30.12.08

GAZA: EXIJA O CESSAR-FOGO

Oi, acabo de tomar conhecimento desta campanha emergencial pedindo o cessar-fogo imediato em Gaza. Trezentas e setenta pessoas já foram mortas nesse conflito em escalada. Chegou a hora de exigir que os líderes mundiais acabem com a espiral da violência que tem caracterizado o conflito entre Israel e Palestina. Em 2009, vamos fazer pressão para que se possa chegar à paz real no conflito entre Israel e Palestina. Para saber mais informações e se mobilizar, leia o e-mail abaixo:

Caros amigos,

Ao observarmos o massacre de Gaza com horror e assustados com a rápida e descontrolada espiral da crise, uma coisa é certa: essa violência só causará mais sofrimento entre os civis e uma escalada do conflito.

É preciso encontrar outra solução. Até agora, mais de 370 pessoas já morreram e outras centenas foram feridas. Pela primeira vez, os mísseis estão atingindo a cidade de Ashdod, no interior de Israel, e ambos os lados do conflito estão se mobilizando para uma invasão. Começou uma reação mundial, mas será preciso mais do que palavras: não haverá o fim da violência imediata, nem a garantia de paz geral sem uma firme mobilização da comunidade internacional.

Estamos lançando hoje uma campanha emergencial que será entregue ao Conselho de Segurança da ONU e às principais potências mundiais, pedindo medidas para garantir o cessar-fogo imediato, atenção à escalada dessa crise humanitária e providências para que se possa chegar à paz real e duradoura na região (1). Siga o link abaixo agora mesmo para assinar o abaixo-assinado emergencial e enviá-lo a todas as pessoas que você conhece:

http://www.avaaz.org/po/gaza_time_for_peace

Após oito ou mais anos de diplomacia americana e internacional sem resultados, que levaram ao dia mais sangrento de Gaza já registrado pela memória recente, precisamos levantar um protesto mundial exigindo que os líderes mundiais façam mais do que emitir declarações, para que possam garantir a paz nessa região. A ONU, a União Européia, a Liga Árabe e os EUA devem agir juntos para garantir um cessar-fogo, inclusive dando fim aos ataques de mísseis em Israel e abrindo os pontos de travessia de fronteiras para obtenção de combustíveis, alimentos, medicamentos e outras remessas de ajuda humanitária.

Com a posse do novo presidente americano em menos de um mês, surge uma oportunidade real de reviver os esforços de paz. As recentes hostilidades exigem não apenas um cessar-fogo imediato, como também um compromisso de Obama e outros líderes mundiais de que a resolução do conflito entre Israel e Palestina terá prioridade máxima em suas agendas. Diante do impacto desse conflito contínuo em todo o mundo, isso é o mínimo que devemos exigir.

Em 2006, fizemos uma mobilização pelo cessar-fogo no Líbano. Durante anos, temos trabalhado por uma paz justa e duradoura, publicando outdoors e anúncios em Israel e na Palestina. Agora, entrando no novo ano de 2009, precisamos nos mobilizar novamente para exigir a resolução pacífica e duradoura do conflito, em vez da escalada da violência. Siga este link para incluir seu nome do pedido de paz:

http://www.avaaz.org/po/gaza_time_for_peace

Todos os lados do conflito continuarão a agir assim como antes se acreditarem que o mundo vai permitir que eles continuem com essa postura sem fazer nada para detê-los. Dois mil e nove será um ano em que as coisas poderão ser diferentes. Diante dessa crise e das possibilidades de um novo ano, é hora de exigir o cessar-fogo e trabalharmos juntos para finalmente dar fim a esse ciclo de violência.

Com esperança e determinação,

Brett, Ricken, Alice, Ben, Pascal, Paul, Graziela, Paula, Luis, Iain e toda a equipe da Avaaz

***

(1) Entre as medidas adicionais possíveis estão: uma resolução formal do Conselho de Segurança em vez da emissão de uma declaração à imprensa, como a de 28 de dezembro de 2008; pressão internacional explícita nas esferas pública e privada para que as partes conflitantes acabem com as hostilidades, inclusive elaborando termos claros para a retomada das negociações (clique aqui para ver também este artigo em inglês); supervisão internacional da fronteira em Rafah; e, com o tempo, uma resolução detalhada do Conselho de Segurança estabelecendo os termos do direito internacional para a paz permanente entre Israel e a Palestina.

***

SOBRE A AVAAZ

Avaaz.org é uma organização independente sem fins lucrativos que visa garantir a representação dos valores da sociedade civil global na política internacional em questões que vão desde o aquecimento global até a guerra no Iraque e direitos humanos. Avaaz não recebe dinheiro de governos ou empresas e é composta por uma equipe global sediada em Londres, Nova York, Paris, Washington DC, Genebra e Rio de Janeiro. Avaaz significa “voz” em várias línguas européias e asiáticas.

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Papai Noel existe!


Antes do Natal, a ONG Terra dos Homens alugou uma casa em Mangueirinha, Duque de Caxias/RJ, para atender as crianças, adolescentes e famílias da comunidade. Logo choveram doações de móveis e eletrodomésticos para equipá-la.

No bom sentido, tá tudo dominado!

Qual o melhor carro para a pessoa com deficiência?

Site Em Dia Com A Cidadania, 30/12/2008:

QUAL O MELHOR CARRO PARA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA?

Vi na Internet uma conversa sobre carros automáticos, etc, e qual deles seria o melhor para pessoas com deficiência.

É uma conversa superlegal, cheia de informações.

Para acessá-la,
clique aqui

De olho nos autores

O Globo, Gente Boa, 30/12/2008:

De olho nos autores
Fotógrafo registra os novelistas da Globo na intimidade

Cícero Rodrigues assina as fotos que ilustram os dois belos volumes de “Autores - Histórias da teledramaturgia”, que a Central Globo de Comunicações acabou de lançar. Os livros trazem profundas entrevistas sobre o processo de criação dos escritores. Cícero, que há dez anos fotografou cineastas brasileiros em suas locações preferidas, registrou os autores das novelas da Globo, sempre em preto e branco, nos seus escritórios de trabalho ou em seus ambientes ficcionais mais tradicionais, como a Zona Sul de Manoel Carlos e a cena paulista de Maria Adelaide do Amaral. “Retratos são o meu gênero fotográfico favorito”, diz Cícero, que tem entre seus livros de cabeceira o “The Writer’s Desk”, da fotógrafa americana Jill Krementz.

28.12.08

Por falar em 1968

Folha Ilustrada, 28/12/2008:

FERREIRA GULLAR

Por falar em 1968

SEM PRETENDER passar por dono da verdade, aproveito para contar coisas de que fui testemunha e até mesmo coadjuvante nos idos de 1968, de que tanto se fala agora.

Quando ocorreu o golpe militar de 1964, eu, em matéria de política, era um energúmeno, embora fosse presidente do CPC da UNE. Antes disso, integrara o Conselho Nacional das Ligas Camponesas, que não aconselhava nada e, quando tentou fazê-lo, foi desautorizado e dissolveu-se. Desapontado, fui procurado por Giocondo Dias, então secretário geral do PCB, para uma conversa que me fez ver as coisas políticas de uma nova maneira. Não entrei para o partido, mas entendi que, na revolução como na vida, apressado come cru.

O CPC contava com a assistência política do PCB, mas nem por isso deixou de cometer erros, como o de baixar a qualidade artística do que fazia, achando que assim atingiria o povão para “conscientizá-lo”. Ao fazer arte ruim para poucos, errava duas vezes, na estética e na política. Quando nos demos conta disso, já era tarde: o golpe militar desabou sobre nossa cabeça.

O CPC virou Grupo Opinião e esse tipo de erro não se cometeu mais. Num contexto adverso, procuramos fazer o melhor teatro político que podíamos e, ao mesmo tempo, mobilizar a intelectualidade na luta contra a ditadura.

Ao contrário dos mais sôfregos, que escolheram o caminho da luta armada, nós acreditávamos que só o povo unido derrotaria o regime totalitário. E isso explica nossa participação em alguns episódios que marcaram aqueles anos difíceis.

Um exemplo: quando surgiu a idéia de protestar contra o regime militar em frente ao hotel Glória, onde se realizava um encontro de governantes latino-americanos, preferimos não participar. Não obstante, colaboramos na manifestação, fornecendo as faixas que foram exibidas na ocasião. Como organizadores da resistência intelectual, evitávamos aparecer.

Essa mesma cautela adotamos por ocasião da morte do estudante Edson Luiz. Seu corpo foi levado para a Câmara de Vereadores e, enquanto as pessoas compareciam ali para solidarizar-se, líderes estudantis e intelectuais discutiam que vantagem política tirar daquela tragédia. Os líderes estudantis propunham irmos para a rua denunciar a polícia e a ditadura. Discordamos.

O certo seria convocar o povo do Rio para o enterro do estudante, já que ninguém pode proibir um enterro. Argumentamos que, assim, muita gente teria coragem de aderir, já que a maioria não estava disposta a enfrentar cassetete e gás lacrimogênio. Foi a opinião que prevaleceu e o enterro se transformou numa denúncia massiva contra o regime militar.

Não foi outra nossa atitude, quando se discutia de que modo reagir aos abusos policiais, quando o comando da PM lançara uma nota ameaçando a população. Disso resultaria a Passeata dos 100 Mil.

