28.6.16

5ª Capacitação Nacional em Práticas Colaborativas

A coluna do Ancelmo, no Globo, registra:
"A 5ª Capacitação Nacional em Práticas Colaborativas abre quinta."

10.6.16

Revista Gestão & Gerenciamento nº 3


Saiu a revista Gestão & Gerenciamento nº 3.

Link para a versão digital:


5.6.16

Castigo perpétuo

O Globo, Opinião, 05/06/2016:

Castigo perpétuo

MAUSY SCHOMAKER E ANDREI BASTOS

Não é verdade que a sociedade brasileira não prevê o castigo perpétuo. Nós, pais de Alex Schomaker Bastos, fomos condenados a uma pena perpétua no dia 8 de janeiro de 2015, quando nosso amado filho foi assassinado covardemente por seres sem nenhuma humanidade, por causa de um celular revendido por R$ 300,00.

Terça-feira passada, saiu a sentença condenando anderson leandro bernardes e william augusto nogueira a 28 anos de reclusão. Aqui fazemos questão de escrever seus nomes com letras minúsculas, de acordo com a insignificância deles.

Quando recebemos a notícia da condenação, não ficamos felizes. Como podemos ficar felizes revivendo a notícia da morte de Alex e cada momento do nosso sofrimento desde então? Como podemos ficar felizes com uma condenação que não corresponde à nossa pena perpétua? Nosso sentimento, além da imensa tristeza, foi de gratidão ao acolhimento pela sociedade, que fez o que era possível por meio da polícia e da Justiça. Mas não há justiça no assassinato de nosso amado filho. Não há justiça na morte do Alex e de tantos outros jovens, que têm seus sonhos interrompidos para que lhes sejam roubados celulares e mochilas. A vida deve valer mais do que isso.

Acreditamos que a sentença do juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte diz tudo: ”...as circunstâncias do crime... mostraram-se exacerbadas e destoantes daquelas normalmente associadas ao tipo penal vulnerado, já que evidente o completo desprezo pela vida humana. Após um exame aprofundado dos elementos de prova... foi possível constatar que a prática criminosa tinha inicialmente o único propósito de proceder a subtração patrimonial de um aparelho celular e uma mochila. Em seguida, verificou-se uma verdadeira escalada criminosa que culminou com a morte da vítima de maneira completamente desnecessária e cruel, num ato de incomum crueldade mesmo se comparado com crimes similares verificados no cotidiano deste grande centro urbano. Para tanto, a dupla criminosa aproveitou-se do fato de a vítima encontrar-se já subjugada para ceifar sua vida sem nenhum motivo aparente.”

“... Após o primeiro disparo, e já depois de garantida a subtração da mochila, um dos criminosos disse ao comparsa para ele efetuar mais disparos contra a vítima e o comando foi atendido”... “certamente a execução da vítima teve origem em um ato de extrema covardia, decorrente do simples prazer de matar...”

O simples prazer de matar, como escreveu o juiz, está na essência da barbárie cada vez mais presente em nossa sociedade. Queremos continuar acreditando na Justiça, ausente no assassinato do Alex. Queremos uma Justiça que também condene a ausência do Estado, que, em nosso “grande centro urbano”, abandona seus cidadãos à própria sorte.

Nós, pais de Alex Schomaker Bastos, mesmo condenados a uma pena perpétua, continuaremos a lutar pela cidadania, pela justiça e jamais perdoaremos os assassinos covardes que nos condenaram.

Mausy Schomaker e Andrei Bastos são os pais do biólogo Alex Schomaker Bastos, morto num assalto em Botafogo