29.6.08

Censura é defeito

O Globo, Merval Pereira, 29/06/2008:

Censura é defeito

MERVAL PEREIRA

“A internet interpreta a censura como um defeito, e o contorna”. A frase famosa é do cientista pioneiro da internet John Gilmore e define bem o espírito libertário que domina essa nova tecnologia da informação, incompatível com a legislação repressiva com que a Justiça Eleitoral tenta controlar a informação em tempos de campanha eleitoral. O brasileiro Rosental Calmon Alves, professor de Comunicação da Universidade do Texas em Austin e um dos maiores especialistas em novas tecnologias da informação, considera “simplesmente ridículo e impossível” querer levar para este ambiente “o rigor repressivo que o Brasil desenvolveu para controlar a expressão de candidatos nos espaços físicos”.

O Brasil deveria estar celebrando, na opinião dele, o fato de termos “uma das maiores, mais dinâmicas e mais ativas comunidades de internautas do mundo, em vez de urdir formas para controlá-la”. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Ayres Britto, tem opinião semelhante.

Ele reconhece a comunicação via internet como “o mais centrado espaço de liberdade individual, interditado, portanto, ao passo regulador do Estado, ainda que agindo este pela Justiça Eleitoral”.
A questão ficou em aberto, porque a maioria dos ministros do TSE preferiu não dar uma resposta formal às indagações sobre o uso da rede mundial de computadores nas campanhas eleitorais. Assim, juízes eleitorais, TREs e o próprio TSE irão decidir caso a caso, no julgamento de processos concretos.

Há uma proposta ridícula de proibir a transmissão de mensagens eletrônicas, os populares “torpedos”, pelos telefones celulares às vésperas das eleições, o que, além de tudo, incorreria em uma interferência no direito individual, especialmente daqueles que querem mandar mensagens que nada têm a ver com política eleitoral.

Segundo Rosental, a internet e demais tecnologias digitais não se constituem em meios de comunicação de massa no sentido tradicional, “mas sim numa massa de meios de comunicação incontroláveis, porque individuais”.

Os meios tradicionais, como os jornais, revistas, rádios e televisão, estavam sendo cerceados em sua liberdade de informação pela interpretação equivocada de dispositivos legais.

Essa questão já foi superada com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de revogar o artigo 24 da resolução 22.718, que vedava a abordagem de plataforma de governo em entrevistas de pré-candidatos, em rádio, TV e jornais.

Restam ainda interpretações subjetivas do que seja não dar tratamento privilegiado a candidatos, e casos de “direito de resposta” a candidato que se considerar prejudicado com a cobertura jornalística.

Mas, a questão mais difícil de definir, pela novidade, é o jornalismo na internet, ou o papel dos blogs nas campanhas eleitorais. Impedir um blogueiro de expressar seu apoio a um futuro ou eventual candidato é, para Rosental Calmon Alves, “uma coisa tão aberrante quanto não permitir que ele fale para seus amigos, parentes e quem quer que esteja perto dele sobre esse apoio. Será que se ele comentar com seus vizinhos seu apoio a um candidato, um juiz vai decretar sua prisão?”.

Os juízes eleitorais precisam compreender o sentido da internet, e mais ainda o dos blogs da internet. “O blog é um meio de expressão pessoal, para quem quer que decida ir lá ver as opiniões dele, ou que esteja em sua rede”, explica Rosental, para quem “estamos em meio a mudanças paradigmáticas monumentais”.

Na sua visão, a revolução digital, na qual estamos imersos, é um processo que só tem paralelo no desenvolvimento da escrita, a invenção do tipo móvel por Gutenberg e talvez a revolução industrial.

“Estamos nos movendo da sociedade industrial para a sociedade da informação, que é uma sociedade baseada em redes. A comunicação social vertical e unidirecional da era industrial está sendo substituída por um sistema comunicacional muito mais horizontal, onde as empresas de mídia tradicionais estão perdendo poder e controle para a cidadania”, define.

As campanhas eleitorais vão inexoravelmente ocupar esses novos espaços virtuais. “Deixem a internet em paz; ela foi criada livre, deve ser mantida livre e está ajudando imensamente a democracia brasileira, ao incentivar, por exemplo, a participação dos jovens antes desinteressados na vida política do país”, pede Rosental.

Para ele, o maior erro é tentar levar para a internet o aparato repressor que a Justiça Eleitoral desenvolveu em relação aos meios de comunicação de massa tradicionais. “E o pior é que estamos fazendo isso através de um gigantesco sistema repressivo judicial, que é capaz de atropelar princípios constitucionais básicos, como a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão”.

Rosental diz que não há no mundo uma legislação “tão detalhista, e de um aparato repressor tão grande composto por tantos juízes, promotores, advogados, policiais, tribunais, etc, dedicados ironicamente a assegurar, supostamente, a liberdade dos cidadãos nas campanhas eleitorais. Que paradoxo”.

28.6.08

Mercado de trabalho para pessoas com deficiência

Duas entrevistas que dei recentemente sobre inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho:

- À Rádio Trianon (SP), em 25/06/2008.
(Clique aqui para fazer download da entrevista)

- À Rádio Nacional AM (RJ), em 27/06/2008.
(Clique aqui para fazer download da entrevista)

27.6.08

O IBDD na novela Os Mutantes

Capítulo da novela Os Mutantes, da TV Record, em que o IBDD foi citado por um personagem, dia 25/06/2008.

(Clique aqui e assista ao vídeo)

26.6.08

TIROS NA SERRA

O Dia, Informe do Dia, 26/06/2008:

TIROS NA SERRA

O deputado Biscaia, do PT, acusa Mário Tricano, do PP, de ameaçar empresários que são contra sua tentativa de voltar à Prefeitura de Teresópolis. Tricano nega tudo.

(CLIQUE AQUI E ASSISTA AO PRONUNCIAMENTO DE BISCAIA NA CÂMARA)


24.6.08

Desinteresse das empresas dificulta inclusão no trabalho

O Globo Online, 24/06/2008:

TRABALHO
Defensores das pessoas deficientes dizem que falta boa vontade das empresas

Nice de Paula - O Globo Online

RIO - Mesmo reconhecendo as dificuldades das empresas para encontrar pessoas com deficiência na quantidade necessária ao cumprimento das cotas (2% para empresas de 100 a 200 funcionários; 3% para entre 200 a 500; 3% para as que têm entre 501 e 1000 e 5% para empresas com mais de 1000 empregados) as entidades que representam os portadores de necessidades especiais argumentam que o maior obstáculo é a falta de interesse das empresas em contratarem esses trabalhadores.

- Não há uma falta de mão-de-obra e sim uma dificuldade de fazê-la chegar ao local de trabalho e serem aprovadas. Eu recebo solicitações de empresas com tantas exigências que não conseguiria achar o profissional nem mesmo entre os não deficientes. A atitude das empresas precisa mudar - diz Andrei Bastos, do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência ( IBDD ).

(Clique aqui e leia a notícia completa no Globo Online)

Blog do Comdef-Rio

Amigos,

O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, do qual sou membro, na sua reunião do dia 19 de junho decidiu criar um blog para otimizar os processos de comunicação entre os conselheiros e entre ele e a sociedade.

O endereço do blog do Comdef-Rio é:

http://comdef-rio.blogspot.com

Passem por lá e deixem seus comentários.

23.6.08

Gabeira busca eleitores da Zona Oeste

Foto: Marcus Veras


Jornal do Brasil, 23/06/2008:
Longe de Ipanema, Gabeira busca eleitores da Zona Oeste
MÁRCIO FALCÃO

O deputado federal Fernando Gabeira (PV) teve sua candidatura homologada à prefeitura do Rio, durante a convenção realizada ontem no Cassino Bangu, na Zona Oeste. A chapa da coligação PV-PPS-PSDB terá como vice o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

O lançamento da candidatura de Gabeira na Zona Oeste foi pura estratégia. Ali, o reduto é do prefeito Cesar Maia, que angaria milhares de votos há anos para o seu partido, o DEM, cuja candidata este ano é a deputada Solange Amaral. Pesquisas nas mãos do PV mostram que o eleitor vê Gabeira como um candidato afinado com a Zona Sul, onde mora e seu principal reduto – apesar de ele ter sido um dos deputados federais mais votados do Estado.

Críticas

Num ato já pré-eleitoral, Gabeira criticou, em seu discurso, a violência contra os moradores do Morro da Providência, onde o adversário Marcelo Crivella (PRB) tem um projeto social tocado com verbas da União. Gabeira lembrou que a campanha eleitoral no Rio começou mal.