As lideranças antiditadura estavam reunidas no apartamento do advogado Sinval Palmeira e as propostas eram as mesmas de sempre: desafiar a polícia nas ruas. Mais uma vez, nosso grupo ponderou que o caminho certo era tentar arregimentar as pessoas e organizações sociais que se opunham ao governo militar. Propusemos convocar a intelectualidade para cobrar do governador Negrão de Lima os compromissos que assumira quando candidato. Em seguida, deveríamos nos reunir em um teatro e armar ali “uma barraca de protesto”. A proposta foi aceita pela maioria e, no dia seguinte, o salão do palácio Guanabara estava ocupado por intelectuais e artistas de grande prestígio, que até então não haviam se manifestado contra o regime. O governador teve de prometer que conteria a violência policial. De lá fomos para o teatro Gláucio Gil, em Copacabana, para mobilizar a opinião pública e ganhar o apoio dos setores organizados da sociedade.

Enquanto discutíamos ali, o partido articulava o apoio da Associação de Mães, de sindicatos e da Igreja Católica. Conseguido isso, foi-se ao governador, que concordou em não reprimir a passeata que se pretendia realizar. Quando o resultado dessas articulações foi anunciado aos que ocupavam o teatro, a liderança estudantil negou-se a obedecer o acordo feito com o governador.

Mas conseguimos dobrá-la e a passeata se realizou com o êxito que se conhece. Não obstante, durante a manifestação, eles insistiam gritando que “só o povo armado derruba a ditadura” e nós respondíamos afirmando: “O povo unido jamais será vencido”. E, assim, depois que a luta armada foi derrotada e o povo deixou de votar nulo, a ditadura começou a fazer água e afundou.

Celular

Celular,
coisa moderna
e vulgar.

Calendário 2009

Os desenhos que ilustram o calendário 2009 da Terra dos Homens foram realizados por crianças atendidas pelo Projeto Raízes Locais, de Mangueirinha, Duque de Caxias - Rio de Janeiro/RJ.
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27.12.08

AI-5: AFINAL, O QUE FOI E QUEM O APOIOU?

—– Original Message —–
From: vilemarfc@gmail.com
To: ethos-paideia@grupos.com.br
Sent: Thursday, December 25, 2008 12:18 PM
Subject: [Ethos-paidéia] O QUE FOI E QUEM O APOIOU

AI-5: AFINAL, O QUE FOI E QUEM O APOIOU?

Por Cid Benjamin

Tornou-se lugar comum dizer que o AI-5 significou um golpe dentro do golpe e abriu caminho para os anos de chumbo da ditadura militar. É a verdade.

Afinal, se para derrubar o presidente João Goulart havia unidade entre os militares golpistas, não havia consenso entre eles sobre o que fazer depois de afastado “o perigo de uma república sindicalista”.

Uns, como Castello Branco, queriam a volta a um regime civil em prazo não muito longo. Seu objetivo era, retirando os militares da linha de frente, marchar para uma democracia restritiva, com “salvaguardas” que impedissem avanços no caminho de reformas democráticas e sociais mais de fundo.

Outros, da autodenominada “linha dura”, desejavam estender no tempo o regime recém-implantado e aprofundar seu caráter ditatorial e suas características mais brutais.

A edição do AI-5 coroou a vitória da extrema-direita nessa disputa. Quase tão pueril quanto culpar o inexpressivo discurso de Márcio Moreira Alves na Câmara pelo endurecimento do regime seria responsabilizar a resistência estudantil ou as incipientes ações de grupos armados que começavam a se organizar para combater a ditadura. O fechamento teve sua origem dentro do próprio regime.

Culpar os que resistiram à ditadura pelo advento do AI-5 e dos anos de chumbo equivale a responsabilizar os maquis pelas atrocidades das tropas nazistas na França ocupada.

Dito isto, dois aspectos relacionados com a ditadura e o AI-5, em particular, devem ser lembrados.

Primeiro: hoje, quando a questão da tortura volta à cena, por conta do debate acerca da impunidade ou não dos torturadores, é preciso destacar a relação direta do AI-5 com a institucionalização da tortura na ditadura. Ao proibir a concessão de hábeas-corpus para presos políticos, o regime deu carta branca aos carrascos. Uma vez presa, a pessoa podia ficar incomunicável pelo tempo e nas condições em que o aparelho repressivo determinasse.

Em muitos casos – e nem vamos falar aqui dos “desaparecidos” políticos – as prisões sequer eram legalizadas imediatamente. Dou meu próprio exemplo: fui preso em 21 de abril de 1970. Mas durante 20 dias permaneci no limbo; a oficialização da prisão deu-se apenas em 11 de maio. E, depois, continuei incomunicável e sujeito a todo tipo de violência no DOI-Codi. Mas aí, pelo menos, já existia oficialmente como preso.

Por isso, nunca é demais repetir: a transformação da tortura em política de Estado só foi possível com o AI-5.

A segunda questão a ser destacada é que a implantação da ditadura e, posteriormente, a edição do AI-5 não foram obra exclusiva dos militares. Que ninguém se iluda: a ditadura militar teve apoio em parcelas da sociedade civil.

Aliás, não é difícil ver que não poderia ser de outro modo. Pela sua dimensão e complexidade, uma sociedade como a brasileira não viveria 21 anos sob uma ditadura se esta não tivesse um mínimo de sustentação fora dos quartéis.

O apoio ao golpe, à ditadura e ao AI-5 na sociedade civil foi majoritário? Certamente não. Mas existiu.

(E É JUSTAMENTE ESSA MINORIA CIVIL QUE APOIOU O GOLPE INSTITUCIONAL E NELE SE LOCUPLETOU, QUE FAZ POLITICAS E LOBBIES CONTRA A ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA, AONDE APARECEM SEUS NOMES, E LUTAM POR BAIXO DOS PANOS CONTRA A NÃO PUNIÇÃO DOS TORTURADORES COM MEDO DE QUE ELES SEJAM ATINGIDOS E TAMBEM SEJAM PUNIDOS – Nota minha: Vilemar Costa)

É importante ressaltar este fato, porque, da forma como a história às vezes é contada, parece que os militares eram como marcianos, ditando regras a um país que, todo ele, aspirava voltar à democracia. Não foi bem assim.

O grande capital, tanto nacional como estrangeiro, o latifúndio e segmentos das camadas médias (estes últimos, é verdade, de forma mais oscilante) tiveram expressivos ganhos materiais e apoiaram decisivamente a ditadura.

Recentes reportagens publicadas na grande imprensa desvendando apoios civis a atos dos militares são positivas – afinal, sempre é bom um país se reencontrar com a verdadeira história. Nelas vê-se que, até mesmo entidades respeitadas por sua tradição democrática – como OAB e ABI – fraquejaram em certos momentos e estenderam a mão aos ditadores.

Mas se é bom destapar este baú, está faltando algo: esclarecer também o papel da grande imprensa. Em sua maior parte, ela apoiou o golpe de 64 e, depois, o AI-5. Aliás, no caso deste último, o velho JB foi uma honrosa exceção, com uma primeira página histórica, editada por Alberto Dines, no dia seguinte ao AI-5. Ela lembrava que a véspera tinha sido o Dia dos Cegos e apresentava a previsão meteorológica: “tempo negro” e “temperatura sufocante”.

Mas – é preciso que se diga – na grande imprensa tal comportamento foi exceção. Por isso, lembrar os editoriais dos maiores jornais do país em 14 de dezembro de 1968, o dia seguinte ao AI-5, certamente contribuiria também para a memória nacional.

* Cid Benjamin é jornalista

“Inclusão Digital e Social de Pessoas com Deficiência”

—– Original Message —–
From: Programa InfoEsp - OSID
To: convencaoonu@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, December 25, 2008 11:51 AM
Subject: [convencaoonu] PUBLICACAO UNESCO

Caros(as),

Informo que se encontra disponível a versão digital da publicação da UNESCO “Inclusão Digital e Social de Pessoas com Deficiência”, de 2007.

O livro, na íntegra, está disponível nos seguintes links:

http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001600/160012POR.pdf

http://www.brasilia.unesco.org/publicacoes/livros/inclusaodigital

A todos(as), um Feliz Natal e um Ano Novo de paz, saúde e realizações,

Teófilo Galvão Filho
___________________
www.galvaofilho.net
teofilo@infoesp.net
teogf@ufba.br

Ação inédita em favor das pessoas com deficiência chega ao Supremo

Agência Inclusive, 24/12/2008:

Ação inédita em favor das pessoas com deficiência chega ao Supremo

O ano termina com luta para o segmento das pessoas com deficiência. Será encaminhada neste dia 29 de dezembro ao Supremo Tribunal Federal ação inédita pela audiodescrição na televisão brasileira. É a primeira vez que o cumprimento da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada este ano pelo Congresso Nacional é cobrado no STF. Aproveitando a Emenda 45 à Constituição, que diz que tratados internacionais de direitos humanos podem entrar no ordenamento jurídico com equivalência à Magna Carta, a Convenção foi aprovada pelos parlamentares brasileiros por quórum qualificado, adquirindo status constitucional. Com isso, o documento tornou-se objeto de análise da Suprema Corte.

