31.3.09

Rio para cadeirantes

O Globo, Gente Boa, 31/03/2009:

Rio para cadeirantes

Andrea Schwartz é autora do “Guia Brasil para todos”, um roteiro cultural e turístico para pessoas com deficiência, disponível desde ontem no www.brasilparatodos.com.br. O guia de turismo, inédito no Brasil, lista dez capitais do país avaliadas sob o ponto de vista da acessibilidade para pessoas com deficiência. Traz todas as dicas de pontos turísticos, bares, hotéis e restaurantes com facilidades para deficientes. No Rio, ela indica o Jardim Botânico. “Além de circular facilmente com cadeira, há uma área dedicada aos cegos”, conta Andrea.

Passando o passado a limpo

Site Em Dia Com A Cidadania, 30/03/2009:

PASSANDO O PASSADO A LIMPO: JORNALISTA DESCOBRE QUE SUA MASMORRA ERA NO RECIFE E NÃO EM PORTO ALEGRE

Escuridão

Foi obrigado a vestir um capuz sem abertura para os olhos, mas antes viu um algoz.

Semelhança

Azar: era parecido com militante do PCR que participou do roubo de armas de posto da FAB.

Flashes

Um rádio tocava Asa Branca. Um carcereiro lembrava o ator Ernest Borgnine.

(Clique aqui para ver o original da matéria)

Seminário Envelhecimento e Pessoas com Deficiência

3 e 4 de abril de 2009
São Paulo - SP

03 de abril de 2009 – sexta-feira

14h30 - Abertura Oficial: Mesa com Autoridades

Representantes das Secretarias Estadual e Municipal da pessoa com deficiência; Conselhos Estadual e Municipal da pessoa com deficiência; Conselhos Municipal e Federal do Idoso. CONADE; CORDE; Ministro de Direitos Humanos

15h30 - Palestra - Vilma Mota (mediadora)

Direitos Humanos e políticas públicos, envelhecimento e deficiência. Maria do Socorro - CMDI; Izabel Maior; Dora Simões. Aberto para perguntas ao público

16h30 - Mesa Redonda - Maria de Mello (mediadora)

CIF, envelhecimento e pessoa com deficiência. Dra. Heloísa Dinubila; Dr. Mauricio Wagngarpv; Lilian Martins. Debate aberto ao Público

18h00 - Apresentação Cultural

Cia. do Silêncio + Grupo Clown da APAE

18h30 - Coquetel: Abertura e lançamento da 2ª fase do projeto de pesquisa em envelhecimento das pessoas com deficiência.

04 de abril de 2009 – sábado

9h30 - Mesa Redonda - Regina Leondarides (mediadora)

Experiências e Pesquisas: Projeto: “O envelhecimento das pessoas com deficiência”; Grupo de estudo em envelhecimento de pessoas com deficiência intelectual. Naira Rodrigues; Fabíola Campillo; Edna Belasco e Juliana (CARPEM DIEM). Aberto para perguntas ao público

11h00 - Mesa Redonda - Naira Rodrigues (mediadora)

Envelhecer com deficiência. Maria Luiza Câmara; Dorina; Zenilda Ramalho Segala. Aberto para perguntas ao público

14h00 - Mesa Redonda - (mediadora)

Desafios do envelhecimento de pessoas com deficiência: Síndrome Pós-polio; Envelhecimento Precoce da Pessoa com Deficiência Intelectual; Aspectos neuro-psico-sociais. Luciano Marques; Maria Amélia Vampré; Elaine (psicóloga APAE). Aberto para perguntas ao público

16h00 - Palestra - Fabíola Campillo (mediadora)

Tecnologia Assistiva como perspectiva para a qualidade de vida. Maria de Mello; Ana Rita de Paula. Aberto para perguntas ao público

17h00 - Palestra - Renato Laurenti (mediador)

Turismo Acessível para Idosos com Deficiência. Ricardo Shimosakai; Bárbara Kirchner; Janaky Nayar. Aberto para perguntas ao público

18h00 - Encerramento

Apresentação cultural - Companhia Arte de Viver

INFORMAÇÕES GERAIS:

Os inscritos deverão comparecer no auditório do SEMINÁRIO, com 15 minutos de antecedência da palestra que irá assistir.

Reservamo-nos o direito de alterar o pré-temário para a confecção do temário oficial.

DATA E LOCAL:

03 e 04 de abril de 2009
Centro de Exposições Imigrantes - Rod. dos Imigrantes KM 1,5 - São Paulo - SP

Fonte: Agência Inclusive

Ato em defesa do Diploma de Jornalismo

Terça-feira, 31 de março, 12h, Cinelândia

O Recurso Extraordinário - RE 511961 - que questiona a constitucionalidade da exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão entrará na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) em 1º de abril.

Na mesma sessão, deve ser julgada a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei de Imprensa.

A exigência do diploma para o exercício profissional está em vigor há 40 anos.

No final de 2008, a importância do diploma foi ratificada pela sociedade: 74,3% dos brasileiros são a favor de que jornalista tem que ser diplomado, apontou a Pesquisa realizada pelo Instituto Sensus.

É um momento muito importante.

Várias ações serão realizadas em todo o país.

Dia 1 de abril, os jornalistas farão ato público em frente ao STF.

Terça-feira, 31 de março, 12h, Cinelândia

Ato em defesa do Diploma de Jornalismo

No Rio convidamos profissionais, alunos e a sociedade em geral para usar uma blusa preta neste dia, em sinal luto.

Acompanhe as manifestações, comente com os amigos e leia os apoios ao diploma e à regulamentação profissional nas páginas www.jornalistas.org.br; www.fenaj.org.br e www.fnpj.org.br

Divulgue! Sua participação é fundamental.

29.3.09

A democracia precisa mesmo de Senado?

MILTON COELHO DA GRAÇA

O princípio fundamental da democracia moderna é “cada pessoa, um voto”, sendo o voto universal e secreto. Para chegarmos ao conceito “universal”, foram muitos anos de luta até serem incluídas todas as cores de pele, os pobres, as mulheres e, finalmente, os analfabetos.

Mas ainda não chegamos ao “cada pessoa, um voto”. E o grande reduto de resistência à democracia plena e irrestrita é o Senado. Em outros países, ele tem outro sentido. Foi criado para que regiões independentes, ao serem integradas a um Estado nacional, tivessem garantia de representação federal, independentemente de sua área e população (casos da Alemanha e dos Estados Unidos, por exemplo). Ou para garantir que certos temas passem pelo crivo de uma elite (econômica, intelectual, guerreira e até esportiva) selecionada pela monarquia – esta desprovida de qualquer poder, mas símbolo da unidade e continuidade da nação (caso do Reino Unido e de outros poucos países).

Nada disse existe no Brasil. O Senado sempre foi ultramajoritariamente representativo das oligarquias proprietárias desde a sua criação. É só olhar as representações de cada estado e verificar os interesses que cada bancada representa. Nas regras para escolha dos senadores – desde a primeira Constituição, em 1824 –, a preocupação óbvia é a de preservar o controle pelos interesses dos mais ricos. Antes na Colônia, o regime de capitanias hereditárias fracassara e o monarca português logo instaurou um governo central e, com isso, evitou a fragmentação ocorrida no resto da América Latina. E, com isso, até a República, o Brasil sempre teve um poder unitário.

O império independente nasceu sob a inspiração de ideias liberais, mas centralizadoras de José Bonifácio, pelas quais nosso Pedro I enfrentou a bancada mais reacionária na Constituinte de 1823.

Na República é que a coisa mudou. O Exército derrubou Pedro II, mas teve o cuidado político não-revolucionário, porém conservador, de buscar o apoio dos grandes proprietários rurais através da Federação e de sua expressão parlamentar, o Senado.

Getúlio Vargas queimou as bandeiras dos Estados para deixar bem clara a sua disposição de recriar um país unitário, consagrada pela Constituição de 1937 e, só depois da queda do presidente em 1945 e com a Constituição de 1946, voltamos a ter senadores.

Na ditadura militar pós-1964, chegamos a ter senadores designados pelo ditador de plantão – logo apelidados pelo povo de “biônicos” – uma forma curiosa de voltar à aliança da Velha República entre militares e grandes proprietários. E tão empenhados em deixar obstáculos para a democracia que “inventaram” vários novos Estados e senadores, juntos com menos votos do que os deputados paulistas Clodovil e Maluf.

Hoje, felizmente, e graças à modernização do país já conseguimos colocar no Senado Paulo Paim (um negro), o respeitável franciscano Pedro Simon, o herdeiro do Pernambuco rebelde Jarbas Vasconcelos, o milionário gladiador dos pobres Eduardo Suplicy, um grupinho de 11 mulheres, em que se destacam positivamente Ideli Salvati, Marina Silva, Patrícia Saboya e Marisa Serrano (Kátia Abreu é a triste exceção que consegue até explicar trabalho escravo) e mais uns outros 15, no máximo, que nunca meteram a mão em cumbuca, procuram honestamente representar seus eleitores e não puxaram o saco dos ditadores militares. Mas isso é ainda muito pouco. O resto, amigos, nada tem a ver com a democracia de verdade nem com o país próspero, justo e decente que desejamos.

O resto inclui quase todos os 19 suplentes sem voto e é esmagadora maioria nessa representação política fajuta – deve chegar a uns dois terços do total, peitando a vontade do povo e a essência das liberdades democráticas.

O suplente de senador sem voto é, como jabuticaba, um daqueles fenômenos que só existem no Brasil. E levando em conta todas essas violações dos princípios democráticos, precisamos mesmo de Senado?

***

O dólar na corda bamba

No governo Bush, o secretário do Tesouro, Hank Paulson, chegou a fazer três viagens a Tóquio e Pequim para garantir que os Estados Unidos não permitiriam uma queda no valor do dólar e, portanto, um calote indireto nos seu dois maiores credores – China e Japão – que, juntos, estão sentados em uns três trilhões de dólares, mais ou menos um quarto do PIB americano deste ano.

Aí, chegou o governo Obama e começou a tocar a guitarra produtora de dólares para tirar do sufoco os bancos, empresas e devedores americanos. Se isso não parar em certo momento, o dólar caminhará – lenta, mas seguramente – rumo ao buraco da desvalorização e da inconfiabilidade. Quem está cheio daqueles papéis verdes corre o risco de tomar um preju inesquecível.

A China sugere uma nova moeda de referência internacional – uma cesta de moedas em que entrariam o dólar, o euro e o yen – talvez o chamado “direito especial de saque” – que é mais ou menos isso.

