26.2.13

Vida e pensamento de Antonio Gramsci


Vida e pensamento de Antonio Gramsci
Giuseppe Vacca
Sexta-feira, 1º de março, às 19h
Livraria da Travessa – Shopping Leblon

O Brasil é o primeiro país a ter traduzido e lançado o mais bem elaborado estudo sobre a vida e o pensamento do extraordinário intelectual e político italiano Antonio Gramsci. Trata-se de um novo trabalho do histórico Giuseppe Vacca, presidente da Fundação Instituto Gramsci, de Roma, que dispensa comentários. E o debate entre Maria Alice, Luiz Werneck, Luiz Sergio e Cesar Benjamin complementa a noite imperdível.

Francisco Inácio de Almeida

24.2.13

Mobilidade vital

O Globo, Opinião, 24/02/2013:

Mobilidade vital

ANDREI BASTOS E IZABEL MAIOR

Mais do que despertar a nós, pessoas com deficiência, para a luta pela nossa inclusão nas rotas de fuga de incêndios, a tragédia de Santa Maria nos desperta para o entendimento de que a acessibilidade arquitetônica por que tanto lutamos, e que já sabemos que atende à mobilidade de todas as pessoas, pode salvar vidas em situações iguais ou equivalentes.

Entre as pessoas com deficiência física, é conhecida a citação que diz que “onde passa um cadeirante, passa qualquer um”. Se encararmos esse dito profundamente e efetivarmos as conclusões da sua análise, que já substanciam a norma de acessibilidade da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 9050), de 2004, já teremos meio caminho andado para evitar tragédias que ignoram ausência de deficiência e existência de juventude, como no caso das vítimas do incêndio na boate Kiss.

Em Santa Maria não houve fatalidade, e sim uma cadeia de irresponsabilidades de que não se conhece nem o começo nem o fim, tampouco o grau de culpabilidade dos envolvidos. Um soco no estômago de cada um de nós que não estava lá, embora prestes a cair em igual arapuca a qualquer momento. Reação está sendo a palavra de ordem. Ação preventiva como nunca poderia deixar de acontecer. Estabelecimentos vistoriados às pressas e lacrados por não apresentarem condições de funcionamento desde sempre, embora tolerados.

Os frequentadores como idosos, crianças e pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida não têm a mínima chance de sobrevivência nas “boates Kiss” que existem por aí. E não é por falta de regra de acessibilidade. Tanto as normas técnicas de construção e de segurança como o Decreto 5.296/2004 determinam as condições obrigatórias a serem cumpridas. Esse decreto contém parâmetros de acessibilidade para alcançar o desenho universal, que não é específico das pessoas com deficiência, já que teria salvado a vida dos frequentadores da festa trágica. Ele diz o seguinte:

“Art. 23. Os teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e similares reservarão, pelo menos, dois por cento da lotação do estabelecimento para pessoas em cadeira de rodas, distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das saídas, em conformidade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

“§4º Nos locais referidos no caput, haverá, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a fim de permitir a saída segura de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.”

Das providências mais simples, como rampas de pouca inclinação e largura adequada, às mais complexas, como padrões de sinalização e, indo além dos “locais referidos no caput”, alinhamentos entre pisos de plataformas e trens, e ônibus e meios-fios, todos os requisitos de acessibilidade colaboram decisivamente para condições de circulação que podem salvar vidas em situações de pânico coletivo.

Andrei Bastos é jornalista
Izabel Maior é médica e foi secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

19.2.13

O sorriso do embalsamado

Será que o Instituto de Pesquisa de Estruturas Biológicas de Moscou embalsamou o Chávez sorrindo? Seria o máximo de realismo fantástico ele morrer embalsamado, sorrindo!

