sangue, desde o primeiro dia de mandato, deverá dedicar-se ao retorno triunfal do companheiro.

Não há nomes confiáveis para isso fora do PT. E Dilma veio de outro time, não das fábricas, nem do núcleo original do partido, não viveu os desafios dramáticos de não votar em Tancredo, de não assinar a Constituição, de três derrotas eleitorais. Quem? Pallocci, Mercadante, Chinaglia, Tarso. Pallocci depende de absolvição pelo Supremo, que tem votado sistematicamente em defesa dos direitos da cidadania e dificilmente perdoará a violação do sigilo bancário de um caseiro?

Imagino (Duda Mendonça, o que é que você acha?) que o presidente esteja pensando em outros planos porque a estratégia, a popularidade, a confiança no juramento e a bênção eleitoral fluiriam melhor do metalúrgico Lula para um Plano L, tendo como personagem outro metalúrgico Lula: Luiz Marinho, presidente de Sindicato e da CUT, agora prefeito e guardião da pia batismal do PT em São Bernardo.

28.10.08

CVI entra com representação no MPF em defesa da audiodescrição

O CVI – Brasil – Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente, órgão oficial que congrega os centros de vida independente existentes no Brasil, entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Portaria nº 661 que suspende inconstitucionalmente a obrigatoriedade da implantação de audiodescrição nos meios de comunicação do Brasil.

A portaria nº 310, de 27/06/2006, estabeleceu o prazo de 24 meses para a implementação da audiodescrição, prazo esse que se exauriu em 28 de junho último. Inopinadamente, o Ministério das Comunicações editou a Portaria nº 403, de 27/06/2008, descumprindo os prazos do Decreto nº 5.645, de 2005, que fixou o prazo impostergável de 120 dias para que o Ministério regulamentasse a matéria sobre a audiodescrição. Sendo assim, a atitude do referido Ministério é absolutamente ilegal, já que não detém poderes para suspender prazos legais e, muito menos, para descumpri-los. Este órgão público também fere preceitos constitucionais já que o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Decreto Legislativo nº 186/2008, com equivalência de emenda constitucional e com aplicação imediata, como toda norma de direitos humanos.

Outra atitude reprovável do Ministério é que a Portaria nº 661 prorroga o prazo para uma consulta pública para 30 de janeiro, época de férias e de desmobilização de todos, seguida pelo Carnaval; sinalizando que este prazo pode ser ampliado ainda mais, ou seja, a decisão sobre o início da audiodescrição pode ficar adiada sine die.

É inadmissível que o interesse das emissoras de televisão se sobreponha ao direito das pessoas com deficiência de participar em igualdade de condições em todos os âmbitos da sociedade brasileira. Lembrando que as emissoras detêm concessão, permissão e autorização do Governo Federal.

O CVI-Brasil, como órgão de defesa dos direitos das pessoas com deficiência no Brasil, espera que sejam tomadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis para garantir que as especificidades de todas as pessoas humanas sejam respeitadas, assegurando-se a presença da acessibilidade – recurso de audiodescrição – com o cumprimento imediato dos artigos 9º e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo nº 186 / 2008), por se tratar de direito e de uma garantia fundamental, com aplicabilidade imediata, nos termos do artigo 5º, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988.

Contato com a imprensa: Alexandre Baroni, presidente do CVI-Brasil

E-mail: xandao@wnet.com.br

“Do Luto à Luta”

O Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) convida-o(a) a assistir ao filme “Do Luto à Luta”, do diretor Evaldo Mocarzel. A exibição será realizada pelo Curso de Extensão “Direitos Humanos em Tela”, dia 29/10, às 15h, no Auditório Manoel Maurício, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Campus da Praia Vermelha. Em seguida, haverá um debate com a professora Mariléia Inoue (ESS/UFRJ) e Claudia Grabois (Presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down).

End.: Av.Pasteur 250 - Praia Vermelha

A derrota de Paes

Blog da Cora Rónai, 26/10/2008:

A derrota de Paes

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.

Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante.

Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso ficou com uma quadrilha de aliados que não deixa nada a dever àquela que ele acusava o presidente Lula de comandar.

Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas para o Crivella, para o Lupi, para o Piciani, para a Clarissa Garotinho, para o Roberto Jefferson, para a Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para a Jandira… estou esquecendo alguém?

Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o desprezo mais profundo de metade do eleitorado.

Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um momento histórico, em que a prefeitura seria, afinal, ocupada por um homem de bem, com idéias novas e um novo jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio de Janeiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas décadas, e ganhar projeção pela singularidade da sua administração.

Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção.

Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante “Liberou geral!”

Nojo, nojo, nojo.

Paes descumpre promessa e já abre o governo a partidos

O Globo, 28/10/2008:

Paes descumpre promessa e já abre o governo a partidos
Primeiro secretário anunciado pelo prefeito eleito não é o da Saúde, mas o da Casa Civil

PROMESSAS DESCUMPRIDAS

1 - Não faria nomeações políticas: ontem houve reunião de seu vice, Carlos Alberto Muniz, que é dirigente do PMDB, com representantes do PT e de outros partidos em que foi combinada a partilha dos cargos.

2 - O primeiro ato seria anunciar o secretário de Saúde. Anunciou o futuro chefe da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, do PSDB.

3 - As primeiras UPAs seriam no Méier e em Madureira. As duas primeiras serão na Zona Oeste.

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27.10.08

A vitória de Gabeira

Balaio do Kotscho, 26/10/2008:

Lula Vieira/exclusivo: “A vitória de Gabeira”

O publicitário Lula Vieira, o Washington Olivetto dos cariocas, é meu amigo. Aos 61 anos, paulista da Lapa, fez sua carreira de muito sucesso no Rio. Já a meio caminho do primeiro turno, entrou de cabeça na campanha de Fernando Gabeira.

Pedi a ele no começo da semana que me contasse como foi por dentro esta campanha absolutamente fora dos padrões da política brasileira _ os bastidores, as dificuldades, as discussões internas, a luta para chegar ao segundo turno, a onda que se formou nas últimas semanas indicando que era possível ganhar.

Hoje, bem no dia da eleição, ele arrumou um tempinho para me escrever. Tentou o dia todo falar comigo, mas meu celular não estava funcionando. Só agora, quase 11 da noite, recebo este belo depoimento de Lula Vieira, que repasso aos leitores do Balaio. Nele ficamos sabendo como Gabeira perdeu, mas ganhou as eleições no Rio:

“Escrevo ao meio dia de domingo, antes de encerrar a votação aqui no Rio de Janeiro, com as pesquisas de intenção de voto indicando empate técnico entre os dois candidatos a prefeito, Fernando Gabeira e Eduardo Paes.

Trabalhei para Gabeira desde quando ele tinha 4% das intenções de voto e era um candidato tão pequeno que nem mereceu ser entrevistado pelo RJTV, que restringia o supremo prestígio de ser ouvido pelos repórteres àqueles que tivessem algo acima de 5% das intenções de voto.

Invariavelmente Gabeira aparecia na condição de “outros” quando os jornais e as emissoras de televisão falavam dos candidatos. O que mais ouvi neste mês de agosto foi que sem dúvida Gabeira era o melhor nome para a Prefeitura, mas que infelizmente não teria a menor chance.

Os eleitores mais conscientes tratavam de escolher “o menos pior” entre os que poderiam ganhar, Jandira Fegali, Bispo Crivella e Eduardo Paes. Essa difícil e desanimadora escolha ficava entre Jandira e Paes, pois “Crivella nunca”, pelo menos na ótica – como eu já disse – dos mais conscientes. Ou dos mais bem informados, sei lá.

Uma revista semanal, acredito que a IstoÉ ou Época (Veja tenho certeza que não foi) chegou a apelidar Gabeira de “Candidato Carrossel” por girar, girar, girar e não sair do lugar. Fui procurado pela mulher de Gabeira, Neila Figueiredo, e selamos o trabalho em conjunto no dia do velório de dona Ruth Cardoso, no aeroporto Santos Dumont, que permanecera fechado durante toda manhã.

Teria total liberdade, desde que não resolvesse criar um Gabeira de mentira. A restrição a qualquer tipo de maquilagem ia até mesmo à própria maquilagem. “As rugas são as marcas do tempo no rosto dele, devem ficar”. Não seria necessária a advertência. Mas fiquei contente por ouvi-la.

Acho que os marqueteiros são responsáveis pelo esvaziamento do conteúdo verdadeiro dos candidatos, embora não tenham culpa na falta de caráter e na compulsão pela mentira. Essas características o sujeito já traz de casa, ou de berço, como queiram.

Dias depois, na minha casa, traçamos o rumo da campanha: não atacar o adversário, ser absolutamente transparente, não sujar a cidade. A transparência deveria ir até mesmo no caixa da campanha: nada de Caixa 2, não receber dinheiro de companhia de ônibus nem de cooperativa de taxi, pagar e receber tudo “por dentro” e colocar todas as movimentaçõs imediatamente na Internet.

Se você for até o site da campanha vai achar lá o ítem “Ebulição”. É a nossa empresa. Todos os pagamentos que recebemos (e pagamos os impostos) estão lá. Para os padrões brasileiros, o dinheiro da campanha era quase pobre.

Como vantagem tínhamos a melhor equipe que a ideologia pode comprar: Moacir Góis na direção do programa de televisão, João Paulo na edição, Moacir Padilha dirigindo o rádio, Carlinhos Chagas na redação, e por aí afora.

Gente que se dispôs a trabalhar por menos da metade do que poderia cobrar, mas que se sentia recompensada pela oportunidade de se engajar na campanha de um candidato digno, limpo, idealista, agradável.Coisa raríssima nestes dias que correm.

Uma noite, logo nos primeiros dias, o Campanelli da MCR apareceu com um jingle de estarrecedora simplicidade, mas com potencial de se tranformar num mantra: “O Rio é de Gabeira…Gabeira…Gabeira” num ritmo classificado de “marchável”, meio hip hop, um chiclete de ouvido irresistível.

Fizemos um santinho, uma equipe se encarregou do site, nos concentramos nos programas de TVe rádio e entregamos a Deus, que com certeza deve ter pensado “Crivella nunca”. Tanto é verdade que Crivella, que vinha liderando as pesquisas, se envolveu com o escândalo de uma obra que se chamava “cimento social” e serviu como pá de cal para suas pretenções, com perdão pelo trocadilho.

Teve até a participação de um militar alucinado que entregou uns garotos para serem chacinados por uma gangue do tráfego. Tudo respingou no Bispo e no seu discurso messiânico de ungido pelo céu e por Lula. Só no discurso dele, pois ambos não quiseram se comprometer.

Tivemos a imensa vantagem de termos bom tempo na TV e no rádio, cerca de cinco minutos, e de não sermos ameaça para ninguém. Por isso pudemos apresentar Gabeira com toda calma, como alguém capaz de ter uma visão mais aberta, mais moderna, mais cosmopolita para os imensos problemas da cidade.

Eduardo Paes veio como o grande síndico que se preparou durante dezessete anos para ser prefeito. Dizia conhecer cada pedra, cada buraco da cidade. Prometeu instalar 40 UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento), uma espécie de Centro de Saúde feito rapidamente e outras coisinhas que transformariam o Rio de Janeiro numa Finlândia em apenas 4 anos.

