25.4.13

ABI deprimente


Vejam só a abertura melancólica da grande Assembleia-Geral Ordinária da ABI, que na carta de convocação do Azêdo (sozinho no palco) ainda tem acento agudo (Assembléia). É verdade que depois chegou mais gente, azêda, e meu grupo perdeu de 22 x 6, com uma abstenção!

24.4.13

Decadência da ABI

ANDREI BASTOS

Saber envelhecer é uma virtude pouco apreciada e nada cultivada por quem se apega desmedidamente a algum poder, mesmo que seja o de síndico de prédio residencial. De síndico a presidente da república, muitas gradações do brilho que mais alimenta as vaidades hipnotizam as almas pequenas de seres humanos menores ainda.

Quando o poder individual, em qualquer nível, resulta de processos coletivos de conquista de direitos, temos justificada uma liderança real, que nasce com os dias contados por causa de sua própria natureza transformadora. Contrariar esse movimento é condenar a conquista realizada à estagnação e degradação.

Comecei minha carreira de jornalista aos 19 anos, no extinto Correio da Manhã, e sempre integrei os processos coletivos da minha categoria profissional, tanto na luta contra a ditadura como nas reivindicações por melhores salários, reconhecendo e apoiando as lideranças legítimas que se afirmaram nesses processos.

Durante toda a minha vida profissional portei com orgulho a carteira da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que renovei todos os anos, até recentemente. Há coisa de uns dois anos, desisti da carteira, e no ano passado, pensei em desistir da própria ABI. Ao receber os primeiros boletos de cobrança de mensalidade, olhei com melancolia para eles e os joguei no lixo.

Passados alguns meses, com mensalidades acumuladas, reagi e retomei os pagamentos, resgatando em mim a crença de que à ABI só podia estar reservado um destino digno, ao menos, apesar de se evidenciar na sociedade que a brava combatente do passado parece não ter sabido envelhecer, se escondendo envergonhada atrás de andaimes “de fachada”.

Além disso, para um ex-estudante de arquitetura como eu, mais do que os andaimes “de fachada”, a aparência lúgubre das instalações do Edifício Herbert Moses, projetado com inspiração nas ideias do meu ídolo Le Corbusier, denuncia a incúria da sua administração. Do hall de entrada, no andar térreo, ao jardim de Burle Marx que não existe mais, no 13º andar, tudo cheira a mofo.

Bons tempos em que ventos transformadores arejavam as salas e auditórios da ABI, expulsando o mofo que hoje ocupa suas paredes e acomoda sua administração em apego apoplético a um poder decrépito! Quero voltar a ter orgulho da ABI e a renovar minha carteira de sócio todo ano, e não vejo como isso poderá acontecer com a permanência do atual estado de coisas.

É preciso mudar a ABI, para que a instituição não envelheça sem a dignidade que não faz falta a quem não sabe envelhecer e, decadente, a compromete com evidente incapacidade de gestão. Quero voltar a frequentar a Casa do Jornalista com o mesmo espírito que me animava nos processos coletivos dos jornalistas no passado, solidário e encorajado pelos meus pares.

Para a ABI, saber envelhecer é, antes de tudo, saber renovar a alma com a grandeza de reconhecer que nenhum poder é eterno e a alternância na sua ocupação mantém saudável o seu corpo, que é coletivo, de todos os jornalistas.

Andrei Bastos é jornalista.

23.4.13

Andrei Bastos - Publicações

Página no Facebook de divulgação e venda de livros, e-books e demais publicações de Andrei Bastos, jornalista e ativista dos direitos humanos no Terceiro Setor, na mídia e na política.

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18.4.13

Trapalhadas "azêdas"

Presidente da ABI usa seu cheque para pagar mensalidades de associados, um deles falecido

Notem que atrás do cheque tem vários nomes e, no final, aparece o nome de Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, que é o Tim Lopes, como se sabe, já falecido. Azêdo confundiu o nome de Miro Lopes, que é irmão do Tim, e que está na chapa dele. Em sendo assim, Miro Lopes está inadimplente e, portanto, deveria ter sido impugnado, o que não aconteceu devido à falta de isonomia que ocorre em todo o processo eleitoral.