10.2.13

Escadas na saída de emergência

O Globo, Dos Leitores, 10/02/2013:

On-line

ANDREI DE SAMPAIO BASTOS (Foto)

EU-REPÓRTER
Escadas na saída de emergência

Após a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), os brasileiros ficaram mais atentos à eventual necessidade de sair rapidamente de locais fechados e com aglomeração. Por isso, o leitor Andrei de Sampaio Bastos, cadeirante, espantou-se ao constatar que a saída de emergência da sala 2 do cinema Kinoplex Shopping Leblon fica após um lance de escadas. “Já é um absurdo porque me impossibilita de fugir em uma situação de emergência, mas mesmo pessoas sem deficiência correm risco, porque, na hora do pânico, haveria tumulto”. O Kinoplex informa que a saída de emergência está de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros. Segundo a empresa, seus funcionários são treinados para que pessoas com necessidades especiais “sejam orientadas e auxiliadas na saída da sala, feita pela mesma porta por onde ingressaram”. O Corpo de Bombeiros confirma que a legislação atual não contempla saídas de emergência para deficientes físicos, mas que já está viabilizando o atendimento à lei de acessibilidade, sem especificar data para mudanças. Para Moacyr Duarte, especialista em gerenciamento de riscos, a questão é problemática para os portadores de deficiência: “A lei sobre saída de emergência pode não falar nada, mas a lei da acessibilidade fala. É questão de bom-senso: diz-se que o cadeirante deve ter acesso para entrar, parece-me crucial que a pessoa também tenha acesso à saída de emergência”.
- oglobo.com.br/participe

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9.2.13

Filho da puta, graças a Deus

ANDREI BASTOS

A profissão mais antiga do mundo (eu não poderia começar este texto de outra forma) parece que será regulamentada (!), depois de cerca de 200 mil anos de batalha…

Sempre admirei o trabalho junto às prostitutas que minha amiga Pipsi Munk realiza na Europa, na ONG Amnesty for Women, e que despertou minha curiosidade pela vida dessas mulheres. Mas nunca passei perto dessa realidade até recentemente, no debate de que participei sobre regulamentação da prostituição.

A discussão foi acalorada, indo do argumento de que “com a regulamentação, uma prostituta terá a quem reclamar quando trabalhar em ambientes precários ou quando presenciar casos de exploração de menores”, apresentado pela socióloga e ex-prostituta Gabriela Leite, à afirmação da antropóloga e feminista Alana Moraes de que “legalizar os prostíbulos vai ao encontro dos interesses dos empresários da prostituição e parece não ser uma resposta eficiente, pois as meninas pobres continuarão a ser a ‘carne’ mais barata do mercado”.

Também fomos brindados pelo aplaudido juiz Rubens Casara, que disse que “chega a ser irônico que uma sociedade que trata o sexo como mercadoria criminalize as casas de prostituição”, e pelo autor do Projeto de Lei nº 4.211/2012, de regulamentação dos prostíbulos, deputado Jean Wyllys, que destacou da sua proposta a diferenciação entre prostituição e exploração sexual, o que ajudará no combate a esse crime, perpetrado principalmente contra crianças e adolescentes.

Assisti a tudo com atenção e ousei discordar apenas da equivalência que outra integrante da mesa fez entre prostituição e luta livre ou futebol, dizendo que eram atividades que igualmente usavam o corpo com a liberdade individual cabível e justa. Eu disse que acreditava na diferença entre o uso do corpo como fim, na prostituição ou como modelo fotográfico e artístico, quando a atividade se encerra no próprio corpo, e o uso do corpo como um meio para se alcançar objetivos diversos, como jogar futebol, lutar ou dançar.

Pareceu que não entenderam o que falei, mas Gabriela Leite surpreendeu com a resposta que me deu na sua fala final. Com a mesma suavidade com que antes afirmara que era puta porque gostava, ela disse que prostitutas não vendem o corpo e sim fantasias eróticas, sendo especializadas no que buscam clientes geralmente frustrados no casamento.

Fiquei comovido com essa mulher franzina, que luta também contra um câncer, com alegria de viver e um chapéu para esconder a ausência dos cabelos levados pela quimioterapia, fazendo questão de dizer que ele é Prada, de brechó, mas Prada! E admirando seus gestos suaves, eu a vi como a gueixa que vai às últimas consequências na arte milenar da sedução, entendendo a felicidade que encontrou como “filha, mãe, avó e puta” (título do seu livro).