Jandira, por ser médica, centrou seus esforços na saúde e Crivella era o amigo dos pobres. Jandira parecia ter acabado de acordar no meio de um plantão: nervosa, desgrenhada, vestido aparentemente amassado.

Entre os nanicos, o candidato do PT resolveu transgredir a mais sagrada das normas da televisão e passou o tempo todo falando de lado, para um ponto à esquerda do espectador. Bonitinho, bonzinho, arrumadinho, era o bom filho, o bom colega e o bom professor.

Todos sabem que realmente é um homem direito, mas ficou bonzinho demais, arrumadinho demais. Falou bastante, mas todo mundo se perguntava porque ele olhava para o lado. Chico Alencar é o Chico Alencar, veio de Chico Alencar e falou como Chico Alencar. Levou os votos de Chico Alencar. Meia dúzia.

Os demais se confundiam com os candidatos a vereador. Um deles tinha um belo slogan: “quem pica cartão não vota em patrão”. Em conjunto eles iam implantar o socialismo, destruir a Rede Globo e conduzir os povos à libertação, à verdadeira democracia e à divisão justa de renda.

Chega o dia da eleição e, para estupor geral, Gabeira – o candidato Carrossel, o sem chance, o nanico do bem, tira um magnífico segundo lugar e vai para o segundo turno, juntamente com Eduardo Paes, candidato do governador e do presidente. O

O espanto maior, no entanto, foi dos institutos de pesquisas que até o dia anterior davam como certa presença de Crivella como adversário de Paes. Neste mesmo dia, Gabeira virou maconheiro, viado, defensor do aborto e da prostituição, nefelibata e tudo mais que é possível se falar contra um político brasileiro.

Só não poderia ser demagogo, mentiroso e ladrão porque no caso do Gabeira é impossível se falar isso dele. Nas primeiras semanas todos os derrotados se aliaram ao Paes, que passou a ser candidato da máquina estadual, nacional e universal (do Reino de Deus).

Lula falou de Paes, Cabral falou de Paes, Crivella falou de Paes, Jandira falou de Paes. Até Molon do PT e Vladimir Palmeira se aliaram a Eduardo Paes. O solitário apoio a Gabeira veio de César Maia, o único prefeito do mundo que surtou e virou blogueiro em pleno mandato.

Quer dizer, vieram dar apoio, além de Cézar Maia, Caetano Veloso, Fernanda Torres, Adriana Calcanhoto, Alceu Valença, Debora Colker, Oscar Niemayer, Gustavo Lins, Alcione, Wagner Moura, Martinália, Pedro Luiz, Marina Lima, João Bosco, Paula Toller, Frejat, Nelson Mota, Armínio Fraga, Aécio Neves e mais oito mil voluntários.

Logo no comecinho me lembro de uma passagem de Gabeira. Um político, dos mais conceituados, propôs a Gabeira começar a mostrar os podres da turma de Paes, um amplo arco de alianças que iam do famoso Piciani a Jorge Babul, passando por uma varidíssima fauna de pessoas sobre as quais não resta a menor dúvida.

Gabeira respondeu: “eu prometi não atacar adversários”. O interlocutor não deixou por menos: “então você vai perder”. Gabeira respondeu firme: “então eu vou perder”. Noutra ocasião, um empresário, que já foi meu cliente, liga oferecendo dinheiro para a campanha. Gabeira instrui o financeiro: “você já sabe, quando empatar com as despesas, pare de receber qualquer dinheiro”.

Nunca antes na história deste país um político se dispôs a receber somente o dinheiro necessário para a campanha. Fizeram de tudo, de tudo mesmo, até a suprema burrice: mandar imprimir na Gráfica da Ediouro, de quem sou Diretor de Marketing, um folheto contra Gabeira.

Ninguém acreditou nem vai acreditar, mas tal como Lula, eu não soube de nada, a não ser quando o TRE confiscou o material, que por sinal estava dentro da Lei, com nota fiscal e tudo. Paes ficou repetindo o bordão: “Gabeira é apoiado pelo César Maia, Gabeira é apoiado pelo César Maia, Gabeira é apoiado pelo César Maia”.

O engraçado é que todo o currículo de grandes realizações de Paes foi como subprefeito, e secretário… de César Maia. Que raça! No telefone, Gabeira fala de uma vereadora: “ela é analfabeta política…está fazendo política suburbana”. Os jornalistas ouvem e dão a notícia.

Mais um bordão: “Gabeira é preconceituoso, Gabeira é preconceituoso, Gabeira é preconceituoso”. Milhares de faixas são impressas: “sou suburbano com muito orgulho”. Uma feijoada é oferecida aos suburbanos ofendidos e Noca da Portela e outros menos votados dão apoio a Paes, o amigão do subúrbio.

Cria-se uma situação irreal. Gabeira, menino pobre, que vendia banana e ovo para ajudar o pai, professor voluntário na Zona Norte, vira o “candidato dos ricos”, enquanto Paes, menino da Zona Sul, estudante de colégios caros e da PUC, quer se consagrar como “o candidato dos pobres”.

Paes, 38 anos, cara de garotão é o velho matreiro, conhecedor dos meandros da política, o experiente. Gabeira, 68 anos é o jovem, impetuoso, novidadeiro, contemporâneo. E começam os debates. Até o último, da TV Globo na sexta-feira anterior ao domingo da votação, foram 7 deles.

Gabeira venceu sempre, na opinião dos internautas. Alguns momentos foram muito bons. Por exemplo, quando Paes afirmou que se preparava a vida inteira para ser prefeito do Rio, Gabeira respondeu: “pois eu me prepararei a vida inteira para… a vida inteira”.

Ou, então, quando Paes disse que seria necessário saber que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”, recebeu como resposta: “a esta altura da vida eu já sei”.

Vladimir Palmeira pode nesta eleição ter batido o recorde mundial de ingratidão. Gabeira sequestrou o embaixador americano para que Vladimir, entre outros presos políticos, pudesse ser libertado. E Palmeira decidiu apoiar Eduardo Paes.

Por falar em embaixador sequestrado, a filha do próprio fez absoluta questão de declarar seu apoio a Gabeira. E contou que o pai dela tinha boas recordações dele. Na imprensa escrita, inaugurou-se um novo tipo de colunismo: o de crítica a horário eleitoral gratuito. Como se fosse novela.

O Globo e o Jornal do Brasil tiveram seus colunistas que diariamente comentavam sobre roupa, postura, edição. O colunista do JB, se sentindo obrigado a fazer uma gracinha por dia, algumas vezes se perdeu na busca do humor.

A certa altura, como o programa de Gabeira fazia enorme sucesso com seus clipes de cantores, Paes colocou no seu programa a entrevista de uma jovem na rua que afirmou: “eu quero ver propostas, não musiquinhas bonitas”. Nem na Noruega se vê tanta participação cidadã.

Uma jovem exigir dos candidatos a apresentarem suas propostas de governo é tão natural quanto as donas de casa que afirmavam que Paes no seu tempo de sub prefeito entrou na lama até a cintura para ajudar as pessoas assoladas por uma enchente.

Uma enorme demonstração de incompetência de seus auxiliares foi não encontrar uma única foto registrando o heróico feito. Hoje o eleitor decide quem é o prefeito do Rio de Janeiro. O resultado sairá dentro de algumas horas. Seja qual for o vencedor, Gabeira sai muito maior do que entrou.

É um político que pode se orgulhar do respeito de todos, inclusive de seus adversários, que jamais colocaram em dúvida sua honradez e honestidade. Outra vitória de sua candidatura foi a de trazer para milhões de pessoas a informação de que é possível se fazer politica com seriedade.

Trouxe também a participação dos jovens, entre os quais, as pesquisas eram unânimes em apontá-lo como o candidato preferido. Nesta eleição não se ouviu o tradicional discurso do “político é tudo igual”, principalmente por parte deles.
Gabeira demonstrou que os políticos, como as pessoas, são diferentes. Sua campanha termina com a marca da elegância, do bom humor e do amor pelo Rio de Janeiro. O Rio foi votar sorrindo. Essa é a grande, a enorme vitória de Fernando Gabeira”.

Brasileiro é candidato a Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

Agência Inclusive, 27/10/2008:

Brasileiro é candidato a Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

O Procurador do Trabalho Ricardo Tadeu Marques da Fonseca foi indicado pelo governo brasileiro como candidato a uma vaga no Comitê Internacional de Especialistas responsável por monitorar a aplicação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência nos países que ratificaram o documento.

O Comitê será composto por 12 peritos que terão mandato de 4 anos e serão responsáveis pela análise dos relatórios apresentados pelos Estados-partes e denúncias de violação da Convenção.

A votação acontecerá em Nova York, durante a Conferência dos Estados-Partes sobre a Convenção, dias 31 de outubro e 3 de novembro, e só poderão votar os países que já internalizaram o documento.

Vinte e três países entre os que ratificaram a Convenção fizeram indicações. O brasileiro concorre diretamente com outros 7 candidatos da região – Argentina, Paraguai, Panamá, Chile, Peru, Jamaica e Equador.

Ricardo Tadeu Fonseca, tem 49 anos e é cego. É autor de várias publicações na área da pessoa com deficiência. Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito pela USP e bacharel em Direito também pela USP, tornou-se Procurador do Trabalho por concurso público de âmbito nacional em 1991.

O Congresso brasileiro aprovou a Convenção como primeiro tratado internacional a receber status constitucional em julho deste ano. Até o momento 136 países assinaram a Convenção e 41 ratificaram o documento.

Mas não era o secretário de Saúde?

O Globo Online, Ancelmo.com, 27/10/2008:

JÁ COMEÇOU
Mas não era o secretário de Saúde?

Mas o primeiro secretário anunciado por Eduardo Paes, segundo promessa dele mesmo, não seria o de Saúde? Pois ainda agorinha, no RJ TV, o prefeito eleito revelou o nome… do secretário de Governo, Pedro Paulo, deputado estadual tucano.

Além da promessa não cumprida já no primeiro dia, fica ainda a impressão de que a negociação política está na frente da saúde. É pena.

Para cobrar de Paes

As principais promessas feitas pelo candidato durante a campanha:

TRANSPORTE

1. Implantar o bilhete único, que permite ao usuário pegar mais de uma condução pagando só uma tarifa. Mas o sistema terá de se sustentar sozinho. “Não vou subsidiar empresas de ônibus”.
2. Licitar as cerca de 400 linhas de ônibus do município e reorganizar o sistema.
3. Legalizar e licitar as linhas de vans, e regulamentar o transporte complementar.
4. Ajudar o estado a implantar a linha 4 do metrô, da Barra a Botafogo (orçada em R$1,2 bilhão).
5. Ajudar o estado a implantar o novo trajeto da linha 2 do metrô, para evitar baldeação no Estácio.
6. Fazer a ligação entre a Barra e os subúrbios de Madureira e Penha, por meio de ônibus articulados, o projeto T-5.
7. Pôr limites de velocidade diferentes à noite em áreas consideradas de risco. Também substituir os pardais por lombadas eletrônicas, visíveis. Sincronizar os sinais de trânsito.
8. Renovar a frota de ônibus para dar acesso aos deficientes.
9. Ajudar a Supervia a adquirir novos trens.
10. Regulamentar os pontos de embarque e desembarque de vans e reduzir a taxa do Darm (Documento de Arrecadação Municipal) das vans.
11. Dar meia-passagem a universitários. Criar passe livre para pessoas com tratamento continuado na rede municipal de saúde.
12. Expandir os postos GNV.

