29.5.14

Nota de repúdio

Rio de Janeiro, 29 de maio de 2014.

Nota de repúdio

Senhor Antônio Figueira de Mello,
secretário de Turismo do Rio,

Pessoas com deficiência existem desde o começo dos tempos, e sua luta também existe desde então, há muito se confundindo com as lutas pela emancipação de negros, mulheres e demais excluídos. Muito provavelmente, entre seus antepassados se encontrarão pessoas com atributos que hoje denominamos como deficiências.

Nós, pessoas com deficiência brasileiras, hoje também contamos com muitas conquistas emancipatórias, que representam grandes avanços da civilização, tanto na eliminação de barreiras físicas e comunicacionais como de barreiras atitudinais, com o amparo de uma legislação considerada das melhores do mundo.

Nesse sentido, este Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro repudia suas declarações de que pessoas com deficiência não são o público-alvo do evento da Copa do Mundo de Futebol no Brasil (Rádio CBN, 27/05/2014) e, por considerar que o senhor incorreu em crime de discriminação contra as pessoas com deficiência, resolve tornar público seu repúdio, assim como oficiar ao senhor, à Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, ao prefeito e ao Ministério Público, para as providências cabíveis. A propósito, de acordo com a Constituição, a falta de acessibilidade, de qualquer natureza, é discriminação e o agente público deve ser responsabilizado.

Com votos de que a inclusão das pessoas com deficiência faça parte de suas ações estratégicas como gestor público e de seu planejamento na Secretaria de Turismo de uma cidade maravilhosa que deve ser acessível para todos os seus cidadãos, a qualquer momento.

Inclusivamente,
 
Andrei Bastos
Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro - COMDEF-RIO

A experiência de inclusão no município de Florianópolis

28.5.14

Bola fora!

Secretário municipal de Turismo pede desculpas após dizer que não há planejamento para receber deficientes na Copa

RIO - O secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Figueira de Mello, pediu desculpas na tarde desta quarta-feira pela declaração sobre a falta de planejamento da cidade para receber pessoas com deficiência durante a Copa do Mundo. Antônio Pedro admitiu na terça-feira, em entrevista à rádio CBN, a falta de preparo da cidade e disse ainda que esse não é o público-alvo do evento. As declarações provocaram a reação de grupos ligados à defesa dos direitos dos deficientes.

“Peço desculpas por ter me expressado mal. Vamos trabalhar bastante para prover todo o público com as informações e a atenção que ele merece”, diz Antonio Pedro em nota divulgada pela Riotur.

No comunicado, ele reconhece que o município não dispõe de material de informações turísticas em braile ou áudio. “Esta é uma deficiência da nossa secretaria e também motivo de atenção. Vamos procurar as associações e institutos que se dedicam ao tema para nos auxiliarem na produção de material adequado”, afirma o secretário.

Se referindo a portadores de deficiência, Antônio Pedro declarou na terça que na Copa do Mundo “não há tanto esse público”:

— A gente não teve toda essa atenção necessária (em relação às pessoas portadoras de deficiência). A gente tem diversos postos que já têm atendimento para isso. Mas não são todos os locais. Essa é a realidade da cidade do Rio e Janeiro. Até porque a gente analisa muito o público que vem para um evento como esse. E para a Copa do Mundo não há tanto esse público.

Superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), Teresa d´Amaral critica a declaração do secretário e afirma que o Rio passará vergonha em termos de acessibilidade durante a Copa:

— A declaração dele é uma afirmação de discriminação explícita em relação à pessoa com deficiência. E ela implica no reconhecimento de que a não está preparada nem para os seus próprios cidadãos.

Teresa diz que a cidade não melhorou em termos de acessibilidade durante os preparativos para a Copa. E completa: o Rio não está preparado para receber as Paralimpíadas de 2016. Pelo último censo do IBGE, vivem no município cerca de 400 mil pessoas com algum tipo de deficiência.

— O Rio é uma cidade totalmente hostil para a pessoa com cadeira de rodas, surda e cega. A surda não encontra atendimento apropriado nos serviços da cidade. No Rio, não há sinal para cego. E o direito de ir e vir do cadeirante não pode ser exercido porque a cidade não tem acessibilidade arquitetônica nem prédios públicos e particulares acessíveis — afirma a superintendente do IBDD, entidade que já entrou na Justiça com três ações para garantir a acessibilidade nos transportes, em prédios públicos e em edifícios de uso coletivo, como restaurantes, teatros e universidades.

O presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro, Márcio Aguiar, também interpreta a declaração do secretário de Turismo como discriminatória:

— Foi uma bola fora do secretário. Se ele fosse atacante da seleção, a gente não ia ganhar a Copa — ironiza Márcio, que é cego. — Todo tratamento diferenciado é caracterizado como discriminação. Você não pode dizer que o deficiente não é o publico de um evento a priori. Isso vai na contramão do que se pensa em relação à inclusão e cidadania. Todos somos iguais. Se eu quiser ir ao estádio, se tenho dinheiro para ir, como faço? Tudo é padrão Fifa, menos para os deficientes.

(O Globo Online, 28/05/2014)

Bola dentro!

Vetada em Botafogo, roda gigante pode ir para a Quinta da Boa Vista

RIO - A nova roda panorâmica do Rio, vetada na Enseada de Botafogo, poderá ter como endereço a Quinta da Boa Vista. No início da noite desta quinta-feira, o arquiteto e urbanista Washington Farjado — que preside o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e o Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural — anunciou que o conselho, em reunião, considerou possível instalar o equipamento na Quinta, porque o local dispõe de infraestrutura. No entanto, condicionou a aprovação à apresentação do projeto completo, com as devidas licenças, inclusive do Iphan, pois o parque é tombado pela União.

A coluna Gente Boa, do GLOBO, antecipou nesta quinta-feira que a roda-gigante, com 52 metros de altura, deveria ir para a Quinta da Boa Vista. Na quarta-feira, o empresário Sávio Neves — um dos três sócios na empreitada — encaminhou consulta ao conselho, para que, formalmente, se manifestasse sobre a Quinta.
— O órgão sugeriu que seja estudada a colocação da roda no estacionamento da Quinta da Boa Vista, junto às ruas Almirante Baltazar e General Herculano Gomes — contou Farjardo.
Antes da decisão do conselho, porém, o clima entre Farjardo e Sávio não era nada amistoso. Pelo Facebook, referindo-se a declarações de Sávio, Farjado disse que “uma boa ideia, como uma roda-gigante, precisa de boa condução e seriedade; precisa de boa gestão; não de factóides”. Sávio, por sua vez, afirmou estar ciente que o projeto completo terá que ser aprovado, mas queria que conselho formalizasse sua posição sobre a Quinta:
— O poder público tem que ter regras estáveis para o empresariado investir. Em novembro, o Farjado tinha me dito que autorizaria a colocação da roda-gigante na Enseada de Botafogo e, agora, vetou. Já gastei R$ 6 milhões. Na terça-feira, por telefone, ele me orientou a instalá-la na Quinta. Mas preciso de autorização por escrito, para iniciar os estudos.
(O Globo Online, 22/05/2014)
*O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro (Comdef-Rio) deu parecer contrário à instalação da roda-gigante na Enseada de Botafogo por ela não ter acessibilidade.

26.5.14

Assimétricos no Manhattan Connection


Simples assim: células-tronco

Convite para a Palestra e Lançamento do livro Simples assim: células-tronco – Dia 29 de maio – 17 horas no Salão do 9º andar. OAB/RJ – Av. Marechal Câmara, 150. O presidente do Comdef-Rio, Andrei Bastos, fará parte da mesa do evento.

Pontapé inicial em que direção?

