29.9.07

Dica da Veja?

ANDREI BASTOS

O que pode significar a matéria de capa da revista Veja desta semana?

Talvez sob o título “Che - A farsa do herói” e de todo o esforço do texto para destruir o mito, apresentando o guerrilheiro como implacável, sanguinário e tão irredutível em seus propósitos que foi abandonado até por Fidel Castro, acabe se alojando uma admirável contribuição justamente no sentido contrário, reforçando ainda mais a imagem de herói libertário e de paladino da justiça de Che Guevara, em vista do cenário de degenerescência das instituições em que vivemos.

Quantos não haverão de pensar o quanto faz falta nos nossos dias um “Che” como o apresentado agora pela revista? Alguém que não transija, não faça concessões e seja implacável?

Talvez o tiro da reportagem da Veja saia pela culatra e a substituição da imagem do “guerrilheiro altruísta” pela crueza do combatente implacável e sanguinário acabe resultando num upgrade do mito, dando-lhe coerência com a atualidade.

Afinal, não podemos deixar de considerar a possibilidade de que, por trás da aparente aceitação de tudo pela sociedade, estejam se formando as condições para o surgimento de outros “Che”, agora com o figurino que a revista apresenta, não importando se verdadeiro ou falso.

A bem da verdade, a reportagem é tardia, pois vivemos na era de Bin Laden, já faz muito tempo que o mal foi banalizado, até pelos videogames infantis. Por acaso não é de crimes, violência, políticos corruptos, milícias, assassinatos, crimes do colarinho branco, balas perdidas, desvios de dinheiro público e impunidade que se compõe nosso cotidiano?

27.9.07

Vale a pena ler de novo (1)

JB, 29/07/2007:

Jogos chegam ao fim com muito a explicar

Renato Grandelle, Agência JB

RIO - Passada a festa, é hora de saber por que trazer o Pan para o Rio custou cerca de R$ 3,7 bilhões. Os gastos com os Jogos, quase 800% maiores do que os previstos há cinco anos, podem ser tema de uma CPI na Câmara. A iniciativa é do deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que, até agora, já recolheu cerca de 100 assinaturas favoráveis à comissão - é necessário o apoio de pelo menos 171 deputados para começar os trabalhos.

A comissão seria pautada pelos relatórios do ministro Marcos Villaça, do Tribunal de Contas da União. Em maio, numa extensa revisão dos gastos com a preparação dos Jogos, Villaça chegou a questionar se determinadas manobras praticadas pelo poder público e pelo CO-Rio seriam legais, como incluir serviços em contratos já assinados, uma forma de evitar novas licitações. Os acertos a toque de caixa, segundo levantamento de Itagiba, foram especialmente benéficos para algumas empreiteiras, a quem coube terminar as obras dos equipamentos esportivos, além de outras empresas. Não houve concorrência, por exemplo, para fazer a apólice dos seguros de vida dos atletas - a tarefa coube à Caixa Seguros. A Motorola também não teve adversários na seleção da companhia responsável por fornecer novos rádios à polícia fluminense.

- O Pan é só a realização de um momento - lamentou Itagiba. - A competição passa sem deixar legado social. O que ficou foi uma série de fatores para analisar: um estádio como o Engenhão não pode ser mais caro do que um mais moderno, construído na Alemanha, onde até os gastos com mão-de-obra são maiores.

O ponto de partida, segundo o parlamentar, seriam os repasses da União ao Estado, ao município e ao CO-Rio. A entidade, dirigida por Carlos Arthur Nuzman, que também preside o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), terá lugar especial na pauta.

- Não houve concorrência para escolher o CO-Rio como o organizador dos Jogos - criticou. - Sequer sabemos quanto a empresa ganhou pelo serviço e qual é a sua estrutura jurídica. Por que o COB não poderia assumir os preparativos do Pan?

O aumento da fatia da União nas obras realizadas para os Jogos não foi imediatamente acompanhada por maior vigilância às instalações. Até maio do ano passado, o único local de competição administrado pelo governo federal era o Complexo de Deodoro. Nos 10 meses seguintes, caíram no colo do Planalto a montagem da pista do velódromo, a estrutura viária, o tratamento fluvial da Vila do Pan e a instalação de equipamentos no Macaranã e no Maracanãzinho.

Com as novas atribuições, os gastos vindos de Brasília aumentaram 154%. Mesmo assim, até fevereiro, só um engenheiro civil representava a Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União no Rio.

Um especialista em contas públicas, que não quis se identificar, recomenda cuidados na comparação entre o primeiro levantamento dos gastos do Pan e a conta final.

- A estimativa inicial dos gastos sequer mencionava despesas com segurança - ressaltou. - Enquanto isso, a última divulgação dos custos inclui até financiamentos com retorno comercial, como o da Vila do Pan, e patrocínios de estatais. Também falta diferenciar o que era essencial fazer para o Pan, como a construção do Engenhão, e o que não está ligado diretamente a ele, como as reformas no Aeroporto de Jacarepaguá.

Um levantamento feito pelo economista Luiz Ozório, do Ibmec, estima que o Pan tenha movimentado R$ 5,7 bilhões - o equivalente ao PIB de um município de médio porte, como Niterói. Dessa quantia, cerca de 60% são ligados a obras públicas.

- Foi um investimento bem sucedido, que acentuou a vocação do Rio para o turismo - elogiou. - Mas o legado só vai sobreviver se houver continuidade administrativa. Os aparelhos esportivos não podem virar elefantes brancos. É válido alugá-los à iniciativa privada.