TRIBUTOS

13. Não aumentar o IPTU. Engordar a receita por meio da base de arrecadação.
14. Implantar a nota fiscal eletrônica, que permite acompanhar on line a emissão de comprovantes que geram arrecadação de ISS. O sistema é um meio de aumentar a arrecadação sem subir impostos.
15. Criar parcerias com os governos estadual e federal visando dar incentivos fiscais às empresas que empregarem o deficiente.
16. Reduzir o ISS das áreas de tecnologia, turismo e seguros. Dar benefícios tributários às cooperativas de táxi.

EDUCAÇÃO

17. Acabar com a aprovação automática nas escolas da rede municipal de ensino.
18. Aumentar a rede de creches, triplicando o número de vagas. Oferecer 160 mil vagas nas pré-escolas, colocando todas as crianças de 4 e 5 anos.
19. Usar clubes e áreas afins para atividades extracurriculares de alunos da rede municipal.
20. Instituir aulas de reforço em todas as escolas municipais, contratar mais professores e investir em qualificação e remuneração.
21. Criar o Pró-Técnico, de bolsas em cursos técnicos.
22. Ampliar a rede de vilas olímpicas e criar programas de prevenção às drogas nas escolas.
23. Ampliar o Ônibus da Liberdade (transporte gratuito a alunos).
24. Criar o Fundo Municipal de Apoio à Pesquisa.

LIXO

25. Não levar o aterro sanitário para Paciência.
26. Criar um programa de reciclagem de lixo.

FAVELAS

27. Aproveitar áreas abandonadas ao longo da Av. Brasil para construir unidades habitacionais.
28. Ampliar o PAC das Favelas nos grandes complexos, como Lins e Penha.
29. Continuar o Favela-Bairro, com adaptações para retomar a concepção original.
30. Ampliar os Pousos para fiscalizar construção em favelas. “Não vou permitir novas ocupações”.
31. Para ter o apoio do candidato derrotado do PRB, Marcelo Crivella, prometeu implementar o Cimento Social, com adaptações.
32. Pôr em prática o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, para aplicar R$50 milhões, por ano, no financiamento de cem mil casas populares. Os recursos seriam garantidos com a parceria entre estado e União, além do apoio da iniciativa privada.

SAÚDE

33. Ampliar o Programa Saúde da Família, que no Rio, hoje, tem cobertura de apenas 7%. Criar 60 consultórios de Saúde da Família, funcionando em três turnos.
34. Construir 40 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) 24 horas, com cinco milhões de atendimento por ano, retirando das filas dos hospitais 20 mil pessoas/dia. Méier e Madureira ganharão as primeiras UPAs.
35. Colocar os postos de saúde abrindo às 6h e fechando às 20h, com plantão permanente de clínicos, pediatras e ginecologistas.
36. Criar um gabinete integrado contra a dengue e um plano emergencial de combate ao mosquito. Contratar, logo, 1.850 agentes de saúde para isso. Postos de saúde e todas as unidades de saúde poderão fazer exame de sangue para diagnosticar a doença.
37. Assumir o papel de gestor pleno da saúde no município.
38. Criar um programa de atendimento domiciliar ao idoso. Criar 20 centros de convivência dos idosos. Readequar as instalações dos centros de saúde municipais pondo rampas, elevadores e outras facilidades.
39. Transformar postos de saúde em Clínicas da Família, com pediatria, ginecologia e odontologia.
40. Ampliar o programa Remédio em Casa para pacientes crônicos.
41. Construir o Hospital da Mulher, em Realengo; uma maternidade em Campo Grande, além de reativar a antiga Maternidade Leila Diniz. As gestantes que fizerem seis consultas de pré-natal vão receber um documento garantindo a maternidade onde terão o filho.
42. Construir cinco centros de reabilitação para deficientes.
43. Criar 150 equipes do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI) e implantar 20 Lares do Idoso.
44. Criar 50 equipes multidisciplinares nas escolas, com pediatra, ginecologista, oftalmologista, dentista, psicólogo, fonoaudiólogo e assistente social.
45. Converter unidades de saúde do município em Centros de Referência da Saúde da Mulher, com criação de cinco destes centros.
46. Criar o Hospital do Idoso, na Tijuca.
47. Melhorar o Hospital de Acari e o Paulino Werneck (com obras começando em 2009), aumentar o atendimento do Salgado Filho e do PAM do Méier, além de reequipar todos os hospitais municipais, contratando mais médicos e enfermeiros.
48. Criar três centros de referência para obesos.

ORDEM

49. Criar uma Secretaria de Ordem Pública, para o ordenamento e o combate a pequenos delitos. No início, vai priorizar a Tijuca.
50. Criar corredores iluminados nas áreas que concentram bares e restaurantes, como a Lapa. A Guarda Municipal combaterá os flanelinhas.
51. Adaptar os espaços públicos de lazer aos deficientes.
52. Recuperar e conservar a pavimentação das ruas.
53. Iluminar adequadamente as ruas, em particular os acessos aos corredores de transporte público, aos pontos de ônibus e às estações de trem e metrô.
54. Propor à Câmara um novo Plano Diretor.
55. Construir novos abrigos para população de rua.
56. Criar um centro de cidadania em Bangu.
57. Criar um mergulhão sob a linha do trem de Madureira.
58. Adotar o projeto Cidade Limpa, de São Paulo, para limitar a publicidade nas ruas.

CAMELÔS

59. Ordenar, regularizar as áreas em que pode haver camelôs, dar licença e fiscalizar. Mas “a Guarda Municipal não vai bater em camelô”.

APACs

60. Manter as Apacs, com as normas que protegem casarões e prédios de interesse cultural. Serão complementadas com estudos de impacto de vizinhança para construções em áreas adensadas.

ADMINISTRAÇÃO

61. Manter todos os benefícios do governo atual aos servidores municipais, como carta de crédito, plano de saúde, não cobrança da contribuição previdenciária dos inativos, e dar reajuste salarial anual. Não unir a previdência municipal à do estado.
62. Criar um sistema de acompanhamento orçamentário municipal pela sociedade. Discutir o orçamento cidadão, uma versão do orçamento participativo.
63. Instituir a Secretaria municipal da Mulher.

TURISMO E MEIO AMBIENTE

64. Levar saneamento básico a 100% da Zona Oeste em parceria com o governo do estado.
65. Recuperar as praias da Baía de Sepetiba, e as lagoas da Barra e de Jacarepaguá. Dragar os canais. Retomar o projeto Guardiões dos Rios, que contrata mão-de-obra comunitária para atuar na limpeza dos rios da cidade.
66. Implantar o projeto de reflorestamento Guardiões das Matas
67. Articular com investidores privados a construção e a concessão de um centro de convenções no Aterro do Flamengo. Estimular a expansão da rede hoteleira na Barra da Tijuca. Dinamizar o Centro de Convenções da Cidade Nova.
68. Transformar o Porto e o entorno do Maracanã em áreas turísticas. Investir na promoção da cidade no país e no exterior.
69. Transformar Copacabana em capital brasileira do turismo de terceira idade.
70. Captar recursos para despoluir a bacia de Jacarepaguá.

SEGURANÇA

71. Treinar a Guarda Municipal para trabalhar em cooperação com a polícia. A Guarda terá poder de polícia para combater o pequeno delito, terá seu efetivo aumentado e trabalhará 24 horas.
72. Reformular a Guarda Municipal com o fim do regime celetista, e aumento do efetivo, além de redistribuição da força pela cidade (ênfase na Zona Norte).
73. Equipar o efetivo da Guarda Municipal com armas não-letais e rádios de comunicação.
74. Valorizar as subprefeituras e redefinir seus limites de modo que coincidam com as Áreas Integradas de Segurança Pública.
75. Ampliar o programa Bairro Bacana em parceria com o governo do estado, priorizando áreas com alto índice de crimes de rua.
76. Multiplicar o número de câmeras de vigilância nos principais acessos aos pontos turísticos. Criar um corredor de segurança para o turismo.
77. Criar em parceria com o governo do estado uma nova Delegacia de Atendimento ao Idoso em Copacabana.
78. Apoiar iniciativas de combate à homofobia.

CULTURA E ESPORTE

79. Criar o Incentivo Jovem, para identificar iniciativas culturais e esportivas.
80. Criar um parque de lazer em Madureira. Recuperar o Imperator, no Méier.
81. Manter a terceirização da gestão do carnaval, licitando-a.
82. Conceder a Cidade da Música à iniciativa privada.
83. Criar um calendário cultural, tendo, a cada mês, 12 grandes eventos.

Fonte: Blog Democracia Política e Novo Reformismo.

Fluminense organiza festival de natação para pessoas com deficiência

O Fluminense Football Club sediou, na manhã do dia 25 de outubro, o I Festival de Natação Adaptada. O evento foi realizado no Parque Aquático Jorge Frias de Paula, nas Laranjeiras, e contou com a participação do vice-presidente dos esportes olímpicos do clube, Ricardo Martins, e do diretor de natação Renato Quaresma.

Criada há sete meses pela coordenadora Margarida Passos e pelo professor Felipe Desterro, a equipe da modalidade para pessoas comdeficiência tem 12 atletas, com paralisia cerebral (comprometimento físico) e síndrome de down (deficiência intelectual). São 11 andantese um cadeirante (Renan Silva).

Para o treinador Felipe Desterro, o objetivo é a inclusão dos integrantes da turma no desporto.

“O projeto está muito bonito. O Fluminense nos apóia da melhor maneira possível. Nosso objetivo é incluir esses atletas em outras competições e, quem sabe, levá-los para torneios mundiais e até para uma paraolimpíada”, explicou.

Feliz com o resultado do projeto, a coordenadora Margarida Passos, a Margô, espera que outros clubes criem núcleos para pessoas comdeficiência como acontece atualmente no Fluminense.

“Gostaria de concretizar um intercâmbio. Estou muito feliz com a realização desse festival. Ele será o primeiro de muitos”, afirmou.

Após o evento, cada nadador recebeu uma medalha comemorativa e a coordenadora do projeto, Margô, sorteou uma camisa oficial doFluminense autografada pelos jogadores do time de futebol profissional. O atleta Felipe Marins foi sorteado e recebeu o uniforme das mãos do diretor de natação Renato Quaresma.

Atletas da equipe de natação adaptada do Fluminense:

Felipe Marins, Gustavo Aratanha, Thiago Cabral, Felipe Oliveira, Renan Silva, Paulo Vitor Ferreira, Gabriel Wolak, Helio Ribeiro, Renata Souza, Gisela Montenegro e Taís Louzada.