A ação, movida pelo Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente (CVIs) e Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), alega o descumprimento da Portaria nº 661, de 14 de outubro de 2008, do Ministério das Comunicações, que determina a exigência do recurso de audiodescrição na TV brasileira.

A audiodescrição é um recurso de acessibilidade que consiste na descrição clara e objetiva das informações compreendidas visualmente, mas que não estão nos diálogos: expressões faciais e corporais, ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela.

A audiodescrição permite que qualquer usuário, mesmo aquele que não pode ver, receba a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando apreciar integralmente a obra, seguir a trama e captar a subjetividade da narrativa, da mesma forma que alguém que enxerga.

As descrições acontecem nos espaços entre os diálogos e nas pausas entre as informações sonoras do filme ou espetáculo, nunca se sobrepondo ao conteúdo sonoro relevante, de forma que a informação audiodescrita se harmoniza com os sons do filme, da cena da TV ou do teatro.

O recurso é transmitido normalmente no segundo canal de áudio. No caso da televisão, através de um canal que disponibilize esta banda extra de áudio, geralmente acionada pela tecla SAP (Programa Secundário de Áudio) dos televisores, o que permite que a opção pela utilização ou não do serviço seja da pessoa usuária e não do sistema.

Em 2006, após ampla discussão e consulta pública, foi instituída Norma Complementar escalonando a implantação da audiodescrição, definindo o prazo de 2 anos para as emissoras de televisão adequarem sua programação, inicialmente em apenas duas horas diárias. O prazo terminou em 27 de junho deste ano, mas desde então vem sendo adiado pelo Ministério das Comunicações. A ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão alega questões técnicas e falta de profissionais para realizarem o serviço. Os representantes das pessoas com deficiência contrapõem dizendo que tanto os recursos técnicos quanto humanos já existem, e que mesmo que não existissem, as empresas brasileiras de TV teriam tido tempo de sobra para formá-los quando a discussão começou há mais de 2 anos.

Agora o embate vai para análise dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, que vão julgar se suspende a portaria que adia a audiodescrição, tornando a TV mais acessível a milhões de cidadãos brasileiros.

* Para maiores informações:

Ana Paula Crosara Resende – advogada responsável
anapcresende@terra.com.branapcresende arroba terra.com.br

Claudia Grabois
Presidente da PBASD
claudiagrabois@hotmail.com
claudiagrabois arroba hotmail.com

* Para entender melhor a audiodescrição:

Blind Tube – O primeiro portal de entretenimento com acessibilidade
http://www.blindtube.com.br/

* Mais informações sobre Audiodescrição:

http://www.bengalalegal.com/livia.php

* Dica:

Marta Almeida Gil
martaalmeidagil@gmail.com

26.12.08

Calendário 2009

Os desenhos que ilustram o calendário 2009 da Terra dos Homens foram realizados por crianças atendidas pelo Projeto Raízes Locais, de Mangueirinha, Duque de Caxias - Rio de Janeiro/RJ.

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Presidente, mude o Ministério

Diário da Manhã, 26/12/2008:

PRESIDENTE, MUDE O MINISTÉRIO

Milton Coelho da Graça

Presidente Lula, seu otimismo em relação aos efeitos da crise econômica no Brasil é louvável, mas também é essencial que suas decisões e comandos sejam claros, com o conjunto do Governo unido em torno das diretivas presidenciais.

O Banco Central em nosso país não é autônomo, mas, como se viu recentemente, o Conselho de Política Monetária segue a orientação do presidente do BC e não a sua. O Sr. disse explicitamente que estava na hora de se reduzir a taxa de juros, mas, acompanhando a opinião do sr. Henrique Meirelles, o COPOM manteve a maior taxa real de juros do mundo.

O Sr. tem repetidamente assegurado o compromisso do Brasil com a ampliação da liberdade comercial e o fim de todas as formas de proteção a setores que, em vez de melhorarem sua competitividade, preferem se escorar em subsídios, financiamentos favorecidos, altas tarifas etc. Agora mesmo, o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, seguindo essa orientação, busca evitar o fracasso da Rodada Doha de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seu aliado na pasta do Desenvolvimento, Miguel Jorge, promoveram o aumento das tarifas de pneus, para beneficiar as três indústrias dominadoras do mercado nacional – Pirelli, Goodyear e Bridgestone – em óbvio passo a mais no caminho do protecionismo. A decisão é absurda porque todas as importações do Brasil se tornaram mais caras com a recente alta do dólar (já nas imediações dos 50%) e as três multinacionais alegam que não podem concorrer com pneus importados.

Vários outros setores industriais estão indo na onda protecionista, ajudados por esses dois ministros e o presidente do BNDES, Luciano Martins. Esses são apenas alguns exemplos de que esse Ministério está seriamente dividido por interesses de grupos, não partidários nem ideológicos.

Não adianta costurar partidos sem definir um projeto de enfrentamento da crise – vide exemplos de Grã-Bretanha, Japão, China, Alemanha e do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama. Ministério no regime presidencialista é escolha de confiança: Presidente manda, ministros obedecem.
Monte novo Ministério, Lula, unido e obediente. Antes que o mal cresça.

***

BOLÍVIA E NICARÁGUA NOS ENVERGONHAM

O Brasil faz parte do BRIC (com Rússia, Índia e China) e também do G-20, que reúne os países mais ricos. Somos o 10º mais rico do mundo, o problema é sermos mais de 190 milhões, o pirão é pouco para tanta gente, descemos para o 64º lugar na riqueza por cabeça. Imaginem a Bolívia, 104ª e 123ª, respectivamente, e a Nicarágua, devastada durante anos por uma guerra interna com apoio ostensivo dos Estados Unidos, 134ª do mundo nas duas contas!

Pois esses dois paupérrimos países estão sendo declarados “livres do analfabetismo” pela Organização das Nações Unidas. A Bolívia já tem essa glória confirmada, a Nicarágua garante que, em fevereiro, vai chegar lá. Para isso, basta chegar a menos de 5% de analfabetos (pessoas que, por idade, deficiência ou mesmo preguiça incorrigível, não conseguem mais aprender a ler e escrever).

Difícil? Não muito. Se os militares não tivessem nos empurrado para a escuridão da ditadura, pelo menos Pernambuco já teria derrotado o analfabetismo na década de 60. A Bolívia alfabetizou 823 mil cidadãos desde março de 2006 (34 meses), usando o programa “Sim, eu posso”, desenvolvido por educadores cubanos. Cuba também doou 30 mil televisores e 30 mil videocassetes para os centros de alfabetização, mais 8 mil painéis de energia solar, além de ajudar a capacitar os 43 mil “facilitadores” espalhados por todo o país. A Venezuela doou cartilhas e ajudou financeiramente. As prefeituras colaboraram dando casa, comida e passagens aos “facilitadores”. O Brasil, apesar de ser o vizinho de maior fronteira com a Bolívia, não deu nem emprestou um “patrociniozinho cultural” da Petrobras, daqueles que são distribuídos com generosidade.

O programa custou uns 33 milhões de dólares, 400 dólares (menos de mil reais!) por alfabetizado, números também válidos para o programa da Nicarágua. E nós? Quando vamos levar a sério a tarefa de ajudar os 15 milhões de patrícios que vêem mas não entendem nem as palavras escritas em nossa bandeira? Talvez tenha sido um erro o direito de voto aos analfabetos, muitos políticos devem ter perdido o interesse no assunto.

***

MENOS EMPREGOS, MAIS PROBLEMAS PARA OS JOVENS

O desaparecimento de 40.800 vagas de carteira assinada no mês de novembro não é um número assustador, mas é alarme estridente. O Brasil tem problemas diferentes da maioria dos países desenvolvidos. Aqui temos de criar todos os anos uns 2 milhões de NOVOS empregos porque a taxa de crescimento populacional está por volta de 1,4% ao ano. Se o número de empregos começar a diminuir, os jovens que estarão chegando ao mercado de trabalho enfrentarão ainda problemas maiores.

***

FIQUE ORGULHOSO, VOCÊ PAGOU ESTA HISTÓRIA DE NATAL

Já está para ser decidido o processo em que Siméa Maria de Castro Antun pede que a Justiça reconheça que o pai de seu filho de 14 anos foi o falecido ex-presidente da Câmara Federal Luiz Eduardo Magalhães, por sua vez filho de Antonio Carlos Magalhães, que, durante muitas décadas, dominou a política baiana.

Mas essa história íntima transborda para o público quando se sabe, pelo processo, que Siméa, ex-modelo, conheceu Luiz Eduardo quando era recepcionista e, quatro dias depois, já havia sido nomeada funcionária da Câmara. Luiz Eduardo morreu, Siméa passou a ser assessora de Antonio Carlos, no Senado, com salário de 8.355 reais/mês. E, quando ACM morreu, continuou no Senado com ACM Júnior, suplente do pai. Isso tudo sem nunca aparecer para trabalhar. E só foi demitida quando VEJA contou a história.

***

“Se há algum princípio da Constituição que mais imperativamente exija adesão do que qualquer outro é o princípio do livre pensamento – não o livre pensamento para aqueles que concordam conosco, mas liberdade para o pensamento que odiamos.”