Obama e uma porção de outras autoridades americanas responderam imediatamente: “Nem pensar numa coisa dessas.” Mas o secretário do Tesouro atual, Tim Geithner, disse numa reunião, anteontem, que “está aberto a conversar sobre isso”. O assunto é tão delicado que o dólar logo começou a cair e só sossegou depois que o próprio Geithner explicou que não era bem assim: “Acredito que o dólar continua sendo a moeda de reserva dominante do mundo.” E ontem mesmo o economista prêmio Nobel Joseph Stiglitz, dirigentes do FMI e outros já começaram a apoiar a tese chinesa.

Fiquem de olho. Se Obama voltar a dizer que precisará de mais dinheiro para esconjurar a crise, a idéia da China começará a receber novos apoios.

***

Você acredita em um milhão de casas?

Eu até que acredito, mas muita gente no mercado financeiro acha que os investidores estrangeiros talvez resolvam esperar um pouco para ver se os planos de nosso governo para combater a crise não causarão qualquer risco à credibilidade do real – aquilo que é medido pelo “risco Brasil”. Ontem, estava em 407, bem melhor do que no início do mês, quando chegou a mais de 450.

407 significa que, quando o Brasil ou uma empresa brasileira pede dinheiro lá fora, o emprestador deve pedir 4,07% de juro anual mais do que a Libor – a taxa básica interbancária. Cada ponto a mais vale 0,01% na taxa de juros.

Até banqueiro suíço, ouvido por repórteres da Bloomberg News, chama o Reino Unido de hipócrita. No Reino Unido, US$ 1,5 trilhão de dólares de grandes fortunas familiares estão depositados em paraísos fiscais britânicos, ficando apenas pouco abaixo dos R$ 2 trilhões agasalhados pela Suíça.

A própria Confederação de Sindicatos Britânicos avalia que seu país deixe de recolher uns US$ 6 bilhões (o suficiente para o Brasil construir umas 350 mil casas populares, mais de um terço do milhão prometido pelo presidente Lula no pacote imobiliário). Com mais os US$ 8 bilhões que a Suíça, no mínimo, também perdoa a quem guardar dinheirinho à sombra dos Alpes, toda a infraestrutura do pacote também já estaria assegurada.

Pois, mesmo assim, o primeiro-ministro Gordon Brown resolveu criticar o sigilo bancário com esta frase em seu discurso (4 de março): “Quanto mais ficariam as poupanças de todos se todo o mundo acabasse se juntando para proibir os sombrios sistemas bancários e os paraísos fiscais no exterior?”

E o presidente da Associação de Bancos Suíços, Pierre Mirabaud, respondeu, através da Bloomberg, um tom acima: “Eu definiria a posição do senhor Brown e do governo britânico como cheia de hipocrisia.”

28.3.09

O Resto é Silêncio

Programa Assim Vivemos - todos os domingos, às 18h30m, na TV Brasil - com Audiodescrição, LIBRAS e CC.

Neste domingo: conheça o movimentado mundo do silêncio.

O premiado O Resto é Silêncio, de Paulo Halm, com elenco composto por atores surdos e todo “falado” em LIBRAS - a língua brasileira de sinais - é o filme que o programa Assim Vivemos, da TV Brasil, vai exibir no próximo domingo. A sensível história de amor entre um casal de adolescentes surdos leva a uma dupla reflexão: por um lado, sobre a riqueza da comunicação não-verbal; por outro, sobre a relevância do som no cinema. Premiado em Gramado como melhor roteiro de curta e melhor ator - Valdo Nóbrega -, é uma chance rara de mergulhar no universo instigante do silêncio. O contraponto é dado pelas divertidas peripécias dos adolescentes, cujo silêncio é mais que eloquente. O Assim Vivemos é apresentado pela jornalista Moira Braga, que é cega, e pelo ator Nelson Pimenta, que é surdo, e exibe sempre curtas de diversos países do mundo e perfis de pessoas com deficiência que fazem a diferença.

Quem perdeu o programa do domingo passado, não esqueça:

O Assim Vivemos também fica disponível no site www.tvbrasil.org.br/assimvivemos durante uma semana - com Audiodescrição, LIBRAS e CC.

Acesse o site e confira!

26.3.09

Saberemos ser felizes novamente?

Jornal Cidade da Barra, Março/2009:

Saberemos ser felizes novamente?

ANDREI BASTOS

Você é capaz de imaginar uma casa sem muros no Rio de Janeiro hoje em dia? Talvez, como privilégio de pouquíssimos condomínios de alto luxo com sistemas de segurança muito eficientes e caros. Pois há apenas três décadas isso era comum na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, acredite. Em artigo anterior falei que há 30 anos não existiam calçadas na Barra e que eu me sentia quase um desbravador diante do vazio de construções. Também não existiam ladrões e a falta de gente não representava perigo. Nem favelas existiam. De tão raros, os pobres geralmente se empregavam como caseiros, para cuidar de piscinas, aparar grama ou consertar bombas de poços artesianos.

Logo depois de me tornar morador do "fim do mundo" que era a Barra, recebi a visita de meus pais, que assim classificavam meu novo bairro e diziam que eu era louco por viver "nestas lonjuras". Duas visitas mais, mudaram de opinião e trocaram o apartamento de Santa Teresa por uma casa no Recreio. Uma casa sem muros.

Eles compraram a casa do filho de Seu Roberti, este sim um desbravador. Após o fim da Panair do Brasil, onde trabalhava, Seu Roberti juntou as coisas no carro velho e seguiu pela Av. Sernambetiba até onde achou que devia. Dali tirou uma reta perpendicular à praia e também seguiu, cortando o mato a facão, até onde achou que devia. Demarcou uma área, que hoje representa um quarteirão, e se apossou da terra. Para indicar suas fronteiras, plantou uma cerca viva.

Amigo de Pasquale Mauro, grande proprietário de terras na Barra e no Recreio, Seu Roberti não tinha a mesma ambição e ficou apenas com o quarteirão do primeiro momento. Ali plantou árvores frutíferas, construiu sua casa e, mais tarde, a casa do filho, depois comprada por meus pais. Como eu morava perto deles e os terrenos das casas se ligavam por uma passagem na cerca viva, eram freqüentes os cafés da manhã reunindo minha família e Seu Roberti, que sempre levava muitas frutas. Sabíamos bem que éramos felizes!

O que nos impede de sermos felizes novamente? Esta é a pergunta que devemos fazer a nós mesmos, da Barra, do Recreio, de todo o Rio. Não é difícil entender o que aconteceu, o crescimento desordenado, a falta de oportunidades para os mais pobres. É claro que não voltaremos a viver em casas sem muros, mas também é claro que não podemos permitir o avanço desse processo desagregador da vida, que há muito ultrapassou os limites do respeito aos valores e direitos humanos.

Hoje em dia vivemos em jaulas ou guetos e espero que a história contada acima, com tão boas lembranças, além de nos animar a continuar lutando por cidadania plena para todos, com inclusão social particularmente dos mais pobres, sirva também para demonstrar o que perdemos por não termos considerado nestas três décadas as diferenças entre nós.

Da mesma forma que a Barra e o Recreio ainda têm espaço para resolver a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência, idosos, mulheres grávidas, obesos e demais pessoas com mobilidade reduzida, também têm espaço para a urbanização das favelas existentes e para a inclusão social das suas comunidades. Saberemos ser felizes novamente?

Da Mangueirinha para a capa da revista

Nossa Isabela Gonçalves, da Mangueirinha, virou capa de revista

Revista Onda Jovem, Edição 14, Março de 2009:

De olho nos links

Estudantes do ensino médio contam como percebem a presença, ou a ausência, da abordagem interdisciplinar na escola

(Saiba mais)

Papa vs. Preservativos

Caros amigos,

As declarações do Papa Bento XVI contra o uso de preservativos poderá colocar milhões de vidas em risco. Assine a petição pedindo para o Papa parar de atacar métodos comprovadamente eficazes de prevenção à AIDS/SIDA!

Assine agora!

Em sua primeira visita ao continente africano, o Papa Bento XVI disse “[A AIDS/SIDA] não pode ser superada através da distribuição de preservativos, o que apenas agrava o problema”.

A afirmação do Papa contradiz estudos sobre prevenção à AIDS/SIDA e significa um enorme retrocesso para décadas de trabalho em educação e conscientização. O Papa tem uma influencia moral poderosa sobre mais de 1.1 bilhões de católicos no mundo todo, e com 22 milhões de infectados pelo vírus do HIV na África, estas palavras podem afetar dramaticamente a epidemia colocando milhões de vidas em risco. Assine nossa petição pedindo para o Papa apoiar, ao invés de desdenhar métodos comprovadamente eficazes de prevenção à AIDS/SIDA.

http://www.avaaz.org/po/pope_benedict_petition

Isto não é uma disputa religiosa, e sim uma questão séria de saúde pública. Devemos respeitar a opinião pessoal de católicos e pessoas de todas as religiões. O compromisso do Papa por uma cultura de fidelidade e respeito pode ser útil na prevenção, mas apenas se for complementada pelo uso de preservativos. A igreja Católica contribui enormemente ao serviço social, incluindo o cuidado dado a pessoas vivendo com AIDS/SIDA. Porém a afirmação do Papa de que a distribuição de preservativos não é um método efetivo de prevenir a AIDS/SIDA não é compatível com estudos científicos sobre o tema. Esta afirmação é falsa e poderá ter conseqüências mortais.

A verdade é que o HIV e AIDS/SIDA podem ser prevenidos sim pelo uso de preservativos. Não há uma solução fácil para impedir a disseminação desta doença trágica, mas preservativos e educação são comprovadamente o melhor método para prevenção e que não levam ao comportamento de risco. Por isso que até mesmo padres e freiras trabalhando na África têm questionado o discurso do Papa.

Nós não podemos pedir que a Igreja Católica mude sua posição mais ampla neste assunto, mas estamos pedindo que o Papa pare de falar abertamente contra os estratégias de prevenção que funcionam. É importante que pessoas de todas as religiões, especialmente os católicos, digam ao Papa que é necessário ter cuidado em relação à este assunto. Assine abaixo e depois encaminhe este alerta para seus amigos e familiares – esta petição pode realmente salvar vidas:

http://www.avaaz.org/po/pope_benedict_petition

25 milhões de pessoas no mundo todo já morreram e 12 milhões de crianças se tornaram orfãs devido a esta terrível doença. Se um número grande de pessoas participarem deste apelo, poderemos vencer uma importante batalha por um mundo sem AIDS/SIDA.

Com esperança,

Ricken, Alice, Ben, Graziela, Iain, Brett, Paula, Pascal, Luis, Paul, Veronique, Milena e toda a equipe Avaaz

PS – Nós consultamos uma mostra de 20.000 membros da Avaaz antes de enviar esta campanha. Mais de 90% das pessoas que responderam apoiaram a campanha, dentre eles 75% de membros católicos aprovaram a campanha.