26.10.08

Gabeira perde, mas faz discurso de vencedor

Folha Online, 26/10/2008 - 19h34:

Gabeira perde, mas faz discurso de vencedor

Depois de perder por uma diferença de menos de dois pontos percentuais a disputa no Rio de Janeiro, o candidato Fernando Gabeira (PV) agradeceu o apoio no Rio e disse que pretende colocar em prática “compromissos firmados” durante a campanha.

“Quero dizer que esse compromisso que firmei com o povo do Rio de Janeiro nessa campanha eleitoral será mantido. Não terei nas mãos o governo, mas poderei articular a sociedade e a iniciativa privada para que nós consigamos alguns resultados. A primeira experiência que vou desenvolver será a campanha contra a dengue”, disse.

“Pretendo colocar todos os recursos, que foram um pouco ironizados por aí, como por exemplo um programa de computador e também uma base aérea de levantamento que possa nos dar com precisão onde estão os pontos a serem atacados”, completou Gabeira.

Um palanque de dar medo

Jornal do Brasil, Sete Dias (Augusto Nunes), 26/10/2008:

Um palanque de dar medo

Paes e Gabeira – A guerra suja uniu todos os combatentes que temem a vitória da decência

Nascido no PV, criado no PFL, crescido no PSDB e homiziado no PMDB sob a proteção de Sérgio Cabral, Eduardo Paes garantiu um asterisco nos livros que contarão a história política do Rio como o candidato em torno do qual se costurou a mais multifacetada, estranha e inquietante de todas as alianças. Não existem parcerias improváveis, acordos impossíveis ou inimizades definitivas, avisaram os sorrisos reunidos no mesmo palanque. Não pelo carisma que Paes nunca teve, mas pelo medo provocado por Fernando Gabeira. A anunciação do triunfo nas urnas de um homem decente operou o milagre da colagem de escombros assimétricos.

“É hora de lamber as feridas e partir para a ofensiva”, sugeriu José Dirceu. Apavorados com a aproximação do futuro, desafetos juramentados trataram de tirar a mão do coldre para trocar afagos. O primeiro a esquecer ressentimentos fora o próprio Paes. Em 2005, ele acusou o presidente Lula de chefe de quadrilha, insultou o Primeiro Filho, recomendou o indiciamento de Dirceu e pediu cadeia para os mensaleiros. Para obter o perdão de Lula e a compreensão dos pecadores de outros partidos, o candidato topara até rastejar.

Por que os cabos eleitorais deixariam de seguir exemplo tão edificante? Horas mais tarde, dividiam tanto o palanque quanto o quartel-general da guerra suja pistoleiros que até ontem andavam trocando tiros. Roberto Jefferson com o seu PTB ficou logo ao lado dos mensaleiros do PP de Pedro Correia ou do PRB de Marcelo Crivella

Na ala dos fora-da-lei, trocavam frases carinhosas Carminha Jerominho (PTdoB), os irmãos Babu (PT), psicopatas do MR-8 e chefões de milícias assassinas. Abraçados, Vladimir Palmeira e José Dirceu enterraram agravos miúdos. Para que ficar remoendo, por exemplo, acidentes de percurso como o ocorrido em 1998?

Naquele ano, Vladimir foi proibido de disputar o governo do Rio por José Dirceu, então presidente nacional do PT. O veto foi exigido por Leonel Brizola, que condicionou o endosso à candidatura presidencial de Lula ao apoio do PT fluminense ao candidato do PDT a governador. Assim começou o longo mandarinato dos Garotinho.

Garotinho trocou o PDT pelo PMDB, mas a aliança juntou o partido do ex-governador, que lançou Sérgio Cabral, e o espólio pedetista agora administrado pelo ministro Carlos Lupi. Se algum gaiato gritasse “Teje preso” na fila do gargarejo de uma apresentação do bando, poucos deixariam de sair em desabalada carreira. Como não ouviram o berro, os aliados agiram à vontade. Distribuíram panfletos que qualificavam Gabeira de ateu, usuário de drogas, homossexual, candidato dos ricos. Paes passou o segundo turno fingindo ignorar o que mandara fazer.

Fez de conta que não sabia dos apedrejamentos de veículos em campanha pelo adversário, fez de conta que não houve ameaças anônimas às duas filhas de Gabeira. Sucessivamente afrontado, Gabeira mostrou como será o país no futuro. Não imprimiu panfletos ultrajantes, não fez nenhuma concessão eleitoreira, nem costurou acordos espertos.

“Paes está empenhado em ganhar a qualquer preço”, resumiu o jornalista Ricardo Noblat. É isso. Aos 38 anos, o candidato da aliança terminou a campanha de fraque, polainas e cartola. O sessentão Fernando Gabeira e seus muitos milhares de eleitores remoçaram a cara do Rio.

Deficientes sim, mas com muita reivindicação, orgulho e votos

NO PALÁCIO - Andrei protestou (Foto: Divulgação/Regina Cohen)

Jornal do Brasil, Eleições Municipais 2008, 26/10/2008:

INCLUSÃO SOCIAL
Deficientes sim, mas com muita reivindicação, orgulho e votos
Acessibilidade é a palavra de ordem dos ativistas que vivem na cidade

Idelina Jardim

Pessoas com deficiência decidem seus votos como outras quaisquer do ponto de vista cívico. A aparente diferença – a partir do ponto de vista de quem não vive esta realidade – está estampada na falta de ações de governantes e camufladas nas propostas de candidatos para uma parcela da população que ainda sofre preconceitos, apesar da importância nas urnas. O sonho de entrar no mundo da igualdade esbarra na falta de acessibilidade pelas ruas, escolas, transportes e prédios – privados e públicos.

A inclusão na educação, também dá um nó no assunto. Há o desejo de que ela seja especial em escolas convencionais, assim seriam de fato, incluídas na sociedade.

Em tempos de campanha, Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB) – questionados pelo Jornal do Brasil – prometeram atenção às necessidades dessas pessoas.

Paes considera um absurdo os transtornos enfrentados no dia a dia das pessoas com deficiências. O candidato do PMDB se comprometeu a mudar esta realidade.

– A má conservação de ruas e calçadas é um problema para todos e uma verdadeira tortura para idosos, deficientes visuais e pessoas com dificuldade de locomoção. Na maioria dos bairros do Rio as calçadas não têm rampas. Na minha administração elas serão adaptadas e a conservação vai ser feita de forma permanente. É preciso também fazer cumprir a lei que obriga a adaptação dos ônibus – promete.

O candidato quer ainda criar centros públicos de reabilitação conceder incentivos para que as empresas ampliem o acesso ao mercado de trabalho.

Gabeira também tem planos. Ele diz que seu governo vai atuar de modo que assegure seus direitos.

– A acessibilidade, independência e a autonomia são fundamentais para os cidadãos e a linha de atuação da prefeitura nessa área vai se orientar pelo desenho arquitetônico universal. Meu governo estimulará a adaptação de espaços públicos para facilitar o fluxo de todos. E aqui incluímos os cidadãos que chegam à terceira idade – assegura.

Gabeira destacou ainda que pretende ampliar a oferta de trabalho aos deficientes e será parceiro de setores da sociedade que atuam neste setor. Também disse que vai qualificar o acesso ao ensino especial e aperfeiçoar os professores para que os cerca de 6 mil deficientes que estudam na rede municipal tenham mais oportunidades no futuro.

Preferência por futuro

Para o cientista político da Universidade Cândido Mendes (Ucam), Wanderley Guilherme dos Santos, o critério de escolha dos candidatos por pessoas com deficiência não é diferente daquelas consideradas normais.

– Ambos os eleitores votam pelo futuro que consideram melhor para si próprio. É uma forma minha de avaliar o que faz com que uma pessoa decida por um voto. Mas não é freqüente na análise da ciência política, que considera a família, o status sócio-econômico, ou as preferências que aparecem nos meios de informação, alternativas influentes. Embora também acho que sejam importantes, creio que está faltando esse dado nessas análises como a preferência de futuro que o eleitor tem – ressalta Wanderley Guilherme.

***

Inclusão depende de mais acesso e menos obstáculos

O acesso à escola traz, além de um ato cidadão, a consciência política para as pessoas que tenham alguma deficiência.

– Se formos criteriosos e estudiosos, buscamos pessoas que nos represente da melhor maneira possível. Mas, muitas vezes, isso não é possível pela fragilidade dos candidatos. A forma pela qual uma pessoa é educada abre o poder de análise, aprofundando-o. Somos um eleitor como outro qualquer – diz a professora e chefe do gabinete da direção do Instituto Benjamim Constant, Maria da Glória de Souza Almeida, deficiente visual.

Ela também destaca que o modo de escolha de um candidato é baseado na análise de propostas, caráter, histórico do político etc.

O setor de transportes merece atenção, segundo a professora.

– Os ônibus estão muito ruins. As roletas na frente são obstáculos não só para o cego. Quantas vezes o motorista não nos vê! Assim, a pessoa com deficiência pode entrar num bueiro aberto, bater numa árvore, canteiro, orelhão ou outro obstáculo, porque a cidade também é desorganizada. Falta ordem urbana – critica.

Tradução na TV para surdos

A diretora do departamento técnico-pedagógico do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), Maria Cristina de Azevedo – traz à tona uma realidade invisível

– Acessibilidade a uma pessoa surda, é falar de legenda na TV, com tradução em libras para que ela possa ter acesso garantido à informação. Falta discutir isso. É preciso que elas sejam cidadãs de fato e exerçam seu direito de votar com propriedade. Elas escolhem seus candidatos analisando na medida do possível, porque quase não têm acesso às propostas. Os candidatos não se preocupam com esse eleitorado.

***

Com o trunfo de também ser um consumidor

Carregado de críticas, o músico e compositor Marcelo Yuka – que ficou paraplégico depois de levar seis tiros em novembro de 2000 quando tentava impedir um assalto na Tijuca, Zona Norte do Rio – destaca a falta de acessibilidade, que impede o direito de ir-e-vir.

– Até hoje, se tem a idéia de que os deficientes não são consumidores. A acessibilidade é uma coisa necessária tanto para o bebê, quanto para o idoso e o deficiente. Não é porque tenho uma deficiência que o meu problema é maior, faltam rampas nos transportes e na cidade, assim como banheiros adaptados – diz o ex-músico do Rappa.

Segundo Yuka, também falta cobrar de quem constrói.

– Tem que ter pressão em cima dos arquitetos, as pessoas que produzem o benefício da cidade. O Brasil é apontado como o país da arquitetura, mas e a acessibilidade? Somos 25 milhões de deficientes em todo o país. Não tenho partido, tenho fidelidade social, faço projetos sociais – desabafa.

O jornalista Andrei Bastos – que integra uma organização chamada Rede Inclusiva – junto com outras pessoas com deficiência, elaborou um conjunto de propostas de governo que os contemplem, especialmente sobre a acessibilidade nos transportes. Contou que o mesmo foi apresentado a Fernando Gabeira mas frisou que qualquer ocupante da prefeitura pode usá-lo. Para Andrei, a escolha do candidato é feita a partir de análise de propostas.

– Acho até que é um critério de muitas pessoas com deficiência na cidade. Votamos no candidato que oferece garantias de que vai resolver o problema da acessibilidade no transporte público no Rio de Janeiro. Essa questão é a mais importante, que precisa ser resolvida para que todas as outras, de inclusão social, também sejam – afirma.