Tão enigmático quanto o orçamento do Pan é, para Itagiba, a recepção que o pedido de CPI terá na Câmara. O deputado acha que muitos colegas, temendo parecerem antipáticos ao evento, deixaram de aderir à comissão antes do recesso. Até agora, só um parlamentar do Democratas, o partido de Cesar Maia, juntou-se à Itagiba - curiosamente, o filho do prefeito, Rodrigo Maia.

- Itagiba me disse que a CPI investigaria apenas os gastos federais com a segurança no Pan - explicou. - Não há mais o que investigar.

25.9.07

Vou lutar até o fim

O Globo, Opinião, 25/09/2007:

Vou lutar até o fim

TERESA COSTA D’AMARAL

Dei uma entrevista para o Edney Silvestre. Foi muito bom poder falar do meu trabalho, mas foram a delicadeza e a competência dele que me emocionaram. E me surpreendeu o moderador do chat na internet, feito logo após a entrevista, me perguntar: “Notei que você fala nós o tempo todo e você não é deficiente, como é isso?”.

Como é esse sentimento de ter a alma tomada por um sentido de luta e de solidariedade em um país tão injusto?

As organizações não-governamentais no Brasil tiveram que responder às demandas das pessoas com deficiência e suas famílias, e a grande recompensa que ambas recebem é o desrespeito de políticas assistenciais baseadas na esmola. Até hoje, o que deveria ser distribuído como direito é dado como favor, eternamente encarado como benemerência de políticos que nada entendem de cidadania.

Revoltou-me a organização do Parapan. Podem até me dizer que foi seguido o processo, que são os organizadores que recebem as verbas, que os clubes que treinam e apóiam os atletas na construção de suas cidadanias já deviam saber que os recursos públicos não são para eles, que fazem a coisa pública, mas para os organizadores que pagam a festa. Acontece que são os atletas e seus clubes que fazem a festa. No dia-a-dia, ano após ano, o Tenório, o André e o Caco competiram, treinaram e se superaram com o apoio técnico e financeiro do seu clube, do IBDD, mas nem para as festas recebemos convites. Fomos barrados na abertura e no encerramento, só era permitida a presença daqueles que concordam com a esmola, e o IBDD não concorda.

Mas muito mais difícil, muito mais sufocante, é ter de conviver com a tramitação no Congresso do projeto de lei que propõe a criação do estatuto da pessoa com deficiência.

Não é só o absurdo de tentarem criar um novo corpo de lei para as questões relacionadas às pessoas com deficiência, área onde o Brasil tem uma legislação moderna e exemplar, certificada por pesquisa de instituto internacional como a mais moderna das Américas.

Revolta-me o fato de a proposta ter tramitado sem ser examinada por nenhuma comissão nem ter tido nenhum relatório discutido ou aprovado e, mesmo assim, ter sido rapidamente colocada em regime de urgência para votação em plenário. E a pressa era tanta que quase que o projeto de lei era votado sem respeitar o trancamento da pauta do Congresso por medidas provisórias.

Com ele aprovado perderemos direitos duramente conquistados, mas estamos impotentes diante do poder de falsos novos parceiros de luta. Não dá para entender, parlamentares que nunca se interessaram pelos nossos problemas e que nunca conviveram com nossas histórias de repente se interessarem por sua votação.

Acho absurdo que, de acordo com a proposta de estatuto em tramitação, o Tenório, nosso herói único, com três ouros em três paraolimpíadas, seja obrigado a ter a assistência do Ministério Público para se divorciar ou processar seu inquilino.

E como posso não me surpreender e revoltar quando, logo agora que os prazos legais para acessibilidade em prédios e transportes públicos vão vencendo e vamos ganhando processos na Justiça, o projeto de estatuto propõe que novos prazos sejam estabelecidos por novos regulamentos a serem criados.

Fico com essa perplexidade, ter que lutar contra tudo e contra todos para preservar nossos direitos. Vou lutar até o fim. Como disse, acredito que o estatuto da pessoa com deficiência é a Constituição brasileira. Mas esqueci de dizer que o mais difícil é conviver com essas dificuldades inventadas pelos políticos e pelos homens públicos brasileiros, resultantes do desconhecimento, da superficialidade e do desrespeito no trato da coisa pública. O mais fácil é viver o sonho como você disse, um pouco louco, é verdade, de fazer o IBDD, de construir solidariedade e cidadania em um país tão injusto.

TERESA COSTA D’AMARAL é superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD).

24.9.07

CPI do Parapan (1)

Veja a vereadora Silvia Pontes nas cenas de tumulto e gritos, no dia em que foi instaurada a CPI presidida por ela, no link do YouTube abaixo:

http://br.youtube.com/watch?v=WaCrMlvy2Gc

23.9.07

Sombra do Parapan

O Globo, Tereza Cruvinel, 23/09/2007:

Sombra do Parapan

Anteontem, dia 21 de setembro, foi o Dia Nacional de Luta dos Portadores de Deficiência. Trinta dias antes, denuncia Andrei Bastos, do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos dos Portadores de Deficiência), morreu o atleta argentino Carlos Maslup, lançando uma sombra sobre os Jogos Parapan-Americanos brasileiros. Em algum momento, o CO-Rio apresentou a seguradora Golden Cross, que dera cobertura ao Pan. Mas esta recusou contrato para assistir os atletas do Parapan. Seria ruim para sua imagem, alegou. Sabe-se, a publicidade de seguradoras está sempre mostrando gente saudável e bonita. É Andrei que conta: “O esgrimista Ivan Schwantes, que teve o pulmão perfurado durante um treino no Pan, e o judoca Flávio Canto, que sofreu uma luxação no cotovelo em disputa do Pan, tiveram pronto atendimento no hospital Barra D’Or, credenciado pela Golden Cross e que fica praticamente ao lado das instalações dos Jogos. Já Carlos Maslup, que sofreu um AVC no último dia do Parapan, não teve a mesma sorte e ficou quase dez horas sendo levado para lá e para cá em ambulância do Corpo de Bombeiros, à procura de vaga em CTI e de equipe médica qualificada. Acabou internado no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte da cidade, onde veio a falecer”. Uma triste lembrança de um evento tão importante para pessoas tão especiais na busca da superação.