– A campanha começou manchada de sangue. O sangue dos meninos da Providência – atacou o candidato verde. – A presença do Exército na comunidade é fruto de uma campanha eleitoreira que o governo decidiu proteger era propaganda política, com as fotos do antes e do depois da favela e, ao lado, a foto do candidato – emendou, referindo-se a Crivella.

Para o candidato do PV, o Rio precisa voltar a crescer economicamente. Mas, para isso, a prefeitura deve investir na cidade em vários setores como saúde e transporte.

– O Rio tem um grande potencial em áreas como o turismo, resseguro, tecnologia e outros setores. E a prefeitura precisa fazer sua parte. E é isso que estamos propondo – explicou Fernando Gabeira.

22.6.08

Ambiente ruim

A empregada doméstica da minha prima, moradora do Vidigal e com um filho servindo no mesmo quartel do grupo que assassinou os três rapazes da Providência, está preocupadíssima porque acha que o ambiente no Exército é ruim para o filho dela. “Lá tem muito bandido”, declarou.

Na Convenção de Bangu

Recebi o abraço de Raulino Oliveira (Foto: Margareth Pinheiro)

21.6.08

O Gabeira vai de trem

O deputado federal Fernando Gabeira vai para a Convenção PPS-PV-PSDB de trem. Ao meio-dia de domingo, dia 22, ele estará na gare da Central do Brasil pra pegar o trem pra Bangu.

Você vai a pé ou vai de trem?

(Clique aqui e saiba mais sobre a Convenção PPS-PV-PSDB)

Na cidade mafiosa

O Globo Online, Blog DizVentura, 19/06/2008:

Na cidade mafiosa

Recebi e-mail de Rodrigo Pimentel, roteirista do filme “Tropa de elite” e ex-capitão do Bope. O artigo intitula-se “Cidade mafiosa”:

“Na cidade mafiosa, jornalistas são barbaramente torturados por integrantes de milícia no mesmo mês em que uma bomba é lançada contra uma delegacia de polícia em uma típica ação terrorista. Em ambos os crimes, as investigações chegam à Assembléia Legislativa. No primeiro caso, um dos acusados de comandar a sessão de espancamento, segundo a própria polícia, seria integrante do gabinete do vice-presidente da casa; no segundo caso o mandante seria um deputado do partido do atual prefeito.

Na cidade mafiosa, a Polícia Civil, agora despolitizada, descobre que na casa onde 50% dos representantes respondem a processos criminais que vão de homicídios até formação de quadrilha, se conectam os crimes praticados nas ruas.

Nessa mesma cidade, 40 deputados, agora jurisconsultos, contrariando parecer dos procuradores federais, alegando inconstitucionalidade da prisão, resolvem soltar o ex-chefe de polícia e colega deputado.

Deputados, ingênuos ou mesmos coniventes, entendem que imunidade parlamentar não se aplica apenas a crimes de opinião, típica do mandato, mas à formação de quadrilha armada e ao enriquecimento ilícito.

De repente, em uma tarde comum na cidade mafiosa, um deputado do partido do governo vai ao plenário defender as milícias. Ora, afinal, é a mesma cidade em que concessões de linhas de ônibus municipais não são licitadas há 30 anos, facilitando o surgimento de transportes ilegais, principal fonte de renda das milícias.

Na cidade mafiosa, aos olhos de todos, policiais militares em motocicletas abordam e extorquem motoristas com IPVA atrasado, após consultar as placas, não nos rádios da corporação mas em aparelhos Nextel.

Na cidade mafiosa, um grupo abnegado e corajoso de delegados, procuradores e jornalistas tenta, timidamente, há mais de seis anos, através de colunas, denúncias e pronunciamentos, acordar seus companheiros para a grande organização criminosa que surge no Estado.

Nessa cidade, a Polícia Federal prendeu mais policiais civis e militares que as corregedorias destas duas polícias juntas. É mesma cidade em que a Polícia Federal também prendeu seus integrantes e indiciou delegados e agentes. Nessa cidade, agora também, a Polícia Civil prende e indicia vereadores e deputados, algo até então inimaginável na cidade mafiosa.

Os ingênuos deputados não acordaram que a premissa básica para existência do crime organizado é a simbiose com o poder estatal e isso já foi alcançado não pelo tráfico de drogas, mas pelos caças-níqueis, pelas milícias, pelas vans piratas e pela máfia dos combustíveis - aliás muito em breve os deputados estarão votando também pela liberdade de colegas representantes destas máfias.

Na cidade mafiosa, o secretário de Segurança Pública, o primeiro nos últimos dez anos com credibilidade necessária para estar à frente da função, continua insistindo nas ações de enfrentamento para desestabilizar o tráfico e apreender armas.

Cada vez mais mortes nas favelas não traduzem tranqüilidade ou paz, nem para os moradores dos morros, nem aos moradores do asfalto.

Em breve perceberá o secretário de Segurança Pública que, na cidade mafiosa, as ações nas casas legislativas são mais urgentes, eficazes e necessárias que as operações nas favelas.

Por último, na cidade mafiosa, um senador, candidato a prefeito, determina que o Exército ocupe uma favela contrariando diretrizes do comando da força e violando a Constituição Federal.”

Aí está, nas palavras de quem conhece o assunto por dentro, um raio-X exemplar do Rio.

Fonte: Ancelmo.com

19.6.08

Convenção PPS-PV-PSDB

Será realizada neste domingo, 22 de junho, a partir das 9 horas, a convenção partidária da coligação PPS-PV-PSDB, que homologará a candidatura de Fernando Gabeira e Luiz Paulo à prefeitura do Rio de Janeiro. O local escolhido foi o mítico Cassino Bangu, na Zona Oeste (Rua Fonseca 534, Bangu – próximo ao Supermercado Sendas). Os candidatos a prefeito e vice chegarão ao local de trem, saindo da Central do Brasil e percorrendo o mesmo caminho que milhares de cariocas usam para ir e voltar do trabalho.

Já estão confirmadas as presenças de Roberto Freire (presidente nacional do PPS), Comte Bitencourt (deputado estadual e presidente estadual do PPS), Rubens Bueno (deputado federal do PPS), José Camilo Zito (deputado estadual e presidente estadual do PSDB) e Alfredo Sirkis (presidente estadual do PV), além dos candidatos da coligação.

Para maiores informações, contate:

Assessor PPS: Andrei Bastos – 9977-4276 / 8744-8563
andrei@ism.com.br
Assessor PV: Eduardo Nascimento: 8684-4453 / 2210-1719
edunascimento2@gmail.com
Assessor PSDB: Marcos Almeida – 9482-7122
marcos@openlink.com.br
Assessor Fernando Gabeira: Marcus Veras – 9243-5165
mveras666@gmail.com

OBS: Todos estarão no local para acompanhar e facilitar os trabalhos da imprensa.

Convenção será priorizada no Senado

Com transmissão ao vivo pela TV Senado e grande presença de Senadores, entre eles o Presidente da Casa, Garibaldi Alves, a audiência pública que discutiu a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência terminou há pouco.

No encerramento, Garibaldi Alves garantou que a tramitação do tratado na Casa será a prioridade número 1, recebendo os aplausos de Conselheiros do CONADE, e militantes do movimento social das pessoas com deficiência que lotaram a sala da Conissão de Direitos Humanos do Senado, que organizou a audiência.

Conduzidos pelo Senador Flavio Arns, foram convidados como palestrantes o Chefe da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, Nicola Speranza, Flávia Maria Vital, organizadora da publicação - A Convenção Comentada, Izabel de Loureiro Maior, titular da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Alexandre Baroni, Presidente do Conade, Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Regina Atalla, Presidente da RIADIS, Rede Ibero-americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias e Ricardo Thadeu, Procurador do Minstério do Trabalho.

Todos foram unânimes em destacar os avanços da Convenção como instrumento de promoção de qualidade de vida, acesso e inclusão para as pessoas com deficiência.

Entre os Senadores que participaram do debate estão Eduardo Azeredo, que será relator da matéria, Cristóvão Buarque, José Nery e Geraldo Mesquita.

Fonte: Agência Inclusive

18.6.08

A Voz do Rio

Participei de um debate realizado pelo programa A Voz do Rio, da Rádio Bandeirantes, sobre cidadania das pessoas com deficiência no Rio de Janeiro, em 18/06/2008.

(Clique aqui para ouvir o programa)

Vírgula...

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa):

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

17.6.08

Shopping descadeirado

O Globo Online, Blog do Ancelmo, 16/06/2008:

Não pode
Shopping descadeirado

Semana passada, uma carioca foi com o pai de 92 anos ao Fashion Mall, o shopping dos bacanas de São Conrado. Ao chegar, pediu uma cadeira de rodas para o senhorzinho. Depois de 10 minutos, ela foi informada de que as três existentes no lugar estavam em manutenção.

O passeio teve de ser cancelado pela imprevidência da catedral de consumo.