(Oliver Wendell Holmes , 1841-1935, juiz do Supremo Tribunal Federal dos Estados Unidos)

***

IBOPE DESACONSELHA PMDB PARA AÉCIO

Na pesquisa IBOPE, encomendada pelo jornal “Estado de São Paulo” e divulgada domingo passado, 21/12, o resultado mais incômodo para o governador Aécio Neves ocorreu no confronto entre ele, José Serra, Ciro Gomes e Heloísa Helena. Serra teve 37%, bem à frente de Ciro, Aécio e Heloísa em empate técnico (13% 11% e 10%, respectivamente. Este confronto obviamente só seria possível se Aécio saísse do PSDB.

***

FRANCÊS FALOU COMO “CIDADÃO DO MUNDO”

É pura demagogia mostrar-se irritado – como fazem alguns dos nossos políticos e jornalistas - com a declaração franca, seca e dura de Jean-David Levitte, assessor-chefe diplomático do presidente Sarkozy, da França: “A Amazônia pertence a todos nós, ao contrário do que o Brasil defende. O Brasil vai precisar se mexer e se engajar mais.”

É isso mesmo, todo ser humano tem o direito e o dever de se preocupar com a Amazônia e com tudo aquilo indispensável à preservação de toda a nossa espécie. Um finlandês ou um tailandês não podem aceitar que o futuro seu e de seus filhos seja ameaçado por irresponsáveis que destroem a maior área florestal do mundo embriagados por um coquetel de ganância e ignorância. E todo brasileiro também tem o direito e o dever de se preocupar com a poluição do Mediterrâneo, o derretimento de geleiras no Ártico, a defesa da diversidade biológica em todos os mares e continentes etc.

Levitte não falou como representante da França, mas sim como representante de todos os cidadãos conscientes do mundo. E não adianta espernear com fantasias nacionalistas. Temos é de assumir e agir efetivamente como guardiães dessa riqueza. Se continuarmos com esse nhem-nhem-nhem e permitirmos o desmatamento sistemático, não poderemos nos queixar se, em algum momento no futuro, a ONU (ou outro órgão internacionalmente reconhecido) assumir o controle da Amazônia em nome da sobrevivência de toda a Humanidade.

***

“Toda vez que nomeio alguém para um cargo, produzo cem descontentes e um ingrato.”

(Luís XIV (1638-1715), rei da França)

23.12.08

FELIZ NATAL!


Menino de Mangueirinha


21.12.08

“Sem pátria acessível e inclusiva a democracia é impossível”

Jornal da AME, 21/12/2008:

ENTREVISTA/Luis Fernando Astorga
“Sem pátria acessível e inclusiva a democracia é impossível”

Luis Fernando Astorga é Fundador da RIADIS (Rede Latino-Americana de Organizações Não-Governamentais das Pessoas com Deficiência e suas Famílias) e Diretor-executivo para as Américas e Caribe do Instituto Inter-Americano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo. Tem 56 anos de idade e é jornalista, mas a maior parte de sua vida tem dedicado à potítica social. Atualmente também atua como consultor internacional em direitos humanos e deficiência. Nasceu e mora em San José, capital de Costa Rica. Confira entrevista exclusiva ao Jornal da AME.

AME - Como e quando aconteceu sua deficiência?

Luis Fernando Astorga - Em agosto de 1986, produto de um acidente de trânsito, que me aconteceu na Nicarágua.

AME - Como é ser uma pessoa com deficiência na Costa Rica?

Astorga - Mesmo que na Costa Rica existam alguns avanços relativos a este assunto, ter deficiência significa ser uma pessoa discriminada. É enfrentar cotidianamente dificuldades de acesso tanto no aspecto arquitetônico como nos serviços públicos e privados, em geral.

AME - Como se tornou uma liderança na área da deficiência na América Latina e Caribe?

Astorga - É um trabalho constante desenvolvido em múltiplos cenários, em que se promovem e defendem os direitos das pessoas com deficiência, mas quero destacar quatro dessas frentes: estou, desde o início, no mesmo instituto ao qual pertenço (IIDI), atuo junto a RIADIS, fundei e desenvolvi a lista virtual de discussão do Yahoo “Discapacidad y Derechos humanos” e desenvolvi e minha participação junto as Nações Unidas, em todo o processo de construção da Convenção.

AME - Em todo este tempo de militância, qual foi sua maior conquista?

Astorga - A participação emocionante do processo de construção de uma Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, especialmente por meio da participação no Comitê de Trabalho, que redigiu um esboço desse trata internacional no inverno nova iorquino de 2004 (representando as ONG das Américas).

AME - Como poderia resumir a situação das pessoas com deficiência na América Latina e Caribe?

Astorga - A situação na América Latina, infelizmente é delicada. Vivemos o que podemos chamar de apartheid silencioso, onde a América Latina possui violentos contrastes de concentração da riqueza em muitas poucas mãos e de maneira muito extensa, muita pobreza para milhões de latino-americanos e entre estes, estão certamente muitas pessoas com deficiência e suas famílias. Vivemos esse círculo vicioso de pobreza e deficiência, porque a pobreza, de muitas maneiras gera a deficiência e a deficiência gera pobreza, dessa maneira colocando, em toda região, as pessoas com deficiência estão entre os mais excluídos dos excluídos. Temos 85 milhões de pessoas com deficiência na América Latina, como estimado pela OMS. Dessas, 68 milhões se localizam na pobreza e extrema pobreza. Isso significa que mais de 80% das pessoas com deficiência são pobres. A pobreza acompanha as pessoas com deficiência e suas famílias. Este é o quadro na América Latina. Há violações nos direitos humanos das pessoas com deficiência, mas que não se manifesta dessa forma. Somos invisíveis em nossas sociedades e somos invisíveis para as organizações internacionais. Fazendo um retrato rápido da situação das pessoas com deficiência, vemos que há um descaso no acesso à educação. A educação que se pratica é uma educação segregada. A educação inclusiva é uma expectativa e não uma realidade. Segundo a OIT, mais de 85% das pessoas com deficiência estão desempregadas na América Latina, deixando assim as pessoas em subempregos. Os salários não são equivalentes ao de pessoas sem deficiência em cargos semelhantes. E há um impacto muito limitado em políticas afirmativas por parte do setor público na contratação de pessoas com deficiência. Existem Leis de Cotas em muitos países da América Latina, mas elas não são cumpridas, nem no setor privado e nem no setor público.

AME - Com este panorama nada favorável, onde reside a esperança?

Astorga - Apesar deste panorama atual, há uma perspectiva de esperança. A Convenção da ONU foi aprovada em dezembro de 2006 e entrou em vigor internacional em 13 de maio de 2008. Este é um marco sem precedentes na história dos direitos das pessoas com deficiência, porém, não haverá mudança somente porque a Convenção existe. É preciso que o modelo em vigor hoje nos setores acadêmicos e políticos sejam substituídos e uniformizados. Agora existe um instrumento universal para orientar as normas a serem adotadas. Porém, a Convenção da ONU não é um instrumento de mudanças por si só, não é uma varinha mágica do Harry Potter, que pode transformar a realidade. É preciso que organizações em prol das pessoas com deficiência lutem para que os Estados cumpram sua parte. Podemos e devemos utilizar essa ferramenta para impulsionar a mudança. Porém, sem trabalhar com ela, podemos aguardar 20, 30 anos e não haverá mudança e só vai restar o lamento do que poderia ter acontecido e de como poderia ser e não é. A responsabilidade está em nossas mãos.

AME - Como a pessoa com deficiência é percebida nos países latino-americanos?

Astorga - Nessas sociedades domina a visão tradicional, em que predomina a caridade, a piedade, e isso é muito preo­cupante. Os estudos mostram que a sociedade subestima, discrimina e exclui quando as camadas importantes da sociedade rechaçam as pessoas com deficiência e isso é muito grave. Quando se estuda como atuam as políticas públicas que atendem às pessoas com deficiência, percebemos que são muito limitadas, que possuem enfoque voltado ao modelo médico e assistencialista e não voltado aos direitos das pessoas com deficiência. É preciso haver intervenção nesse sentido, para que as políticas públicas que surgirem sejam abordadas de maneira diferente.

AME - E sobre a vasta quantidade de leis para pessoas com deficiência, no Brasil e América Latina, qual é sua avaliação?

Astorga - Quando analisamos as leis dos países da América Latina, vemos que muitas delas seguem as normas da ONU e da Convenção para os Direitos das Pessoas com Deficiência e também às regras da OEA sobre Discriminação das Pessoas com Deficiência. Catorze países da região já ratificaram a Convenção da ONU, o que nos dá muitas esperanças, porém, até o momento, não colhemos muitos frutos disso. Temos muitas normas, algumas muito boas, outras razoáveis e outras más, mas seu cumprimento é muito limitado. Existem leis sem regulamentação em nossos países. Os Conselhos Nacionais para assuntos de Deficiência são fracos. Existem políticas muito pontuais sobre deficiência que não atingem a todas as pessoas. Há ainda uma dependência excessiva da cooperação internacional, ou seja, não são os Estados que assumem a responsabilidade. Pela lei os Estados devem prover as ajudas técnicas necessárias, mas o acesso é muito limitado, há muitas pessoas com deficiência que precisam se arrastar porque não têm ajuda técnica adequada. E muitas vezes a responsabilidade é passada para instituições privadas e filantrópicas. Muitas pessoas com deficiência na América Latina acabam não podendo sair de casa por conta da falta de ajudas técnicas, porque o ambiente é inacessível. É preciso gerar condições para que possamos desfrutar de nossos direitos. Há uma lista de instituições privadas para as quais o Estado passa as responsabilidades, inclusive de serviços que são obrigatórios por parte do Estado.