13.4.13

Na ABI de Azêdo, a primeira vítima da crise é a verdade

Tribuna da Imprensa, 12/04/2013:

Na ABI de Azêdo, a primeira vítima da crise é a verdade

Carlos Newton

Nos últimos dias, Maurício Azêdo mentiu a todos os jornais que o procuraram para falar sobre a crise política e financeira que abala a ABI, a mais longeva guardiã das liberdades. Mentiu ao O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo sem nenhum constrangimento.

Mentiu à repórter Laura Antunes, de O Globo, ao negar a existência de uma crise financeira, informando que a ABI estava, inclusive, realizando reformas no prédio com recursos próprios. A repórter ignorava que o andaime cenográfico montado na sexta-feira de carnaval, em volta do edifício-sede, foi instalado apenas para enganar a imprensa e o corpo social. Não se viu até hoje nenhum operário trabalhando na fachada do prédio. Quem tiver alguma dúvida, basta consultar os inquilinos das lojas do andar térreo, os principais prejudicados com o emaranhado de ferragens que dificulta a circulação de pedestres e a entrada e saída de clientes.

Se não existisse crise financeira, não teria sentido Azêdo participar pessoalmente das audiências na Justiça do Trabalho, ao lado do advogado da ABI, para pedir que as indenizações devidas aos empregados, todos demitidos pela mulher dele, fossem parceladas em seis e até doze meses. A alegação para o pagamento parcelado é de que a ABI ”não se encontra em boa situação financeira”.

MENTIRAS

Azêdo mentiu ao Estadão ao afirmar que a entidade tem três mil associados. Fornadas de jornalistas abandonam a cada ano a ABI, descontentes com os rumos da atual administração. No seu corpo social existem apenas 600 associados em dia. Nas eleições realizadas anualmente, para a renovação do terço do Conselho Deliberativo, pouco mais de 100 associados aparecem para votar.

Azêdo foi grosseiro com os integrantes da Chapa Vladimir Herzog ao qualificá-la como um “bando de oportunistas”. Uma chapa que tem entre seus integrantes Alberto Dines, Ziraldo, Carlos Chagas, Zuenir Ventura, Flávio Tavares, Joseti Marques e Domingos Meirelles, além de outros companheiros com uma trajetória profissional respeitável merece ser tratada com mais respeito.

Azêdo mentiu aos três jornais ao negar a existência de uma crise política. Os desentendimentos com a diretoria não começaram agora, mas em 2005, oito meses depois de ser eleito pela primeira vez (atualmente encontra-se no terceiro mandato e é candidato pela quarta vez). Naquele ano, metade da diretoria demitiu-se oito meses depois da posse por não concordar com métodos autoritários do atual presidente da ABI.

A segunda crise ocorreria dois anos depois, em 2007. Um funcionário nomeado por Azêdo com superpoderes, à revelia da Diretoria, agrediu fisicamente a Diretora-Administrativa. O caso terminou na polícia e o agressor foi condenado na Justiça. Apesar de não ter assistido a cena, Azêdo assumiu a defesa do funcionário. Sustentou que a diretora é que o havia esbofeteado.

AUDÁLIO BARRADO

As comemorações do Centenário da ABI, no Teatro Municipal, em 2008, provocaram a terceira grande crise. Os membros da Diretoria foram encaminhados pela mulher de Azêdo para um camarote distante. Do outro lado do salão, Azêdo recebia convidados especiais numa festinha privê, em meio a salgadinhos, canapés, champanhe, uísque e vinho importado.

Audálio Dantas, então vice-presidente da ABI, chegou atrasado e, sem saber, dirigiu-se ao salão onde o presidente festejava os 100 anos da instituição ao lado de amigos particulares. Ao tentar entrar, acreditando que a Diretoria estava também reunida naquele local, foi barrado pelas recepcionistas porque seu nome não constava da lista de convidados. Audálio demitiu-se da ABI meses depois.

A quarta crise ocorreu em 2010. Durante uma assembléia-geral tumultuada, onde foi alvejado com graves ofensas pessoais, o presidente da ABI conseguiu remover o artigo 44 do Estatuto que limitava a reeleição a dois mandatos. Sem o artigo 44, ele poderá se reeleger ad eternum.

A crise de 2013, que levou à formação da chapa Vladimir Herzog, foi provocada pela grave situação em que se encontra a entidade com quase todos os seus andares sob penhora como garantia de dívidas previdenciárias e tributárias que chegam a cerca de R$ 8 milhões.