Torço por essa regulamentação, para melhorar a vida das prostitutas e a de suas famílias, e para que qualquer um dos seus filhos possa agir como a neta de Gabriela que, agradecida e orgulhosa pela avó que tem, questiona a inexistência da expressão “neta da puta”, e, também agradecido, diga que é “filho da puta, graças a Deus”.

ANDREI BASTOS é jornalista, mas não é filho da puta.

7.2.13

Tucanos pelo cano

Falta ao PT real oposição
pois o PSDB vaselina
é seu primo Gastão.
Os dois querem a grana
do tio Patinhas ricão.

A briga deles é pura encenação,
mostra o placar do Congresso
depois de cada votação.
Se ilude quem honesto lida
com a melhor intenção.

Privataria não tem negação,
mas é fraco o escrito
da frouxa acusação.
Silveirinha, Teixeira e Jorgina
nada têm com a armação.

Apressado que lê tal redação,
vê aves comuns de rapina
com plumas de “oposição”.
O livro brandido, acusador, tem
até “Comendador” bandidão.

Mas não ficamos sem ação,
como coroadas cabeças tucanas
quando sentam ou não o bundão.
Serra e FHC também de nada sabem,
igual ao Lula espertalhão.

Se desdizer ou dar ao escrito negação,
é de farinha do mesmo saco, porcaria.
Como a quadrilha do mensalão,
o brasileiro também verá, um dia,
tucanos entrando pelo cano da prisão.

O Tiririca da nação

Em comunicação,
ô Zé Dirceu,
não tem mídia golpista não.
Nada supera Lula,
o Tiririca da nação.

De verdade, de coração,
me desculpe “seu” palhaço,
pela triste comparação.
O senhor não merecia
estar ao lado do bufão.

É falsa essa acusação,
pois o povo não lê
Carta Capital ou Estadão.
Se vivo fosse o Chacrinha,
não tinha pra ninguém não!

Se existe conspiração,
ela acontece nos programas
de Gugu, Silvio Santos e Faustão.
Contra eles, Zé Dirceu,
só Lula rei da televisão!

Vivo também fosse Robertão,
há muito contratado Lula teria
pra salvar seu Domingão.
O comercial a Zé Dirceu caberia,
patrocinador não faltaria não.

Do mar até o sertão,
essa cantiga anuncia
que seguisse Lula a vocação,
Zé Dirceu pra cadeia não iria,
não teria no Brasil mensalão.

6.2.13

Senta Que Eu Empurro 2013


Senta Que Eu Empurro 2013
O Bloco de Carnaval que transborda alegria!!!

Venha participar!!!

Dia: 08 de fevereiro (sexta-feira)
Hora da Concentração: 18 horas
Local da Concentração: Rua Artur Bernardes em frente ao nº 26 – Catete – Rio de Janeiro
Hora da Saída: 20 horas
Percurso: Rua Artur Bernardes, pequeno trecho da Rua Bento Lisboa, Rua Dois de Dezembro, finalizando em frente ao Restaurante Paraíso do Chopp.

As camisetas já estão à venda, faça já a sua reserva!!!
Valor da Camiseta: R$ 15,00
Informações: sentaqueeuempurro@gmail.com

A arte da camiseta foi feita pelo cartunista Aroeira.

Qualquer dúvida: 9181-2750 (Ana Cláudia Monteiro)

4.2.13

Saída de emergência deficiente


Saída de emergência do Kinoplex Shopping Leblon 2. Como podem notar, os degraus me impediriam de usá-la com minha cadeira de rodas, em caso de incêndio.

A construção é nova, mas não levaram em conta a acessibilidade nas rotas de fuga. Mas, pensando bem, mesmo sem considerar as deficiências, uma porta de emergência logo depois de degraus, particularmente descendo, certamente fará com que as pessoas em pânico tropecem e se atropelem, pisando umas nas outras.

Ao senador Renan Calheiros

O texto que circula na internet atribuído a Thereza Collor pode não ser dela, mas está valendo. Abaixo vai o que encontrei:

Carta aberta ao Senador Renan Calheiros

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

“Vida de gado. Povo marcado. Povo feliz.”