21.9.07

O crime do Parapan

ANDREI BASTOS

Hoje, 21 de setembro, é o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências. Há um mês, no dia 21 de agosto, foi declarada a morte cerebral do atleta argentino Carlos Maslup, medalha de bronze no Parapan.

Foi cometido um crime?

Tudo indica que sim e, por isso, é preciso esclarecer a trama sórdida em que resultou a realização dos Jogos Pan e Parapan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro. No caso do Parapan está tudo muito evidente. O descaso foi tamanho que não existiu nenhuma preocupação em sofisticar a patranha e a situação é tão clara quanto a tranqüilidade com que o senhor Nuzman declarou publicamente, em programa de TV, que acha normal a previsão de gastos de 300 milhões com os Jogos pular para uma despesa de 3 bilhões de reais. É mole? Mesmo diante da alegação de que estariam de olho nas Paraolimpíadas de 2016, a diferença não reflete o que efetivamente foi realizado.

No que diz respeito às pessoas com deficiência, no Parapan ocorreu discriminação desde o início, quando o Comitê Paraolímpico Brasileiro, por mais críticas que se tenha a ele, foi excluído da organização dos Jogos de atletas com deficiência, podendo comparecer apenas como convidado. Sua participação era uma questão de princípio, mas acabou estrangeiro em seu próprio país.

A discriminação, em segundo movimento, apresentou a empresa de planos de saúde Golden Cross alegando que não estenderia o atendimento dado aos atletas do Pan aos do Parapan porque não desejava associar sua marca à imagem dos deficientes. O principal detalhe a ser esclarecido aí é: a Golden desrespeitou um contrato ou nem mesmo existia tal contrato, podendo o CO-Rio ser então responsabilizado por omissão de socorro, negligência ou coisa pior?

A discriminação, que também já tinha sido perpetrada na realização inadequada de muitas obras, como a calçada junto à cabeceira da piscina do Maria Lenk e a inexistência de boxes adaptados em todos os banheiros do Engenhão, continuou na transferência das cerimônias de abertura e encerramento para a Arena Multiuso, sob a alegação de que o Maracanã e o próprio Engenhão seriam grandes demais. Grandes demais para o público de 280 mil pessoas que compareceu às competições?

A discriminação foi em frente e se explicitou na debochada distribuição de apenas seis convites para cada uma das 18 instituições ligadas à questão das pessoas com deficiência no Rio, pois a abertura foi restrita a convidados, e ficou evidente, mais tarde, na falta de organização mínima, inclusive com a ausência de serviços de comunicação adequados e de público, ora vejam só!

A discriminação avançou em definitivo quando a festa de encerramento foi transferida novamente, desta vez para o interior da Vila Pan-americana, sem presença de público, voluntários ou convidados. Uma "festa" só para autoridades e atletas. Esses caras não dão moleza e já sabiam muito bem o que tinha acontecido com Carlos Maslup à hora do evento.

A discriminação enfim se transformou em tragédia quando chegou a triste desfecho com a morte do atleta tetraplégico argentino Carlos Maslup, que pode vir a ser o Édson Luís do movimento das pessoas com deficiência.

Dois pesos e duas medidas, para Pan e Parapan, estão mais do que evidenciados:

O esgrimista Ivan Schwantes, que teve o pulmão perfurado durante um treino no Pan, e o judoca Flávio Canto, que sofreu uma luxação no cotovelo em disputa do Pan, tiveram pronto atendimento no hospital Barra D’or, credenciado pela Golden Cross e que fica praticamente ao lado das instalações dos Jogos.

Já Carlos Maslup, que sofreu um AVC no último dia do Parapan, não teve a mesma sorte e ficou quase dez horas sendo levado pra lá e pra cá em ambulância do Corpo de Bombeiros, à procura de vaga em CTI e de equipe médica qualificada. Acabou internado no hospital Salgado Filho, no Méier, zona norte da cidade, onde veio a falecer.

Segundo o CO-Rio, este foi o mesmo tratamento que seria dado a atletas do Pan. Em quem devemos acreditar? Nos responsáveis pela organização dos eventos e da discriminação descritas acima ou nos fatos?

17.9.07

Por um acesso sem barreiras

O Globo, Morar Bem, 16/09/2007:

Por um acesso sem barreiras
Rio ganha selo e manual que garantem direito de deficientes nos prédios

LUCIANA CALAZA

Estão chegando às ruas do Rio duas novas chancelas para as construções que respeitem os direitos dos portadores de deficiência. O Conselho Regional de Engenheiros e Arquitetos (Crea-RJ), em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), acaba de lançar um selo para edificações que atendam aos padrões de acessibilidade. E o Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-Rio) vai publicar, até o fim do ano, um manual para construtores do segmento residencial ajustarem seus projetos, assegurando aos usuários com deficiência o direito de circular com segurança nos condomínios.

As ações das duas entidades privadas se contrapõem às do poder público. No dia 3 de junho, venceu o prazo estabelecido pelo decreto 5.296 – que regulamenta a lei federal n° 10.098, conhecida como Lei da Acessibilidade – para que prédios públicos fossem adaptados para receber pessoas com qualquer tipo de deficiência. A grande maioria não cumpriu com a determinação. E acabou ganhando uma colher de chá: mais um ano para se ajustar à lei.

No dia seguinte ao fim do prazo, o Instituto Brasileiro de Direitos das Pessoas com Deficiência (IBDD) entrou com uma ação civil pública contra a União, estado e município, conta o assessor de comunicação da entidade, Andrei Bastos.