AME - Poderia deixar uma mensagem final aos nossos leitores?

Astorga - Considero que há razões suficientes para termos esperanças. As pessoas com deficiência do mundo inteiro contam com um instrumento (a Convenção da ONU), que convertido em lei nacional por meio da ratificação, podemos transformar a realidade das pessoas com deficiência. Podemos utilizá-lo em processos partici­pativos e propositivos de eficaz incidência, para exigir políticas públicas e programas, transversais e inclusivos, que permitam a realização efetiva dos direitos das pessoas com deficiência. Isto não é outra coisa senão que trabalhar para avançar para o desenvolvimento inclusivo, que forma parte do conteúdo deste tratado internacional. As organizações de pessoas com deficiência devem fortalecer-se conforme o que estabelece esta Convenção para, de maneira eficaz, trabalhar para que o tratado se implemente, em ossos países, em nossas regiões. Devemos converter nossos eventuais debéis e emergentes movimentos associativos em movimentos sociais, que gravitem mais fortemente em nossa sociedade, apresentando nossas justas e urgentes demandas. Nossos movimentos, potencializados, política e socialmente, devem construir alianças com outros setores e movimentos sociais, que tenham também justas demandas contra a injustiça e exclusão. Termino dizendo que sem pátria acessível e inclusiva, a democracia para as pessoas com deficiência de todos os países, é impossível.

* Fonte: http://www.ame-sp.org.br/noticias/entrevista/teentrevista39.shtml
* Dica: Maria Isabel da Silva

19.12.08

2008 conta 68


18.12.08

11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos acaba hoje

Programação:

9h00 às 12h00: Plenária Final

12h00 às 14h00: Almoço

14h00 às 16h00: Plenária Final

16h00 às 16h30: Coffee-Break

16h30 às 19h00: Plenária Final

Saiba mais

17.12.08

Lançamento de livro, hoje


16.12.08

Festa para Mangueirinha foi sucesso

Na animada festa para Mangueirinha, Adriana Pacheco, Ronaldo Caldas, Claudia Cabral, Leonardo Leal, a anfitriã Suraia Raid, Gleusa Santos e Valeria Nogueira

Festa para Mangueirinha foi sucesso

Gleusa Santos

O evento, realizado pela Terra dos Homens, mobilizou com sucesso muitas pessoas em prol da Comunidade Mangueirinha, numa noite de sábado (29/11), em Santa Teresa, um dos bairros mais pitorescos da Cidade do Rio de Janeiro. Com a venda dos ingressos, no valor de R$ 50,00 cada, a arrecadação será destinada ao projeto “Raízes Locais”, que atende 75 crianças desta comunidade de Duque de Caxias/RJ.
Estiveram presentes a equipe da Terra dos Homens e as pessoas que se sensibilizaram pela causa e puderam aproveitar a animação do DJ, que tocou diversos ritmos, fazendo com que as pessoas dançassem até alta madrugada, divertindo-se muito. A pista de dança não ficou vazia em nenhum momento e foram servidos canapés deliciosos, empadinhas e pastinhas, tudo num clima que proporcionou boas risadas e colocação dos papos em dia.
A diretora executiva da Terra dos Homens, Claudia Cabral, aproveitou a oportunidade para agradecer a todos que colaboraram e que compareceram. Ela lembrou também o aniversário da Terra dos Homens, que completou 12 anos de atividades no dia 26/11.
Mesmo tendo sido realizada no dia em que outros eventos aconteceram com importante participação do público e da mídia, como a inauguração da Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas e a 5ª Feira Brasil Rural Contemporâneo, na Marina da Glória, e ainda por cima com a chuva fina que caiu na cidade, a festa para Mangueirinha contou com um número expressivo de pessoas, que admiram e apostam no trabalho da organização Terra dos Homens.

15.12.08

Soluções Sustentáveis

Soluções Sustentáveis é uma consultoria integrada por profissionais com experiência internacional no planejamento, captação de recursos, gestão e avaliação de projetos. Sua Diretora Técnica é Mônica de Roure, ex-diretora de operações internacionais da Ashoka e consultora independente desde 2002.

Soluções Sustentáveis oferece produtos e serviços para sua organização obter o que há de mais atual em desenvolvimento e sustentabilidade e dispor dos instrumentos necessários para melhorar seu desempenho sem onerar sua estrutura organizacional.

Entre em contato para mais informações:

Paula Lobo
Diretora de Relações Corporativas
21 2522-4944
21 7854-4595

Revista DIREITOS HUMANOS

Direitos Humanos em Pauta, Boletim Informativo da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 15/12/2008:

Ministro Vannuchi lança a revista Direitos Humanos no Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO (DF) – O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), lançou, no Rio de Janeiro, em dois períodos, a revista “Direitos Humanos”, publicação semestral da SEDH em projeto realizado com a colaboração da sociedade civil brasileira. “A revista “Direitos Humanos” nasce para contribuir com o debate nacional sobre as questões de direitos humanos no país”, afirma Vannuchi. Segundo ele, a proposta é preencher a lacuna representada pela existência de poucas publicações sobre o tema no país.

Leia mais

(Clique aqui para fazer download da revista em PDF)

14.12.08

Ecobag da Terra dos Homens



Brim e sarja orgânicos, de lavouras que não utilizam agrotóxicos na produção do algodão, dão o charme da ecobag da ONG Terra dos Homens - que atende crianças e adolescentes com direitos violados. Confeccionada pela CoopNatural, cooperativa que insere grupos de artesãos do Nordeste na rede de Comércio Justo, a sacola fortalece a agricultura familiar e a cadeia de produtos socialmente corretos. E o mais legal é que a compra ajuda a preservar o meio ambiente: cada semana de uso da ecobag evita o descarte de seis sacolas plásticas.

A ecobag custa R$ 29 e a renda obtida com o produto será revertida para famílias atendidas nos programas da Terra dos Homens.

Encomendas:
(21) 2524-1073
ou pelo e-mail:

13.12.08

CINISMO E ESPERANÇA

Folha de S. Paulo, 12/12/2008:

CINISMO E ESPERANÇA

Fernando Gabeira

RIO DE JANEIRO - Longo fim de semana de leituras. John Rawls, aulas de filosofia política. Há algo que vale a pena mencionar. Serve ao Brasil de hoje. Ele critica o cinismo dos que não acreditam na política. Dos que acham que política é apenas algo a se obter e como obter. Os princípios de justiça e bem comum seriam apenas uma espécie de cortina de fumaça para enganar os ingênuos.

Rawls afirma que esta tese subestima a inteligência dos eleitores. Eles sabem distinguir quando princípios são apenas uma retórica enganadora. Ele não viveu para ver sua tese comprovada. Os eleitores de Barack Obama acreditaram ver princípios sinceros em seu discurso. E apostaram nele. Podem acertar ou não, mas apostaram.

O resultado de um processo desse tipo é a aproximação entre Estado e sociedade. É disso que se trata, principalmente, a eleição nos EUA. O clima mudou, e com os mecanismos modernos de participação, internet à frente, abrem-se novas possibilidades de governar com a colaboração ativa dos eleitores.

As eleições de 2010 apresentam nomes administradores com capacidade técnica. Claro que eles têm também grande capacidade política. De outra forma não teriam sobrevivido até aqui.

Mas a dúvida é se conseguem empolgar a sociedade. Se conseguem construir essa ponte entre governo e eleitores. A própria campanha vai dizer isso. Se os eleitores limitarem-se a assistir a debates e a comparecerem às urnas, a aproximação talvez não se dê. Não é um desastre. Grandes administradores continuarão realizando suas aritméticas tarefas, negociando com o Congresso. Mas a distância entre Estado e sociedade não terá sido encurtada. E o tédio pode florescer num campo, potencialmente, aberto à emoção.

O “sim, podemos” periga ser traduzido em “sim, podemos ver tudo da poltrona da sala”.

12.12.08

Dudu Braga apresenta programa “Vida em Movimento”, neste sábado (13/12), na TV Cultura

—– Original Message —–
From: Marta Almeida Gil
To:
Sent: Friday, December 12, 2008 11:11 AM
Subject: Dudu Braga apresenta programa “Vida em Movimento”, neste sábado (13/12), na TV Cultura

Caros amigos,

Contamos com sua audiência e com sua força na divulgação.

Dudu Braga apresenta programa “Vida em Movimento”, neste sábado (13/12), na TV Cultura
Terceiro programa da série mostra os benefícios para a sociedade da inclusão de pessoas com deficiência

Este sábado (13/12), às 10h (horário de Brasília), a TV Cultura apresenta o terceiro programa da série Vida em Movimento, que mostra e valoriza a capacidade e o potencial de pessoas com deficiência.