Contou ainda que, em agosto, foi convidado para uma cerimônia no segundo andar do Palácio Guanabara, onde festejaria um convênio da Faperj com instituições de pessoas com deficiência. A falta de acessibilidade fez o local oferecer seguranças para carregá-lo.

25.10.08

Deficientes esperam mais atenção do próximo prefeito

JB Online, 25/10/2008:

ELEIÇÕES 2008
Deficientes esperam mais atenção do próximo prefeito

Idelina Jardim, Jornal do Brasil

RIO - Pessoas com deficiência decidem seus votos como outras quaisquer do ponto de vista cívico. A aparente diferença – a partir do ponto de vista de quem não vive esta realidade – está estampada na falta de ações de governantes e camufladas nas propostas de candidatos para uma parcela da população que ainda sofre preconceitos, apesar da importância nas urnas. O sonho de entrar no mundo da igualdade esbarra na falta de acessibilidade pelas ruas, escolas, transportes e prédios – privados e públicos.

A inclusão na educação, também dá um nó no assunto. Há o desejo de que ela seja especial em escolas convencionais, assim seriam de fato, incluídas na sociedade.

Em tempos de campanha, Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB) – questionados pelo Jornal do Brasil – prometeram atenção às necessidades dessas pessoas.

Paes considera um absurdo os transtornos enfrentados no dia a dia das pessoas com deficiências. O candidato do PMDB se comprometeu a mudar esta realidade.

– A má conservação de ruas e calçadas é um problema para todos e uma verdadeira tortura para idosos, deficientes visuais e pessoas com dificuldade de locomoção. Na maioria dos bairros do Rio as calçadas não têm rampas. Na minha administração elas serão adaptadas e a conservação vai ser feita de forma permanente. É preciso também fazer cumprir a lei que obriga a adaptação dos ônibus – promete.

O candidato quer ainda criar centros públicos de reabilitação conceder incentivos para que as empresas ampliem o acesso ao mercado de trabalho.

Gabeira também tem planos. Ele diz que seu governo vai atuar de modo que assegure seus direitos.

– A acessibilidade, independência e a autonomia são fundamentais para os cidadãos e a linha de atuação da prefeitura nessa área vai se orientar pelo desenho arquitetônico universal. Meu governo estimulará a adaptação de espaços públicos para facilitar o fluxo de todos. E aqui incluímos os cidadãos que chegam à terceira idade – assegura.

Gabeira destacou ainda que pretende ampliar a oferta de trabalho aos deficientes e será parceiro de setores da sociedade que atuam neste setor. Também disse que vai qualificar o acesso ao ensino especial e aperfeiçoar os professores para que os cerca de 6 mil deficientes que estudam na rede municipal tenham mais oportunidades no futuro.

Preferência por futuro

Para o cientista político da Universidade Cândido Mendes (Ucam), Wanderley Guilherme dos Santos, o critério de escolha dos candidatos por pessoas com deficiência não é diferente daquelas consideradas normais.

– Ambos os eleitores votam pelo futuro que consideram melhor para si próprio. É uma forma minha de avaliar o que faz com que uma pessoa decida por um voto. Mas não é freqüente na análise da ciência política, que considera a família, o status sócio-econômico, ou as preferências que aparecem nos meios de informação, alternativas influentes. Embora também acho que sejam importantes, creio que está faltando esse dado nessas análises como a preferência de futuro que o eleitor tem – ressalta Wanderley Guilherme.

Carregado de críticas, o músico e compositor Marcelo Yuka – que ficou paraplégico depois de levar seis tiros em novembro de 2000 quando tentava impedir um assalto na Tijuca, Zona Norte do Rio – destaca a falta de acessibilidade, que impede o direito de ir-e-vir.

– Até hoje, se tem a idéia de que os deficientes não são consumidores. A acessibilidade é uma coisa necessária tanto para o bebê, quanto para o idoso e o deficiente. Não é porque tenho uma deficiência que o meu problema é maior, faltam rampas nos transportes e na cidade, assim como banheiros adaptados – diz o ex-músico do Rappa.

Segundo Yuka, também falta cobrar de quem constrói.

– Tem que ter pressão em cima dos arquitetos, as pessoas que produzem o benefício da cidade. O Brasil é apontado como o país da arquitetura, mas e a acessibilidade? Somos 25 milhões de deficientes em todo o país. Não tenho partido, tenho fidelidade social, faço projetos sociais – desabafa.

O jornalista Andrei Bastos – que integra uma organização chamada Rede Inclusiva – junto com outras pessoas com deficiência, elaborou um conjunto de propostas de governo que os contemplem, especialmente sobre a acessibilidade nos transportes. Contou que o mesmo foi apresentado a Fernando Gabeira mas frisou que qualquer ocupante da prefeitura pode usá-lo. Para Andrei, a escolha do candidato é feita a partir de análise de propostas.

– Acho até que é um critério de muitas pessoas com deficiência na cidade. Votamos no candidato que oferece garantias de que vai resolver o problema da acessibilidade no transporte público no Rio de Janeiro. Essa questão é a mais importante, que precisa ser resolvida para que todas as outras, de inclusão social, também sejam – afirma.

Contou ainda que, em agosto, foi convidado para uma cerimônia no segundo andar do Palácio Guanabara, onde festejaria um convênio da Faperj com instituições de pessoas com deficiência. A falta de acessibilidade fez o local oferecer seguranças para carregá-lo.

Gabeira no Fla

O Globo, Ancelmo Gois, 25/10/2008:

Gabeira no Fla

Quinta, contra o Coritiba, toda vez que Fernando, camisa 43 do Flamengo, pegava na bola, a galera, gaiata, gritava no Maraca:

- Gabeira! Gabeira! Gabeira!

GPP dá Gabeira na frente de Paes

O Globo Online, Blog do Noblat, 25/10/2008:

GPP dá Gabeira na frente de Paes

Aplicada hoje junto a 1.600 eleitores, a mais recente pesquisa do Instituto GPP conferiu a Fernando Gabeira (PV) 51,4% dos votos válidos contra 48,6% de Eduardo Paes (PMDB). No total de votos, incluindo brancos e indecisos, Gabeira ficou com 45,4% e Paes com 42,9%.

Atualização das 20h35 - O GPP - Planejamento e Pesquisa foi idealizado por um grupo de profissionais oriundos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e concretizado por diferentes outros, de formação multidisciplinar, provenientes de distintos centros brasileiros de referência: Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE; UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Eleições no Rio: namoro explícito entre Vladimir e Gabeira

O Globo Online, LuciaHIPPOLITO, 25/10/2008:

ELEIÇÕES 2008
Eleições no Rio: namoro explícito entre Vladimir e Gabeira

O último debate entre Fernando Gabeira e Eduardo Paes explicitou com toda a clareza o difícil dilema em que se encontra o eleitor carioca.

Não se trata de escolher entre dois candidatos, dois projetos, duas propostas.

Trata-se e escolher entre dois mundos diferentes.

De um lado, um competente candidato a gerente de uma grande loja de departamentos. Superintendente, talvez. Conhece profundamente o estoque, o preço da grosa de alfinetes, a utilidade de uma boa chave de fenda.

Do outro, alguém que é, em si mesmo um projeto. Uma proposta andante. Um Quixote da boa causa: a honestidade, a correção, o futuro, o sonho, uma nova forma de fazer política, novas práticas, novos métodos.

Um velho-moço contra um moço-velho. Velhíssimo.

No debate ao vivo, Eduardo Paes destilou números, competência, pegadinhas ridículas.

Declarou, depois do debate, que prefere o apoio de Jorge Babu ao apoio de César Maia.

(Jorge Babu, vereador pelo PT, foi preso pela PF junto com Duda Mendonça, coisa de dois anos atrás, em uma briga de galos no Rio. Hoje é acusado de comandar milícias na Zona Oeste.)

Gabeira foi bafejado pela sorte: por sorteio, iniciou e encerrou o debate. Ambos em tom maior, de grandeza. No miolo, foi mediano.

No final, teve seu dó de peito. Foi Gabeira por inteiro. Diferente, ousado, original. Chamou até os adversários para a grande conversação em favor do Rio. Bonito.

Mas o melhor do debate, assistido ao vivo no Rio, foram dois momentos-ternura.

Primeiro momento-ternura: ver Vladimir Palmeira (PT) e Francisco Dornelles (PP) juntinhos no cercadinho dos apoiadores de Eduardo Paes, trocando tapinhas nas costas, é feito a propaganda do Mastercard: não tem preço.

Segundo momento-ternura: Vladimir Palmeira rindo abertamente quando seu velho companheiro de militância, Fernando Gabeira, dava uma estocada em Eduardo Paes, seu recente aliado político.

Vladimir é um soldado do PT. José Dirceu já tentou esmagá-lo várias vezes com seu tacão (embora tenham sido também companheiros de militância estudantil).

Mas com Gabeira, o “namoro” era explícito. Vladimir ria abertamente a cada “saia justa” de Eduardo Paes.

A sopa da vingança, dizia minha avó, toma-se gelada.

O eleitor carioca está diante de uma escolha difícil.

Mas Gabeira mostrou que certos valores não morrem.

24.10.08

Rio - Quem brilhou por último foi Gabeira

O Globo Online, Blog do Noblat, 25/10/2008:

Rio - Quem brilhou por último foi Gabeira

O que fica de um debate na televisão entre candidatos a qualquer cargo?

Algumas frases emblemáticas - essas faltaram ao longo dos quatro primeiros blocos do debate travado por Eduardo Paes e Fernando Gabeira.

Algum incidente - não houve incidente. Empatados nas pesquisas, os dois candidatos não se arriscaram muito. O debate foi morno. De resto, essa foi a oitava vez que eles se encontraram durante o segundo turno para debater suas idéias.

Uma tirada genial poderia ter feito a diferença - faltou uma.

O desempenho diante das câmeras pesa nessas horas.

Paes falou o tempo todo olhando no olho do espectador. Mais dispersivo, Gabeira ora olhava, ora não. Respondia a Paes e esquecia quem estava em casa. Em vários momentos cruzou os braços. A postura sugere relaxamento, descaso.

A última fala dos candidatos é sempre a mais importante. Gabeira teve a sorte de falar depois de Paes. E aí descontou eventuais pontinhos que possa ter perdido para ele ao longo do debate.

A fala de Paes foi convencional, sem brilho, sem imaginação.

A de Gabeira foi uma aula de habilidade, de celebração à inteligência e de ecumenismo político, digamos assim. Foi a única vez que a emoção encontrou espaço durante o debate.

Gabeira amplia vantagem e cresce na Zona Oeste!

Deu 44,9% a 38,5%. A diferença passa de 5,7% para 6,4%. O crescimento maior se dá, surpreendentemente, na Zona Oeste onde o adversário concentrou sua campanha negativa.

A vantagem de Gabeira detectada na pesquisa GPP de 11 e 12 de outubro foi ligeiramente ampliada, de 5,7% para 6,4% na de 18 e 19 de outubro. Gabeira passou de 43,9% para 44,9% e Paes de 38,2 % a 38,5%.