- A juíza prorrogou, então, o prazo por mais um ano, fixando multa de R$ 10 mil a ser paga ao IBDD por prédio não adaptado após esse período. E pediu que, até lá, catalogássemos os prédios que não atendem a lei. O Crea/RJ está nos assessorando nessa empreitada – diz Andrei, lembrando ainda que o instituto lançou, antes dos Jogos Parapan, o Guia IBDD do Rio Acessível: uma lista de restaurantes, hotéis, teatros, casas de espetáculos e outros serviços de lazer.

Um projeto para o Palácio Guanabara

Para a ex-deputada Georgette Vidor, que é cadeirante, nos prédios públicos estão os maiores exemplos de desrespeito. Recentemente, Geogertte não pôde participar de uma cerimônia que acontecia no segundo andar do Palácio Guanabara, por falta de acesso. A coordenação de comunicação do governo do Estado do Rio informa que há estudos para adequação do prédio, que é tombado, em fase de consulta ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

- No mês passado, fui receber a medalha de mérito esportivo pan-americano, criada pela vereadora Patrícia Amorim. Mas nós, homenageados, tivemos que receber a medalha no prédio do Crea-RJ porque a Câmara dos Vereadores não é adaptada. Se os governos não dão exemplo, não têm moral para cobrar nada de ninguém – critica Georgette.

No caso de prédios residenciais, os condomínios devem se enquadrar às exigências da lei municipal 3.311 (regulamentada em 2003), que obriga as edificações, inclusive as já construídas, a se adaptarem para garantir o acesso e a circulação de portadores de deficiência física. A pena aos que se negarem a atender o pedido de um morador é uma multa mensal de 5% da soma dos IPTUs de todos os apartamentos do prédio.

- Não acho que o problema principal seja a falta de vontade, mas a falta e conhecimento técnico. Vemos por aí algumas iniciativas no sentido de eliminar as barreiras para os deficientes, mas são construídas com dimensionamentos errados, como rampas muito íngremes – afirma o engenheiro Lydio Bandeira, do Sinduscon-Rio, acrescentando que o sindicato está em fase de captação de patrocinadores para publicar seu manual.

Selo é concedido para edificações voluntárias
Aeroporto Santos Dumont e Bondinho do Pão de Açúcar devem receber chancela

Como a certificação ISO, que aprova normas internacionais em todos os campos técnicos, o selo Crea/ABNT, que acaba de ser criado, será concedido inicialmente para edificações voluntárias, que se submetem à avaliação. O Aeroporto Santos Dumont e o Bondinho do Pão de Açúcar já estão em vias de receber a chancela. O arquiteto Itamar Kalil, coordenador dos projetos de acessibilidade do Crea/RJ, conta que está sendo firmada agora uma parceria com a Associação de Administradoras de Imóveis (Abadi).

- Queremos transmitir aos síndicos a preocupação em adaptar prédios que ainda não sejam acessíveis. Vale lembrar que o selo é aceito nas fiscalizações de órgãos de todas as esferas do poder – afirma.

O arquiteto Sérgio Caldas, que assina os projetos da Concal Construtora, ressalta a importância de, nos prédios residenciais, tornar acessíveis, inclusive, as áreas de lazer.

- A pessoa com deficiência também precisa chegar com facilidade à piscina, à sauna, às quadras esportivas – diz ele.

CONFIRA AS NORMAS

- Utilização de rampas ou plataformas eletromecânicas para vencer desníveis.
- Mudanças de nível sinalizadas com piso tátil.
- Circulação com largura mínima de 1,20 metro e portas com vãos de 80 centímetros.
- Quando houver elevador, cabine e portas acessíveis com comandos em sistema braile.

16.9.07

Luta por cidadania

Entrevista de Teresa Amaral ao RJTV – Bate-Papo, 15/09/2007:

Link da entrevista (vídeo):

http://rjtv.globo.com/RJTV/0,19125,VRV0-3119-301564-20070915-531,00.html

Transcrição:

O jornalista e acadêmico Odylo Costa Filho, falecido há quase 30 anos, comoveu o Brasil ao enfrentar, com resignação, a doença mental de uma filha e o assassinato de um outro filho. Teresa Costa d’Amaral, a segunda filha de Odylo, aprendeu com o pai a bondade. Ela conversa sobre cidadania e solidariedade agora na Coluna Bate-Papo.

Nós, todos nós, somos feitos daquilo que lutamos para ser, daquilo que nos esforçamos para ser e daquilo que a vida nos impõe. E o que a vida nos impõe, às vezes, é difícil. O nosso grande desafio como seres humanos é, apesar dessas dificuldades, construir uma vida melhor, um futuro melhor para nós mesmos e para aqueles que estão à nossa volta – como fez e faz a nossa entrevistada no Bate-Papo de hoje, Teresa Costa d’Amaral.

RJTV – Teresa, se a ONU tem razão, se 10% da população são pessoas deficientes, no Brasil teríamos 18,5 milhões, 19 milhões de deficientes. E não há uma política para eles, não há formas de integrá-los à sociedade?

Teresa Costa d’Amaral – Não há. Infelizmente, não temos políticas públicas e contribui para isso a invisibilidade da questão do deficiente e do próprio deficiente. Como o deficiente está, podemos dizer, escondido no quarto dos fundos da nossa casa, do Brasil, ele fica invisível e fica mais fácil ainda não ter políticas públicas. Precisamos estar no século 21 com políticas públicas direcionadas para a área. São inúmeras as dificuldades, as barreiras que existem. Acho que a sociedade começa a mudar, com o Parapan [Os Jogos Parapan-americanos] e com as Paraolímpíadas de Atenas, a perceber que o deficiente não precisa ficar escondido no quarto dos fundos, que ele pode vir para a sala, que ele faz bonito na sala, faz bonito em uma piscina, faz bonito lutando judô. Isso começa a mudar. Acho que, na nossa sociedade, nós não temos um fator que existe nos outros países. Nossa sociedade é amável, de certa forma. Então, ela acolhe o deficiente. Quando ela pode chegar perto do deficiente, ela o acolhe.