O programa Vida em Movimento, que tem mais 6 episódios, trata de atividades físicas, educação, trabalho, esportes adaptados, recreação, acessibilidade e tecnologias assistivas, do ponto de vista da inclusão. Apresentado por Dudu Braga, filho do cantor Roberto Carlos e que tem deficiência visual, mostra que a inclusão está nas ruas, nos ônibus com piso rebaixado, no aumento de números das vagas reservadas nos estacionamentos, nas estatísticas que mostram aumento de matrículas de criança e jovens com deficiência no ensino regular, no número crescente de trabalhadores com deficiência admitidos nas empresas.
Vida em Movimento é adaptado de uma série de vídeos produzidos pelo Departamento Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria) e CNI (Confederação Nacional da Indústria) e realizado em parceria com o Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, tendo como base o projeto da socióloga Marta Gil.

O programa, que ocupa 30 minutos na grade da TV Cultura, conta com janela de Libras (língua brasileira de sinais) e com um recurso ainda pouco conhecido no país, a audiodescrição - em que um locutor narra às pessoas com deficiência visual detalhes do conteúdo quando não há narração ou pessoas falando, apenas imagens.

O programa deste sábado traz 3 vídeos:

Deficiência física

Este programa conta a história de Helena Maranhão, jovem estudante de Biblioteconomia que tem paralisia cerebral, as causas da sua deficiência e a importância da estimulação precoce para a qualidade de vida.

Isabel Chateaubriand, fisiatra do Hospital Sírio Libanês fala sobre as causas da deficiência física e os momentos em que ela pode ocorrer na vida de uma pessoa.

Verena Pedrinelli, professora de Educação Física da Universidade São Judas Tadeu fala da importância da Educação Física na estimulação e no processo de desenvolvimento, trabalhando o potencial. Suas palavras são ilustradas por uma menina, nadando feliz em uma piscina.

Dança

A dança é um importante meio de reabilitação física e sensorial, através da exploração das possibilidades de movimentos e ritmos. Equilíbrio, coordenação motora e qualidade de vida são alguns dos benefícios advindos de sua prática.

Marco Aurélio Nascimento, dançarino da Andef – Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos, diz que “o grande barato, além de se mostrar, é a conquista”. Vanessa Abreu (Andef) e Julie Nakayama (Grupo Bombelêla) falam de alegria e liberdade, ao constatar que podem fazer coisas que não imaginavam serem possíveis. Camila Rodrigues, coreógrafa da Andef, conta sua forma de trabalhar, as adaptações e as complementações que faz para viabilizar os movimentos.

Mark van Loo, diretor artístico do Grupo Bombelêla, fala da busca de eficiência no movimento, a partir da constatação da condição de deficiência.

Brincadeira

A atividade física pode ser exercida de muitas maneiras; brincar é uma delas. Mara Siaulys, Diretora de Laramara, enfatiza que a brincadeira faz parte da vida de qualquer criança e que é extremamente importante para o seu desenvolvimento.

Esse vídeo focaliza as crianças com deficiência visual, que precisam aprender a conhecer o próprio corpo e explorar a potencialidade de seus movimentos. Esse conteúdo se aplica a todas as crianças, com e sem deficiência.

Silverlei Vieira, professor de Educação Física de Laramara mostra que a transposição desta consciência corporal e da movimentação aprendida através da ludicidade para o cotidiano é muito importante para o processo de inclusão.

Diferentemente do que muitos possam pensar, a atração tem como meta atingir todo tipo de telespectador, e não apenas aqueles com deficiências. Segundo Gabriel Prioli, Coordenador de Conteúdo e Qualidade da Fundação Padre Anchieta, “todos devem ser informados de que a atividade física é possível e recomendável para pessoas com deficiência, sempre de forma inclusiva, seja nas aulas de Educação Física, seja nos esportes adaptados. O processo de inclusão veio para ficar. É exatamente isso que queremos mostrar aos nossos telespectadores”, disse.

O Programa Vida em Movimento, parceria da TV Cultura com o SESI, contou também com o apoio da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que deu orientações sobre aspectos do conteúdo e da linguagem utilizada em cada edição.

Sobre o Amankay e Marta Gil

A série Vida em Movimento nasceu de parceria entre o Departamento Nacional do SESI e o Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas (www.amankay.org.br), organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Criado em 1989, o Amankay tem como Missão institucional a produção e a disseminação de materiais que promovam a inclusão social e a qualidade de vida de segmentos sociais vulneráveis (Pessoas com Deficiência, jovens moradores em bairros periféricos, egressos do sistema penitenciário e outros), através da democratização do acesso à Informação e da atuação em rede.

Sua atual Coordenadora Executiva é Marta Gil, que foi coordenadora da Rede SACI (Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação), projeto da USP – Universidade de São Paulo, consultora da equipe de Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo do Banco Mundial, dentre outras funções. É responsável pela organização de livros sobre a inclusão no Trabalho e na Educação. Atualmente, é consultora na área da Deficiência e Diretora da Casa de Vital Brazil.

Serviço:

Vida em Movimento
Periodicidade: Semanal – Sábado, às 10h (horário de Brasília)
Classificação indicativa: Livre
Duração: 30 minutos
Possui janela de Libras e audiodescrição
Apresentação: Dudu Braga
Direção: Eduardo Ramos Quirino
Audiodescrição: Lívia Motta
Gravação da audiodescrição e apoio: Instituto Vivo e Estúdio Laramara

Gerência de Comunicação Corporativa da Fundação Padre Anchieta
(11) 2182-3267/ 3268/ 3281/ 3282

Quartos de Tennessee

—– Original Message —–
From: Graciela
To: tvacessivel@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, December 09, 2008 12:18 PM
Subject: Quartos de Tennessee com audiodescição e LIBRAS

Pessoal,

Na próxima quinta-feira, dia 11/12 acontecerá a segunda apresentação da peça Quartos de Tennessee com acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva que utilizam a Língua Brasileira de Sinais (audiodescrição + LIBRAS).

Quartos de Tennessee

Teatro dos Correios
Visconte de Itaboraí, 20 (atrás do CCBB)
De quinta a domingo, as 19:00
Reservas: (21) 2219-5165
Ingressos: 15,00 (inteira) e 7,50 (meia)
Na apresentação do dia 11/12 haverá audiodescrição e LIBRAS.

Ajudem a divulgar e apareçam!!

um abraço,

Graciela Pozzobon
http://www.audiodescricao.com.br/
http://www.blindtube.com/

11.12.08

A CUMPLICIDADE DO BANCO MUNDIAL COM A NÃO-EDUCAÇÃO NOS PAÍSES POBRES

Rio de Janeiro, novembro de 2008. Foto: Marcia de Almeida/www.emdiacomacidadania.com.br

Site Em Dia Com a Cidadania, 11/12/2008:

MARTÍN ALMADA FALA DA CUMPLICIDADE DO BANCO MUNDIAL COM A NÃO-EDUCAÇÃO NOS PAÍSES POBRES

por Marcia de Almeida

Terminamos, hoje, a entrevista com o advogado e escritor paraguaio Martín Almada - um homem de infância pobre, que vendia pastéis para ajudar a família.

Nesta segunda parte, Almada fala da sua experiência com o Banco Mundial, na África, sobre a morte da sua primeira mulher, quando estava preso, e do seu trabalho atual com a energia solar em benefício dos jovens e das comnidades pobres.

Valeu, professor.

(Saiba mais)

10.12.08

“ÉL CONDOR SIGUE VOLANDO”

Rio de Janeiro, novembro de 2008. Foto: Marcia de Almeida/www.emdiacomacidadania.com.br

Site Em Dia Com a Cidadania, 10/12/2008:

“ÉL CONDOR SIGUE VOLANDO”, DIZ MARTÍN ALMADA, O HOMEM QUE DENUNCIOU A OPERAÇÃO CONDOR

por Marcia de Almeida

No dia 15 de novembro último, tive a oportunidade de entrevistar com exclusividade o escritor e professor paraguaio, Martín Almada, de 71 anos , o homem que denunciou a existência da Operação Condor, e comprovou, matando a cobra e mostrando o pau.

Contido, fala pausada, se emocionou quando contou a morte da primeira mulher, quando estava preso.

Veio ao Rio para palestras na UERJ e uma outra na OAB.

Foi uma conversa longa. Hoje em dia, Almada trabalha com energia solar para rádios comunitárias, mas isso fica para a segunda parte da entrevista, amanhã.

Agradeço ao jornalista Mario Augusto Jakobskind pela intermediação. Graças a ela, vocês vão poder ler a entrevista e saber detalhes de como tudo se deu e como e quando a Operação Condor nasceu.

Pelos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, deixei para publicá-la hoje.

Amanhã, tem mais.

(Saiba mais)

8.12.08

FELIZ NATAL!


7.12.08

A DECLARAÇÃO DA VIDA



Uma questão de custo e de oportunidade? Ou uma questão de Justiça?

Jackson Vasconcelos *

O certificado de filantropia é a maneira como o Estado reconhece que uma organização privada merece recompensa fiscal (isenção de pagamento da contribuição previdenciária patronal, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS e Cofins), por propiciar à sociedade alguns serviços que ele próprio deveria oferecer.

No entanto, as situações que concedem benefícios ou privilégios estimulam gente séria e gente vil. Por isso, o Estado, antes de emitir um certificado de filantropia, investiga as provas de exercício efetivo das atividades merecedoras da recompensa fiscal e tem a obrigação de punir as organizações soi-distant filantrópicas, criadas e mantidas com o objetivo exclusivo de receberem, pela burla, a vantagem fiscal.