Do ponto de vista territorial os resultados em seis das oito regiões mantiveram-se dentro da margem de erro de 2,5% da pesquisa que teve uma amostragem de 1600 consultas domiciliares. Em duas regiões a oscilação ultrapassou - e espetacularmente - a margem de erro, ambas da Zona Oeste: em Bangu Gabeira passou de 33% para 39,5% e na de Campo Grande-Santa Cruz de 25,8% para 36,3%. Na primeira Eduardo Paes oscilou de 44,2% para 45% e na segunda caiu de 45,7% para 38,7%.

O crescimento de Gabeira na Zona Oeste é o dado mais relevante dessa pesquisa. Um outro dado de progressão é o fato de Gabeira pela primeira vez liderar entre os leitores de todos os jornais. Ele já vinha liderando amplamente entre os leitores de O Globo mas agora lidera também entre os de Extra e O Dia.
A pesquisa mostra o fracasso da campanha de intrigas movida contra Gabeira na Zona Oeste apesar dos milhões de panfletos lançados.

Paes volta atrás e Internet está proibida

Informação do site do Gabeira:

Paes volta atrás e Internet está proibida

Havia um pré-acordo entre as duas campanhas para permitir a utilização dos sites oficiais na Internet até o dia da eleição. Entretanto, hoje, fomos comunicados de que a campanha adversária voltou atrás e resolveu não assinar o acordo.

Por isso, hoje, às 23h59, os sites de campanha serão retirados do ar.

Até a vitória!

Rebola, Paes, rebola! (Ou esqueçam o que ele disse)


O Globo Online, Blog do Noblat, 24/10/2008:

Rebola, Paes, rebola! (Ou esqueçam o que ele disse)

23/05/2005 – “O PT comanda a gestão das realizações zero. E o presidente petista é o das trapalhadas mil”. (Em sessão da CPI do Correio ao dizer que o governo Lula não tem o que falar sobre avanços no desenvolvimento do país e nem deve se comparar com a gestão FHC.)
4/7/2005 – “O presidente está dando uma de autista. Omisso. Tem que parar de fazer cara de menino abandonado, mal informado, e determinar uma investigação rigorosa”. (Crítica ao comportamento de Lula durante a crise do mensalão.)
15/7/2005 - “O presidente é igual a um técnico de futebol que está treinando aquele time há muito tempo, escala um bando de gente que faz gol contra, impedimento, defende mal e faz falta o tempo todo. E o pior, não faz substituição no time. O presidente Lula, no mínimo, é muito conivente e omisso na sua função e de bem intencionado o inferno está cheio”. (Crítica à forma como Lula aborda a reforma política. Segundo Paes, propor a reforma política em meio à crise é uma forma de esconder escândalos no governo.)
31/8/2005 – “Cada vez fica mais claro que o PT e o governo Lula utilizam uma estratégia malufista. Negam qualquer coisa, dizem que é uma grande estratégia da direita ou de forças da imprensa contra o partido”. (Em depoimento aos jornalistas no Congresso sobre a atitude de Lula no caso do mensalão.)
21/9/2005 - “É inaceitável que essas pessoas que trataram o governo como uma forma de ascensão social façam acusações mentirosas e levianas. Eu repudio, é inaceitável. O PT é ‘mensaleiro’”. (Durante depoimento do banqueiro Daniel Dantas na CPI do Correio)
7/10/2005 – “Só Freud [Sigmund Freud, o pai da psicanálise] explica o comportamento de Lula. Pois exagera nas mentiras para se convencer que são verdades”. (Crítica ao comportamento de Lula na crise do mensalão.)
3/11/2005 – “Isso mostra a completa falta de respeito ao Estado democrático, é uma reprodução da polícia política e é a cara do governo Lula. O presidente não deve saber de nada, como já aconteceu outras vezes”. (Entrevista à Folha de São Paulo. Na época, deputados que participaram da apuração do mensalão reclamavam de estar sendo grampeados.)
10/12/2005 - “O presidente talvez tenha dito isso porque ele é muito parecido com o Chávez. É demagogo, populista, autoritário e está levando esse país à bancarrota”. (Em resposta a uma entrevista de Lula em que ele critica a forma como os líderes do PSDB e PFL conduziam a CPI do Correio).

Que tal nos divertirmos até a morte?

MILTON COELHO DA GRAÇA

“Quando 1984 chegou, todos ficamos felizes porque a negra visão do livro de George Orwell não havia ocorrido. A sociedade humana preservava seus ideais de liberdade. Mas tínhamos esquecido uma outra, um pouco mais antiga, a de Aldous Huxley, em ‘Bravo Novo Mundo’. Huxley e Orwell não profetizaram a mesma coisa. Orwell advertia que seríamos dominados por uma opressão imposta de fora. Mas, na visão de Huxley, as pessoas acabariam amando essa opressão, adorando as tecnologias que inibiriam sua capacidade de pensar.”

O livro de Neil Postman – “Divertindo-nos até a morte” - , do qual traduzi (não literalmente) o trecho acima, é um ótimo preparativo para conversarmos sobre a morte da jovem Eloá e o comportamento do jornalismo de televisão, nesse e outros semelhantes episódios anteriores.

É absolutamente anticivilizado, prejudicial, escandaloso, deseducativo - e podem botar mais uma coleção de adjetivos ao gosto de cada um – o comportamento daqueles que têm a missão social de “informar” o público. Infelizmente não temos sequer um código de conduta, como ocorre em todos os países democráticos sérios, estabelecido pela própria sociedade, sobre ética e responsabilidade dos meios de comunicação. Aqui a Constituição de 1988 criou um Conselho de Comunicação Social, destinado a estabelecer os princípios de ética e qualidade a serem seguidos pelas empresas concessionárias de rádio e televisão. Só no final do governo Fernando Henrique, o Conselho foi criado, mas despido de qualquer autoridade ou responsabilidade, além de transformado em mero órgão assessor do Senado Federal. E, no governo Lula, ficou tudo por isso mesmo. Cria-se a TV-Brasil, mas não se mexe no que existe. Triunfaram o lobby das emissoras e a tibieza do Executivo.

Malandramente a ABERT – associação das emissoras - fez prevalecer a idéia da auto-regulamentação, ou seja, elas mesmas é que estabelecem suas regras e zelam pelo seu cumprimento. Ou seja, nada fazem.

Mas espera aí, Milton. Você está dizendo que as emissoras são as responsáveis por aquele show trágico, de mau gosto e deseducação cívica, lá em Santo André? E também aquele outro, da menina que teria sido jogada de um edifício pela madrasta e o próprio pai?

E os jornalistas, os profissionais, que participam desses espetáculos de mau gosto, às vezes até agravam a tragédia, são inocentes?

Infelizmente, nesse quadro, os profissionais só têm a alternativa (ou desculpa) de fazer “tudo que seu mestre mandar”, para não perderem os empregos, cada vez mais escassos. Quem pode fazer, as entidades sindicais, preferem achar que não têm nada com isso.

Então, Milton. quem é culpado? Todos nós, caros leitores, ou pelo menos, a grande maioria de nós. Do jeito que a televisão e o rádio são organizados em nosso país – as tais concessões sem qualquer responsabilidade em troca (o Estado ainda lhes dá muitos milhões em verbas de publicidade auto-elogiativa e sem qualquer benefício social) – rádio e televisão só têm um objetivo: obter os maiores índices possíveis de audiência. E o que é que nós mais gostamos de ver? Onde é que nós nos amontoamos para sermos contados pelos ibopes?

Aquilo mesmo, pessoal. Vimos tudo pela televisão e com entusiasmo, até o enterro de Eloá e as expressões de felicidade daqueles que receberam transplantes dos órgãos da adolescente? E, sem o incômodo de ir até o cemitério, participamos da alegria dos que levaram seus celulares até o cemitério para tirar fotos do caixão? Ô pessoal, vocês não estão vendo o mundo em que vivemos? O progresso é para isso. Vamos tratar de divertir-nos até a nossa morte, como nos alertaram Aldous Huxley e Neil Postman! E até no enterro nos outros!

23.10.08

Para compartilhar

—– Original Message —–
From:
To: Clube_Comunicacao@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, October 23, 2008 3:07 PM
Subject: [Clube_Comunicacao] Para compartilhar

Texto publicado hoje no ex-blog de nosso (ainda) alcaide. Por via das dúvidas, repasso para conhecimento do grupo.

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PREPARAM UM NOVO “PROCONSULT” NA ELEIÇÃO A PREFEITO DO RIO!

1. Este Ex-Blog recebeu ontem e anteontem e de três fontes - todas da área de inteligência - uma da polícia estadual, outra da polícia federal e outra do exército, informações sobre tentativa de golpe na eleição a prefeito do Rio. Abaixo, um resumo agregado das três fontes.

2. Todas dizem que se as pesquisas de sexta/sábado apresentarem um resultado indefinido, empate técnico na linguagem da imprensa, o plano entra em operação. As ações são de três tipos.
a) constrangimento nos corredores de votação na zona oeste (regiões de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz), região de Acari, Pavuna e Anchieta e áreas das milícias.
b) informar por celular às mesas compostas integralmente por pessoas de confiança nessas áreas para a partir das 15h de domingo até o fechamento das urnas, sempre que não houver eleitor, um mesário votar 15 pelo eleitor e outro assinar o livro. É uma operação rápida, pois é um número só.
c) uso de hackers sobre os sistemas da Zona Sul, Barra, Tijuca, Santa Teresa e centro da Penha e Ilha do Governador de forma a tentar anular votos.

3. O primeiro passo foi dado com a antecipação, para o dia 27, segunda-feira, do feriado estadual e federal. Na sexta-feira dia 24, asrepartições deverão afrouxar desde cedo as presenças de forma a estimular as viagens.

4. O 43 deveria pedir ao TRE para ampliar o patrulhamento dos corredores citados, a campanha do 43 deveria deixar fiscais nas zonas eleitorais das regiões citadas até o fechamento e levar todos os mapas emitidos, urna a urna. Nas regiões onde os hackers vão tentar atuar é imprescindível a presença de fiscais e o recolhimento dos mapas logo que a urna for fechada para comparar depois, urna a urna, com o resultado emitido pelo TRE. Urna a urna. Para isso deve ser pedido relatório ao TRE urna a urna para se comparar.

TUDO DE BOM E PAZ

Queridos,

Não sei se todos sabem que já trabalhei com o Gabeira e com o Eduardo.

Experiências de vida importantes e, uma coisa que adoro, trabalho sério com compromisso que é tudo de bom!

Com o Eduardo estive no seu primeiro Gabinete na Câmara de Vereadores, fiz vários projetos de lei que viraram Lei, inclusive a do voluntariado que inspirou a Lei Nacional, ajudei-o a implantar a Comissão de Orçamento e também as reuniões de Orçamento Cidadão, uma proposta carioca de Orçamento Participativo que dava a cada área de Panejamento da Cidade a execução de projetos escolhidos por seus representantes locais. A metodologia foi tão legal que o Jorge Bittar quando virou Secretário de Planejamento do Estado, pegou a equipe que montamos naquela época e levou pro estado pra tentar repetir mas no Governo Garotinho a coisa não pegou.