Fonte: Ancelmo.com

***

O Globo Online, Blog do Ancelmo, 17/06/2008:

Abuso
Os deficientes da lei


Veja só a cara-de-pau dessa dupla de PMs, que estacionou suas motos na vaga para deficientes do Mercadão de Jacarepaguá. Foi sexta, às 12h30.
Na verdade, eles também são deficientes. De civilidade.
Fonte: Ancelmo.com

Professor surdo-cego conclui doutorado

Daily Yomiuri Online + Associated Press, 11/06/2008:

Professor surdo-cego conclui doutorado

The Yomiuri Shimbun

Um professor associado surdo-cego do Centro de Pesquisas para Ciências e Tecnologias Avançadas da Universidade de Tóquio será graduado doutor.

Satoshi Fukushima, 45 anos de idade, será a primeira pessoa surda-cega a receber o título de doutor no Japão. A cerimônia de entrega do título acontecerá no campus Kobama da Universidade de Tóquio na quarta-feira.

Fukushima perdeu a visão quando tinha 9 anos de idade e a audição aos 18. Entretanto, graças ao método “yubi tenji”, o sistema tátil - baseado no braille - inventado pela sua mãe, Reiko, ele passou pelo vestibular da Universidade Metropolitana de Tóquio, tornando-se a primeira pessoa surda-cega no Japão a ingressar na universidade.

Fukushima, que estuda como a sociedade deveria interagir com as pessoas com deficiência, iniciou preparativos para sua tese de doutorado seis anos atrás. Ele analisou como começou a comunicar-se com os outros pelo método yubi tenji após anos de vida num mundo sem palavras.

Fonte: Daily Yomiuri Online / Grupo de discussão na internet Além da Visão

Punição já

O Globo, Opinião, 17/06/2008:

Punição já

Acantonados no Morro da Providência a serviço de um projeto político-eleitoral, militares do Exército desceram ao nível do banditismo da banda que macula a polícia fluminense e entregaram três jovens para serem executados por traficantes.

É grave, extremamente grave - logo, imperioso que a punição dos responsáveis seja tão imediata quanto exemplar.

A sociedade não aceita outro desfecho para mais esse caso de ação criminosa de uma força pública, até mesmo para deixar claro que a promiscuidade desses militares com o tráfico trata-se de caso pontual, e não do aterrador contágio de uma corporação com atribuições constitucionais de salvaguardar as instituições.

Politização trágica

O Globo, Merval Pereira, 17/06/2008:

Politização trágica

O uso político do Exército para apoiar um projeto assistencialista do candidato a prefeito do Rio pelo PRB, o bispo Marcelo Crivella, no Morro da Providência, está na origem de uma tragédia comparável, na história da disputa do Estado com grupos criminosos pelo controle territorial, à chacina da Candelária ou ao massacre de Vigário Geral. É assim que pode ser definida a ação dos militares que, como ato de vingança por supostos desacatos, entregaram três rapazes moradores da Providência para serem mortos por traficantes de um grupo rival do Morro da Mineira. O grave dessa história macabra é a constatação de que os 11 militares presos, inclusive um oficial, já haviam introjetado a ordem vigente nos locais do Rio dominados por traficantes de drogas ou milícias e já estavam trabalhando com as regras da ilegalidade.

O fato de terem levado os rapazes para o quartel do Exército em vez de para uma delegacia já demonstra que queriam se utilizar da instituição para “dar um corretivo” em quem supostamente lhes ofendera.

Ao mesmo tempo, é lícito imaginar que já tinham contatos anteriores com os traficantes, a ponto de irem ao “território inimigo”, fardados e utilizando armamento e caminhão do Exército, para entregar os três rapazes que não conseguiram escapar, do grupo de cinco que inicialmente foram presos por desacato.

A atuação das Forças Armadas nos conflitos urbanos sempre foi um tema polêmico, e, depois da atuação exitosa do Exército no comando da Força de Paz da ONU no Haiti, aumentou a pressão para que o mesmo esquema fosse utilizado nas áreas conflagradas do estado do Rio, sempre com uma reação cautelosa das autoridades militares.

Eles não têm dúvida de que as tropas brasileiras estão preparadas para uma atuação em favelas do Rio de Janeiro, depois da experiência de campo nas favelas de Porto Príncipe.

Os militares que atuaram por lá tiveram uma vivência real de combate, trocando tiros, aprendendo a reconhecer o terreno, dominando o medo, na definição dos militares que acompanham a atuação de nossas tropas. Mas as autoridades sempre ressaltaram que as diferenças são “marcantes” e têm que ser “muito bem consideradas”.

A começar pelo aspecto político, porque no Haiti os soldados brasileiros estão atuando “sob a égide da ONU, com regras de engajamento bem definidas e bem compreendidas pelas tropas”. Ao contrário, no Brasil, o Exército não tem até hoje amparo legal para atuar nessas operações, o poder de polícia é “limitadíssimo”.

Nas regras do ato de engajamento da Missão de Paz, está especificado que é preciso tomar cuidado com danos colaterais, a ação tem que ter proporcionalidade de forças, mas o soldado sabe que, se enfrentar um ato hostil, pode reagir.

Outra diferença ressaltada nas análises militares é que no Haiti o tráfico de drogas é mínimo, a defesa de posições dos traficantes do Rio é muito mais forte e os armamentos, mais pesados. Defendendo um comércio que rende muito dinheiro, a reação é muito mais violenta, analisam os militares.

O marco legal da atuação das Forças Armadas teria que ser definido por uma legislação própria, cuja apresentação para debate o ministro da Defesa, Nelson Jobim, havia anunciado ainda para este ano, para ser aprovada pelo Congresso até o fim da legislatura.

Sem isso, a missão das Forças Armadas brasileiras, definida na Constituição e em leis complementares, apenas subsidiariamente envolve a garantia da lei e da ordem. Seria preciso que a nova legislação definisse os cenários de emprego das Forças Armadas, o dimensionamento das tropas, sua capacitação específica, para que a sua utilização fosse efetiva, analisam os especialistas no assunto.

No entanto, nada disso aconteceu na ação do Exército para apoio do projeto Cimento Social, do bispo Crivella, que teve uma verba de R$12 milhões do Ministério das Cidades. O Exército está no Morro da Providência desde dezembro, e, mesmo antes dessa tragédia, já houvera problema.

A associação de moradores denunciara que os candidatos estavam sendo escolhidos pela preferência religiosa, isto é, os adeptos da Igreja Universal, origem do bispo Crivella, tinham prioridade na contratação com o dinheiro oficial.

No fim de maio, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, respondendo à indagação numa audiência na Comissão de Segurança da Câmara, surpreendeu a todos afirmando que também gostaria de saber o que o Exército estava fazendo no Morro da Providência, pois jamais fora comunicado.

Com esse esquema irresponsável, acabaram aproximando o Exército do tráfico, tornando claro que não é simples a utilização das Forças Armadas nesse tipo de ação. Além do mais, a tarefa dos militares era tão escancaradamente politizada que provavelmente deve ter sido difícil manter a disciplina entre os que eram usados em missão nada institucional.

Todos os candidatos à prefeitura do Rio, mesmo os da base aliada do governo federal, estão entrando com representações nos diversos órgãos que controlam as eleições, exigindo explicações do governo para a utilização do Exército em um projeto pessoal de um candidato, que além do mais era realizado por uma empresa particular.

O fato de o bispo Marcelo Crivella ter o apoio explícito do presidente Lula, que recentemente disse que não poderia apoiar o candidato do PT porque tinha uma amizade muito grande com Crivella, leva a que o presidente seja acusado de ter interferido diretamente para que o Exército ajudasse no projeto.

É um fato muito grave que marcou tragicamente o processo eleitoral no Rio e também marcará o Exército brasileiro.

16.6.08

Barraco olímpico

O Globo Online, Blog do Ancelmo, 16/06/2008:

Desvio de verbas
Barraco olímpico

Sexta, no evento Amil-Perspectivas 2008, cujo tema foi “Como preparar vencedores”, o tempo fechou entre dois palestrantes. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, falava maravilhas do Jogos Pan e Parapan-Americanos do ano passado, quando foi contestado com veemência por Lars Grael.

O iatista, medalhista olímpico, disse, com todas as letras, que houve desvio de verbas públicas no evento. Ele e o cartola bateram boca na frente da platéia.

Fonte: Ancelmo.com

O Haiti é aqui!