As exigências da lei e do governo para concessão dos certificados de filantropia tomam tempo precioso e acrescentam custos às atividades normais das organizações sérias. Mas, são exercícios que demonstram respeito pelos contribuintes, porque excluem os picaretas - os “pilantrópicos” na linguagem popular.

Sem pensar nisso, no dia 13 de novembro, o governo federal, com a desculpa de falta de tempo para exame dos processos e do custo alto que o trabalho representa, resolveu conceder certificados de filantropia de maneira indiscriminada – para organizações filantrópicas e “pilantrópicas”. A medida, portanto, misturou gente séria e gente vil (joio e trigo) sem ressarcir “o trigo” pelos custos e pelo tempo gasto com a comprovação de que não é “joio”. Ontem ou anteontem, o governo resolveu anistiar as dívidas dos que devem ao fisco até R$ 10.000,00 e há mais de 06 anos. Fez isso com a mesma alegação de redução de custos e de trabalho que utilizou para o caso das filantrópicas. E os que pagaram os seus impostos no tempo certo e no valor correto? Por uma questão de justiça ou de isonomia, não deveriam receber um crédito fiscal no valor da anistia concedida aos devedores? Deveriam, mas não receberam e, por isso, fazem jus a um certificado de filantropos ou de tolos.

Ora, para que houvesse isonomia(todos iguais perante a lei), no primeiro caso, as instituições sérias deveriam receber o ressarcimento das despesas que tiveram com a preparação dos processos para concessão do certificado de filantropia; no outro, os bons pagadores de impostos mereceriam, no mínimo, um crédito fiscal.

O grau de isonomia do cidadão diante do Estado é peça essencial na definição de um sistema político. Mas, tem gente que acredita que o simples fato de existirem eleições e de todos estarem obrigados a votar, conceitua a democracia. Nós, brasileiros e brasileiras, sabemos que não. O conceito de democracia vai bem além do exercício do voto e ingressa na qualidade das atitudes do Estado com a população.

O lado pior das medidas que comentei acima é a notícia que o Estado Brasileiro transmite de ser o cumprimento da lei uma relação com o custo e com a oportunidade. Ou seja, quando a submissão à lei for uma decisão cara ou trabalhosa, o Estado estará sempre dispensado de observá-la. Uma lógica que, a priori, pelos conceitos que tem a Justiça Brasileira, dispensaria, de pronto, quase todos os procedimentos judiciais, para ampliar a impunidade. Se deixamos de cobrar os impostos, porque isso é caro e se distribuimos direitos indiscriminadamente, porque a avaliação criteriosa dá trabalho, podemos, com justa tranqülidade, encerrar imediatamente quase todos os processos judiciais, as investigações, os inquéritos e os procedimentos de fiscalização operados pelo Estado.

* Jackson Vasconcelos é editor do site www.estrategiaeconsultoria.com.br

5.12.08

Presente do Bem



Brim e sarja orgânicos, de lavouras que não utilizam agrotóxicos na produção do algodão, dão o charme da Eco Bag da ONG Terra dos Homens - que atende crianças e adolescentes com direitos violados. Confeccionada pela CoopNatural, cooperativa que insere grupos de artesãos do Nordeste na rede de Comércio Justo, a sacola fortalece a agricultura familiar e a cadeia de produtos socialmente corretos. E o mais legal é que a compra ajuda a preservar o meio ambiente: cada semana de uso da Eco Bag evita o descarte de seis sacolas plásticas.

A Eco Bag custa R$ 29 e a renda obtida com o produto será revertida para famílias atendidas nos programas da Terra dos Homens.

Encomendas:
(21) 2524-1073
ou pelo e-mail:

Equador é exemplo, não inimigo

Diário da Manhã, 05/12/2008:

EQUADOR É EXEMPLO, NÃO INIMIGO

Milton Coelho da Graça

Fato 1 – O BNDES cumpre sua função quando financia a exportação de serviços, inclusive obras de engenharia. Mas obviamente não é correto que o banco determine no contrato de financiamento qual empresa brasileira deva ser encarregada da obra. Se isso ocorreu, como afirma a auditoria internacional nomeada pelo governo equatoriano, é bem provável que tenha havido jabá, tanto lá como cá.*

Fato 2 – Nem a Comissão de Auditoria nem o governo do Equador demonstraram até agora qualquer animosidade contra o Brasil ou nossas empresas de construção em geral. A Andrade Pinto está construindo, sem problemas, o novo aeroporto internacional de Quito, e uma delegação da Camargo Correia já está no Equador negociando a contratação de seus serviços para consertar a lambança feita pela Odebrecht na construção de uma hidrelétrica.

Fato 3 – A Comissão de Auditoria da Dívida do Equador foi criada pelo presidente Rafael Correa no ano passado, com 16 técnicos equatorianos e seis convidados de outros países, inclusive Maria Lúcia Fattorelli, respeitadíssima auditora da nossa Receita Federal, “emprestada” oficialmente pelo governo brasileiro. E a Comissão contou também com a consultoria jurídica de uma respeitada firma americana de advocacia, especialista em Direito Internacional.

Fato 4 - A Odebrecht reconheceu sua responsabilidade pelos problemas ocorridos na usina em carta ao presidente Correa, que enviou uma cópia ao presidente Lula.

O Equador está lutando contra os efeitos da corrupção em governos anteriores, nas negociações de contratos de dívida externa. Em vez de reclamar, o BNDES já deveria ter montado uma comissão de inquérito para verificar se houve mensalão nesse contrato. E o Congresso já deveria ter convocado Maria Lúcia Fatorelli para explicar o que foi apurado pela Comissão de Auditoria do Equador e organizar um trabalho semelhante aqui.

* Quem quiser saber mais sobre este assunto, procure ler o artigo de Cláudio Weber Abramo, na edição de 2 de novembro passado da Folha de São Paulo. Abramo é diretor-executivo da Transparência Brasil, uma ONG dedicada a combater a corrupção no Brasil, em cujo site esse artigo também pode ser acessado.

***

A MAROLINHA AMEAÇA SE TORNAR UM TSUNAMI

Mais da metade dos 27 setores industriais (15, inclusive petróleo e álcool, máquinas e equipamentos, produtos químicos, automóveis), pesquisados regularmente pelo IBGE, tiveram queda na produção de outubro passado em relação a setembro. O conjunto da indústria mostrou uma queda de 1,8%.

Gente, esse índice é muito grande. Se representar o ritmo médio até setembro do próximo ano, poderia ser uma calamidade – mais de 20% de queda em um ano! A ONU também está pessimista e sua previsão, caso as condições continuarem a piorar e, em seis meses, os pacotes lançados por vários governos no mundo não estimularem a produção e o consumo é que o PIB brasileiro tenha expansão de apenas 0,5% em 2009 e a economia global recue 0,4%.

O governo continua a apoiar a maior taxa real de juros do mundo, porque o Conselho Monetário Nacional, sob a batuta do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, continua mais preocupado com o perigo de inflação do que com a crise na economia real.

Presidente Lula, acima de tudo, precisamos de credibilidade. Convoque os verdadeiros talentos, que são muitos nas universidades e até, volta e meia, são chamadas a palácio como assessores, para lhe ajudar a compor um “pacote Lula”, em que o empresariado e a população confiem.

No mundo inteiro os juros baixaram e a pedra angular da estratégia anticrise é a restauração da capacidade produtiva e do crédito, com as medidas e nos níveis que o governo, reforçado por esses talentos, considere indispensáveis. Exija máxima eficiência administrativa, transforme o PAC em instrumento real de modernização da infra-estrutura, ordene apoio total ao desenvolvimento científico e tecnológico - sem conversa fiada. Corte despesas adiáveis, exija do aparelho de Estado – civil e militar – a mais firme colaboração com o “pacote Lula”

E se prepare, Presidente, para o maior problema político previsível no horizonte: milhões de famílias brasileiras foram induzidas a gastar antecipadamente os ganhos de três a cinco anos futuros, os níveis de dívidas impagáveis e de inadimplência estão em alta; já consigo anteouvir os brados de “não agüentamos mais, queremos moratória.”

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PODE SER FALSO, MAS LIVRO É SEMPRE NOTÍCIA

Taís é uma jornalista que, em 2005, já havia publicado “Operação Araguaia”, em parceria com Eumano Cunha. Agora lançou “Sem vestígios: revelações de um agente secreto da ditadura militar brasileira” (239 páginas, Geração Editorial). O livro supostamente se apóia no diário desse agente, identificado como Carlos Alberto da Costa, o “Carioca”. Horrorizado pelo bárbaro assassinato do dirigente comunista David Capistrano da Costa, descrito com detalhes no livro, “Carioca” teria decidido escrever daí em diante um diário sobre o que via e ouvia nos porões da ditadura, entregando-o à sua mulher, com instruções para conseguir publicá~lo depois que ele morresse. E a mulher assim fez, depois que “Carioca” também foi assassinado, a machadadas.

Embora o livro, se correto, seja um importante documento nesta época em que se discute se a anistia também incluiu crimes bárbaros cometidos por agentes do Estado – inclusive contra militantes de organizações que sequer pegaram armas contra a ditadura, como foi o caso do PCB – o trecho do livro que mais está sendo discutido na área política é a suposta revelação de que o ex-deputado José Dirceu foi agente duplo e teria sido responsável pelo desbaratamento do Movimento de Libertação Popular.