Leia mais:

OMS e UNAIDS Reafirmam que Uso de Preservativos é a Principal Arma Contra a AIDS

Camisinha agrava aids, diz papa rumo à África

Preservativo põe ONU contra Papa

Papa rejeita preservativos como solução para Aids na África

Declaração de Bento 16 sobre o uso de preservativos provoca onda de críticas na Europa

Uso de camisinha no Brasil é metade do necessário

24.3.09

Sarney está certo sobre boi e piranha

MILTON COELHO DA GRAÇA

Ninguém conhece mais uma instituição do que o seu próprio presidente, especialmente se já for um veterano de muitos carnavais. Por isso, não há dúvida de que o senador José Sarney está absolutamente certo e somente por cautela política não fez a identificação precisa: o Brasil é o boi e as piranhas são Suas Excelências.

Mesmo depois das escandalosas revelações que provocaram o desabafo presidencial, novas “escavações” dos jornalistas continuaram a revelar novas picaretagens: 181 diretorias (com salários de dar inveja a 99% dos brasileiros e tem até diretor de garage), a maioria dos cargos preenchidos por amigos dos senadores e/ou de outros diretores, casas pagas pelo contribuinte mas cedidas a filhotes e outros parentes, a coisa já era de estarrecer até quando se descobriu que a própria filha de Sarney (e também mãe da Pátria), impossibilitada de viajar por motivo de saúde, distribui passagens (pagas pelos contribuintes) a amigos maranhenses.

Um jornal de São Luiz, depois de ver a lista dos nomes fornecidos pela própria agência de viagens que emitiu as passagens – todos de gente rica mas que também gostam de uma boquinha - identificou-os sem pestanejar como parceiros dos jogos de baralho que d. Roseana muito aprecia. Desmentidos choveram – enviados à imprensa pela própria senadora e seus muitos assessores – mas em nenhum momento reveladores de outras explicações. O que me leva a crer que o jornal de São Luís revelou nada mais do que a incrível verdade.

As Catilinárias são uma série de quatro discursos do cônsul romano Marco Túlio Cícero no ano 63 A.C., contra o senador Lúcio Sérgio Catilina, que revelava sôfrega ambição por poder e riquezas. Cícero (mais ou menos no mesmo tom em que o senador Jarbas Vasconcelos falou há poucas semanas) assim iniciou seu primeiro discurso:

“O tempora, o mores! Que tempos, que costumes?
Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo ainda esse teu rancor nos enganará?
Até que ponto chegará a tua audácia desenfreada?”

Catatilina acabou afastado do Senado e tentou um golpe contra a República, morrendo em campo de batalha ou enforcado. Aqui no Brasil, vários de seus semelhantes apoiaram o golpe de 64 e continuaram se dando bem na democracia e, especialmente, no próprio Senado.

E são tantos os possíveis Catilinas de hoje, que Cícero, olhando em sua volta no Senado, ficaria em dúvida sobre quem apontar e dizer, no último de suas quatro Catilinárias:

“Que alegria não experimentarás, com que júbilo não hás de exultar, com que prazer tamanho andarás em orgiástico delírio, quando, entre o número tão avultado dos teus, não conheceres nem vires um só homem de bem!”

(Saiba mais)

23.3.09

Natal sedia primeiro encontro regional em defesa dos direitos de crianças e adolescentes

Evento vai debater importância de se trabalhar com as famílias de origem

Nos dias 30 e 31 de março, será realizado o I Seminário da Região Nordeste Pró-Convivência Familiar e Comunitária, que vai debater os direitos de crianças e adolescentes, especialmente daqueles que estão vivendo em instituições como abrigos, nas ruas ou que são vítimas de maus tratos. Durante o seminário será aprofundado o tema do Direito à Convivência Familiar e Comunitária de Crianças e Adolescentes e apresentadas experiências positivas implementadas em todo o país para evitar a colocação e a permanência de crianças e adolescentes em abrigos.

Esse será o 15º evento promovido pelo Grupo de Trabalho Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária, presente em 20 estados brasileiros. O seminário marca a instalação do GT Estadual, que será integrado por representantes dos governos estadual e municipais e por entidades da sociedade civil do Rio Grande do Norte. O braço local do GT terá como missão implementar as ações do Plano Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária (PNPCFC), aprovado pelo governo federal, em 2006, e que prevê 136 ações de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.

Segundo Claudia Cabral, coordenadora do GT Nacional e diretora-executiva da Terra dos Homens, o investimento na família de origem tem um custo econômico e social menor do que aquele necessário à manutenção de abrigos e outras instituições de acolhimento, ou de programas que visam retirar crianças e adolescentes das ruas.

O seminário

A abertura do evento contará com a participação da Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Maria Luiza Moura Oliveira, de representantes do governo do estado do Rio Grande do Norte, do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Consec), do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude, da Frente Parlamentar Estadual, da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Unicef, entre outros.

Promovido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte e pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, em parceria com a Terra dos Homens, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e Casa Renascer, o evento conta com o apoio da Assembléia Legislativa; Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef/Brasil; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH); Secretaria Estadual do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas); PM; e Instituto C&A. O seminário será realizado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte (Praça 7 de Setembro s/n, centro – Natal).

No seminário, serão debatidos temas como “Convivência Familiar e Comunitária – Uma Perspectiva Intersetorial”; “O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC) – Desafios e Perspectivas”; “A Implementação do PNCFC no Contexto Nordestino”; “A Centralidade do Trabalho com a Família de Origem”; “Família Acolhedora: Estratégia Alternativa à Institucionalização”; “Modalidades de Acolhimento Institucional: Intervenção Atual X Reordenamento”; e “Constituição do GT Estadual Pró-Convivência Familiar e Comunitária”.

O GT Nacional

Criado em novembro de 2005, por iniciativa da Terra dos Homens e do Unicef, o GT Nacional vem realizando encontros em todo o país para debater e disseminar modalidades alternativas à institucionalização de crianças e adolescentes e incentivar a criação de políticas públicas de apoio à família, como programas de transferência de renda, de acesso à habitação e a serviços de saúde e educação. Desde sua formação, o Grupo congregou 20 estados brasileiros (PA, MA, CE, PE, BA, RJ, SP, MG, ES, GO, PR, SC, RS, AM, TO, RR, RO, AC, AP, RN) e o Distrito Federal representados por 37 organizações. A meta, em 2009, é a inclusão de todos os estados brasileiros no GT.

As oficinas do Grupo trataram, até 2008, os temas do Apoio sócio-familiar, (Re)integração Familiar, Famílias Acolhedoras, Modalidades do Acolhimento Institucional - Casa de Passagem, Casa Lar, Abrigo Institucional para Pequenos Grupos -, Apoio Socioeducativo em Meio Aberto para Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, República e Metodologias de Reordenamento Institucional.

Serviço:

Evento: I Seminário da Região Nordeste Pró-Convivência Familiar e Comunitária
Dias: 30 e 31 de dezembro
Horário: 9h às 18h
Local: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte
Endereço: Praça 7 de Setembro s/n, centro – Natal

Informações

Assessoria de Imprensa GT Nacional
Liseane Morosini – (21) 8885-1486
Eliane Araujo – (21) 8131-9210
Coletivo Comunicação - Imprensa e Mobilização Social
(coletivocom@gmail.com)

21.3.09

Cinco mil pessoas no Dia Internacional da Síndrome de Down em Brasília

Agência Inclusive, 21/03/2009:

Cinco mil pessoas no Dia Internacional da Síndrome de Down em Brasília

Brasília - Após assistir em auditório lotado, a palestra da Dra. Elvira Garcez, ontem no Hospital das Forças Armadas (HFA), cerca de cinco mil brasilienses passaram no parque da cidade, para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down - 21mar2009, no encerramento da semana que comemorou os 50 anos da descoberta da trissomia do cromossomo XXI (Saiba mais).

20.3.09

Curso de extensão

A Unisantos lança novos cursos de extensão, com o objetivo de instrumentalizar e orientar profissionais de diferentes áreas acerca de questões relacionadas ao segmento das pessoas com deficiência.

No Brasil, atualmente, 14,5% da população apresentam algum tipo de deficiência (IBGE-2000) e essa população necessita de políticas públicas, produtos e serviços que garantam sua efetiva inclusão na sociedade.

A partir do desenvolvimento de ações afirmativas, no sentido de minimizar os fatores potencializadores do processo de exclusão econômica das pessoas com deficiência, a realidade desse segmento tem se transformado de tal modo que o mercado de trabalho investe fortemente em programas de qualificação profissional e em ações de recrutamento e seleção de profissionais com deficiência.

Para ampliar as possibilidades de profissionais que atuam nas áreas de recrutamento e seleção, saúde ocupacional, gestão empresarial, entre outras importantes áreas do mundo do trabalho e renda, apresentamos o curso Avaliação Funcional para Inclusão Econômica das Pessoas com Deficiência, baseado nos princípios e conceitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da OMS. O curso possibilitará aos participantes o desenvolvimento de estratégias coerentes ao contexto produtivo ao qual estão inseridos, favorecendo a avaliação e o treinamento de profissionais com deficiência e, portanto, estabelecendo critérios de acordo com a realidade de cada empresa.

Local: Unisantos
Carga horária: 40 h/a
Período: maio/junho-2009
Inscrições e informações: www.unisantos.br
Investimento: R$580,00
(o valor poderá ser pago em 2 parcelas)
Professora responsável: Profa. Esp. Naira Rodrigues

Professora de Educação Física adapta modalidades esportivas a alunos com deficiências

Mônica Guimarães - 15 anos, cadeirante, pratica todos os esportes nas aulas de Educação Física. Colegas de classe jogam com regras modificadas para que a aluna esteja inserida nas atividades.

A palavra inclusão está por todos os lados, pois esta é uma das maiores características do século XXI, isto é, a busca da inclusão e interação dos mais limitados ou menos favorecidos em algum aspecto. Diante disso, observa-se a inclusão em suas mais variadas formas, para níveis sociais e educacionais, para portadores de deficiência física, idosos ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades.

E por mais que o tema esteja em alta, especialmente no quesito educação, são poucas ainda as redes educacionais que oferecem unidades tanto com estrutura física como pedagógica para alunos com necessidades especiais. Felizmente, algumas já estão prontas neste sentido e recebem a todos, indistintamente.

Este é o caso da rede de Educação Adventista da zona Sul de São Paulo que conta com unidades preparadas para a inclusão social e vai além, conta com profissionais capazes de cumprir as exigências curriculares de maneira personalizada para atendimento do aluno especial.