Escrevi um texto com o título O Haiti é aqui?, com ponto de interrogação, em 09/03/2006, quando o Exército ocupou a cidade atrás de armas que lhe foram roubadas. Hoje, com o mesmo título, agora com ponto de exclamação, numa afirmativa, reproduzo abaixo alguns trechos que considero atuais e pertinentes aos últimos acontecimentos no Rio de Janeiro, terríveis, envolvendo militares:

Segurança nacional e segurança pública hoje estão inter-relacionadas porque igualmente deterioradas, como resultado de um esforço deliberado para tal … : “Os neoliberais resolveram acabar com o Estado, e, sem Estado, ninguém consegue impor, em nome da sociedade, a autoridade da lei”.

***

No campo da segurança pública basta lembrar o recente episódio da guerra da Rocinha para constatarmos inclusive a comprometedora ausência das forças policiais, que abandonaram a comunidade à própria sorte.

***

Estamos vivendo é um momento de esculhambação total, com a falência das instituições, e precisamos agir para que o Brasil não se transforme num Haiti gigante, tendo o Rio como sua capital da baderna.

***

O Exército está fora de sintonia com a realidade porque não percebeu que esta guerra, que pensa estar travando hoje nas favelas cariocas, já está dentro da caserna há muito tempo e a maior demonstração disso é a evidência de que o assalto contou com a participação de ex-militares da própria guarnição.

(Clique aqui para ler o artigo na íntegra)

PERDEMOS!!!

O Globo, 16/06/2008:

Militares são presos por entregar jovens para o tráfico
Delegado acusa 11 homens pela morte de moradores da Providência

Ao saber do caso, uma parente de Wellington ligou para o celular dele e uma voz desconhecida atendeu:

- Já era! Perdeu! Eles foram vendidos para a Mineira.

***

Perdemos todos!

***

(Clique aqui para saber mais)

15.6.08

Língua Negra

Para quem diz que o Brasil está longe de ser um país de primeiro mundo, essa história da empreiteira de segurança Blackwater (Água preta) demonstra o contrário. Afinal, falta pouco para que as milícias do Rio de Janeiro se organizem como ela e passem a se chamar Língua Negra, em coerente alusão ao despejo de esgoto in natura que estamos habituados a ver nas praias cariocas.

Abaixo eu reproduzo nota da coluna de hoje de Elio Gaspari, que informa sobre o lançamento, não de coliformes fecais em nossas comunidades, mas do livro de um jornalista americano sobre esta novidade empresarial do primeiro mundo:

Folha de S. Paulo, Elio Gaspari, 15/06/2008:

"Blackwater" expõe a privataria da guerra

Está chegando às livrarias "Blackwater - A Ascensão do Exército Mercenário Mais Poderoso do Mundo", do jornalista americano Jeremy Scahill. É um retrato da maquinação de empreiteiras que estão privatizando as Forças Armadas e um pedaço da política externa dos Estados Unidos. É uma novidade que deixa para trás o famoso "complexo militar-industrial" denunciado pelo presidente Eisenhower em 1961.

A Blackwater, a quem a Embraer vendeu um Super Tucano de US$ 4,5 milhões, é a maior empreiteira de segurança do mundo. Esse novo negócio emprega 100 mil funcionários de diversas companhias no Iraque. Praticamente um miliciano para cada soldado fardado. Exércitos terceirizados já acabaram com uma revolta em Serra Leoa e com a guerra civil de Angola.

O banco de dados da Blackwater tem um cadastro de 21 mil soldados e policiais de elite. Entre eles, os veteranos chilenos dos porões de Pinochet. Uma tropa de 2.300 homens está espalhada por nove países. Um miliciano de primeira classe da Blackwater recebe 600 dólares por dia. É uma quantia parecida com os US$ 180 mil que recebe anualmente o general David Petraeus, que comanda a ocupação americana.

Os contratos da empresa já ultrapassaram a cifra do bilhão de dólares (metade sem licitação). Em alguns países, os funcionários da Blackwater estão acima das leis locais. A empresa pertence ao bilionário Erik Prince, uma mistura de James Bond, Rambo, pastor da direita cristã e generoso financiador do Partido Republicano.

Quem atravessar o volume de "Blackwater" pode ficar com uma pergunta capciosa na cabeça: o que aconteceria na América do Sul se o governo da Colômbia decidisse contratar uma dessas empreiteiras e se metesse numa confusão com a Venezuela ou com o Equador? Ou se os separatistas de Santa Cruz de la Sierra alugassem uma milícia de Erik Prince? Fantasia? A base americana no porto equatoriano de Manta tem agentes privatizados que já andaram recrutando nativos para o Iraque. Pode-se suspeitar que pilotos brasileiros tenham sido contratados para serviços externos.

Valentina ganha certidão

O Globo Online, 13/06/2008:

VALENTINA
Após dois meses, bebê de mãe com síndrome de Down e pai com atraso mental é registrado

Nascida há dois meses e três semanas, o bebê Valentina foi finalmente registrado nesta quinta-feira no cartório da cidade de Socorro, a 135 quilômetros da capital. Filha de Maria Gabriela Andrade Damate, de 27 anos, portadora de síndrome de Down, e de Fábio Marcheti de Moraes, de 28 anos, que possui um atraso mental, ela teve a certidão de nascimento negada porque o pai não conseguia declarar a paternidade. Neste caso, ela deveria ser registrada apenas no nome de Maria Gabriela - o que não foi aceito pela família dela.

A emissão da certidão de nascimento foi determinada, na terça-feira, pela juíza Érica Brandão, da 2ª Vara Cível do município. Diante da juíza e do promotor Elias Francisco Chaib, mesmo com dificuldade, Fábio conseguiu declarar que era o pai de Valentina e namorado de Gabriela. E fez questão de enfatizar sua participação para a concepção da filha.

- Perguntaram se ele mantinha relação sexual com Maria Gabriela, e o Fábio disse que era todo dia - diverte-se a avó materna, Laurinda Ferreira de Andrade, de 51 anos, que procurou o Ministério Público para que a neta tivesse nome de pai e mãe no registro.

Com a certidão da filha em mãos, Fábio era só felicidade. “Agora, eu sou pai. Até ontem, não era”, disse Fábio, com a filha no colo.

13.6.08

Cúmplices ou cagões?

Diante das dificuldades encontradas pelo Conselho de Ética da Alerj para determinar que parlamentar, entre seus integrantes, se responsabilizaria pela relatoria do processo de cassação do deputado Álvaro Lins (PMDB), que o jornal O Globo definiu como “quase uma brincadeira de Resta Um”, resolvi fazer a primeira enquete do meu blog:

Cúmplices ou cagões?

Na verdade, as opções são três:

1 - cúmplices
2 - cagões
3 - as duas coisas

Você pode manifestar sua opinião publicamente, fazendo um comentário a este post, ou reservadamente, enviando um e-mail para andrei@ism.com.br apenas com o número da opção escolhida (1, 2 ou 3) na linha de "Assunto".

Para refrescar a memória de todos, reproduzo abaixo a lista da votação que revogou a prisão do deputado Álvaro Lins:

Os 40 que votaram a favor de Álvaro Lins:

1 - Alessandro Calazans (PMN)
2 - Aparecida Gama (PMDB)
3 - Anabal (PHS)
4 - Átila Nunes (DEM)
5 - Aldir Santana (PV)
6 - Beatriz Santos (PRB)
7 - Chiquinho da Mangueira (PMDB)
8 - Cel. Jairo (PSC)
9 - Délio Leal (PMDB)
10 - Dica (PMDB)
11 - Dionísio Lins (PP)
12 - Domingos Brazão (PMDB)
13 - Wilson Cabral (PSB)
14 - Édino Fonseca (PR)
15 - Edson Albertassi (PMDB)
16 - Fábio Silva (PMDB)
17 - Geraldo Moreira (PMN)
18 - Gérson Bergher (PSDB)
19 - Glauco Lopes (PSDB)
20 - Graça Matos (PMDB)
21 - Iranildo Campos (PAN)
22 - João Pedro (DEM)
23 - João Peixoto (PSDC)
24 - Jorge Babu (PT)
25 - Jorge Picciani (PMDB)
26 - Luiz Paulo (PSDB)
27 - Marcelo Simão (PHS)
28 - Marco Figueiredo (PSC)
29 - Marcus Vinícius (PTB)
30 - Mário Marques (PSDB)
31 - Natalino Guimarães (DEM)
32 - Paulo Melo (PMDB)
33 - Pedro Paulo (PSDB)
34 - Rafael Aloísio Freitas (DEM)
35 - Rogério Cabral (PSB)
36 - Ronaldo Medeiros (PSB)
37 - Sheila Gama (PDT)
38 - Sula do Carmo (PMDB)
39 - Tucalo (PSC)
40 - Waldeth Brasiel (PR)

Os 15 que votaram contra Álvaro Lins:

1 - Cidinha Campos (PDT)
2 - Comte Bittencourt (PPS)
3 - Alcides Rolim (PT)
4 - Paulo Ramos (PDT)
5 - Alessandro Molon (PT)
6 - Sabino (DEM)
7 - Olney Botelho (PDT)
8 - Fernando Gusmão (PCdoB)
9 - Flávio Bolsonaro (PP)
10 - Gilberto Palmares (PT)
11 - Rodrigo Neves (PT)
12 - Inês Pandeló (PT)
13 - Wagner Montes (PDT)
14 - Nílton Salomão (PSB)
15 - Marcelo Freixo (PSOL)

E os 15 que faltaram à votação:

1 - Álvaro Lins (PMDB) - o acusado
2 - Alair Corrêa (PMDB)
3 - Altineu Cortes (PT)
4 - André Corrêa (PPS)
5 - André do PV (PV)
6 - Armando José (PSB)
7 - Graça Pereira (DEM)
8 - Jodenir Soares (PTdoB)
9 - José Nader (PTB)
10 - José Távora (DEM)
11 - Marcos Abrahão (PSL)
12 - Nelson Gonçalves (PMDB)
3 - Pedro Augusto (PMDB)
14 - Roberto Dinamite (PMDB)
15 - Zito (PSDB)

Fonte: Alerj

* Leia também: Faroeste

Degradação

O Globo, Opinião, 13/06/2008:

Degradação

A comparação pode ser de mau gosto, mas é a que expressa de forma clara a degradação acelerada de instituições fluminenses: um câncer.

As polícias, parte do organismo do Estado, se degeneram e contaminam partes saudáveis do sistema, enquanto estabelecem alianças com o crime e ligações patogênicas com o Poder Legislativo estadual e municipal.

O processo de degradação é idêntico ao da metástase, o que requer - sabem os médicos - um tratamento químico e cirúrgico drástico, antes que o estado de direito entre em falência terminal.

* Leia também: Faroeste

12.6.08

1958 - estréia amanhã no Odeon. Imperdível: vejam os elogios

ROSE BAHIANA

Amigos, quem viu (eu vi) se apaixonou. Leiam depoimentos abaixo. Corram para ver um Brasil que, definitivamente, não verão mais. Pelo menos, vivos, eu acho.

Alguns aqui já viram, não importa - eles lêem o que saiu sobre. Os que quiserem ter mais gostinho desse tempo também podem aproveitar e ver o show da Sônia Reis amanhã, no Palácio Café e Restaurante, na rua Buarque de Macedo, 87, Catete. Aí, poderão pegar uma das rosinhas da noite do meu bem do Custódio Coimbra e cantar Dolores Duran:

Um dos melhores filmes sobre futebol feito no Brasil.
Carlos Alberto Mattos, crítico de cinema do jornal O Globo.

Não poderia pensar que alguém pudesse fazer um filme novo em cima de um tema que parecia já esgotado. O filme é uma novidade.
Alberto Shatowski, crítico, Grupo Estação.

É a afirmação de um Brasil como um povo.
Aydano André Motta, O Globo.

Direção primorosa.
Reinaldo Leal, radialista, jornalista esportivo.

Mais do que tudo, traduz o espírito do que foi a vitória de 58.
Fernando Maia, jornalista esportivo, O Globo.

É emocionante. Vivi e revivi essa época.
João Máximo, crítico, jornalista, O Globo.

Um filme surpreendente.
Jonas Vieira, radialista, Rádio Roquete Pinto.

No meu imaginário a Copa de 58 é tudo e o filme traduz muito bem essa minha fantasia.
Afonsinho, ex-jogador.

Um filme excelente, que vai além do futebol, feito para o grande público.
José Luiz Fevereiro, filatelista.

Um filme que tem chances de despertar o ânimo do brasileiro e alimentar a auto-estima do país.
Noilton Nunes, cineasta.

Direção e música imbatíveis.
Marcos Sacramento, cantor.

Um filme que ganha quem gosta e quem não gosta de futebol, pelo enredo, pela montagem e pela música.
Clara Sandroni, cantora.

RESENHAS

1958 não é um simples documentário. O filme do diretor artilheiro Zé Carlos é mais do que cinema - é gol de placa, sonho, paixão, poema épico! Como diria Nélson Rodrigues, a sessão de cinema acabou em choros convulsivos e aplausos delirantes.
Andrei Bastos, jornalista e designer gráfico.

É um filme-festa. Um filme-homenagem. Um exercício de generosidade para com o país. José Carlos Asbeg tenta, com sucesso, orquestrar uma festa-ética entre a docilidade dos 22 jogadores e a força necessária para ganhar a nossa primeira e mais importante Copa do Mundo. Todos estão de parabéns e o cinema brasileiro também! O nosso documentário segue dando ao país verdadeiras lições de história.
Luiz Rosemberg Filho.

* Leia também: Descobri que gosto de futebol

11.6.08

Poderoso chefão

Deputado Jorge Picciani (corte de foto de Ricardo Leoni/O Globo)

Jornal do Brasil, Informe JB, 11/06/2008:

Poderoso chefão
O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), deu um golpe de mestre no Rio. Num ato só, afundou a candidatura de Molon, ao negar a chapa, e de Eduardo Paes, ex-secretário de Turismo.

Poderoso chefão 2
Picciani esperou o momento certo para pôr fim à aliança com o PT. Quando tentaram ressuscitar Paes, então em viagem oficial, deu no que deu, nesse imbróglio do DO que pode derrubar Paes.

* Leia também: Faroeste

Serão os cagões do Ziraldo?

O Globo, 11/06/2008:

Ninguém quer ser relator da cassação de Lins
Mesa Diretora aprova processo,mas membros do Conselho de Ética da Alerj evitam assumir a responsabilidade

O Conselho de Ética da Assembléia Legislativa (Alerj) começará hoje, às 10h30m, o processo que analisará a acusação de quebra de decoro pelo deputado Álvaro Lins (PMDB). Depois de receber ontem da Mesa Diretora, numa votação aprovada por todos os 11 membros, autorização para abrir o processo de cassação, o Conselho agora passa por problemas. Seus membros efetivos não estão querendo assumir a relatoria do caso e o partido DEM ainda não nomeou representante desde a saída do deputado Rodrigo Dantas, deixando o Conselho com um membro a menos.

* Leia também: Faroeste

Milícia faz chantagem em Botafogo

Jornal do Brasil, 11/06/2008:

Milícia faz chantagem em Botafogo

Na Rua Martins Ferreira, em Botafogo, Zona Sul do Rio, a parte com seguranças particulares é tranqüila. A outra, onde ninguém quis pagar, registrou incidentes violentos, como assaltos a mão armada, apesar de estar perto do 2º BPM. Na mesma época, síndicos dos prédios dessa área receberam oferta da milícia, cujo chefe seria um sargento PM, convocando-os para uma reunião, com data, horário e local pré-determinados, para debater “a segurança”. O grupo diz atuar há 10 anos e ameaça: “Agora vamos ser mais objetivos nesta futura decisão”.

* Leia também: Faroeste

Fórum de Educação Inclusiva

TEMA: “A Ratificação da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas comDeficiências: Benefícios para a Sociedade Brasileira”

MEDIADORA: Profª Drª Edicléa Mascarenhas

PALESTRANTE: Advogada Claudia Grabois*

*Coordenadora da Rede Inclusiva , Diretora de Inclusão Social da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e moderadora do RJ Down.

CONVIDADOS: PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS, FAMILIARES, PROFISSIONAIS, PROFESSORES E COMUNIDADE.

Data: 12 de Junho de 2008, 13:30 horas
Local: RAV 122 - 12° andar - UERJ - Rio de Janeiro

10.6.08

Fórum Mídia Livre

Estão abertas as inscrições para o I Fórum de Mídia Livre, que ocorrerá no Rio de Janeiro, dias 14 e 15 de junho, e reunirá participantes de todo o País. O evento é parte de uma ampla mobilização de jornalistas, acadêmicos, estudantes e ativistas e demais interessados pela democratização da comunicação, em defesa da diversidade informativa, do trabalho de colaboração nos novos meios e sua expansão, bem como da garantia de amplo direito à comunicação.

(Clique aqui para saber mais e se inscrever)

Descobri que gosto de futebol

ANDREI BASTOS

Alguém dizer que gosta de futebol no Brasil não é novidade alguma, pois este é o país do famoso esporte bretão. Mas quem me conhece sabe que eu nunca dei bola (sem trocadilho, por favor) para esta segunda preferência nacional. O que aconteceu comigo, então, nessa altura do campeonato, às vésperas dos meus 58 anos? O que terá provocado tamanha virada de jogo em mim?