12.4.13

Sangue novo, sangue bom

ANDREI BASTOS
 
Embora eu esteja afastado do dia a dia das redações desde 2003, quando me aposentei por causa de um câncer, mantenho nelas os fortes laços de amizades construídas desde 1970, quando comecei minha carreira no Correio da Manhã, e sempre acompanhei as alegrias e tristezas profissionais dos meus companheiros de pescoção.
 
Esse acompanhamento me fez ver que a atual realidade tecnológica da comunicação, com novos meios e múltiplas plataformas de operação, impôs aos jornalistas condições de trabalho que necessitam de um upgrade em reconhecimento e remuneração, com equivalência e atribuição de um justo valor à profissão na sociedade, sob o risco de uma perda de qualidade dos veículos comprometedora.
 
Infelizmente, os jornalistas e suas entidades de classe não compreenderam adequadamente as mudanças trazidas pelas novas mídias e pelas redes sociais e não defenderam seus interesses corretamente junto aos empregadores, que só precisaram aplicar os preceitos da mais-valia aos novos tempos. Agora, se quisermos ocupar nosso legítimo lugar ao sol, é preciso buscar o tempo perdido.
 
Além disso, pelo que ouço de amigos, em nosso cotidiano o sindicato deixou de atender às demandas mais simples dos filiados, especialmente dos aposentados como eu, que parece terem deixado de existir por não pagarem mais mensalidades, e efetivamente abandonou o papel de representação da categoria, o que faz com que hoje seja preciso buscar também uma reaproximação com os profissionais, aposentados ou não, que lhe dão nome e razão de existir.
 
Finalmente, diante do que me parece uma redução à pequenez nos debates dentro da nossa entidade, como se o sindicato não fosse mais do que um espaço de disputa de grupos por um poder bisonho, acho que é preciso urgentemente abrir esse espaço à participação ampla, geral e irrestrita de todos os jornalistas cariocas, com total transparência.
 
Então, diante de tudo o que considero preciso fazer, e acreditando que as realizações e conquistas necessárias só ocorrerão com a conscientização e a integração de toda a categoria nos debates e negociações, por todos os meios, particularmente pelas redes sociais, fiquei feliz como pinto no lixo (reciclado) e resolvi voltar à militância, que um dia lutou contra a ditadura militar e hoje precisa lutar contra a ditadura tecnológica, quando fui convidado para integrar a chapa encabeçada por Bruno Cruz, de quem apreciei a “inteligência emocional” que me falta, mas que ele tem de sobra e o credencia para a tarefa de presidir nosso sindicato com sangue novo e bom.

10.4.13

Sala de Espelhos


Histórias do movimento estudantil e da luta contra a ditadura civil-militar brasileira no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

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9.4.13

Ideais de chumbo ou ideais de democracia e justiça social?

Prisão de Gregório Bezerra

Revista de História.com.br, 09/04/2013:

Ideais de chumbo ou ideais de democracia e justiça social?

A historiadora Anita Leocadia Prestes critica abordagem de artigos do dossiê “Guerrilheiros”, publicado na RHBN de março

Anita Leocadia Prestes

A Revista de História publicou, em março de 2013, um dossiê sobre os militantes da “esquerda armada” que, de diferentes formas, defenderam o recurso às armas na luta contra a ditadura instaurada no Brasil a partir do golpe civil-militar de abril de 1964. Na realidade, estamos diante da desqualificação dos jovens que lutaram contra a ditadura pela RHBN.

O caráter tendencioso desse dossiê já se evidencia na apresentação da capa da revista através da citação de uma frase infeliz de Carlos Marighella -“toda revolução tem sua linha burra”- e da afirmação de que tanto os golpistas de 64 quanto os militantes de esquerda, que lutaram contra a ditadura, com “sonhos e planos radicalmente distintos”, não teriam ideais democráticos. Dessa maneira, ambos os lados em confronto a partir do golpe são postos no mesmo pé de igualdade, o que contribui para a difusão de uma imagem negativa daqueles brasileiros que, de uma forma ou de outra, resistiram e lutaram contra o regime ditatorial militar que reprimiu com inusitada violência toda e qualquer manifestação contrária aos desígnios dos donos do poder.