Mas precisa de informação.

Precisa de informação. Esse é o grande papel. Acho que o grande limitador da questão do deficiente é esse limitador da falta de circulação de informação, falta de produção também. Fizemos agora o nosso livro “Heroísmo sem limites” [do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência] e ele é dos poucos livros bonitos que existem no Brasil sobre deficiência.

Temos que falar, ainda nem se tocou no assunto, do instituto ao qual você está à frente. O que acontece lá?

Lá é um sonho. É um sonho que transformamos todos os dias em realidade.

Cá para nós, é um sonho bem louco.

É louco, mas é bom. Nessa loucura boa, podemos acreditar que no Brasil existe solidariedade. Lá no IBDD [Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência} fazemos isso todo dia. Acho que nesse momento que o Brasil está passando, em que é tão difícil a solidariedade, é tão difícil construir para o bem comum, o IBDD é isso. Cada pessoa que chega lá é bem acolhida, sem marcar hora e sem cobrar nada. Temos poucos cursos de profissionalização, mas temos o suficiente para dar uma arrancada a quem precisa trabalhar.

Quais?

Temos informática básica, português básico, administração básico, para auxiliar de administração, inglês básico.

Até onde o seu trabalho tem a ver com Maria Aurora, sua irmã, que era deficiente?

Tem tudo. Ela tinha um sorriso muito bonito.

Que deficiência ela tinha?

Ela tinha paralisia cerebral. Nem engolir ela sabia.

Como ela se alimentava?

Minha mãe, “pacientíssimamente”, como meu pai escreveu, deixava a comida escorregar pela boca para que ela pudesse se alimentar. Os 12 anos que ela viveu, viveu bem dentro daquilo que ela podia viver.

Há outra história dura na sua vida, que foi o assassinato do seu irmão por um menor. Na época, era chamado de menino de rua. O que aconteceu com esse menino?

Ele virou adulto, meu pai nunca quis se aproximar dessa questão do rapaz que assassinou meu irmão. Ele preferiu lutar por uma política para mudar a vida dos menores – que na época ou era menor abandonado ou menor infrator.

Seu pai fez isso?

Fez isso. Ele conseguiu mudar a lei.

Seu pai perdoou o assassino do filho?

Perdoou. Foi uma grande batalha.

Você também lutou por uma lei.

Sim. É a lei 7853, que eu tenho alegria de ter escrito com minhas próprias mãos. Tenho muito orgulho dela, porque foi a primeira lei que disse que as escolas tinham que ser inclusivas, que o deficiente tinha direito a matrícula compulsória nas escolas, porque as escolas não aceitavam matrícula de deficiente. Até hoje existe esse problema. No entanto, já estamos querendo inventar roda e fazer um estatuto. Sou totalmente contra o estatuto.

Por quê?

Porque eu acho que o estatuto do deficiente é a Constituição brasileira. Queremos sair do lugar do diferente, queremos ir para o lugar da cidadania. Se a nossa Constituição garante o direito de ir e vir, ele precisa ser garantido para o deficiente, principalmente para o deficiente que tem problemas de locomoção. Nosso país não garante esse direito. Precisamos, realmente, que a lei maior brasileira – a Constituição – seja nossa lei. Não precisamos de novas leis, precisamos lutar para que as leis que existem sejam respeitadas e que cada cidadão brasileiro tenha construída sua cidadania em um país tão desigual. E que o deficiente faça parte dessa democracia.

14.9.07

O IBDD vai à praça!

Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

No dia 21 de setembro, “Dia Nacional de Luta dos Portadores de Deficiências”, o Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) vai demonstrar seu entendimento do principal problema enfrentado pelos deficientes brasileiros, que é a ausência ou omissão do Estado na resolução das questões referentes ao segmento, realizando suas atividades do dia-a-dia na Praça Floriano Peixoto, na Cinelândia, simbolicamente ocupando o espaço que deveria ser de ações desenvolvidas pelo poder público.

De 14h às 18h, o Instituto atenderá na Cinelândia pessoas com deficiência nas áreas em que atua (Apoio à Pessoa, Defesa de Direitos, Mercado de Trabalho e Esportes), assim como realizará treinos das modalidades esportivas programadas para o dia e receberá empresas, fornecedores e visitantes.

Como pano de fundo, será utilizado um caminhão de som para a manifestação de suas proposições e críticas políticas e para a realização de um happy hour após o fim do “expediente”, com apresentação de dança em cadeira de rodas.

Discriminação no Parapan (3)

Jornal Lance, Poliesportivo, 14/09/2007:

INVESTIGAÇÃO

Tumulto e gritos na CPI do Parapan
Comissão é instaurada com imparcialidade sob suspeita

Michel Castellar. RIO

Confusão, discussão e jogo político marcaram a instauração da CPI dos Jogos Parapan-Americanos, ontem, na Câmara dos Vereadores do Rio. O desencontro foi tanto que nem a vereadora Silvia Pontes (DEM), eleita presidente da comissão, sabia qual era o objetivo das investigações.

Sem esconder seu repúdio à CPI do Parapan, o prefeito do Rio, César Maia, foi beneficiado na instauração da comissão. As investigações terão por presidente uma vereadora de seu partido e, na relatoria, um aliado, Jorge Mauro (PRTB).