Embora eu tenha trabalhado muitos anos dentro das quatro linhas da editoria de Esportes do jornal O Globo, cercado por torcedores fanáticos como só jornalistas esportivos sabem ser, inclusive com o privilégio de ter diagramado os originais mais truncados do planeta, cheios de letras trepadas e datilografados no espaço um da velha e inseparável Remington do passional Nélson Rodrigues, sempre fui mais para “A vida como ela é” do que para “À sombra das chuteiras imortais”.

Torcida brasileira! A responsabilidade por esta minha tardia transformação em torcedor apaixonado, capaz de fazer com que “nelsonrodrigueanamente” eu me debulhasse em lágrimas de esguicho na pré-estréia de ontem no cinema Odeon, é do filme “1958, o ano em que o mundo descobriu o Brasil”, do meu querido amigo José Carlos Asbeg.

A genialidade chapliniana de Garrincha, a preciosidade de Pelé e a majestade de Didi, entre as muitas excelências da melhor seleção brasileira de todos os tempos, segundo conhecedores históricos e eu mesmo, agora o mais novo metido a entender de futebol, sem dúvida forneceram matéria-prima para que Zé Carlos produzisse seu filme e marcasse este gol cinematográfico. Mas é indiscutível que o apuradíssimo domínio da linguagem do cinema e a sensibilidade do diretor o colocaram em posição legal para concluir a jogada e balançar a rede das emoções dos espectadores.

Eu não sabia o que era futebol até ontem e tive a sorte de aprender tudo em uma única aula magistral, repleta de magistrais jogadas e dribles. Cabeçadas, passes de calcanhar, folha seca, a coreografia do balé apaixonante que fez com que o mundo descobrisse o Brasil, e se rendesse à sua magia. Todos os lances importantes da campanha vitoriosa da primeira Copa conquistada, as jogadas decisivas, o que se viveu e o que se pensou durante a competição, aqui e no mundo, junto com o retrato do momento político-econômico brasileiro, que era representado por JK e só tinha a ver com a Taça Jules Rimet nas mãos de Bellini, estes são os versos audiovisuais do “ano em que o mundo descobriu o Brasil”.

“1958” não é um simples documentário. O filme do diretor artilheiro Zé Carlos é mais do que cinema – é gol de placa, sonho, paixão, poema épico! Como diria Nélson Rodrigues, a sessão de cinema acabou em choros convulsivos e aplausos delirantes.

8.6.08

Entrevista à Rádio CBN

O programa CBN Rio me entrevistou, dia 07/06/2008, a propósito de Seminário do Tribunal de Justiça sobre Acessibilidade no Rio de Janeiro.

(Clique aqui e ouça a entrevista)

Transcrição:

Andréa Ferreira – Agora 10h15m. O Tribunal de Justiça do Rio realizou ontem o primeiro seminário “Sensibilizar, Um Novo Olhar sobre Acessibilidade”, com o objetivo de alertar o público para os direitos da pessoa com deficiência, a questão da acessibilidade no Rio, mas está distante da solução encontrada, por exemplo, em países de primeiro mundo. Vamos conversar sobre esse assunto com Andrei Bastos, que é membro do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Andrei, bom dia.

Andrei Bastos – Bom dia, Andréa. Bom dia, ouvintes da CBN.

Andréa – Andrei, qual é a situação hoje, as dificuldades encontradas pelo portador de deficiência em relação ao acesso, por exemplo, nos prédios públicos?

Andrei – As dificuldades são enormes, Andréa, são dignas de último mundo e não de primeiro mundo. Nessa luta, a Justiça e o Ministério Público têm sido aliados muito bons e muito fortes das pessoas com deficiência. Nós podíamos falar de três aspectos principais. Primeiro, as vias. Nós esperávamos que os Jogos Pan-americanos deixassem o famoso legado para a Cidade do Rio de Janeiro em termos de acessibilidade nas vias públicas, nos equipamentos urbanos, nos estádios, no transporte coletivo, e isso não aconteceu. O que nós vemos são ruas esburacadas e construções totalmente inadequadas. Nós temos também a falta de acessibilidade nos prédios públicos do Município, do Estado e da União. O IBDD entrou com uma ação civil pública no dia 4 de junho do ano passado para que se cumprisse o decreto 5.296, que determina a acessibilidade nos prédios públicos e, no entanto, essa ação não chegou a uma conclusão porque os entes federativos não entregam as suas listas de prédios, de construções e, ao contrário do que disse a arquiteta Verônica Camisão, consultora da Prefeitura, não é simples de resolver, fazer esse levantamento, como ela disse. Porque só agora, dia 27 de maio, o procurador do município conseguiu entregar relatórios descritivos das construções na área de educação e de saúde do município, dizendo o que é acessível e o que não é? Então, a situação é terrível.

Andréa – Não existe uma legislação, uma lei que obrigue tanto prédios públicos, prédios privados, garantindo acessibilidade para o portador de deficiência?

Andrei – Existe a lei, a Lei da Acessibilidade. E a lei foi regulamentada pelo decreto 5.296, de 2004, assinada pelo presidente Lula, só que ninguém cumpre a lei, a verdade é essa. O Brasil tem a melhor legislação das Américas para as pessoas com deficiência e, no entanto, é o último no cumprimento dessas leis. Nós esperamos que a ratificação da Convenção da ONU, que vai trazer o olhar do mundo para o que acontece aqui dentro, faça com que essas leis, que já são muito boas, sejam cumpridas, e não que seja necessário para tudo que a gente entre na justiça. Tudo o que acontece é resultado de ações impetradas na justiça - isso revela um baixíssimo grau de civilização.

Andréa – Há pouco tempo nós conversamos aqui com uma deficiente física que nos relatou justamente a dificuldade de acesso aos meios de transporte. Ela citou o metrô como uma dificuldade, contando que ficou presa na cadeira de rodas e foi ajudada pelos seguranças do metrô. Os ônibus também, eles não estão preparados para transportar as pessoas com dificuldade de locomoção.

Andrei – De jeito nenhum e esse é o ponto principal na questão da acessibilidade, porque se a gente resolve a acessibilidade no transporte público, as outras questões serão automaticamente resolvidas porque as pessoas com deficiência vão poder chegar na escola, no trabalho, no lazer. E quando ela chega aos lugares, quer dizer, o problema está colocado e tem que ser resolvido. A máfia do transporte coletivo se beneficia porque a ação dela interessa a todo mundo que não quer, vamos dizer assim, promover a acessibilidade. O poder dela vem muito daí. O jornalista Elio Gaspari, num artigo recente, ele disse: “As empresas de ônibus do Rio de Janeiro mandam mais que o Arcebispo e arrecadam centenas de milhões de reais em dinheiro vivo (aquela espécie que anda em malas). A onipotência dos concessionários de ônibus transformou o sistema de transportes públicos da cidade numa bandalha voraz, anacrônica e predatória”. Ou seja, agora mesmo tem um movimento na Câmara dos Vereadores, liderado pelo vereador Jorge Mauro, que quer prorrogar por pelo menos 10 anos as concessões atuais das 420 linhas de ônibus da cidade, sem nenhuma modificação. Quer dizer, o grupo do bem da Câmara dos Vereadores, que não completa os dedos das mãos de qualquer pessoa, luta contra isso e quer que seja prorrogado por até 18 meses para que a questão seja resolvida em caráter definitivo e justo pelo próximo prefeito.

Andréa – Com relação às novas construções, há uma concepção de que há mudanças nesse sentido, ou seja, a incorporação dos padrões de acessibilidade até para reduzir os custos extras com obras pra fazer essa adaptação?

Andrei – Exatamente, assim como eu falei que esses são exemplos do baixíssimo grau de civilização, nós temos um exemplo de altíssimo grau de civilização que é dado pelo Sinduscon-RJ. Eu, representando o IBDD, participei de um grupo que desenvolveu um guia de verificação em acessibilidade nas construções, lá no Sinduscon. O que é esse guia? Esse guia vai ser distribuído para as construtoras do Rio de Janeiro e ele vai apontar os parâmetros de acessibilidade desde o projeto. Então, quando uma construtora contrata um projeto de arquitetura, já no projeto deverão constar os parâmetros de acessibilidade. Ou seja, quando você incorpora esses parâmetros na hora de projetar, na hora de criar, eles não representam nenhum custo adicional. E isso vai atender não só às pessoas com deficiência. É bom que se entenda, Andréa, que nós somos os chatos que reclamam de toda essa questão, mas na verdade essa questão da acessibilidade beneficia toda a sociedade, as pessoas idosas, as mulheres grávidas, as pessoas que se vêem com problema de locomoção temporária e até mesmo a um atleta que não tem problema nenhum, mas que vê reduzida a possibilidade de risco, de se acidentar. Então, você passa a viver num mundo em que realmente vale viver. Então, o exemplo do Sinduscon deveria ser seguido pelas empresas de ônibus, pelo poder concedente, que pode determinar às concessionárias de ônibus que renovem suas frotas apenas com veículos acessíveis, e por aí vai, né, Andréa.