No referido dossiê, com a exceção talvez do artigo assinado por Edson Teles, não há uma análise substantiva do contexto histórico, – econômico, social e político – da época, nem da situação internacional então existente. Não é apresentado um exame da ofensiva então em curso de parte das potências imperialistas – em primeiro lugar dos EUA – contra os movimentos populares e revolucionários no continente latino-americano, a partir da vitória da Revolução Cubana em 1959. Falta uma apreciação das condições sócio-políticas do Brasil naqueles “anos de chumbo”, que poderia revelar a inviabilidade do recurso às armas na luta contra a ditadura no referido período, uma vez que inexistiam no país forças sociais e políticas organizadas e conscientes, preparadas não só para apoiar, mas também participar de um processo de rebelião armada com vistas à derrubada da ditadura.

Na ausência de tais condições, o recurso à luta armada – uma forma de luta possível e justificável quando os donos de poder recorrem à repressão contra as forças progressistas e revolucionárias – se transformou numa aventura perigosa, independentemente das intenções dos seus adeptos, pois contribuiu para o retrocesso e o esfacelamento do movimento popular. Com o golpe de 1964, a derrota dos setores democráticos e progressistas no Brasil foi de tal ordem, que se tornara necessário recuar para reorganizar o movimento popular e conduzi-lo à luta contra a ditadura.

O PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi quem melhor compreendeu a necessidade de adotar uma política de mobilização das amplas massas do povo brasileiro para acumular forças na luta pela derrota da ditadura, aproveitando todas as possibilidades legais existentes, inclusive a participação nas eleições. Luiz Carlos Prestes, o secretário-geral do PCB, liderou o combate contra a aventura “esquerdista”, ao mesmo tempo em que empreendia a luta interna contra as tendências reformistas presentes na direção desse partido, conforme mostro, com base em documentos, em meu último livro – Luiz Carlos Prestes: o combate por um partido revolucionário (1958-1990).

Prestes não teve êxito no esforço empreendido para transformar o PCB em um partido revolucionário, capacitado a conduzir a luta dos trabalhadores brasileiros pelo socialismo, o que o levou a romper com sua direção em 1980. Nessa ocasião, divulgou um documento intitulado Carta aos comunistas, em que fazia séria autocrítica dos erros cometidos pelo partido, reconhecendo que as tendências reformistas presentes no PCB haviam contribuído para que muitos jovens ingressassem na aventura da luta armada, sem levar em conta sua inviabilidade nas condições então existentes no país. Tais tendências reformistas contribuíram também para que o processo de transição do regime ditatorial para a democracia fosse limitado, uma vez que encabeçado por lideranças da burguesia liberal, como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves. Circunstâncias estas que marcaram profundamente os resultados alcançados: anistia para os torturadores; eleições indiretas para a presidência em 1985; aprovação, em 1988, de um texto constitucional, em que, segundo o seu artigo 142, as Forças Armadas estão acima dos três poderes da República, constituindo um “poder militar”, na precisa definição de Prestes.

A desqualificação dos revolucionários

O caráter tendencioso do dossiê é confirmado pelo título que lhe foi atribuído – “Ideais de chumbo”, uma aposta na desqualificação daqueles jovens, homens e mulheres, que se levantaram contra a ditadura e, em muitos casos, foram barbaramente torturados e assassinados, morrendo pelos ideais, que não eram “de chumbo”, mas de democracia e justiça social em nossa terra.

Tal desqualificação dos revolucionários é particularmente visível no artigo de Apolo Heringer Lisboa, cujo título – “Cavaleiros sem esperança” – expressa com clareza a intenção do autor de denegrir a imagem de Luiz Carlos Prestes, proclamado Cavaleiro da Esperança por amplos setores da opinião pública brasileira, desde o final dos anos 1920. Ao mesmo tempo, evidencia-se o intuito de denegrir a imagem de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, denunciaram a repressão do regime implantado com o golpe de 1964 e se rebelaram contra a ditadura.

Estamos aqui diante de um texto repleto de tolices e inverdades. Seu autor afirma, por exemplo, que o tenentismo “denunciava os métodos servis nas relações de trabalho, herdados da escravidão”, tese que não corresponde nem ao ideário nem à prática desse movimento. Assevera que Prestes pretendera, em 1935, “criar uma República Comunista” no Brasil, alegação absurda, desmentida pela consulta às fontes documentais da época. Declara que o PCB teria conquistado a legalidade no segundo governo Vargas, durando até 1964, o que não corresponde à realidade, pois, cassado seu registro em 1947, o partido não conseguiu ser legalizado sequer no Governo João Goulart. Outras inverdades poderiam ser apontadas no referido artigo, todas revelando o intuito deplorável e retrógrado de desmerecer e atacar as esquerdas no Brasil e na arena mundial.