A professora de Educação Física do colégio Adventista de Interlagos - Maria Conceição, por exemplo, adaptou todas as modalidades esportivas para que a aluna Mônica Guimarães, cadeirante, pudesse participar das aulas, normalmente, e em plena interação com os demais alunos.

O nascimento prematuro de Mônica, aos seis meses de gestação apenas, resultou em problemas motores, por isso a dificuldade de andar e o auxílio de uma cadeira de rodas. No entanto, isso não é impedimento para que ela participe das aulas de educação física, as quais diz a aluna, serem as preferidas. “Estudo aqui há cinco anos e me sinto muito bem, pois não fico de fora de nada. Os professores dizem que sou uma boa aluna, mas em questão de preferência, a aula de que mais gosto é educação física”, diz Mônica Guimarães, 15 anos.

O gosto de Mônica pelas aulas de Educação Física parece ironia, mas, na verdade é reflexo da execução da educação magna, que inverte possíveis obstáculos em desafios a serem superados, desafios que instigam o profissionalismo e a criatividade de um corpo docente dedicado à arte de ensinar.

Mônica joga basquete, vôlei, futebol de salão, entre outros esportes, todos com regras especiais, assim como ela. “O mais interessante é ver que a turma dela aceita jogar com regras diferentes sem nenhum problema. Sinto que minha filha está bem acolhida aqui. A cada dia, o colégio observa novas demandas de Mônica e procura ajustar tudo para o maior conforto dela. Levei mais de oito meses para achar uma escola com estrutura para a Mônica, mas a luta e o sofrimento valeram as penas”, destaca Maria Isabel Guimarães Santos, mãe da aluna.

Além de adaptar modalidades para Mônica, a professora de Educação Física do colégio Adventista de Interlagos leva suas turmas para conhecerem locais como a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente. “Meu objetivo é que meus alunos conheçam mais de perto a realidade de crianças com necessidades especiais. A presença da Mônica aqui já nos ensina muito, mas é importante levá-los para que aprendam a respeitar e desenvolvam o hábito de cooperarem com os mais limitados”, ressalta Maria Conceição.

O colégio Adventista de Interlagos, além de Mônica, que é cadeirante, atende alunos com síndrome de Down, Xfrágil (também uma síndrome cromossômica), paralisia cerebral, deficiência mental, deficiência aditiva, entres outros. A rede Adventista de Educação, por meio do aperfeiçoamento de suas unidades vem mostrando que é possível oferecer acessibilidade e qualidade, simultaneamente, fazendo valer a premissa de educação para todos.

Colégio Adventista de Interlagos - Rua Antonio Le Vocci, 363. Fone: (11)5666-2545.

***

OBS. DESTE BLOG: A iniciativa acima é altamente louvável, mas devemos lembrar que pessoas com deficiência não são “portadoras” de nada, não são “especiais” e nem têm “necessidades especiais”.

19.3.09

Rio discute Plano Nacional Pela Primeira Infância

Marta Gonçalves, Leonardo Yanes e Claudia Cabral

A mesa foi composta por Simone Gomes, Monica Mumme, Valéria Brahim, Prof. Aristeo Gonçalves Leite Filho e Maria Tereza Maldonado

Grupo que debateu Educação

Grupo que debateu Violência

Grupo que debateu Brincar
Consulta Pública aconteceu em 17/03 e recolheu contribuições para o documento

Para aprofundar o debate sobre os direitos das crianças de zero a seis anos, a Terra dos Homens organizou a última consulta pública para recolher contribuições ao Plano Nacional Pela Primeira Infância. O documento define metas para as políticas de Estado voltadas às crianças brasileiras de zero a seis anos e deve ser encaminhado, ainda neste semestre, para o presidente da República e o Congresso Nacional.

O encontro aconteceu dia 17 de março, no auditório da Confederação Nacional do Comércio, no Centro do Rio de Janeiro. Aberto a pessoas e organizações engajadas na defesa dos direitos da criança, a consulta pública reuniu representantes de 26 organizações. O encontro foi aberto por Claudia Cabral, diretora executiva da Terra dos Homens, que lembrou a importância dos debates realizados em várias capitais brasileiras e que deram forma ao Plano Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária (PNPCFC), aprovado pelo Governo Federal em 2006.

Monica Mumme, do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), apresentou o Plano Pela Primeira Infância e considera que sua implementação é “um grande desafio”. Para ela, o Plano vai “ampliar e fortalecer os espaços democráticos e influenciar políticas para esse público”. Como o encontro carioca recolheu sugestões sobre os temas da Educação, do Brincar e da Violência, Monica pediu que os participantes fossem além e procurassem ler o Plano na íntegra, para entender as interrelações entre os temas propostos.

Convidado para auxiliar na reflexão sobre a educação antes dos seis anos, o professor Aristeo Gonçalves Filho, da Omep/RJ - Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar/RJ, salientou que um plano para a primeira infância deve reforçar que não se educa a criança sem educar também o adulto. “Na Educação Infantil, o educar e o cuidar não podem estar dissociados. Educar não é escolarizar. Historicamente, criança é criança, e não é aluno.” Já Maria Tereza Maldonado, psicóloga e com longa experiência no atendimento de famílias, salientou que “o documento deve respeitar o vínculo entre mãe e filho, em todas as suas instâncias, e em todos os momentos”. Simone Gomes, do Instituto Promundo, demarcou as instâncias da violência contra a criança até seis anos apresentando dados de pesquisas realizadas sobre o assunto.

O que é o Plano

O Plano Nacional é fruto de discussões entre governo, sociedade civil, fundações de origem privada e agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) que fazem parte da Rede Nacional Primeira Infância, entre elas, a Terra dos Homens. Criada em 2006, a Rede articula lideranças que trabalham pela promoção e garantia dos direitos da primeira infância.

Informações

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há 22 milhões de crianças de zero a seis anos de idade. Desse total, 14 milhões estão fora da escola. Já o Censo Escolar 2003, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), aponta que no País apenas 10,6% de crianças de zero a três anos frequentam escola ou creche. Na faixa etária de quatro a seis anos de idade, o Brasil conta com cerca de dez milhões de crianças. Deste total, mais de três milhões não frequentam escola ou creche.

Nos ambientes de miséria – que afeta a cerca de 15% da população brasileira – e de pobreza - que atinge a 27% – a proporção de crianças pequenas é maior do que nos ambientes socioeconômicos mais aquinhoados. Mas nesses ambientes, o atendimento é mais precário e as crianças têm menores chances de frequentar creche e pré-escola, fazendo com que a exclusão no início da vida cause uma sequência de exclusões que vão se agravando e consolidando ao longo do tempo.

Relação das entidades presentes à Consulta Pública:

- Associação Beneficente São Martinho
- Associação Brasileira Terra dos Homens
- Canal Futura – Mobilização Comunitária
- Casa da Árvore
- Casa Lar Áurea Celeste
- Cecip – Centro de Criação de Imagem Popular
- Central Globo de Comunicação
- Conselho Municipal de Educação
- Foundation Bernard Van Leer
- Fundação Xuxa Meneghel
- Hospital Naval Marcílio Dias
- Inade – Instituto de Avaliação e Desenvolvimento Educacional
- Instituto Noos
- Instituto Promundo
- Omep/RJ - Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar/RJ
- Pastoral da Criança
- Profec – Programa de Formação e Educação Comunitária
- Projeto Circo Baixada
- Projeto Legal
- Quintal da Casa de Ana
- Rádio Nacional
- Rio Voluntário
- Secretaria Municipal de Saúde/RJ
- Solidariedade França-Brasil
- Terre des Hommes
- Viva Rio/Espaço Criança Esperança/RJ
***

18.3.09

Dia Internacional da Síndrome de Down

Giuseppe Vacca no Brasil

Blog Democracia Política e Novo Reformismo, 18/03/2009:

A agenda de Giuseppe Vacca no Brasil

Fonte: Gramsci e o Brasil

Presidente da Fundação Instituto Gramsci, em Roma, Giuseppe Vacca cumpre extensa agenda de compromissos entre os dias 18 e 21 de março no Brasil, por ocasião do lançamento do seu livro, Por um novo reformismo (Brasília: Fundação Astrojildo Pereira; Rio de Janeiro: Ed. Contraponto). Entre os compromissos abertos ao público, registramos:

18 de março, hoje:

18h — Palestra e debate no Rio de Janeiro no Istituto Italiano di Cultura – Sala Itália, 4o andarAv. Presidente Antônio Carlos, 40 – Castelo, Centro

19 de março, quinta-feira:

19h — Palestra e debate em São PauloCâmara Municipal – Auditório Prestes Maia (Plenarinho)Palácio Anchieta – Viaduto Jacareí 100 – Bela Vista

20 de março, sexta-feira:

19h — Palestra na Unicamp sobre Gramsci, os intelectuais e a educação.

21 de março, sábado:

Giuseppe Vacca encontra-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador José Serra, entre outras personalidades políticas e intelectuais; e, logo em seguida, encontra-se com dirigentes do PT para discutir “a atualidade de Gramsci”.

Vacca também participa, em São Paulo, da gravação de um programa Roda-viva.

12.3.09

Isabela Gonçalves, da Mangueirinha

Claudia Cabral, diretora executiva da Terra dos Homens, entrevista Isabela Gonçalves, jovem liderança da Mangueirinha, em Duque de Caxias - RJ.

Clique nos links abaixo para assistir à entrevista, dividida em três partes, no YouTube:

- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 1
- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 2
- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 3

Para fazer download dos vídeos, clique nos links abaixo:

- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 1
- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 2
- Isabela Gonçalves, da Mangueirinha - 3

- Vídeo com toda a entrevista, de 11 minutos

11.3.09

Enquanto isso, no Maranhão…

Blog 30 & Alguns, 06/05/2008:

Enquanto isso, no Maranhão…

Publicado por Veridiana Serpa

Recebi por email, apesar de ver que tem em vários blogs, conferi as informações e não resisti de compartilhar com vocês, caros leitores, …

- Para nascer, Maternidade Marly Sarney;
- Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney;
- Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Escola Municipal Rural Roseana Sarney (Pov Santa Cruz BR, 135, Capinzal do Norte/MA ), Escola Marly Sarney (Rua Aquiles Lisboa s/n - Mercadinho, Imperatriz/MA) e Escola Municipal José Sarney (Av. Marechal Cordeiro de Farias, sn, Centro - Coelho Neto/MA);
- Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney * e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;
- Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão ou ligue a TV na TV Mirante ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado, ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário;
- Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney* (recém-batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor);
- Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida Presidente José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas ‘maravilhosas’ rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney*.

Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney de Araújo Costa (Praça Gomes de Castro, nº 25, Alcântara/MA), procure a Sala de Imprensa Marly Sarney*, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney

Seria cômico se não fosse verdade…”

***************************

Minhas observações:

No texto constavam ainda as escolas Sarney Neto e Fernando Sarney, como não encontrei nenhum endereço na internet, retirei.