A escolha dos nomes para os cargos na CPI ocorreu em reunião fechada, na sala do líder do governo na Câmara, o vereador Paulo Cerry (DEM), outro membro da comissão.

Mas, a previsão era a de o encontro ser aberto ao público.

Inconformado com o resultado da eleição – pois queria ser o presidente da Comissão – o vereador Márcio Pacheco assegurou que vai elaborar um relatório paralelo ao oficial. Autor da proposta de criação da CPI, além do seu voto, só obteve o de Patrícia Amorim (PSDB) – Silvia ganhou três.

O clima tenso do final do encontro se estendeu aos corredores da Câmara. Cerca de dez representantes do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) aguardavam os políticos e, ao saberem que a CPI seria presidida por Silvia, a discussão começou.

- Colocaram a raposa para tomar conta do galinheiro. Uma CPI presidida por Silvia e com o Jorge na relatoria não pode ser séria – esbravejou o assessor do IBDD e ex-atleta cadeirante, Luiz Cláudio Pereira, que acendeu a pira do Parapan-Americano do Rio de Janeiro.

Para tentar se defender, Silvia argumentou que se esforçará para investigar a morte do mesa-tenista argentino Carlos Maslup, ocorrida em 22 de agosto. A afirmação revoltou os representantes do IBDD, porque a comissão instaurada apurará o descaso e a falta de atenção dos organizadores com os atletas do parapan carioca.

- Fui voluntária no Parapan sem fazer propaganda disso. Diante de vocês, tenho até vergonha de ser normal – falou Silvia, que chegou a gritar com seus interlocutores.

- Só peço um voto de confiança.

CAÇA!!!


13.9.07

Discriminação no Parapan (2)

Folha de S. Paulo, Esporte, 12/09/2007:

Câmara dos Vereadores instala CPI para apurar Jogos

SÉRGIO TORRES
Da sucursal do Rio

A Câmara dos Vereadores do Rio instala hoje uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar se o Co-Rio (comitê organizador do Pan) e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) trataram com desleixo e desatenção os atletas que competiram em agosto no Parapan.

A origem da investigação é a morte, no dia 22 de agosto, do mesa-tenista argentino Carlos Maslup, vitimado por um acidente vascular cerebral aos 48 anos. O esportista morreu no hospital Salgado Filho (no Méier, zona norte), após percorrer os hospitais Lourenço Jorge (na Barra da Tijuca, zona oeste) e Miguel Couto (zona sul).

Idealizador da CPI, o vereador Márcio Pacheco (PSDB) quer saber a razão de os paratletas não terem sido beneficiados com um plano de saúde como foram os competidores que disputaram o Pan em julho.

Segundo ele, havia um compromisso da organização dos eventos para que os serviços oferecidos fossem os mesmos para os competidores do Pan e do Parapan. Os atletas paraolímpicos tiveram à disposição apenas a rede pública de saúde.

A Folha tentou ontem ouvir o Co-Rio. Por meio de sua assessoria de imprensa, a instituição limitou-se a informar, em mensagem eletrônica, que não responderia sobre a CPI do Parapan.

“Não há comentário a fazer sobre este assunto”, anunciou a entidade.

Uma outra CPI da Câmara dos Vereadores, a que visa apurar os gastos do Pan, está parada desde antes do início da competição. Ela só será retomada em novembro.

Autor do pedido para as investigações parlamentares, o vereador Eliomar Coelho (PSOL) está promovendo na internet um abaixo-assinado na tentativa de pressionar a Câmara para que reveja a decisão de implantar a comissão somente no dia 15 de novembro.

Discriminação no Parapan (1)

ANDREI BASTOS

Reproduzo abaixo troca pública de e-mails, já que ocorreu em lista de discussão de profissionais de comunicação, como uma primeira contribuição para o entendimento da discriminação ocorrida nos Jogos Parapan-Americanos.

Aproveito para esclarecer que a informação de que a Golden Cross decidiu não prestar atendimento médico aos atletas do Parapan foi publicada no dia 3 de agosto, na coluna de Ancelmo Góis, na nota “Doeu em Brasília”, que reproduzi aqui e no meu outro blog ( http://blog.andrei.bastos.nom.br/2007/08/03/doeu-em-brasilia/ ).

Como em toda troca de e-mails, a ordem é da última mensagem para a primeira:

----- Original Message -----
From: Andrei Bastos
To: Clube_Comunicacao@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, September 02, 2007 11:26 PM
Subject: Re: [Clube_Comunicacao] Omissão

Isabel,

Como você mesma diz, "a Golden seria patrocinadora dos dois Jogos e resolveu cancelar o patrocínio". Basta isso para a discriminação estar caracterizada. Além disso, mesmo patrocínios devem ser regidos por contratos e, no caso, como você mesma diz, a Golden "seria" e "resolveu cancelar". Ou seja: assim como o Rio se comprometeu a fazer tudo igual no Pan e no Parapan na Carta de Intenções, e não fez, a Golden se comprometeu a prestar assistência médica aos atletas do Pan e do Parapan, e isso não aconteceu.

Em tempo: não foi "o" CO-Rio que disse que a Golden não continuou porque não queria associar sua marca aos deficientes, e eu não disse isso. Eu disse "o lado do CO-Rio", assim como eu também não disse que foi "a" Golden que disse que o dinheiro acabou e sim "o lado da Golden Cross". Mas não se preocupe, é muito provável que o MP esclareça isso também.

Pra botar mais lenha na fogueira, ouvi de outra fonte (um outro lado) que a ambulância do Corpo de Bombeiros não foi direto para o Salgado Filho porque faltou comando e coordenação, o que fez com que a iniciativa ficasse por conta do pessoal da ambulância, que resolveu ir para o Miguel Couto. Quem deveria exercer comando e coordenar a operação de socorro a Carlos Maslup? O CO-Rio?