Estudamos juntos na Escola de Políticas Públicas e Governo da UFRJ, uma turma bacana com muita gente que hoje é Secretária(o), Deputada(o), Prefeita(o), uma turma de pessoas motivadas a fazer mesmo. O Eduardo se destacava, fazia artigo sobre temas da política brasileira no jornal, trabalhava no seu mandato na Câmara, visitava vários pontos na cidade. Quando foi para a Secretaria de Meio Ambiente fui também. Passamos dias estudando a cidade, a secretaria, fizemos seminário, tínhamos textos para ler, um barato. O Eduardo fez encontros com todos os gestores das áreas que apresentavam suas propostas e tudo muito legal. Pena que no segundo ano de mandato ele saiu para sua vida política e o projeto inicial ao longo desse período ficou diferente. Mas o Gabeira era sempre uma inspiração nas nossas conversas. Depois ainda nos encontramos quando meus primos descobriram um painel do Paulo Werneck escondido numa parede do Maracanã, para restauração ele deu carta branca e aconteceu o projeto, bacana.

Com o Gabeira estive no seu primeiro Gabinete no Congresso e perdi a conta dos temas atuais trabalhados, debates e intermediações feitas, entre elas as que resultaram na adoção pelo governo brasileiro do coquetel para tratamento da AIDS, política pública brasileira mais que premiada. Nas negociações, o Gabeira abriu mão da autoria para que o projeto fosse apadrinhado pelo Senado e com toda aquela habilidade, emplacou.

Aí teve todos os outros temas e eu sempre vendo o Gabeira abrindo mão de autoria para que as coisas acontecessem.Os episódios com o Severino Cavalcanti, tão conhecidos e aplaudidos, essas coisas.

No meio tempo de toda essa agenda os artigos sempre instigantes na Folha de São Paulo, livros publicados, mas o que não me sai da cabeça foi um episódio quando saíamos de uma palestra no Centro Empresarial Rio a caminho de um restaurante na rua ao lado, se não me engano foi algo sobre a importação de pneus essa palestra. Na porta tem um quiosque de Banco 24 horas e um menino de rua, fora de si, xingava as pessoas e com um tijolo na mão impedia que elas chegassem ao caixa ou passassem pela calçada e batia no vidro do caixa com o tijolo e apontava-o de volta como se fosse arremessar, uma loucura. Um segurança tentava cutucar o menino com um cassetete mas estava visivelmente com medo para ser delicado e constrangido pelas pessoas que o alertavam sobre violência. Eu mesmo com a experiência dos cinco filhos, amarelei e ja´estava achando que a boa seria atravessar a rua e desistir do almoço. Gabeira nem pestanejou, foi firme até o garoto, deu a mão pra ele e o levou pro almoço conosco, conversando. Gente, o toque da mão e a conversa assertiva era tudo que aquele garoto e eu precisávamos!

Ao ver o debate ontem no Globo me ocorreu a certeza de que o Eduardo também vota Gabeira…

..............

Tudo de bom e paz,

Ruthinha
(Ruth Saldanha)

Do mundo que conhecemos ao mundo que queremos

Alterações climáticas, novas formas de comportamento, revolução tecnológica, política de blocos eonômicos, novo papel da mulher e das chamadas minorias: decididamente, o mundo está mudando. Para pior? Para melhor? O fato é que está mudando e isso gera perplexidades.

Daí a idéia de discutirmos essas mutações com algumas das personalidades mais significativas do pensamento crítico do Brasil e da Itália. E isso por intermédio de palestras e debates de caráter permanente, promovidos por inciativa conjunta do Instituto Italiano de Cultura, da Associação Anita e Giuseppe Garibaldi e da Fundação Astrojildo Pereira.

A primeira palestra abordará o tema Globalização e diversidade cultural hoje.

Palestrante: Mércio Gomes (antropólogo, escritor, professor da Universidade Federal Fluminense e ex-presidente da Funai).

Na ocasião, será lançado o livro Antropologia, de Mércio Gomes, e o documentário Morrer se preciso for, de Ivan Alves Filho e Rodolpho Villanova, com base em um depoimento do próprio Mércio Gomes sobre a trajetória daqueles que militaram em defesa da causa indígena entre nós, como Cândido Rondon, Darcy Ribeiro, Curt Nimuendaju, Eduardo Galvão e Chico Meirelles, entre outros.

Data do evento: 13 de novembro de 2008
Horário: 18h
Local: Instituto Italiano de Cultura - Consulado italiano do Rio de Janeiro, Av. Presidente Antonio Carlos, 40 - Castelo - 20020-010 - Rio de Janeiro (RJ)

Associação Anita e Giuseppe Garibaldi
Fundação Astrojildo Pereira

Seminário Pró Conferência Nacional de Comunicação RJ

Local: Clube de Engenharia – Av. Rio Branco , 124 - 25° andar - Centro - Rio de Janeiro
Data: 8 de novembro de 2008
Horário: 9 às 18 horas
Informações: http://rioproconferencia.blogspot.com/

Clique aqui para se inscrever

Apresentação

A legislação das telecomunicações no Brasil é do tempo da TV em preto e branco. Não havia internet, TV por assinatura e as ligações telefônicas levavam até duas horas para serem completadas por meio de telefonistas. Uma nova legislação deve contemplar as mudanças tecnológicas, sociais e econômicas que se consolidaram ao longo dos últimos quase 40 anos, quando foi aprovada a Lei Geral de Telecomunicações, em 1962.

Para debater os rumos de uma nova legislação nessa área, o governo federal destinou 6 milhões de reais para a realização da Conferência Nacional de Comunicação, envolvendo a participação dos 26 estados e mais de 5 mil municípios brasileiros.

Enquanto cerca de 50 conferências temáticas foram realizadas ao longo dos governos Lula, a Conferência Nacional de Comunicação não aconteceu até agora. Assim como em outros estados brasileiros, um grupo de mais de 30 entidades no Rio de Janeiro se mobilizou para convocar, junto à Assembléia Legislativa, uma audiência pública sobre a realização da Conferência Nacional de Comunicação, e agora, juntando novas forças, estamos promovendo em 08 de novembro de 2008, o seminário preparatório Pro Conferência Nacional de Comunicação.

PROGRAMAÇÃO

08h30 – Inscrições

9 às 12h – Conferência Nacional de Comunicação: Marco Regulatório no Brasil e Cenário Mundial

Convidados:

Denis Moraes (UFF)
Adilson Cabral (UFF)
Marcos Dantas (PUC Rio)
Claudia Abreu (Comunicativistas)

13 às 15h – Rodas de Diálogo

1- Concessões, Controle Público e Concentração das Mídias
Facilitadores: Marcos Dantas, Adilson Cabral

2- Digitalização e Convergência
Facilitadores: Luis Fernando Soares e Telmo Cardoso Lustosa

3- Comunicação Pública e Comunicação Comunitária/Formação de Redes
Facilitadores: Rafael Duarte, Gilka Resende, Arthur William

4- Comunicação e Cultura/Mídia e Produção de Subjetividade
Facilitadores: Noeli Godoy (CRP-RJ) e Evandro Vieira Ouriques (NETCCON-ECO-UFRJ)

15 às 17h - Plenária Final Conferência Nacional de Comunicação

Mesa: Gustavo Gindre (Intervozes) - a confirmar
Roseli Goffman (CFP/FNDC)

Apresentação da relatoria das rodas de diálogo para a construção de documento com as propostas de políticas públicas.Aprovação da Carta do RJ Pró Conferência Nacional de Comunicação.

22.10.08

Audiodescrição: Graciela Pozzobon no Programa do Jô

A atriz e audiodescritora Graciela Pozzobon deu um verdadeiro show.

(Clique aqui para assistir a entrevista no programa de 20/10/2008)

11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos - Seminário à distância

Boletim informativo, Número 5, Outubro 2008:

Seminário à distância
Tecnologia em favor da Conferência

A coordenação da 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos (11ª CNDH), com apoio da Senasp, do Ministério da Justiça, da Secad e da DTI, do Ministério da Educação, realizará um seminário via Internet com quatro encontros virtuais, voltado especialmente para delegad@s eleit@s nas Conferências Estaduais e Distrital dos Direitos Humanos à etapa nacional. O objetivo desse seminário, que terácomo tema os sete eixos orientadores da 11ª CNDH, é qualificar o debate da Conferência Nacional e fortalecer o caráter transversal das discussões. Os encontros ocorrerão nos dias 6, 10, 19 e 26 de novembro, respectivamente (veja programação abaixo), entre às 18h e às 21h.

Cada debate terá até quatro especialistas que proferirão palestras por eixo orientador. As palestras serão transmitidas on-line (e em tempo real) pelo sistema de webconferência, permitindo o acesso via Internet. Durante as explanações os espectadores poderão enviar perguntas por e-mail, telefone e fax (a serem informados posteriormente) aos componentes da mesa. Após a finalização de cada encontro virtual será mantida uma sala de chat por uma hora, para que os internautas continuem o debate com os palestrantes.

É importante ressaltar que o material audiovisual ficará gravado e disponível para download na página eletrônica da Conferência Nacional(www.direitoshumanos.gov.br/11conferencia). Além disso, na semana subseqüente ao seminário, será mantido um fórum de discussão entre os participantes da 11ª CNDH sobre os eixos abordados em cada apresentação, conforme seu interesse, disponibilidade e conveniência, sendo que o palestrante poderá, ou não, participar desse fórum, conforme seu interesse, disponibilidade e conveniência.

PROGRAMAÇÃO

1º Encontro - 06/11/08

Eixo 2: “Violência, Segurança Pública e Acesso à Justiça”
Palestrantes: Marcos Rolim e Ricardo Balestreri

2º Encontro - 10/11/08

Eixo 3: “Pacto Federativo, Responsabilidade dos Três Poderes, do Ministério Público e da Defensoria Pública”
Palestrante: Carlos Weis

Eixo 5: “Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil”
Palestrante: José Antônio Moroni
* Mediador: Reitor José Geraldo de Souza Júnior

3º Encontro - 19/11/08

Eixo 1: “Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades”
Palestrante: Prof. Dr. Dalmo Dallari

Eixo 6: “Desenvolvimento e Direitos Humanos”
Palestrante: Profa. Dra. Tânia Bacelar

4º Encontro - 26/11/08

Eixo 4: “Educação e Cultura em Direitos Humanos”
Palestrante: Profa. Dra. Nair Bicalho

Eixo 7: “Direito à Memória e à Verdade”
Palestrantes: Marco Antonio Barbosa e mais dois nomes a serem confirmados.

21.10.08

Congresso debate uso de tecnologia para pessoas com deficiência

Convergência Digital, 17/10/2008:

Da redação

Principal pólo de tecnologia do Nordeste, o Recife sediará de 4 a 7 de novembro, o I Congresso Muito Especial de Tecnologias Assistivas e Inclusão Social das Pessoas com Deficiência de Pernambuco.

O evento, que tem inscrições gratuitas, é uma realização do Instituto Muito Especial com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Entre os principais objetivos, a difusão e o estímulo da produção de conhecimento e equipamentos com soluções que ampliem a autonomia, a independência e a acessibilidade das pessoas com deficiência.