O livro foi anunciado numa resenha escrita pela excelente e confiável jornalista Maria Inês Nassif (jornal VALOR), no dia 27 de novembro. Aparentemente nenhum outro jornal se interessou sobre o assunto, nem qualquer político o comentou. Algum de vocês pode me explicar por quê?

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“A anistia é válida em caso de confronto político, mas não quando há crime contra um cidadão detido pelo Estado.”

(José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula, em depoimento sobre o assassinato do operário Manoel Fiel Filho, em17 de janeiro de 1976, em dependências do 2º Exército. Para o documentário Perdão, Mr. Fiel, do jornalista Jorge Oliveira, Frei Chico relatou as prisões de metalúrgicos e sindicalistas do ABC durante a onda de repressão aos militantes do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1975.

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VAMOS VER SE EXISTEM MESMO JUÍZES NO BRASIL

A história é velha e conhecida, mas merece ser lembrada no momento em que o juiz Fausto de Sanctis condena o banqueiro Daniel Dantas a dez anos de prisão por corrupção. O imperador da Prússia mandou derrubar a casa de um moleiro que prejudicava a vista do jardim do palácio. O moleiro recorreu à Justiça, que lhe deu ganho de causa e ordenou a reconstrução da casa. Ao receber notícia da derrota, o imperador teve grandeza de dizer a frase, eternizada como símbolo da supremacia da Justiça sobre o poder: “Ainda há juízes em Berlim.”

Também pergunto: “Há juízes no Brasil?” Estamos falando agora de outra batalha Justiça x Poder, mas sobre outro tipo de poder, o do dinheiro, que pode intervir na Justiça de maneira mais sutil e tão eficiente como o poder político, como se provou recentemente no caso dos desembargadores subornados por banqueiros do jogo-do-bicho do Rio de Janeiro.

Leiam o que já foi dito por um Subprocurador Geral da República, Wagner Gonçalves:

“Enquanto a polícia está prendendo e algemando ladrões, homicidas, estupradores e todos aqueles que praticam crimes contra o patrimônio (de particulares) (…), “justa é a ação da polícia, do MP e do Juiz”. Entretanto, “Quando são presas pessoas que praticam crimes de colarinho branco, a situação passa a ser outra. Entra-se com recursos e, principalmente, com seguidos habeas corpus, muitas vezes suprimindo instâncias, que acabam por modificar a decisão do juiz.” “(…) Estamos, no que se refere aos juízes de primeira instância, numa situação de desequilíbrio: de um lado, praticamente nunca há, no entender das Cortes Superiores, fundamentos suficientes para as prisões cautelares, quando se trata de crimes de colarinho branco (…); (…) não se pode executar a sentença, mesmo que julgada a apelação, porque são interpostos os recursos especiais e o extraordinário, com inúmeros incidentes, agravos, etc., além de seguidos habeas corpus, todos para evitar o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Só há hoje trânsito em julgado para os pobres, que se perdem no “meio do caminho”, porque não podem pagar bons advogados.”

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NESTA CRISE. O QUE ESTÁ VENDENDO MAIS?

Sugeri ao editor fazer uma pesquisa semelhante em Goiânia: o jornalista londrino Tim Harford deu uma olhadinha no comércio para saber se alguma coisa está vendendo mais entre seus compatriotas, nestes tempos em que todo mundo anda com o dinheiro curto.

Pois acreditem, aumentaram as vendas de afrodisíacos e – talvez em conseqüência disso – as mulheres parecem mais interessadas em lingerie e roupas para gravidez. O sizudo jornal Financial Times detectou uma melhora no faturamento dos fisioterapeutas, certamente por conta do estresse no mundo financeiro. E tem gente apostando que agentes de viagens estão otimistas. Que melhor coisa – é o raciocínio deles - pode-se fazer em férias coletivas ou desempregado? Esses ingleses são muito engraçados…

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BRASILEIRO MAL EM RENDA E “TRABALHO DECENTE”

“Menos de 40% da renda nacional são apropriados hoje pelos trabalhadores. No final da década de 1950, aproximava-se de 60%. Em contrapartida, os detentores de patrimônio assistem à expansão contínua de seus rendimentos”.

A comparação foi feita pelo presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochman. Como também a divulgação de um estudo feito por três agências da ONU, apontando falta de “trabalho decente” no Brasil. Entre outras coisas, o conceito de “trabalho decente” exige “ausência do trabalho infantil ou forçado; nível adequado de remuneração, formalidade e acesso à proteção social; oportunidades iguais de acesso ao emprego e às ocupações de mais qualidade e mais bem remuneradas”.

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ISSO TERÁ SIDO MESMO UM ELOGIO CARINHOSO?

Há dez anos, o britânico Phil Woods, candidato do Partido Trabalhista, perdeu uma eleição suplementar para o Parlamento. E, reunido a companheiros de partido, fez um carinhoso, embora ambíguo, ao organizador de sua campanha, Peter Mandelson, hoje ministro do governo Gordon Brown:

“É verdade, não há a menor dúvida de que Peter Mandelson é um grande filho-da-puta. Mas, companheiros, Peter é o NOSSO filho-da-puta.”

1.12.08

De pilantras e pilantragens

Site Em Dia Com A Cidadania, 01/12/2008:

De pilantras e pilantragens

Andrei Bastos *

Pra começo de conversa e a bem da verdade, é preciso deixar de dizer que o Estado é omisso, que a sociedade civil organizada ocupa salvadoramente os espaços deixados por ele por intermédio das ONGs e que somos vítimas dessa omissão. Afinal, sem evitar o lugar-comum, não somos nós, por meio do voto e de outras prerrogativas, os empregadores dos funcionários da máquina estatal, do mais importante, que é o presidente da República, ao mais humilde? Ou seja: o Estado não é parte da sociedade, que é formada por todos nós, que também formamos as organizações não-governamentais, honestas ou não?

E sem medo de parecer defensor do Estado: ficar dizendo que ele é o culpado por todos os males não será, no fundo, uma desculpa para nossa omissão e um discurso que favorece ainda mais a bandalheira? Além disso, tem pilantra de todo tipo: jovem, velho(a), gordo(a), magro(a), com deficiência ou não, inteligente ou burro, culto(a), ignorante etc., etc., etc.

Pois é. Tais constatações óbvias devem ser escritas muito mais de cem vezes no quadro-negro da nossa consciência, com o giz das nossas frustrações cívicas, para que possamos entender com clareza quais são nossas responsabilidades, coletivas e individuais, diante da falência da ética e das instituições que vivemos e, em particular, diante da confusão entre filantropia e “pilantropia”. Se acusamos governos, governantes e políticos em geral de pilantras, na maioria das vezes com razão, e eles continuam aí, dando as cartas, não será apenas uma questão de coerência da sociedade o perdão a ONGs “pilantrópicas”? Por acaso as pilantragens não se confundem?

Afinal, mesmo onde se acredita haver sinceridade de propósitos, em inúmeros casos o que existe não são fogueiras de vaidades, apadrinhamentos políticos poderosos, negócios de família ou grupos, em geral muito lucrativos, ou pequenos feudos de culto a personalidades de almas pequenas e desonestas em relação aos propósitos alegados?

Para alguns de nós, comumente identificados neste país de espertos como otários, esta é uma realidade que cria enorme desconforto e revolta. ONG virou sinônimo de safadeza e político virou sinônimo de safado.

Na minha quixotesca campanha eleitoral, quando acreditei que alguns tostões e muitas idéias poderiam viabilizar uma prática política nova, diante de um panfleto meu um cidadão disse para sua mulher que ali estava mais um ladrão. Eu, que estava ao lado do casal, não contestei porque o homem expressava o senso comum e de nada adiantariam meus argumentos naquela circunstância.

Em outro momento, mais recente, ao obter a informação de que era uma ONG que promovia um evento concorrido no hotel em que se hospedava, um cidadão murmurou algo como um “já entendi tudo” altamente acusador.

Pois é. Diante de um quadro assim, podemos tranqüilamente acreditar que entre os dois campos, o do Estado corrupto e o das organizações “pilantrópicas”, existe um conluio perverso que suga nossas energias produtivas para alimentar um poder mesquinho e rechear contas bancárias nem um pouco mesquinhas.

Certamente mais “honesto” em relação aos propósitos, outro aspecto desta realidade perversa, que é representado pelas ONGs que servem de fachadas e instrumentos de dominação para bandidos, tanto do tráfico como das milícias, cria mais do que desconforto, pois nos seus bastidores se enraíza e cresce o poder tão antagônico da anti-sociedade, da anti-humanidade, quanto o descrito alguns parágrafos acima, só que matando mais diretamente com suas armas de fogo. Os outros pilantras também matam, e muito mais gente, mas de maneira não tão evidente, desviando dinheiro público para seus bolsos ou campanhas eleitorais.

Como separar o joio do trigo se o armazém está contaminado e como reverter o senso comum expressado pelo eleitor e pelo hóspede do hotel? Estas são as perguntas que precisamos responder rapidamente para nos livrarmos dos pilantras e de suas pilantragens, não parecendo suficiente apenas cancelar a “MP da pilantropia”. As investigações têm que ir o mais fundo possível, alcançando todos os tipos de pilantragem, e com o apoio de toda a parte saudável da sociedade.

* Andrei Bastos é jornalista.