As vacas de Renan dão cria 24 h por dia.

“Haja capim e gente besta em Murici e em Alagoas!

Uma qualidade eu admiro em você: o conhecimento da alma humana. Você sabe manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas. Do menino ingênuo que um babaca qualquer foi buscar em Murici para ser deputado estadual em 1978, que acreditava na pureza necessária de uma política de oposição dentro da ditadura militar, você, Renan Calheiros, construiu uma trajetória de causar inveja a todos os homens de bem que se acovardam e não aprendem nunca a ousar como os bandidos.

Você é um homem ousado. Compreendeu, num determinado momento, que a vitória não pertence aos homens de bem, desarmados desta fúria do desatino que é vencer a qualquer preço. E resolveu armar-se. Fosse qual fosse o preço, Renan Calheiros nunca mais seria o filho do “seo” Olavo, a digladiar-se com os poderosos Omena, na Usina São Simeão, em desigualdade de forças e de dinheiros.

Decidiu que não iria combatê-los de peito aberto. Descobriria um atalho, um ou mil artifícios para vencê-los, e, quem sabe um dia, derrotaria a todos eles, os emplumados almofadinhas que tinham empregados, cujo serviço exclusivo era abanar, por horas, um leque imenso, sobre a mesa dos usineiros para que os mosquitos de Murici (em Murici até os mosquitos são vorazes) não mordessem a tez rósea de seus donos: Quem sabe um dia, com a alavanca da política, não seria Renan Calheiros, o dono único, coronel de porteira fechada, das terras e do engenho, onde seu pai, humilde, costumava ir buscar o dinheiro da cana, para pagar a educação de seus filhos, e tirava o chapéu para os Omena, poderosos e perigosos. Renan sonhava ser um big shot, a qualquer preço. Vendeu a alma, como o Fausto de Goethe, e pediu fama e riqueza, em troca.

Quando você e o então deputado Geraldo Bulhões, colegas de bancada de Fernando Collor, aproximaram-se dele, aliaram-se, começou a ser parido o novo Renan. Há quem diga que você é um analfabeto de raro polimento, um intuitivo. Que nunca leu nenhum autor de economia, sociologia ou direito. Os seus colegas de Universidade diziam isto. Longe de ser um demérito, esta sua espessa ignorância literária, faz sobressair, ainda mais, seu talento de vencedor. Creio que foi a casa pobre, numa rua descalça de Murici, que forneceu a você o combustível do ódio à pobreza e a ser pobre. E Renan Calheiros decidiu que se a sua política não serviria ao povo em nada, a ele próprio serviria, em tudo. Haveria de ser recebido em Palácios, em mansões de milionários, em congressos estrangeiros, como um príncipe, e quando chegasse a esse ponto, todos os seus traumas banhados no rio Mundaú, seria rebatizados em fausto e opulência. “Lá terei a mulher que quero, na cama que escolherei. Serei amigo do Rei.”

Machado de Assis, por ingênuo, disse na boca de um dos seus personagens: “A alma terá, como a terra, uma túnica incorruptível”. Mais adiante, porém, diante da inexorabilidade do destino do desonesto, ele advertia: “Suje-se gordo! Quer sujar-se? Suje-se gordo!”.

Renan Calheiros, em 1986, foi eleito deputado federal pela segunda vez. Neste mandato nascia o Renan globalizado, gerente de resultados, ambição à larga, enterrando, pouco a pouco, todos os escrúpulos da consciência. No seu caso nada sobrou do naufrágio das ilusões de moço! Nem a vergonha na cara. O usineiro João Lyra patrocinou esta sua campanha com US$1.000.000. O dinheiro era entregue, em parcelas, ao seu motorista Milton, enquanto você esperava bebericando, no antigo Hotel Luxor, av. Assis Chateaubriand, hoje Tribunal do Trabalho. E fez uma campanha rica e impressionante, porque entre seus eleitores havia pobres universitários comunistas e usineiros deslumbrados, a segui-los nas estradas poeirentas das Alagoas, extasiados com a sua intrepidez em ganhar a qualquer preço. O destemor do alpinista, que ou chega ao topo da montanha, e é tudo seu, montanha e glória, ou morre. Ou como o jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefa rindo e cujos olhos indecifráveis intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. No blefe.