* O Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney no site oficial aparece como Tribunal de Contas do Estado do Maranhão.

* Posto de Saúde Marly Sarney, posso estar errada, mas segundo pesquisei, me parece que o posto faz parte da maternidade.

* No site dos Correios, aparece como resultado da busca referente ao município José Sarney “A localidade MA/josé sarney não está cadastrada“.

* Sala de Imprensa Marly Sarney, não encontrei, mas também não encontrei o site do Fórum.

Mas encontrei ainda: Travessa José Sarney (Anil, São Luís - MA) ; R. José Sarney (Tirirical, São Luís - MA); R. Marly Sarney (Açailândia - MA); R. Fernando Sarney (Santa Inês - MA); Travessa Roseana Sarney (São Francisco, São Luís - MA); Av. Gov. Roseana Sarney (Barra do Corda - MA); Av. José Sarney (Chapadinha - MA); Travessa José Sarney (Caxias - MA); Av. Sarney Filho (Vila Embratel, São Luís - MA); Av. Sen. José Sarney (São Luís - MA)…

Aos 30&Alguns, vejo que nosso país ainda tem fortes resquícios do colonialismo e das oligarquias, infelizmente, mas essa é a nossa realidade e sabemos que nada irá mudar tão cedo. Quem tem poder manda, quem passa fome vende o voto e quem tem um pouco de cultura reclama, apenas reclama…

10.3.09

Plano Nacional Pela Primeira Infância


A mãe do Papa


Site Em Dia Com A Cidadania, 10/03/2009:

A MÃE DO PAPA

Depois de proteger os padres pedófilos e os pedófilos, corroborar a indecente excomunhão dos médicos que salvaram a menina de 9 anos da morte, em Pernambuco (estou esperando colocar a campanha no ar, hoje, senão não vai ter mais sentido), o Papa Bento XVI disse que a máquina-de-lavar foi a coisa mais importante para as mulheres, no século XX.

Descobri que ele é filho de uma…

***

Abaixo-assinado: ABORTO NO, PEDOFILIA SI

9.3.09

A excomunhão da vítima

Miguezim de Princesa*

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria, Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa é paraibano e está radicado em Brasília.

7.3.09

Eu também quero ser excomungado!

Mandei um e-mail para Dom Sobrinhos (ooops!) pedindo para também ser excomungado. Se você quiser fazer o mesmo, o endereço é:

arcebispo@arquidioceseolindarecife.org.br

Obs.: Quero ser excomungado e dispenso a segunda idiotice, o perdão.

Estupra, mas não mata

O Globo, Merval Pereira, 07/03/2009:

Estupra, mas não mata

Quis o destino que o fato que chocou a sociedade brasileira, a excomunhão em massa por causa do aborto sofrido por uma criança de 9 anos, acontecesse no ano de centenário de nascimento de Dom Helder Câmara, como a culminância das diferenças entre as duas Igrejas que representam. Dom Helder, um dos líderes da Teologia da Libertação, foi substituído no arcebispado de Olinda e Recife por Dom José Cardoso Sobrinho em 1985, e desde então um rigoroso expurgo de sua obra social e política vem sendo realizado: foram fechados o Instituto de Teologia de Recife e o Seminário Regional Nordeste II, fundados por Dom Helder, considerados formadores de religiosos esquerdistas. Todos os antigos colaboradores de Dom Helder foram retirados ou se retiraram de suas funções.

Dois exemplos: padre Reginaldo Velloso, muito ligado ao seu antecessor, era o pároco de uma das principais paróquias onde ocorre anualmente, na festa de Nossa Senhora da Conceição, uma grande peregrinação popular, com cerca de um milhão de pessoas. Ligado às Comunidades Eclesiais de Base (CEB), tinha grande prestígio político.

Foi destituído de todas as suas funções, acusado de desvirtuar a Igreja Católica e de conspirar contra o arcebispo. Hoje está casado e continua ligado aos movimentos da Teologia da Libertação.

Já o padre Edwaldo Gomes, para marcar os 50 anos de sacerdócio, titular que era há 36 anos da paróquia do bairro de Casa Forte, em Recife, celebrou missa na companhia de dois bispos anglicanos, uma celebração ecumênica, como tentou explicar.

Dom José Cardoso Sobrinho pediu a Roma uma punição para o padre, pois, pelo Código Canônico, bispos anglicanos não podem participar de ritos da Igreja Católica. Mesmo tendo pedido desculpas públicas, o padre Gomes foi afastado por três meses da função de pároco.

Enquanto se tratava de uma disputa entre tendências da mesma Igreja Católica, era possível que ambos os lados tivessem detratores e defensores.

Mas a decisão de seguir ao pé da letra uma norma da Igreja Católica - todo aborto merece uma excomunhão - sem levar em conta as circunstâncias, que permitiram o aborto duplamente legal - a concepção fora fruto de um estupro e a gravidez de gêmeos colocava em risco a vida da mãe - e que poderiam, na interpretação religiosa, servir de atenuantes, o arcebispo José Cardoso Sobrinho demonstrou uma insensibilidade que não se coaduna com uma vida cristã.

A repercussão, até internacional, política, cultural e ética do caso, demonstra que a atitude radical do chefe da Igreja Católica em Recife a coloca em flagrante distanciamento com o sentimento generalizado da população brasileira, que ela deveria representar.

Essa “excomunhão genérica” que o arcebispo decretou pode gerar até problemas jurídicos à luz do Direito Canônico, lembra o deputado Chico Alencar, do PSOL, líder católico ligado à Teologia da Libertação.

O nada piedoso prelado, ironiza Alencar, se alguém recorrer de sua decisão de grande violência simbólica, terá que detalhar no Vaticano, circunstância por circunstância, ação por ação, o nome de cada um dos “envolvidos”, entre eles o maqueiro que levou a criança à sala de cirurgia, a enfermeira que esterilizou os materiais, os médicos que fizeram exame prévio na menina, o motorista da ambulância, a diretora do hospital onde ocorreu o procedimento.

Por outro lado, confrontado com o fato de que o padrasto estuprador não estava sendo punido pela Igreja, Dom José Cardoso deu mais uma demonstração de insensibilidade ao afirmar que “tirar a vida de um inocente” é pior que o ato de estuprar.

A comparação absurda torna inevitável a lembrança da frase de Paulo Maluf que ficou eternizada no mundo político, quando deixou escapar um comentário completamente absurdo que definia bem seus valores morais:

“Estupra, mas não mata”, exclamou Maluf num debate sobre a violência urbana, dando gradações para a barbárie, assim como Dom José Sobrinho, sem nenhuma piedade, arvora-se no direito de definir que um estupro é menos grave do que a tentativa de salvar a vida de uma criança já arrasada pela tragédia.

Que fé cristã é essa que coloca a estupidez do estupro e os direitos da menina vítima, que precisa de paz e amparo para se curar desse tremendo trauma, em segundo plano?

Além de a decisão radical revelar uma alma nada bondosa, o arcebispo de Olinda e Recife, tão preocupado com as disputas políticas dentro da Igreja Católica, deveria ter pensado que as igrejas neopentecostais, especialmente a Igreja Universal do Reino de Deus, que têm posição muito mais aberta que a católica nessa questão da interrupção da gravidez, agradeceriam o ultraconservadorismo.

A Igreja já voltou atrás muitas vezes, e mais recentemente até o Papa já retrocedeu de várias decisões pelo clamor público. No século XVI, um papa decidiu “excomungar” os fumantes, mas a força do lobby tabagista derrubou essa medida drástica.

Seria encorajador para os católicos que a decisão radical e desprovida de humanidade de excomungar os que participaram da decisão e da cirurgia do aborto fosse reconsiderada por Dom José Cardoso Sobrinho.

Sua luta contra os religiosos “progressistas” da Igreja Católica poderia continuar sem que representasse uma visão desumanizadora da Igreja Católica. Seria apenas a expressão conservadora da Igreja, atualmente predominante.

6.3.09

Feliz Dia Internacional da Mulher!

8 de março - Dia Internacional da Mulher

No mundo dos homens em que vivemos até hoje, tudo vai mal. Nós, que compomos a minoria masculina da instituição, achamos que o mundo agora deve ser das mulheres, para que tudo vá bem, a exemplo do que realiza a maioria de mulheres da Terra dos Homens.



Mostra de cinema para pessoas com deficiência auditiva e visual no CCBB do Rio

Agência Inclusive, 05/03/2009:

Mostra de cinema para pessoas com deficiência auditiva e visual no CCBB do Rio

Pelo sexto ano consecutivo, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro abriga a mostra Cinema Nacional Legendado, que, desde de setembro 2007, além das pessoas com deficiência auditiva, contempla também as com deficiência visual, através do sistema de audiodescrição. Como nos anos anteriores, em 2009, serão exibidos sempre dois filmes por mês.

A mostra Cinema Nacional Legendado e Audiodescrito acontece sempre aos sábados, às 17h, com entrada franca. Em março, os filmes selecionados para a mostra são: O documentário “Sentidos à flor da pele” dias 07 e 21 e o filme “Meu tio matou um cara” dias 14 e 28.

A mostra é uma iniciativa da fonoaudióloga Helena Dale, em parceria com a ARPEF (Associação de Reabilitação e Pesquisa Fonoaudiológica) e com o Centro de Produção de Legendas (CPL). Para agregar a audiodescrição, a mostra contou com o apoio determinante do CCBB Rio, que equipou sua sala de cinema com 40 fones sem fio adaptados com tecnologia avançada, que descreve as cenas dos filmes para quem não pode ver o cenário, figurinos, expressões, etc. Com este processo, que grava e transmite as “imagens” por fones às pessoas com deficiência visual, o filme pode ser repetido inúmeras vezes. Antes desta mostra, a audiodescrição era feita ao vivo, por atores especialmente treinados para narrar o que se vê nas telas.

PROGRAMAÇÃO DE MARÇO 2008

DIAS 07 e 21 - “Sentidos à flor da pele”

Exibições com legenda oculta e audiodescrição
Gênero: Documentário
Ano: 2008
Direção: Evaldo Mocarzel
Produção Executiva: Zita Carvalhosa
Roteiro: Evaldo Mocarzel e Marcelo Moraes
Montagem: Marcelo Moraes
Direção de Produção: Afonso Coaracy
Direção de Fotografia: Paulo Jacinto dos Reis e Jacques Cheuiche
Fotografia Adicional: Gustavo Hadba
Edição de Som: Miriam Biderman, Ricardo Reis e Ana Chiarini
Pesquisa e Produção de Finalização: Letícia Lemos T.
Assistência de Câmera: Fabiano Pierri
Assistência de Produção: Paula Mazini
Secretária de Produção: Diana Oliveira

Sinopse

Sentidos à Flor da Pele acompanha a rotina de vida de deficientes visuais que atuam de modo nada convencional no mercado de trabalho. Vivemos num mundo cada vez mais dominado por imagens. A perda parcial ou total da visão promove um aprofundamento na fruição dos outros sentidos, que se tornam muito mais aguçados. O tema principal do filme são as capacidades, habilidades, inúmeras possibilidades de inclusão, também estímulos, compreensão e a luta contra todo tipo de preconceito.