No mais, vou procurar a Marcia Penna Firme para obter a versão oficial do CO-Rio.

Abs,

Andrei

----- Original Message -----
From: Isabel Magalhães
To: Clube_Comunicacao@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, August 31, 2007 5:34 PM
Subject: [Clube_Comunicacao] Omissão

Andrei, acho que você deve procurar a nossa assesoria de imprensa que poderá responder em nome do CO-RIO. Eu tenho a certeza que o Co-RIO não disse que a Golden Cross não queria associar a marca dela aos Jogos Parapan. A Golden seria patrocinadora dos dois Jogos e resolveu cancelar o patrocínio mas não com esta alegação. O que eu sei é que às vesperas dos Jogos Parapan ficamos sem assistência médica. Foram procuradas outras empresas de assistencia médica que não se interessaram pelo patrocinio. Diante disso, os entes governamentais assumiram a parte médica. O CO-RIO trabalhou o tempo todo com patrocínio, não contrantando empresas, já que naõ tinhamos verba.Não fiz a assessoria de imprensa do evento, mas você pode procurar a Marcia Penna Firme, que é gerente de atendimento do CO-RIO e ela dará informações mais detalhadas.O que eu posso dizer é que foi muito bom trabalhar no Parapan. Todos nós tivemos uma grande lição de vida com estas pessoas que que com todas as suas limitações, tem grandes força e alegria de viver. Além disso,podemos conhecer grande atletas como a Rosinha, o Mauro, Clodoaldo e muitos mais.
abs, Isabel

----- Original Message -----
From: Andrei Bastos
To: Clube_Comunicacao@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, August 28, 2007 8:59 AM
Subject: Re: [Clube_Comunicacao] Omissão e silêncio

Isabel, eu também acho que se deve ter cuidado antes de qualquer declaração. A que dou sempre é de que precisamos apurar as responsabilidades. Para isso, é necessário conhecer o contrato entre o CO-Rio e a Golden Cross, por exemplo. Você pode me fornecer cópia desse documento?

De minha parte, ouvi sim os dois lados. O lado do CO-Rio disse que a Golden Cross não prestou assistência aos atletas do Parapan porque não queria associar sua marca à imagem dos deficientes e, por causa disso, até escrevi o texto "Comportamento vil", que publiquei no meu blog ( http://blog.andrei.bastos.nom.br/2007/08/03/comportamento-vil/ ). O lado da Golden Cross, por sua vez, disse que a empresa não deu continuidade à prestação de serviços no Parapan porque o dinheiro tinha acabado. Diante disso, agora me dedico a reivindicar transparência absoluta dos atos e contratos referentes ao Parapan e, por extensão, ao Pan. Soube que o MP instaurou um inquérito civil para apurar as ocorrências. Vamos aguardar os resultados.

Enfim, por mais que sejam louváveis e devam existir, não lutamos por belos sentimentos e sim por direitos.

----- Original Message -----
From: Isabel Magalhães
To: Clube_Comunicacao@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, August 24, 2007 3:55 PM
Subject: Re: [Clube_Comunicacao] Omissão e silêncio

Andrei, antes de atribuir ao Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos a responsabilidade por a Golden Cross não ter continuado o atendimento aos atletas nos Jogos Parapan-americanos, como fez nos Jogos Pan-americanos, seria interessante ouvir a Golden porque ela tomou a decisão de não patrocinar os Jogos Parapan. Não foi uma determinação do Comitê não ter assisistência médica particular. A Golden prestou seus serviços como patrocinadora e decidiu não patrocinar os Jogos Parapan , assim como outras empresas que só quiseram patrocinar o Pan. O Presidente Lula fez uma crítica bem severa a estas empresas em seu discursso na Vila Pan-maericana no último dia 17.Quanto à acessibilidade nas cerimonias, eu estive nas duas e tenho muitos depoimentos de atletas, técnicos, Presidente do CPD e do APC elogiando as instalações. Enfim, acho que deve ser ter cuidado antes de qualquer declaração. Acompanhei estes atletas durante o evento e posso falar do grande cuidado que se teve durante o evento . Até os voluntários tiveram um envolvimento muito maior. Tivemos voluntários cadeirantes, Força Nacional cadeirante e no jornal que fiz na Vila, tivemos um jovem repórter cego que trabalha com sua cadela guia.Esta foi a vivência que tive e que gostaria de compartilhar com vocês, mostrando um outro lado do que li ontem e hoje nos jornais.

Andrei Bastos <mailto:andrei%40ism.com.br> escreveu:

Coluna de Tereza Cruvinel:
http://blog.andrei.bastos.nom.br/2007/08/19/omissao-e-silencio/

ANDREI BASTOS
(21) 2205-0022 / 9977-4276
http://www.andrei.bastos.nom.br/
http://blog.andrei.bastos.nom.br/

12.9.07

CASSADA A VERGONHA!


CASSA!!!


9.9.07

Mais um ladrão!

ANDREI BASTOS

Três coisas sempre me atrapalharam na vida e, segundo os padrões convencionais, contribuíram para impedir meu sucesso:

Não roubar, não ser puxa-saco e não ter sangue de barata.

Mas daqui pra frente tudo vai ser diferente. Minha experiência como candidato a deputado federal nas eleições de 2006 foi rica em ensinamentos e fui aluno aplicado. A nota que obtive, de 646 votos, na verdade foi um último e definitivo ensinamento. As regras do jogo ficaram claras para mim e resolvi deixar para trás os princípios que até então me nortearam.