Foto: Diário do Centro do Mundo

Por Izabel Maior *
Absorvidos pelos debates político e econômico relativos às iniciativas para a Copa do Mundo da FIFA de 2014, muito pouco se discutiu sobre o chute inicial do jogo do dia 12 de junho, que acontecerá na Arena de São Paulo, entre o Brasil e a Croácia. A mídia anunciou que uma pesquisa científica inovadora colocará em campo um jovem com deficiência física instrumentalizado com recursos tecnológicos. Os recursos permitirão superar a paralisia de suas pernas. O jovem levantará da cadeira de rodas, caminhará cerca de 30 metros e dará o pontapé inaugural, frente a uma audiência planetária.
É natural que diversos grupos de interesse se mobilizem para divulgar suas ideias e mostrar os resultados de pesquisas para a sociedade. Obter espaço de destaque no maior evento internacional da atualidade, com milhões de espectadores, é um grande feito. No caso da Copa, caberá aos estudos da equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, radicado na Duke University, nos Estados Unidos, expor os avanços da interação cérebro-máquina em seres humanos com paraplegia e tetraplegia. De acordo com as informações gerais, os estudos se desenvolvem em parceria com instituições na Suíça, Alemanha e Brasil (Natal e São Paulo).
O convidado paraplégico estará vestido com uma armadura chamada exoesqueleto, com eletrodos para estimular músculos paralisados devido à lesão medular. Os eletrodos captarão a atividade elétrica cerebral para acionar voluntariamente os grupos musculares envolvidos na atividade de mover a coxa e a perna para impulsionar a bola oficial dos jogos.
Acredita-se que a demonstração do estado da arte de uma das linhas de pesquisa para superar a paralisia, assistida por espectadores de 240 países, causará impacto na mídia, podendo gerar debates e incentivos no mundo acadêmico e fora dele.
A “cura da deficiência” é uma esperança legitima de uma pessoa com paralisia e este desejo se manifesta principalmente na fase inicial das lesões. Além disso, nas sociedades não inclusivas, que não provêem acessibilidade e assumem condutas discriminatórias, deixar de ter paralisia é basicamente um imperativo. Sabe-se que a situação desse segmento é marcada pela escassez de sistemas e serviços de atenção às suas demandas, apesar da luta historica do movimento civil de pessoas com deficiência.
O direito à saúde e à reabilitação é bem mais amplo e não se restringe a iniciativas como o “Walk Again Project” (Projeto Andar Novamente) e similares. Esse ponto precisará ser bem analisado e explicado, caso contrário, o mundo receberá uma imagem distorcida da realidade brasileira e dos outros países. É praticamente impossível imaginar, por exemplo, que pessoas com deficiência em países em desenvolvimento tenham possibilidade de andar novamente a partir de um recurso como este devido principalmente a seu alto custo.
A visibilidade na abertura da Copa do Mundo centrada em um paraplégico “recuperado” não é sinônimo de qualidade de vida para um bilhão de pessoas com deficiência ao redor do mundo.
Deseja-se que o legado da Copa de 2014 atenda de forma integral à sociedade, incluídas as pessoas com deficiência. Assim como as avançadas pesquisas em neurociência precisam, sem sombra de dúvida, prosperar no Brasil e no mundo, a inclusão continua a ser o resultado a ser perseguido.
O principal legado deverá envolver as ações de acessibilidade física e comunicacional nos estádios, entorno, a mobilidade nas cidades-sede, atendimento ao público, locais de hospedagem, de turismo e lazer de acordo com o desenho universal.
Todos esses pontos merecem igualmente o foco de atenção dos organizadores, da mídia nacional e internacional e dos anfitriões da festa.
Sem dúvida, é uma imagem que ficará gravada para sempre nas nossas memórias. Entretanto, quando estiver disponível no mercado um equipamento como o exoesqueleto, ele será acessível apenas a uma ínfima parcela daqueles que não andam. Já o investimento em acessibilidade trará benefícios para muito além do pontapé inicial.
*Izabel Maior é médica e ativista do movimento das pessoas com deficiência.
Fonte: Inclusive

22.5.14

Ninguém merece ser estuprada


21.5.14

ASSIMÉTRICOS ENGARRAFADOS

Os Assimétricos que foram a São Paulo ficaram na "dura poesia concreta de suas esquinas" e se perderam no cruzamento da "Ipiranga e a avenida São João", assim como em muitas outras esquinas. Apenas os que foram direto para o hotel do encontro de assimétricos seguiram para novos leitores. Sem dúvida, Sampa, "foste um difícil começo".

14.5.14

Assimétricos em São Paulo


A Blooks Livraria e Ponteio Edições convidam
para o lançamento com autógrafos do livro:

Assimétricos
Textos militantes de uma
pessoa com deficiência
Andrei Bastos

Terça-feira, 20 de maio, às 19h

Blooks Livraria – Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569, 3º Piso
Consolação - São Paulo/SP

Tel.: (11) 3259-2291

5.5.14

Educação infantil como uma política de inclusão


Beijo assimétrico de Amanda

Beijo assimétrico de Amanda, na Reunião Técnica de Assessoramento Pedagógico aos Municípios, do MEC, quando foram sorteados exemplares do livro Assimétricos.