DIAS 21 e 28 - “Meu tio matou um cara”

Exibições com legenda Oculta
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 87 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2005
Estúdio: Natasha Filmes / Casa de Cinema de Porto Alegre
Distribuição: Fox Film do Brasil
Direção: Jorge Furtado
Roteiro: Jorge Furtado e Guel Arraes, baseado em livro de Jorge Furtado
Produção: Paula Lavigne, Guel Arraes, Nora Goulart e Luciana Tomasi

Sinopse

Éder (Lázaro Ramos) é preso ao confessar ter matado um homem. Duca (Darlan Cunha), um menino de 15 anos que é sobrinho de Éder, quer provar a inocência do tio. Ele tem certeza que o tio está assumindo o crime para livrar a namorada, Soraya (Deborah Secco), ex-mulher do morto. Duca também quer conquistar o coração de Isa (Sophia Reis), uma colega de escola que parece estar mais interessada em seu melhor amigo, Kid (Renan Gioelli). Para conseguir provar sua teoria, Duca recebe a ajuda de Isa e Kid nas investigações.

Elenco

Aílton Graça (Laerte); Darlan Cunha (Duca); Deborah Secco (Soraya); Dira Paes (Cléia); Lázaro Ramos (Éder); Sophia Reis (Isa); Renan Gioelli (Kid), entre outros.

CINEMA NACIONAL LEGENDADOE AUDIODESCRITO

Local: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Rua Primeiro de Março, 66 - 1º andar - Centro - Rio de Janeiro.
Sábados, às 17 horas
Entrada Franca - Distribuição de senhas - 1 hora antes da sessão
Informações: 21. 3808-2020

Na conversa tudo bem, mas nos números…

MILTON COELHO DA GRAÇA

Meta de inflação e superávit primário são duas expressões que pouca gente entende direito, mas têm muito a ver com a vida de todos nós. Minha filha chama o noticiário econômico de “xarope”, mas, se não o engolirmos e entendermos, corremos o risco de ficar muito doentes.

A “meta” é uma promessa que o Brasil faz ao mundo inteiro, especialmente a quem pode investir aqui ou nos emprestar dinheiro, e a todos os brasileiros que planejam comprar qualquer coisa ou guardar algum dinheiro: os preços vão subir bem pouquinho. Neste momento, o Brasil está prometendo que, durante 2009, ficarão dentro do limite de 4,5% - uma merrequinha. E é preciso até que eles sempre estejam subindo um pouquinho, porque a deflação, isto é, a queda contínua dos preços, desestimula a produção e o consumo - afinal de contas, quem venderia ou compraria qualquer coisa sabendo que, amanhã, o preço seria menor?

Já o superávit primário é a promessa de que o Brasil vai guardar todos os anos um dinheirinho para pagar pelo menos os juros da dívida pública, de maneira que ela não cresça (hoje já equivale a um terço de tudo que produzimos durante um ano).

Se a inflação subir mais do que a “meta”, e o “superávit primário” não chegar ao objetivo estabelecido, a confiança no país começa a cair e aí começam a acontecer muitas coisas indesejáveis: diminui o interesse em produzir aqui, ninguém sabe onde vão parar os preços, todos ficam inseguros sobre economizar (lembrem-se de que a poupança hoje rende muito menos do que há uns dez anos) - enfim, saiam de baixo.

Como a “meta” e o “superávit” estão a perigo, é bom todos ficarmos de sobreaviso - quem sai todo dia para trabalhar, a dona de casa que tem controlar o orçamento doméstico, a empregada que depende do salário ou da diária para suas despesas, e até a garotada que faz questão daquele programinha semanal e não abre mão de mesada. Vejam os números cuidadosamente levantados pelo repórter Cristiano Romero, do jornal VALOR:

1. O ministro Guido Mantega continua a falar em crescimento de 4%. Mas instituições internacionais e analistas independentes aqui no Brasil já começam a prever que nosso PIB em 2009 vai acompanhar a maré negra da crise e ficará no máximo em 0,7% positivos (essa é a estimativa mais otimista, a mais pessimista é queda de 1,5%).

2. Com isso, o governo vai arrecadar em termos reais (isto é, descontada a inflação) menos este ano do que em 2008, porque, além do esfriamento da economia, alguns impostos foram reduzidos(como, por exemplo, o IPI sobre carros), salários e benefícios foram aumentados etc. Para se ter uma idéia melhor: em 2008, o governo Lula gastou MENOS com pessoal do que o governo FHC em 2002 - 4,59% do PIB em vez de 4,86%. A conta agora deve chegar aos 5%, aí por volta de uns 100 bilhões.

3. Nesse caso, segundo Luiz Guilherme Schymura, economista da super-insuspeita Fundação Getúlio Vargas, o tal do superávit ficará abaixo do objetivo fixado pelo governo (3,8%), entre 2,5 e 3,5%. Analistas do Credit Suisse Hedging-Grillo são mais precisos, apostam em 2,8%.

Resumindo a opereta: mesmo que o Governo queira incentivar a economia, não vai ter espaço para isso, a não ser colocando em risco os compromissos com estabilidade de preços, controle da dívida pública e planos de investimento. A inflação chegaria a 6%.

Como diria um filósofo de botequim: “Não está mole não”.

***

“Tem gente que se acha honesta só porque não sabia da mamata.”

Millor Fernandes, humorista (1924- ), no livro “Todo homem é minha caça.”

***

E-mails de leitores

M. Craveiro: Conto esta estorinha porque v. já escreveu uma notinha explicando como jogar nas loterias da Caixa é menos vantajoso para o apostador do que jogar no bicho. Ganhei um prêmio de 1500 reais na Quina. Só os prêmios até 800 reais são pagos nas lotéricas. Daí em diante é preciso ir a uma agência da Caixa. E aí é um sufoco. Já fui a três agências e ainda não recebi porque isso leva mais de uma hora. Poderia ser tão simples como receber do bicheiro: mostrar a aposta num guichê, conferir no computador (como é nas lotéricas) e pronto. Na Caixa v. tem primeiro de descobrir quem cuida do assunto. Geralmente é um gerente, que, dependendo do prêmio, quer que v. abra uma conta e, dependendo do valor, tenta empurrar no mínimo um título de capitalização (em que a chance de ganhar um prêmio é quase igual à da mega-sena e, no final de cinco anos sem poder mexer na grana, você recebe como se fosse uma poupança?

Estorinha edificante, Craveiro. E, agora, sob o comando do peemedebista Moreira Franco (o que é que um político faz na direção de cargo técnico da Caixa?) haverá sorteios diários da Quina, para combater o “bicho”. Como o povo não é besta, continuará a preferir acertar um milhar do que uma quadra. A chance de acertar é maior.

***

FARSAS E MARRETAS EM NOSSO CONGRESSO

“Vamos ver até onde vai durar esse confete pós-carnaval” – assim resumiu o líder do Bloco de Esquerda na Câmara Federal, Márcio França (PSB-SP) a pantomima armada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após levar um chega-pra-lá de Lula (“chega de ganância”) ao tentar meter a mão no fundo Real Grandeza, dos funcionários de Furnas.

Todo mundo sabe que não é pra valer o requerimento de Cunha por uma CPI que investigue os fundos de pensão. É apenas para criar outro problema para o Presidente. Já existem cinco pedidos de CPI (máximo permitido pelo regimento da Câmara). Ele quer intimidar o PT – não apenas a ala da boquinha (a ex-governadora Benedita da Silva e sua turma), que gosta também de “administrar” o dinheirinho de funcionários, mas também a ala “séria”, que não mete a mão em cumbuca, mas não quer criar problemas para a governabilidade.

É isso aí, amigos, muito confete. Vejam o caso do diretor do Senado, Agaciel Maia, outro “protegido” do senador José Sarney, que tem uma casa que vale mais de 5 milhões de reais. Ele explica que comprou o terreno e fez a construção em nome do irmão (deputado João Maia).e não foi até hoje ao cartório para explicar por quê. Até agora nenhum repórter se lembrou de perguntar: de quem ele comprou?

***

“Toda política se baseia na indiferença dos interessados, sem a qual não há política possível.”

General Charles de Gaulle (1890-1970), presidente francês, em “Discursos e mensagens”.

***

PELA ESTATÍSTICA O RISCO É SÉRIO

Levantamento estatístico interessante dos economistas Robert J. Barro e José F. Ursúa: dados de 25 países até 2006 mostram que houve 195 grandes quedas dos mercados de ações (com mais de 25% de perdas) e 84 recessões (declínios econômicos superiores a 10 por cento). Os Estados Unidos tiveram uma de 1917 a 1921, provavelmente causada pela epidemia de gripe espanhola, e a Grande Depressão de 1929 a 1933.

A atual queda nas bolsas dos Estados Unidos e outros países, segundo Barro e Ursúa, dão motivo para nos preocuparmos com uma depressão.

A íntegra desse documento (em inglês, feito para o National Bureau of Economic Research – Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, do governo dos Estados Unidos – pode lê-lo em www.nber.org/papers/w14760 .

***

ARMAS E MAIS ARMAS NUM MUNDO FAMINTO

Outras estatísticas - estas feitas pelo Instituto de Pesquisa pela Paz Internacional, de Estocolmo, revela que, em 2007, as despesas militares continuaram subindo e atingiram cifra estratosférica: 1,339 trilhões de dólares, equivalentes a 1 trilhão e 200 bilhões de 2005. Ou seja: em termos reais, os gastos militares aumentaram 6 por cento em dois anos e 45 por cento desde 1998! 2,5% do PIB do mundo, 202 dólares per capita de todos os habitantes deste planeta!

Esses números estão todos no anuário para 2007 do Instituto, recentemente lançado.

Só os Estados Unidos gastam 45% desse número fabuloso, seguidos por Reino Unido, China, França e Japão, cada um pagando entre 4 a 5% da fatura total. Juntando os 15 maiores gastadores, eles respondem por 83% do total.

Nós até que gastamos pouco, mas os militares mais os ministros Mangabeira Unger e Nelson Jobim fazem lobby constante por maiores gastos com armas, mesmo em época de crise.

Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas: uma pesquisa exploratória

Ana Rita de Paula (*)
Fernanda Sodelli (**)
Gláucia Farias (***)
Marta Gil (****)
Mina Regen (*****)
Sérgio Meresman (******)

Pensei: hoje é um dia que dá prá abrir uma janelinha!

Dedicamos este trabalho à Marina, que respondeu assim ao ser indagada porque decidiu participar do Grupo Focal e a todas a, esperando que este texto se junte a sua aspiração.

Como tudo começou

O Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas foi contratado pelo Programa Municipal de DST/Aids, da Secretaria Municipal da Saúde, em setembro de 2007, para pesquisar a situação de vulnerabilidade das pessoas com deficiência (PcD) na cidade de São Paulo em relação ao HIV/aids , pois este é um tema importante e infelizmente ainda bastante desconhecido.

O desconhecimento abrange aspectos quantitativos (como a prevalência do HIV/aids neste segmento, que no Brasil corresponde a aproximadamente 27 milhões de pessoas ) e aspectos de natureza comportamental, representações simbólicas e temas correlatos. Há muito a conhecer e pesquisar. Como bem enfatizou o Dr. Dráurio Barreira (médico epidemiologista do Instituto de Saúde), antes de pesquisar aspectos referentes à prevalência, há que conhecer comportamentos ligados ao exercício da sexualidade e que são componentes de situações de vulnerabilidade. Esse foi o norte adotado por esta pesquisa.

Ao propor a pesquisa, o Programa Municipal de DST/Aids atendeu uma antiga reivindicação do movimento das pessoas com deficiência, a de conhecer suas necessidades no que se refere à saúde e especificamente em relação ao HIV/aids, para elaborar ações e políticas públicas condizentes.

Essa não foi a primeira ação do Programa neste sentido; destacamos algumas, como a produção de materiais educativos sobre a prevenção do HIV/aids, com a participação do Conselho Municipal da Pessoa Deficiente (CMPD), de São Paulo e de representantes de entidades da sociedade civil (2002), a realização do I Seminário Municipal da Saúde da Mulher com Deficiência, “Direito à Saúde com Dignidade: Sonho ou Realidade” - Coordenadoria de Participação Popular, Coordenadoria Especial da Mulher e CMPD, em parceria com as áreas técnicas da Saúde da Pessoa Deficiente e DST/Aids (SMS/SP), em 2002 e a II Conferência Municipal de DST/AIDS, em 2005, quando foram aprovadas resoluções voltadas para a prevenção às DST/aids em pessoas com deficiência, incluindo a necessidade de pesquisas para conhecer a dimensão da presença do vírus entre estas pessoas e de oferecer qualificação técnica para que PcD possam atuar como Agentes de Prevenção.

Portanto, a pesquisa a que nos referimos, que recebeu o título de “Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas” representou um passo adiante nesta trajetória rumo ao conhecimento da problemática inserida na confluência destes temas.

A pesquisa foi iniciada pelo IS – Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Porém, por questões administrativas internas ao órgão, a atividade foi interrompida e o Amankay foi contratado, em virtude de sua experiência anterior com este tema e deu continuidade ao processo já em andamento. A equipe permaneceu, com exceção de um Agente de Pesquisa.

(Clique aqui para download da íntegra da pesquisa)

4.3.09

O fim do viralatismo - 1958, o ano em que o mundo descobriu o Brasil

JOSÉ CARLOS ASBEG

A bagagem da seleção brasileira de futebol, que embarcou em fins de maio de 1958 para a Suécia, onde foi disputar a copa do mundo, levava um peso extra, difícil de ser carregado: o complexo de vira-lata do povo brasileiro. Ele não pesava nas malas, pesava na alma de cada jogador. A seleção já saiu do Brasil derrotada, os jogadores eram amarelões, que tremeriam na hora h e humilhariam toda a nação.

Nelson Rodrigues definiu este sentimento nacional como “o complexo de inferioridade que todo brasileiro, voluntariamente, se coloca diante do estrangeiro”. Portanto, o povo brasileiro é que era complexado e não os jogadores. Eles partiram confiantes. Sabiam do próprio valor. Afinal, que outra seleção, em qualquer outra época, reuniria Gilmar, Castilho, De Sordi, Djalma Santos, Belini, Mauro, Orlando, Zózimo, Nilton Santos, Oreco, Dino, Zito, Didi, Moacir, Joel, Garrincha, Vavá, Mazola, Dida, Pelé, Zagalo e Pepe?

No dia 29 de junho de 1958, depois de uma campanha extraordinária, a seleção conquistou o primeiro título mundial dos cinco que ostentamos hoje. Os “vira-latas” fizeram o brasileiro orgulhoso pela primeira vez diante do mundo. Do dia para a noite, os jogadores viraram heróis. Não herói de filme americano. Heróis de futebol brasileiro mesmo: ganharam um terno aqui, uma festinha ali e muitas, muitíssimas, promessas. Na explosão de alegria o país quis esquecer, para sempre, o tal complexo de vira-lata. Depois do pau-brasil, da borracha e do café, o Brasil acabava de se tornar o país do futebol.

Então, quando lembramos aquela gloriosa seleção, devemos prestar tributo aos jogadores não apenas pelo primeiro título mundial do futebol brasileiro, mas por nos terem libertado, ainda que por um tempo, do complexo de inferioridade, o tal viralatismo que ainda hoje se perpetua no espírito de muita gente, gente que quando olha o espelho continua não gostando do que vê.

1958 o ano em que o mundo descobriu o Brasil vai em busca desta memória tão valiosa para nossa história, para que o maior feito do nosso futebol jamais seja esquecido. É um trabalho afetuoso, uma declaração de amor, uma homenagem aos heróis do futebol brasileiro. São heróis de carne e osso, não atravessam paredes, nem ficam se exibindo em cima de edifícios. Fizeram história e ainda não receberam todo o reconhecimento que merecem. A conquista deles vai além do futebol, esta paixão nacional, talvez a maior expressão da cultura popular brasileira e provavelmente um dos mais fortes laços da identidade nacional. Tomara que sejam permanentemente redescobertos pelas futuras gerações. Só assim estará garantida, de fato, a maior contribuição que eles nos deixaram: o fim do viralatismo.

* Texto escrito para o Recine de 2008.

***

amigos e amigas,

é com prazer que informo o lançamento em dvd do 1958 o ano em que o mundo descobriu o brasil.

nestes próximos dias, o dvd estará nas lojas americanas e nas livrarias da travessa, saraiva e cultura, além de ser vendido, também, no site www.livrosdefutebol.com .

josé carlos asbeg

***

Leia também:

Descobri que gosto de futebol,
1958 - O ano em que o mundo descobriu o Brasil

Direitos globais

O Globo, Opinião, 28/02/2009:

Direitos globais

CRISTOVAM BUARQUE

Na semana passada, a Academia da Latinidade, inspirada e dirigida pelo professor Candido Mendes, realizou no Instituto Nobel para a Paz e na Academia de Ciências da Noruega um debate de três dias sobre a ética na universalização dos direitos humanos.

Embora o principal tema tenha sido as relações entre cristianismo e islamismo, ao longo dos debates surgiram cinco novos direitos humanos, que ainda precisam ser globalizados.

Primeiro, o direito ao meio ambiente.

É preciso que o patrimônio natural do planeta seja garantido para as gerações futuras. Esse é um direito humano tão sagrado quanto os já reconhecidos e defendidos há 60 anos, pela Declaração Universal. E vai exigir mudanças profundas no sistema produtivo e nos padrões de consumo das gerações atuais.

Segundo, o direito à migração. No mundo onde uma crise do sistema financeiro norte-americano se espalha por todos os países, onde o comércio é praticado livremente, onde um carro ligado em qualquer parte do mundo eleva a temperatura de todo o planeta, ainda há fronteiras que impedem a mobilidade das pessoas.

Os pobres são impedidos de se mudar em busca de emprego em outros países. O mundo global precisa tratar a migração internacional como um direito humano fundamental, derrubar as fronteiras da migração, como derrubou as fronteiras comerciais.

Terceiro, o direito à educação. Se o capital econômico está baseado no conhecimento, e o emprego de cada pessoa depende de sua qualificação, é inaceitável que a educação de cada criança dependa dos recursos da prefeitura da sua cidade. Se os direitos proíbem a tortura, não podemos permitir que ainda existam cerca de 800 milhões de analfabetos no mundo.

Nem podemos tolerar que, por falta de educação, mais de um bilhão de jovens sejam incapazes de navegar no mundo virtual que caracteriza a contemporaneidade.

O quarto direito é ao emprego. As sociedades devem se unir em torno de um grande programa mundial de geração de empregos. Obviamente, esse emprego não poderá ser imposto ao setor privado, para produzir bens para o mercado, mas pode ser criado pelo setor público para atender à demanda por bens culturais, pela recuperação do meio ambiente, pela atenção em saúde, pela educação.

A Bolsa-Escola era um exemplo desse emprego social: a família era empregada para garantir que o filho estudasse.

O quinto direito é à saúde. Ao nascer no mundo global de hoje, as pessoas têm mais desigualdade no acesso à saúde, inclusive no direito a viver mais ou menos, do que tinham no passado. No século XIX, a medicina era praticamente a mesma para qualquer pessoa. No século XXI, o acesso à medicina é completamente diferente, segundo a renda da pessoa. Isso é imoral. E pode levar a uma diferenciação tão grande entre os seres humanos, que provocará o desaparecimento do conceito de semelhança. O mundo precisa definir sistemas de atendimento médico que iguale a chance de todos à saúde, sem importar em que país estão e a renda de que disponham.

Fiz a defesa desses cinco direitos durante os debates do XIX Colóquio da Academia da Latinidade, em Oslo.

Creio que o Congresso Nacional deveria debater o assunto nas Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado. Ao mesmo tempo, com a liderança que adquiriu nos governos dos presidentes Fernando Henrique e Lula, o Brasil deve tentar influir no cenário internacional, nas entidades que pertencem ao sistema das Nações Unidas, para que sejam encontradas formas de realizar o que pode ainda parecer um sonho: cinco novos direitos humanos globais.

No final da grande crise de 1929 a 1945, o mundo aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e implantou o Plano Marshall, que recuperou a economia da Europa e lançou as bases para o desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo.

As crises globais deste começo de século XXI - ambiental, financeira, social - podem ser o novo tempo dos direitos humanos globais e sociais. O Brasil tem um papel a cumprir, omitir-se é fugir à responsabilidade.

CRISTOVAM BUARQUE é senador (PDT-DF).

3.3.09

Um PAC com Dilma

Recanto das Letras, 18/02/2009:

UM PAC COM DILMA

Miguezim de Princesa

I
Quando vi Dilma Roussef
Sair na televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação,
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.