Andréa – O senhor sabe se tem um percentual da frota de ônibus circulando no Rio?

Andrei – Andréa, é vergonhoso porque o Rio tem uma frota de 10.000 ônibus e apenas 48 adaptados. Isso é resultado de um acordo entre as concessionárias e a prefeitura e não de uma lei porque o Rio de Janeiro é uma cidade sem lei nessa questão. Então isso é impressionante, quer dizer, é outra coisa. Lá no IBDD nós também estamos movendo ações há vários anos contra essa questão - são 48 ações, uma para cada empresa. Então não é possível que a coisa seja assim. Embora a atuação da Justiça e do Ministério Público seja louvável, não é possível que tudo seja conseguido apenas por intermédio da Justiça, né? Então o poder executivo, o poder público, tem que abrir os olhos para essas questões e ver que isso é uma questão de cidadania, e não apenas de um segmento.

Andréa – No caso dos trens, também há dificuldade?

Andrei – Também. Você veja só as estações, como é que elas são. A gente lembra de uma estação, agora é Supervia, né? E você vê que tem aquela escadaria enorme que leva para uma passarela, outra escadaria para descer. Como é que uma pessoa que usa cadeira de rodas ou muletas, ou mesmo os cegos, enfim, uma série de pessoas, ou os idosos vão passar por esse obstáculo para chegar e pegar o trem? Não existe. As estações do metrô também, por conta de ações também na Justiça hoje eles têm só duas estações, a da Siqueira Campos e a Cantagalo, e as outras são todas uma tragédia. Então não é possível, as pessoas tem que começar a conceber o mundo de outra maneira, de uma maneira acessível, incorporando o chamado desenho universal.

Andréa – Como é essa questão do acesso, por exemplo, do deficiente visual que anda com cão-guia? Em São Paulo teve uma empresária que, se não me engano, teve uma liminar garantindo o direito dela de entrar no metrô com o cachorro. Aqui no Rio, como é que é tratada essa questão?

Andrei – Olha, você falou, é sempre uma liminar que está diante de qualquer questão. O cão-guia é como uma cadeira de rodas, é como a bengala. Talvez mais seguro até do que a bengala. Então ele tem que ser entendido como isso, como um equipamento, uma extensão da pessoa com deficiência. Aqui no Rio de Janeiro existem restrições, mas elas também são sempre resolvidas judicialmente, não existe um entendimento da sociedade correto em relação a essas questões, a essa questão, como a todas as outras.

Andréa – Então a pessoa que vai entrar com o cão-guia, ela tem que estar com a.decisão liminar em mãos para não ser impedida de entrar, é isso?

Andrei – Ela fica sujeita a isso.

Andréa – Já existe uma liminar garantindo o acesso de todas as pessoas com deficiência com o cão-guia.

Andrei – Pois é, a superintendente do IBDD, Teresa Costa d´Amaral, tem até uma idéia que os advogados de lá consideram curiosa, porque ela diz que as pessoas com deficiência no Brasil deveriam impetrar um habeas corpus preventivo, para chegar com esse documento diante de todas as situações adversas e, vamos dizer assim, exigir o direito na hora.

Andréa – Andrei, em relação às escolas, elas estão preparadas hoje para esse estudante com dificuldade de locomoção, com deficiência visual? Como é que as escolas estão preparadas? Elas se adequaram à lei?

Andrei – Não. Voltando à questão do transporte, em primeiro lugar elas não têm, as crianças com deficiência não têm como chegar às escolas. Uma outra ação, mais uma vez na Justiça, impetrada pelo IBDD garantiu o direito de um rapaz de 21 anos, tetraplégico, que passou no vestibular da UFRJ para Ciência da Computação e não tinha como freqüentar as aulas porque ele mora em Campo Grande e é de classe média baixa. E foi preciso uma ação na Justiça para garantir esse transporte. A prefeitura de início não obedeceu à decisão judicial, que fixava uma multa de 200 reais por dia, porque ela deveria providenciar o transporte, em cima do patrimônio do prefeito. O IBDD recorreu e o desembargador determinou uma multa de 10 mil reais por dia. Nesse momento a prefeitura, por intermédio da secretária de Defesa da Pessoa com Deficiência Leda de Azevedo, propôs ao rapaz, Bruno, transporte somente às terças-feiras. Um absurdo. Como é que o rapaz vai freqüentar as aulas só às terças-feiras? Mas enfim, por conta dos 10 mil reais diários, eles providenciaram um táxi e agora ele está indo para as aulas de táxi porque a prefeitura foi obrigada pela Justiça. Isso não resolve a questão da acessibilidade. E depois, ele chega lá e - a gente está falando aí de um prédio público federal, mas nas escolas municipais ou nas escolas estaduais a situação é a mesma -, mesmo que a pessoa com deficiência consiga chegar, por conta de ações na Justiça, porque por meio do transporte coletivo não vai conseguir, ela não encontra os prédios arquitetonicamente resolvidos na questão da acessibilidade. Ela não encontra mobiliário adequado ou equipamentos necessários à sua deficiência. Se ela é surda, ela não encontra um intérprete de Libras. Se ela é cega, ela não encontra um Dosvox ou um sistema qualquer, enfim. E são, na verdade, providências de baixíssimo custo ou de nenhum custo. O Dosvox é um software desenvolvido pela UFRJ e é gratuito. E enfim, não existe preparo dos professores no atendimento das pessoas com deficiência, das diferentes deficiências. Então, se uma pessoa com deficiência chega à escola, consegue chegar à escola, geralmente ela é colocada no canto, ou seja, ela é tolerada, mas não é cobrada dela a mesma coisa que é cobrada dos outros alunos porque a estrutura vê aquela pessoa como coitadinha, o que ela não é.

Andréa – Andrei Bastos, muitíssimo obrigada pela entrevista, um bom dia para você.

Andrei – Um bom dia para você, Andréa, e um bom dia para os ouvintes da CBN. Muito obrigado pela oportunidade.

7.6.08

1° Fórum da Zona Oeste: "Cidadania, Dignidade e as Pessoas Deficientes"

VENHA PARTICIPAR DESTE MOMENTO DE CIDADANIA, ONDE SERÃO ABORDADOS OS TEMAS: ACESSIBILIDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE, EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO PARA AS PESSOAS DEFICIENTES.

LOCAL: SALÃO DA IGREJA DE SANTANA, EM CAMPO GRANDE, PRÓXIMO AO WEST SHOPPING.

DIA: 14/06/2008 – 09:00 HORAS.

PARTICIPAÇÃO DO PRESIDENTE DA COMISSÃO MUNICIPAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

Com certeza, perto de você existe um familiar, um amigo com algum tipo de deficiência ou um profissional interessado por esse segmento. Convide-os a participar desse evento.

Maiores informações na secretaria da paróquia ou pelos telefones: 8755-2149 / 8717-4478

***

Colaboração: Tânia Lopes

6.6.08

Surdos podem dirigir. Ser engenheiros da Petrobras, não

ROSE BAHIANA

Os surdos estão aptos para dirigir automóveis nos centros urbanos. Mas não para trabalhar na Petrobras. Não em cargos que exijam nível superior, como engenheiros de petróleo. A Petrobras baseia a decisão numa interpretação livre do artigo 38 do decreto 3298/99, que determinou o sistema de cotas para deficientes em concursos. O artigo desobriga as empresas públicas a instituir os 5% de cotas, quando o cargo exigir “aptidão plena” do candidato. É o bastante para alguns burocratas decretarem que surdo não está apto para ocupar uma das 251 vagas de engenheiro de petróleo.

Não adianta burlar a proibição e fazer a prova em igualdade de condições. Será barrado pela perícia médica. O problema é vivido por um engenheiro químico inscrito para o próximo concurso da estatal. Mesmo com um currículo que inclui parte do curso de Astronomia, a conclusão do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estágio no Cenpes, ele só deve pretender cargo compatível com a sua condição de surdo: técnico de nível inferior.

O engenheiro passou por uma operação de implante coclear (técnica avançada de combate à surdez) com recursos da própria Petrobras, através da qual ganhou níveis aceitáveis de audição. Quando realizada em crianças, as transformam em ouvintes. Mas, mesmo antes disso, já falava e se comunicava por palavras. Caso contrário, não se formaria pela UFRJ. Há anos atrás, quando ainda era bebê, o médico que diagnosticou sua surdez disse que o máximo que seus pais poderiam esperar dele era a ocupação de lixeiro. Nem isso é possível: tem qualificação demais para o posto. Mas, num país tão pródigo em oferecer recompensas e caridades, tais como o Bolsa-Ditadura e o Bolsa-Família, talvez um bom caminho fosse reivindicar o Bolsa-Discriminação.