Com uma programação de quatro dias, o evento tratará de temas como “Tecnologia e Inclusão Social”, “Tecnologia Assistiva – Cases”, “Tecnologia Assistiva – Medicina e Reabilitação”, além de contar com um painel com depoimentos de usuários. São esperados 500 profissionais entre acadêmicos, empresários, políticos, pesquisadores, pessoas com deficiência e formadores de opinião.

De acordo com o presidente do Instituto Muito Especial, Marcus Scarpa, o congresso de Tecnologias Assistivas contribuirá para viabilizar o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre pesquisadores, atualizando o conhecimento técnico e científico.

“Queremos a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência a partir da compatibilização das novas tecnologias para com a Tecnologia Assistiva.” A iniciativa integra um conjunto de ações do Programa de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Entende-se por tecnologia assistiva todos os recursos e serviços que proporcionem a ampliação das habilidades funcionais das pessoas com deficiência a exemplo de softwares que lêem a tela do computador para os deficientes visuais, do mouse ocular para tetraplégicos, da bengala eletrônica e tantos outros equipamentos de auxílio capazes de garantir independência e inclusão.

* Dica: Jackson Vasconcelos

A POLÍTICA ACABOU?

Recentemente foi executado o diretor de um presídio e, agora, acontece a execução de um vereador.

O que a sociedade carioca está esperando que aconteça mais para tomar uma atitude coletiva?

(Clique aqui para ler no O Globo Online a notícia da execução do vereador)

***

Leia também:
Bandido é bandido e não excelência!,
O que faz e o que não faz diferença,
Faroeste,
Vote em Andreizinho!,
Nossa arma é o voto e
Mais um ladrão!.

19.10.08

Traduzindo Imagens em Palavras

1º Encontro Nacional de Audiodescritores

Dias 23 e 24 de outubro de 2008
Das 9h00 às 18h00

Estação Pinacoteca: Largo General Osório, 66 – fone (11) 3337.0185
São Paulo - SP

Realização:
Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo

Patrocínio:
INSTITUTO VIVO

Apoio:
Grupo de Voluntários da Fundação Dorina Nowill
Fundação AVAPE
Imovision

Idealizador:
Paulo Romeu Filho

Coordenação:
Flavia Maria de Paiva Vital

A audiodescrição é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro e programas de televisão.

No Brasil, segundo dados do IBGE, existem aproximadamente 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial, que encontram-se excluídos da experiência audiovisual e cênica.

A acessibilidade nos meios de comunicação é um tema que está em pauta no mundo todo. Os esforços neste sentido visam não apenas proporcionar o acesso a produtos culturais a uma parcela da população que se encontra excluída, como também estabelecer um novo patamar de igualdade baseado na valorização da diversidade.

Histórico

A primeira vez que a audiodescrição apareceu formalmente descrita como tal, foi na tese de pós-graduação “Master of Arts”, apresentada na Universidade de São Francisco pelo norte-americano Gregory Frazier, em 1975. Uma série de estudos começaram a ser feitos e os resultados favoráveis que foram sendo comprovados nessas primeiras experiências fizeram com que a técnica se desenvolvesse em teatros, museus e cinemas dos Estados Unidos durante a década de 80. Como uma atividade formal, ligada às artes visuais e ao entretenimento, teve início nos anos 80 nos Estados Unidos e Inglaterra, com apresentações de peças teatrais.

Teatro

Nos Estados Unidos, Margaret e Cody Pfanstiehl fundaram um serviço de audiodescrição, em 1981, que promoveu a descrição de peças de teatro no Arena Stage Theater, em Washington DC. Até o final dos anos 80, mais de 50 casas de espetáculo já tinham em sua programação algumas apresentações com audiodescrição.

Na Inglaterra, essa prática data também dos anos 80, tendo início em um pequeno teatro chamado Robin Hood, em Averham, Nottinghamshire, onde as primeiras peças foram audiodescritas. Um dos mantenedores do teatro, Norman King, ficou tão impressionado com os benefícios das descrições, que incentivou a Companhia de Teatro Real de Windsor a introduzir esse serviço em uma abrangência maior. Instalaram, então, o equipamento para a transmissão simultânea para a audiência no Teatro Real, em fevereiro de 1988, com a peça “Stepping Out”. Hoje, há 40 teatros no Reino Unido que oferecem, regularmente, apresentações com audiodescrição. É o país líder nesse setor, seguido pela França, com 5 teatros.

No Brasil, a primeira peça comercial a contar com o recurso de audiodescrição foi “O Andaime”, no Teatro Vivo, São Paulo, em março 2007.

Cinema

Atualmente, a acessibilidade nos meios de comunicação está em pauta em todo o mundo, sendo que em alguns países como Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Estados Unidos e Austrália, a audiodescrição já é uma realidade também em cinemas, museus, programas de televisão e DVDs, além do teatro.

No Reino Unido, Chapter Arts Center, em Cardiff, foi a primeira sala de cinema a fazer uso do recurso com tradutores ao vivo. Na França, a Fundação Valentin Haüy, também, começou a oferecer esse serviço.

Na Europa e nos Estados Unidos, já são muitos os filmes e festivais que contam com o recurso. Já em 1989, alguns filmes do Festival de Cannes contaram com a audiodescrição. Em Munique, o Festival de Cinema Wie wir leben oferece audiodescrição em todas as sessões, desde 1995. Também na Austrália, o The Sydney Film Festival e o The Other Film Festival contam com acessibilidade nas sessões. O Festival Retour D’Image é um dos festivais de cinema francês que oferece sessões audiodescritas.

No Brasil, o primeiro filme com audiodescrição, no circuito comercial, foi “Irmãos de Fé”, do Padre Marcelo, lançado em 2005. Outras iniciativas têm sido feitas, como o Clube do Silêncio, em Porto Alegre, que produziu alguns filmes curta-metragem com audiodescrição, de instituições que têm em suas programações culturais, sessões com audiodescrição, que acontecem ao vivo. Também o Festival Internacional de Filmes sobre a Deficiência Assim Vivemos , que acontece no Rio de Janeiro e em Brasília, oferece acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva em todos os filmes desde 2003.

Na televisão, o primeiro episódio envolvendo a audiodescrição aconteceu em 1983, na rede japonesa NTV. Nos anos 80, algumas experiências também foram feitas na Espanha, mas foi nos Estados Unidos que a audiodescrição decolou com programação produzida desde 1990 pela Media Access Group, o Descriptive Video Service. Esse serviço é patrocinado por doações e fundações, produzindo cerca de 6 a 10 horas de programação com audiodescrição por semana, que fica disponível em 50% das residências nos Estados Unidos. Estas transmissões são possíveis devido à presença de um canal secundário de áudio, a tecla SAP (secondary audio programme). Hoje, grande parte dos canais de televisão na Europa oferecem programas com audiodescrição.

No Brasil, o primeiro comercial a ser veiculado na TV foi o da Natura, em julho de 2008.

Leis e Decretos no Brasil

Em outubro de 2005 o Comitê Brasileiro de Acessibilidade da ABNT publicou a NBR 15290, que estabelece os parâmetros técnicos a serem observados na produção da audiodescrição, closed caption e janela com intérprete de LIBRAS na programação das emissoras brasileiras de televisão.

Em junho de 2006 o Ministério das Comunicações publicou a Portaria 310, que tornou obrigatória a acessibilidade na programação das TVs abertas brasileiras.

Esta Portaria determinou inicialmente a veiculação de programas com recursos de acessibilidade em pelo menos duas horas por dia, aumentando a obrigação diária um pouco a cada ano, de forma que, ao final de 10 anos, 100% da programação deverá ser acessível. Concedeu carência de dois anos para que as emissoras pudessem se preparar para incluir a audiodescrição e a legenda oculta em seus programas.

No dia em que venceria a carência, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria 403 suspendendo por 30 dias a obrigatoriedade da audiodescrição, atendendo a um pedido da ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, que alegava não existirem audiodescritores no Brasil.

Imediatamente teve início uma mobilização dos audiodescritores, das pessoas cegas e suas instituições representativas que resultou no agendamento, pelo Ministério das Comunicações,de uma reunião entre estas pessoas e a ABERT.

Como resultado dessa reunião, em julho de 2008 o MC publicou a portaria 466, agora concedendo prazo de 90 dias para que as emissoras passem a incluir a audiodescrição em seus programas, nos mesmos termos da Portaria 310.

Esta obrigatoriedade teria efeito a partir de 28 de outubro de 2008 , porém, em 14 de outubro, o Ministério das Comunicações publicou nova Portaria nº 661 suspendendo cine die o recurso da audiodescrição.

Imediatamente teve início uma mobilização dos audiodescritores, das pessoas cegas e suas instituições representativas que resultou no agendamento, pelo Ministério das Comunicações,de uma reunião entre estas pessoas e a ABERT.

Como resultado dessa reunião, em julho de 2008 o MC publicou a portaria 466, agora concedendo prazo de 90 dias para que as emissoras passem a incluir a audiodescrição em seus programas, nos mesmos termos da Portaria 310.

Esta obrigatoriedade teria efeito a partir de 28 de outubro de 2008 , porém, em 14 de outubro, o Ministério das Comunicações publicou nova Portaria nº 661 suspendendo cine die o recurso da audiodescrição.

(Colaboração: Graciela Pozzobon, Lívia Motta e Paulo Romeu)

Os audiodescritores:

Bell Machado (Campinas)
Eliana Franco (Salvador)
Francisco J. Lima (Recife)
Graciela Pozzobon (Rio de Janeiro)
Lara Pozzobon (Rio de Janeiro)
Lívia Motta (São Paulo)
Maurício Santana (São Paulo)
Rodrigo Campos Alves (Belo Horizonte)
Renata de Oliveira Mascarenhas (Fortaleza)

Dia 23 de outubro

09h30 às 12h00 – Apresentação para a Imprensa, Autoridades e Convidados do Setor

. Mesa de Abertura
. Mesa de Audiodescritores: Panorama da Audiodescrição no Brasil (levantamento do que aconteceu entre a reunião de Julho (Brasília) até agora: cursos ministrados, Estados e instituições envolvidas, número de audiodescritores formados, artigos escritos e publicados)
. Lançamento da Campanha Nacional da Audiodescrição

14h00 às 16h00 – Sessão VIVO

- Comerciais
- Trailers – (trechos de filmes)
- Longa – “Doutores da Alegria” – 96`

16h30 às 17h30 – Mesa redonda com empresas

DIA 24 de outubro

09h00 às 12h30 – Sessão Pipoca

. Desenhos animados
. Bate papo com os audiodescritores

14h00 às 16h00 – Sessão Televisiva

16h00 às 18h00 – Com a palavra os audiodescritores

Encerramento:

Assinatura e Encaminhamento de Manifesto
Coquetel

Assista também: O filme Contratempo (2008) de Malu Mader e Mini Kerti. Dia 24/10 às 18h10 no Espaço Reserva Cultural, Sala 1 (190 lugares), Avenida Paulista, 900 - Térreo Baixo – Paraíso.