II
De repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a vêem,
Começam a soltar psiu,
Pensando em 2010,
Nos bilhões que ela pariu.

III
A mulher, que era emburrada,
Anda agora sorridente,
Acenando para o povo,
Alegre, mostrando o dente,
E os baba-ovos gritando:
É Dilma pra presidente!

IV
Mas eu sei que o olho grande
É na montanha de bilhões
Que Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar,
Sobretudo nos grotões.

V
Senadores garanhões,
Sedutores de donzelas,
E deputados gulosos,
Caçadores de gazelas,
Enjoaram das modelos,
Só querem casar com ela.

VI
Eu também quero uma lasquinha,
Uma filepa de poder,
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.

VII
Eu já vi um deputado
Dizendo no Cariri
Que Dilma é linda e charmosa,
Igual não existe aqui,
E é capaz de ser mais bela
Que Angelina Jolie.

VIII
Dilma pisa devagar
Com seu jeito angelical,
Nunca deu grito em ninguém
Nem fez assédio moral
Ou correu atrás de gente
Com um pedaço de pau.

IX
Dilma superpoderosa:
8 bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser,
Da forma que ela mandar,
Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar.

X
Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela,
Topo matar jararaca,
Apagar fogo na goela,
Para no ano vindouro
Fazer um PAC com ela.

2.3.09

Como aprender a formar redes sociais

O Globo Online, blog Razão Social, 02/03/2009:

Como aprender a formar redes sociais

Esta é uma boa dica para quem está interessado em se especializar num tema tão instigante e tão atual quanto as redes sociais. Afinal, há muito se vem falando e provando que, sozinhos, homens e mulheres não conseguem fazer nada. Pois então: a ONG Terra dos Homens vai dar um curso destinado a profissionais e estudantes, que não só toca no tema redes sociais como também gira sobre o trabalho social com as famílias. A equiope da ONG e profissionais especializados estarão dando as aulas, de 12 de março a 10 de dezembro, aqui no Centro do Rio.

Quem quiser mais informações, é só ligar para 21-2524-1073 ou mandar e-mail para valeriabrahim@terradoshomens.org.br.

***

Obs.: “Redes sociais, familiares e institucionais e dependência” é um dos ítens do curso, que, no seu conjunto, aborda todos os aspectos do estudo e do trabalho social com a família.

A experiência no sambódromo - Setor Especial

O Globo Online, blog Mão na Roda, 26/02/2009:

A experiência no sambódromo - Setor Especial

Carnaval acabou, Salgueiro campeão! E viemos aqui relatar a experiência de ter ido ao Sambódromo! Na segunda-feira de carnaval resolvi aceitar o convite feito pelo irmão cadeirante de ir ao Sambódromo assistir à batucada das escolas de samba. Usando a dica que colocamos em outro post, ele conseguiu dois ingressos para o setor especial, um para ele e outro para um acompanhante (que não era eu).

Com vontade de ir, mas com receio de não conseguir ingresso (e sem muita vontade de me aventurar com os cambistas), resolvi encarar o desafio. Havia até ligado para algumas empresas, mas o inve$timento estava fora das minhas expectativas. Fui então, de gaiata, tentar descolar um jeito de adentrar a festa! Chegando lá, nos dirgimos até a área do estacionamento reservado, que fica praticamente ao lado da entrada do Setor Especial. O pessoal responsável pelo setor ofereceu um atendimento exemplar. Havia banheiros adaptados e rampas de acesso.

Consegui, então, ingressos para o Setor 13, na arquibancada, que fica bem atrás desse setor. O acesso a ela é feito por rampas, mas só é possível ficar na primeira fila. Não sei como é nas outras arquibancadas. Garrafa d’água e letra dos sambas na mão, fomos para lá. Lá de cima dava para ver todo o setor especial, ele fica situado no final da avenida, praticamente no fim do desfile. O mais estranho foi descobrir que o Setor para pessoas com deficiência mais parecia um setor de acompanhantes do que de cadeirantes! Intrigante ver os acompanhantes desesperados para assistir às escolas passando, eles lotavam a frente do setor sem se incomodar em tampar toda a visão dos cadeirantes! Gente, como assim?! Que doidera!

Enfim, foi uma bagunça boa! Vale à pena a experiência! Abaixo uma foto que indica onde fica o setor 13, pois sabem como é, né? Achei melhor deixar minha máquina fotográfica em casa!

Molecagem em Furnas

O Estado de S. Paulo, 01/03/2009:

Molecagem em Furnas

Suely Caldas

Molecagem é a palavra certa para definir o papelão da direção de Furnas Centrais Elétricas ao publicar nos jornais, na quarta-feira, comunicado, pago com dinheiro da estatal, com informações falsas que tentam desqualificar a atual direção da Fundação Real Grandeza e, assim, justificar a demissão do presidente e do diretor de Investimentos da Fundação.

Trechos do comunicado foram desmentidos no dia seguinte pelo insuspeito autor da proposta de demissão, Victor Albano, pessoa da confiança do presidente de Furnas e por ele feito presidente do Conselho da Fundação. Segundo Albano, nem a estatal pediu informações sobre o desempenho financeiro do fundo, e não foi atendida (até porque as tem diariamente), nem o presidente autoprorrogou seu mandato, como está escrito no comunicado.

No mínimo leviana foi a atitude do ministro de Minas e Energia, o maranhense do PMDB Edison Lobão, que, na ânsia de entregar ao seu partido a gestão de um patrimônio de R$ 6,3 bilhões, do 11º maior fundo de pensão do País, repassou a falsa versão da direção de Furnas, com risco de levar na enxurrada o presidente Lula, sem ao menos questionar por que funcionários e aposentados se opõem à substituição dos dois diretores. Nem mesmo a inédita greve não motivada por reivindicações econômicas, mas em defesa do patrimônio e contra a gestão política do fundo, despertou a curiosidade do ministro.

Desta vez Lula não embarcou no fisiologismo do PMDB e mandou desfazer a substituição dos dois diretores, antes que os estragos políticos o atingissem. Ao entrar na reunião com Lula, na quarta-feira, Lobão acusou a direção do fundo de “bandidagem”. Ao deixar a reunião, baixou o tom agressivo e arrogante e saiu de fininho, cabisbaixo, silencioso. “Lobão, nosso fundo não é a vovozinha para você comer” foi a forma irreverente de os aposentados conterem o avanço e a gula do ministro e do PMDB sobre seus R$ 6,3 bilhões.

Esse é um episódio que confirma e escancara a verdade contida na entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à revista Veja. “Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”, denunciou o senador. Alguém tem dúvida? Nem você, leitor, nem os caciques do partido José Sarney, Renan Calheiros e Jader Barbalho, que se calaram, enfiaram a viola no saco e não reagiram à acusação de Jarbas, simplesmente porque sabem que não têm como contestá-la.

Chantagem - Esta é a segunda vez que o PMDB tenta (e fracassa) tirar diretores do Real Grandeza e colocar operadores do partido.

A primeira, em novembro de 2007, teve menor repercussão na imprensa, embora tenha sido antecedida por uma ação explícita de chantagem política exercida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-colaborador de Fernando Collor e Anthony Garotinho. Na época, Eduardo Cunha se aproveitou do fato de o governo Lula precisar desesperadamente votar a CPMF antes do recesso parlamentar e chantageou: relator da matéria no Congresso, avisou que só concluiria o relatório da CPMF se ganhasse o privilégio de indicar o presidente de Furnas.

A chantagem valeu-lhe o prêmio de nomear para o cargo o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde, que imediatamente tratou de substituir os mesmos dois diretores do fundo que o PMDB quer tirar agora. Fracassou porque funcionários e aposentados protestaram e denunciaram a violação de legislação de FHC que tenta proteger os fundos de estatais de indicações político-partidárias.

Eduardo Cunha queria recuperar no fundo de Furnas o que perdera no Prece (fundo da Cedae - empresa de tratamento de água do Rio de Janeiro), depois de flagrado pela CPI dos Correios no comando de inúmeras fraudes ali praticadas.

O governo Lula acompanhou tudo de perto, mas não interferiu. Só que a obsessão do PMDB pelo comando da gestão de R$ 6,3 bilhões incentivou nova investida, desta vez com Carlos Nadalutti Filho, que substituiu Conde na presidência de Furnas. Novo fracasso e agora com Lula agindo. Até quando?

Possivelmente até outubro, quando vencem os mandatos de Sérgio Wilson Fontes e Ricardo Carneiro Nogueira, presidente e diretor de Investimentos do Real Grandeza, que o PMDB quer demitir. De acordo com as regras, cabe à direção de Furnas indicar o presidente e ao Conselho do fundo aprovar. É a chance de Lobão, Eduardo Cunha & Cia. tentarem mais uma vez. Mas enfrentarão um Conselho arredio - integrado por três representantes dos funcionários e três das patrocinadoras Furnas e Eletronuclear - e que até agora só atrapalhou os planos do PMDB.

A reprise dos fatos não permite ao governo alegar desconhecimento quando chegar outubro. Mas fica a dúvida: se o governo Lula não cuidou de preservar o patrimônio de R$ 6,3 bilhões quando estava no comando da Fundação Real Grandeza, terá legitimidade para exigir retidão do PMDB?

A gestão petista - Desde a posse do governo Lula em 2003 até o episódio do mensalão, em 2005, os integrantes da diretoria da Fundação Real Grandeza eram do PT e indicados pelo petista Marcelo Sereno, que mandava e desmandava em fundos de pensão de estatais. Com o mensalão eclodiram as negociatas do Real Grandeza e a mais escandalosa delas foi a aplicação de R$ 153 milhões em papéis do Banco Santos, efetuada em 2004, quando a péssima saúde financeira do banco já era conhecida. O dedo de Sereno também foi flagrado nas aplicações suspeitas do Núcleos, outro fundo de pensão das estatais da área nuclear.

Ao tomar posse, em 2005, a atual diretoria da Fundação Real Grandeza encontrou déficit atuarial e uma coleção de operações prejudiciais ao seu patrimônio. Arrumou a casa, deu um perfil conservador às aplicações financeiras, passou a apresentar superávits e hoje a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão do governo que regula e fiscaliza os fundos de pensão, reconhece sua bem-sucedida gestão. Por isso o ministro Lobão preferiu confiar à Controladoria-Geral da União, e não à SPC, uma suposta auditoria que logo, logo será esquecida.

E o grande forno da pizzaria mais uma vez prepara o banquete: ninguém será punido nem perderá o cargo, nem a direção de Furnas será obrigada a devolver o dinheiro que gastou com a publicação do comunicado falso.

*Suely Caldas, jornalista, é professora de Comunicação da PUC-Rio