Você, Renan não tem alma, só apetites, dizem. E quem na política brasileira a tem? Quem neste Planalto, “centro das grandes picaretagens nacionais” atende no seu comportamento a razões e objetivos de interesse público? ACM, que na iminência de ser cassado, escorregou pela porta da renúncia e foi reeleito como o grande coronel de uma Bahia paradoxal, que exibe talentos com a mesma sem cerimônia com que cultiva corruptos? José Sarney, que tomou carona com Carlos Lacerda, com Juscelino, e, agora, depois de ter apanhado uma tunda de você, virou seu “pai velho”, passando-lhe a alquimia de 50 anos de malandragem? Quem tem autoridade moral para lhe cobrar coerência de princípios? O presidente Lula, que deu o “golpe do operário”, no dizer de Brizola, e hoje “hospeda” no seu Ministério um office boy do próprio Brizola? Que taxou os aposentados, que não o eram, nem no Governo de Collor, e dobrou o Supremo Tribunal Federal? No velho dizer dos canalhas, “todos fazem isto”, mentem, roubam, traem. Assim, senador, você é apenas o mais esperto de todos, que, mesmo com fatos gritantes de improbidade, de desvio de conduta, pública e privada, tem a quase unanimidade deste Senado de Quasimodos morais para “blindá-lo”. E um moço de aparência simplória, com um nome de pé de serra, Sibá, é o camareiro de seu salvo conduto para a impunidade, e fará de tudo, para que a sua bandeira, absolver Renan no Conselho de Ética, consagre a “sua carreira”. Não sei se este Sibá é prefixo de sibarita, mas, como seu advogado in pectore, vida de rico ele terá garantida. Cabra bom de tarefa, olhem o jeito sestroso com que ele defende o “chefe”. É mais realista que o Rei. E do outro lado, o xerife da ditadura militar, que, desde logo, previne: “quero absolver Renan”. Que Corregedor! Que Senado!

Vou reproduzir aqui o que você declarou possuir de bens em 2002 ao TRE. Confira, tem a sua assinatura: 1) Casa em Brasília, Lago Sul, R$ 800 mil, 2) Apartamento no edifício Tartana, Ponta Verde, R$ 700 mil, 3) Apartamento no Flat Alvorada, DF, de R$ 100 mil, 4) Casa na Barra de S Miguel de R$ 350 mil E SÓ. Você não declarou nenhuma fazenda nem uma cabeça de gado!! Sem levar em conta que seu apartamento no Edifício Tartana vale, na realidade, mais de R$ 1 milhão e sua casa na Barra de São Miguel, comprada de um comerciante farmacêutico, vale R$ 3.000.000.

Só aí, Renan, você DECLARA POSSUIR UM PATRIMONIO DE CERCA DE R$ 5.000.000. Se você, em 24 anos de mandato, ganhou BRUTOS, R$ 2 milhoes, como comprou o resto? E as fazendas, e as rádios, tudo em nome de laranja? Que herança moral você deixa para seus descendentes. Você vai entrar na história de Alagoas como um político desonesto, sem escrúpulos e que trai até a família. Tem certeza de que vale a pena?

Um vez, há poucos anos, perguntei a você como estava o maior latifundiário de Murici. E você respondeu: “Não tenho uma tarefa de terra. A vocação de agricultor da família é o Olavinho”. É verdade, especialmente no verde das mesas de pôquer!

O Brasil inteiro, em sua maioria, pede a sua cassação. Dificilmente você será condenado. Em Brasília, são quase todos cúmplices. Mas olhe no rosto das pessoas na rua, leia direito o que elas pensam, sinta o desprezo que os alagoanos de bem sentem por você e seu comportamento desonesto e mentiroso. Hoje, perguntado, o povo fecharia o Congresso. Por causa de gente como você!

(*) Aparecido Raimundo de Souza é escritor
Revista Textos Inteligentes nº. 549 Junho de 2007