5.6.08

Complicada Arte de Ver

RUBEM ALVES

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: 'Acho que estou ficando louca'. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. 'Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto.'

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as 'Odes Elementales', de Pablo Neruda. Procurei a 'Ode à Cebola' e lhe disse: 'Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver'.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: 'A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê'. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: 'Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra'. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. 'Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios', escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada 'satori', a abertura do 'terceiro olho'. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: 'Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram'.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, 'seus olhos se abriram'. Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em 'Operário em Construção': 'De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção'.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: 'A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas'.

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar 'olhos vagabundos'...

* O texto acima foi extraído da seção 'Sinapse', jornal 'Folha de S.Paulo', versão on line, publicado em 26/10/2004 / Grupo de discussão na internet Além da Visão

4.6.08

Para ver em 2010

O Globo, Ancelmo Gois, 04/06/2008:

Para ver em 2010

Surgiu no YouTube um documentário de 10 minutos sobre Álvaro Lins e as milícias. Bem feito, lista os 40 deputados que votaram por sua saída da prisão.

Diz que é para o eleitor lembrar na eleição de 2010. Confira só em http://br.youtube.com/watch?v=M_aLK7HKd_A&watch_response.

Tutti buona gente…

Aliás, esse delegado José Renato Torres, citado no escândalo Álvaro Lins-Garotinho, está lotado no gabinete do conselheiro do TCM do Rio Ivan Moreira.

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De meter medo

Jornal do Brasil, Anna Ramalho, 03/06/2008:

De meter medo

O comentário no meio policial é o de que traficantes que ocupavam a Favela do Batan pretendem assassinar a equipe de O Dia e, assim, culpar a milícia local. Alguma coisa tem que ser feita, secretário Beltrame. E rápido.

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3.6.08

O retrato do Poder Legislativo no Rio


Corte de foto do deputado Jorge Picciani, presidente da Alerj, publicada no jornal O Globo de 03/06/2008 (Foto de Ricardo Leoni).

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Profissão perigosa

A discussão sobre os procedimentos de segurança que devem ser adotados pelos jornalistas e pelos veículos de comunicação é absolutamente necessária e suas conclusões precisam ser implantadas com rigor. Mas é preciso que tenhamos claro que isso não impedirá que muitos de nós continuem se expondo a grandes riscos apenas por causa do vício na cachaça do jornalismo, ou seja, da vocação para perceber e buscar a informação mais completa e valiosa, que nem sempre está dentro de uma favela ou nas trincheiras de uma batalha e pode oferecer risco bem maior.

2.6.08

Nossa arma é o voto

ANDREI BASTOS

O caso Garotinho & Álvaro Lins e a tortura dos jornalistas de O Dia por milicianos, que dominaram o noticiário, demonstram, definitivamente, o apodrecimento total, ou quase, das nossas instituições, disso não resta mais dúvida. O que fazer?

Em primeiro lugar, é preciso que fique bem claro para a população que a política é o denominador comum destas duas tragédias cariocas, assim como de muitas outras. Esta constatação pode parecer óbvia, mas só para os bem-nascidos e bem-estudados. Para o povão, que vive o cotidiano da miséria e do medo, o poder político é algo muito distante, inatingível. Mas é este poder “superior” que o atinge, com barbárie ou com assistencialismo, tratando-o sempre como sub-raça. Como conscientizar essas pessoas do poder que elas têm?

Talvez um bom começo seja encarar o problema e passar a dizer com todas as letras que não votamos em bandidos. Eu penso que o povão, que vive submetido ao terror das milícias ou do tráfico, ganhará coragem para não votar em seus carrascos se os privilegiados, que somos nós, ganharem coragem para chamar os bandidos de bandidos, quem sabe fazendo um movimento à semelhança de tantos que já foram feitos para tranqüilizar nossas consciências.

Mas não basta apenas votar certo, pois o tecido social está de tal forma comprometido pela metástase desses tumores malignos, que sem vigilância e punição as pessoas de bem que passarem a ocupar os postos políticos se verão presas de armadilhas imobilizadoras e reféns do mesmo poder bandido que se pretende extirpar. É imprescindível que a sociedade reveja seus processos de gestão pública para que sejam fechadas as brechas que permitem desvios de verbas e corrupção de funcionários, a começar pela abertura das contas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que precisam ser colocadas em total transparência na internet.

A despeito de toda crítica que a democracia representativa possa merecer, e enquanto outro sistema não a substitui, para lutar contra quadrilhas armadas comandadas por governadores e chefes de Polícia nossa única arma é o voto, esta “coisa” que desprezamos por conta da nossa arrogância e falsa superioridade.

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1.6.08

Chame o ladrão!

O Globo Online, 01/06/2008, 22h21m:

Torturadores de jornalistas de ‘O Dia’ são policiais e já foram identificados

Informação é do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Caso choca representantes da sociedade civil e provoca indignação.

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O Dia Online, 01/06/2008, 19:34:00:

Beltrame: suspeitos de tortura são identificados

Rio - O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que já identificou os milicianos suspeitos de torturar uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia na favela do Batan, na zona oeste do Rio de Janeiro.

O crime ocorreu no dia 14 de maio, quando as vítimas foram espancadas por cerca de sete horas. Os profissionais faziam uma matéria investigativa sobre milicianos no local.

Segundo Beltrame, a maior dificuldade é colher prova contra os integrantes da milícia, grupo formado por policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários que expulsa traficantes de favelas e cobra dos moradores por segurança e outros serviços.

“É um assunto fácil de se identificar, mas difícil de pegar provas. O policial pode estar armado em uma região e, ao ser abordado, afirma que está passeando. A produção da prova é demorada. É preciso formar um conjunto probatório mais bem elaborado para comprovar que a seqüência de atos é criminosa. Não é como um flagrante”, afirmou Beltrame.

As informações são de Ernani Alves, do Terra

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Mais um

Jornal do Brasil, Anna Ramalho, 01/06/2008:

Mais um

Escândalo tido como certo para os próximos dias: uma denúncia daquelas de balançar o coreto sobre a licitação das concessões de linhas de ônibus. A Câmara dos Vereadores vai tremer.

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Política do terror

O Dia Online, 31/05/2008, 18h12m:

Milícias: política do terror

Rio - Criadas sob o “inocente” argumento de enfrentar o tráfico de drogas e livrar as comunidades carentes do crime organizado, as milícias compostas por policiais, agentes penitenciários, bombeiros e ex-servidores da Segurança Pública dominam hoje bem mais do que as 78 comunidades onde fincaram suas garras e estruturaram um exército muito bem armado. Elas ditam as leis a aproximadamente 2 milhões de cariocas e os submetem a um código penal que nunca foi escrito. Todos conhecem bem cada parágrafo, onde estão previstas a tortura e a morte a quem desafiar as suas regras. Um desmando sofrido pela equipe de O DIA.

Durante duas semanas, repórteres moraram na Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio. A idéia da reportagem era mostrar como vivem as pessoas em um local onde grupo clandestino tem lucro fantástico com a venda do gás de cozinha, do sinal pirata de TV a cabo e da segurança forçada, além do curral eleitoral. Mas, na tentativa de produzir material que mostrasse os desvios dessa realidade, os jornalistas caíram nas mãos da barbárie.

Denunciados, os repórteres de O DIA foram seqüestrados e mantidos em cárcere privado em um dos barracos usados como quartel-general pela quadrilha. O interrogatório e as torturas duraram sete horas e meia, período em que a equipe foi submetida a socos e pontapés, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, roleta-russa, tortura psicológica e todo tipo de situação vexatória. Em um dos intervalos entre as sessões de agressões, a equipe identificou o barulho de sirenes iguais às das patrulhas policiais rondando o cativeiro. Mas os homens que chegavam ao local, em vez de socorrer as vítimas, eram solidários aos carrascos.

Em determinado momento, o cativeiro chegou a ter pelo menos 20 milicianos, entre torturadores, incentivadores e espectadores coniventes. As vítimas foram libertadas, depois de os criminosos terem passado todo o tempo garantindo que elas seriam torturadas até a morte. A condição seria manter segredo sobre a sessão de agressões. Foi a forma mais cruel e bárbara de testemunhar como a milícia age nas comunidades do Rio.

O crime cometido contra a equipe de O DIA aconteceu no dia 14 de maio. A cúpula da Segurança do Estado do Rio foi notificada. Hoje, mais de duas semanas depois das agressões, os fatos estão sendo publicados. A decisão de esperar esse tempo para trazer à tona a história foi tomada para que as investigações policiais não fossem prejudicadas e, principalmente, para garantir a segurança das pessoas envolvidas. Agora, espera-se pela punição dos culpados.

Saiba mais em: O Dia Online

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