Da mesma maneira, temos a repetição de velhas calúnias, segundo as quais “Prestes e o PCB subordinavam-se às decisões teóricas e práticas do comitê central do Partido Comunista da União Soviética”, e os ataques à União Soviética, ignorando e negando as importantes conquistas econômicas e sociais alcançadas na primeira experiência de construção do socialismo, não obstante os problemas e os erros que tiveram lugar nesse difícil processo de construção de uma nova sociedade, livre da exploração do homem pelo homem.

O autor desse artigo, de acordo com o espírito do referido dossiê, transmite aos leitores da RHBN a mensagem derrotista de quem capitulou diante das injustiças presentes na sociedade capitalista. Um discurso de desmobilização é veiculado, ao afirmar que “hoje predomina entre os remanescentes dessa geração guerrilheira a idéia fatalista de que nenhuma alternativa era possível”. Dessa maneira, procura-se convencer os jovens de hoje de que os militantes da “esquerda armada”, por terem sido derrotados na luta contra a ditadura, deveriam “enrolar bandeira” definitivamente, desistindo de qualquer questionamento da ordem vigente. É ignorado um grande ensinamento histórico, lembrado, ainda em 1887, pelo destacado pensador e revolucionário inglês William Morris: “(…) sem as derrotas do passado, não teríamos jamais a menor esperança numa vitória final”.

Não podemos considerar casual que, do mesmo n° 90 da RHBN, conste uma longa entrevista com o historiador francês Jean-Freançois Sirinelli, sintomaticamente intitulada “Sem mocinhos nem bandidos”. O entrevistado declara que o seu trabalho “é fazer uma restituição de complexidades” e, segundo ele, “a militância é o contrário: há o bom e o mau”, ou seja, o militante revolucionário não pode ser um bom historiador. Segundo Sirinelli, “quando você tem convicções fortes (…) você tem uma visão do mundo maniqueísta, moldada de acordo com elas”. Tal caricatura da atividade revolucionária, reduzida a um simples maniqueísmo, é difundida com freqüência pelos “intelectuais orgânicos” (segundo Antônio Gramsci) a serviço dos setores dominantes, pois contribui para a desqualificação de todos aqueles que participaram ou participam da luta por transformações profundas na sociedade capitalista.

Segundo Sirinelli, o marxismo seria inaceitável para o historiador, porque “explica que há um sentido na história: a luta de classes”. O entrevistado da RHBN não aceita a explicação histórica baseada nos conflitos de classe presentes na sociedade capitalista, não concorda com a concepção de que os fenômenos sociais possam ser examinados à luz do embate entre dominados e dominantes. Ao rejeitar tais explicações, adota uma postura aparentemente objetiva e imparcial, mas que, na realidade contribui para justificar “teoricamente” as concepções presentes no dossiê “Ideais de chumbo”, ou seja, a desqualificação dos militantes que lutaram e morreram por ideais que não eram “de chumbo”, mas de democracia e justiça social.

Anita Leocadia Prestes é doutora em História Social pela UFF, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.

8.4.13

Deu no Jornalistas&Cia

Deu no Jornalistas&Cia, edição 891:

Livros

Andrei Bastos lança na amazon.com.br seu livro Sala de Espelhos, com histórias do movimento estudantil no final dos anos 1960 e início dos 1970. O texto descreve a trajetória do autor, na primeira pessoa, dos bancos escolares ginasianos aos cárceres da ditadura, com o idealismo natural da juventude se chocando com a crueldade do sistema e dos torturadores. O livro é exclusivamente digital e custa R$ 1,99 por 137 KB, o que inclui envio wifi internacional ou no Kindle. Sobre esta opção editorial, Andrei diz estar “lançando minha garrafa no oceano de uma distribuidora gigante para ver em quantas praias vou chegar”.

A inclusão de crianças com deficiência na educação infantil

Texto sobre Educação Inclusiva que compõe o Capítulo IV da publicação “O educador como propositor e executor da política de educação infantil” – Unesco/2011.

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