A aula mais importante me foi dada por um eleitor, durante uma das quixotescas panfletagens que fiz com minha única cabo eleitoral, Danielle da Costa. A caminho da entrada da ABBR, onde ficaríamos pateticamente distribuindo panfletos e desperdiçando saliva com cidadãos indiferentes, eu seguia um pouco à frente e emparelhei com um casal que recebera de Danielle o meu panfleto. Olhando para o papel, o homem disse para a mulher com absoluta convicção: "Mais um ladrão!".

Aquilo me atordoou, mas logo recuperei o tino e pensei que ele tinha razão e que não adiantava contestar e me apresentar como probo. Afinal, como sentencia a sabedoria popular, "dize-me com quem andas e te direi quem és". Ora, se eu me apresentava como candidato a fazer companhia à súcia de corruptos e corruptores do Legislativo - vendilhões da pátria, da cidadania e da própria alma -, o que poderia pretender senão roubar também?

Portanto, partindo do consagrado pressuposto de que todo homem tem seu preço e tendo em vista que as eleições 2008 se aproximam, caso eu venha a me candidatar, como primeira medida já resolvi fixar o valor de um bilhão de dólares para me deixar corromper. Ou será melhor fazer o preço em euros? Estou inseguro diante das recentes desvalorizações da moeda do Tio Sam e do fato de Gisele Bündchen ter feito seu último contrato em euros.

Por outro lado, a palavra "dólares" tem forte apelo popular, é boa de marketing e já está introjetada profundamente no inconsciente coletivo, seja por terem sido encontrados milhares de exemplares dessa moeda em cuecas e malas, seja por causa do Tio Patinhas. Vou acabar ficando mesmo é com os dólares, sem dúvida mais conhecidos pelo eleitorado, particularmente pelo de baixa escolaridade, que ainda nem ouviu falar de euros.

É isso, caro cidadão. Penso ter estabelecido um preço condizente com o que você merece e com o valor do que me considero capaz de fazer por você e pela sociedade, se afinal eu decidir tentar entrar para alguma quadrilha, daqui ou de Brasília. Reflita e leve isso em consideração na hora de depositar seu voto na urna. Os dólares, não se preocupe, serão depositados por lobistas experientes nas minhas possíveis futuras contas em paraísos fiscais. Não é higiênico carregar dinheiro na cueca.

8.9.07

Medalha do Mérito Esportivo

Site Stepan Nercessian (www.stepan.com.br), 27/08/2007:

Medalha do Mérito Esportivo
Homenagem do vereador Stepan Nercessian a atletas com deficiência

A solenidade de entrega da Medalha do Mérito Esportivo para a treinadora Georgette Vidor e 16 atletas paraolímpicos, que lotou o auditório do CREA-RJ, no dia 21 da agosto, foi marcada pela emoção.

As indicações para a medalha foram feitas com antecedência, porém, com os excelentes resultados do Parapan do Rio, para alguns desses atletas a homenagem foi uma dupla comemoração.

Na natação, o carioca André Brasil, 23 anos, faturou seis medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze, José Afonso Medeiros, o Caco, conquistou a prata nos 100m livre e bronze nos 400m livre. Em seu currículo ele chegou a ganhar 11 medalhas. No Parapan da Venezuela o nadador do Vasco da Gama, Mauro Luiz Brasil da Silva, levou a prata nos 100m livre e Rodrigo Machado de Souza Ribeiro, 27 anos, ficou com a medalha de prata, nos 100m livre.

A Judoca Karla Ferreira Cardoso, 25 anos, levou o ouro na categoria feminina de 48 quilos.

No atletismo, o destaque é para Hilário Moreira Neto, de 24 anos, que ganhou dois bronzes, nos 100m e 400m, Felipe de Souza, de 21 anos, que faturou a prata nos 100metros. Além de Hilário Moreira Neto, de 24 anos, que conquistou dois bronzes, nos 100 metros e nos 400 metros.

Na modalidade Futebol de 7, Leandro Manso Marinho, de 29 anos, e José Carlos Monteiro Guimarães, o Zeca, ficaram com o ouro, depois da final contra a Argentina.

Já no Futebol de 5, foi a vez de Sandro Laina Soares comemorar o ouro, também numa emocionante final contra a Argentina.

O vereador Stepan Nercessian disse estar certo de que os seus eleitores, naquele momento, estariam orgulhosos por sua iniciativa de usar o seu mandato para fazer a homenagem. Stepan lembrou ainda a sua preocupação com a destinação da comenda, criada com o objetivo de fortalecer o esporte brasileiro, estimular investimentos nas modalidades olímpicas e intensificar a discussão sobre a importância do esporte.

A treinadora Georgette Vidor se declarou feliz com a homenagem, porém lamentou que ela e os atletas não pudessem estar recebendo a medalha na Câmara de Vereadores, já que o prédio ainda não possui acessibilidade para os portadores de deficiência.

As autoridades presentes criticaram a organização dos jogos do Parapan e afirmaram que o resultado positivo de conquistas do primeiro lugar no quadro de medalhas contrastou com as várias dificuldades encontradas, como a falta de patrocínio das empresas.

O atleta Sandro Laina Soares, que representou o Brasil no futebol de 5, reuniu em seu agradecimento o sentimento dos demais homenageados: “Temos a certeza do reconhecimento do povo carioca que encheu as praças esportivas e nos incentivou ainda mais na superação de nossos objetivos. E este sentimento está no coração de todos que passaram pela competição, de qualquer nação” – declarou Sandro.

Os atletas Anderson Dias da Fonseca, Antônio Tenório da Silva, Eduardo Paes Barreto Amaral, Fábio Fernandes da Silva, Isabel Cristina Godinho Morais e Vinícius Luis da Silva completam a lista de homenageados.

(Veja no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=eKYqHDJ2FmA )